terça-feira, dezembro 13, 2005

no atacadão ou no makro

diz o código penal ou séria código civil, constituição, regulamento da piscina ? que toda pessoa é inocente até prova em contrário. se bem que isso não importa muito em terras brasilis. até porque ninguém respeita nenhum deles: a começar de quem o devia fazer cumprir. código de consumidor então, nem pensar.

como as normas, leis, parágragos tem no lombo o carrapato da interpretação, a coisa funciona mais ou menos assim: pobre, e preto ou sarará ? culpado! até prova em contrário. não sem antes cobrir o cidadão de porrada. já os de posses, habeas corpus tem o alcance do tamanho da banca, alínea sob os protestos do maluf and son.

impingidamente, para o makro e o atacadão, estruturas de distribuição originalmente pensadas para vender, em grosso, aos varejistas, todo cliente é ladrão. pelo menos os homens, que tiverem a infeliz idéia de adentrar o ambiente portando bolsas de porte maior ou mochilas e até famigeradas maletas 007, que esta coisa de mochila ser up to date das pastas de executivo, que nelas agora carregam seus lap-tops, é algo que só aconteceu na coluna da joyce pascovitch na virada do século.

pois bem: todo faceiro lá vou eu com minha mochilinha, da company ainda, demodê ? e meu i-bookzinho suado do tempo que publicitário ainda recebia salário que assim o permitia, atrás de uns – eu disse uns e não umas – periquitas a preço mais em conta. que o computador anda por volta dos nove mil reais a depender da configuração, o que me faz protegê-lo apertando a mochila ao peito(não vá você achar que sou mané para andar com mochila às costas, carregando valores) muito mais do que a menina do primeiro sutiã apertava os peitos com seu caderno tão vazio quanto o sutiã dela, ainda.

na entrada do makro sou recebido germanicamente, embora a bandeira seja holandesa — com mochila não pode! tire a mochila e coloque no armário, ali!

no makro ainda deu tempo de argumentar: que a mochila continha diversos pertences, incluindo os indispensáveis óculos, carteira com seus cartões, etc, que não iam ficar bem à mão, sem falar do computador. e que os guarda-objetos não ofereciam segurança, também eles, principalmente por que em caso de roubo ou sinistro dava minha cara a bofete se fosse indenizado, argumento que amoleceu por segundos a carantonha que me scaneava, scaneava ou sacaneava? de cima a baixo.

além de tudo, arrematei: diversas senhoras e senhoritas estavam no salão com bolsas que não poderia chamar de bocetas, já que de tamanho igual ou maiores que a minha murcha mochilinha. mesmo contendo o i-book. que como quase toda gente sabe tem menos de 15 centímetros( mas a performance, ah! a performance, de matar de inveja muito pecezão, digo como se estivesse fumando um cigarro depois, nostalgicamente noir, já que abandonei o castigo há mais de duas décadas e, como todo ex-fumante, tornei-me insuportável)

assim baforado, continuo e digo-lhes que passei. sim pela senhora que controla a roleta, com a admoestação de que poderia ser revistado a saída. saída onde um sistema de confererência, contraria as normas internacionais de segurança pois obstrui as portas, o que para acontecer basta o encontro de dois carros de compra. fiquem a imaginar aquilo no fim do mês. nisto e noutras coisas, makro e atacadão são iguais, para além do desrespeito à pessoa e ao cliente.

mas no atacadão a coisa foi pior. a vigia, segurança, madrasta, como é que poderíamos chamar mesmo aquilo que postava-se ao lado de um balcão na entrada ? tinha a physique du role de segurança de ponto de drogas. e o mau humor de quem de tpm teve de fazer sarapatéu de madrugada para o cunhado.

a três metros de distância já tava recebendo o ei! mocinho - o que já me deixou chateado, afinal são 51 anos ralando para adquirir aparência senhorial e já vou levando dedada assim – pode ir logo botando sua mochila no armário que com ela você não entra, nem pense, aja ou avance. alí uó !

ripostei direto por sobre os ombros que logo atrás de mim vinham mulheres com bolsas que mais pareciam sacolas de quermesse e que não lhes seria vedada a entrada, o que de nada adiantou, uma vez que a responsavél pela recepção aos clientes já reproduzia a análise vetorial dos meus trajes sentindo-se completamente a vontade para dar-me lições de autoridade pisando nos meus calos de sandálias havaianas, e nem eram dupé, pôxa!, o que leva-me pressupor que estivesse com um leiaute um pouco mais mauricinho e a recepção seria outra.

de imediato o acontecido me fez pensar em como funcionários sem maior informação,e por conseguinte, preparo são colocados na entrada emocional de uma superfície que vai me sacar uns bons trocados. estivesse eu com outra roupagem e haveria diálogo? não sei. também não chamei a gerência, como seria de se esperar, porque a esta altura o sangue me ferveu, até porque não utilizando o mau expediente do sabe quem eu sou, mesmo não sendo porra nenhuma, como a maioria que diz isso, levei eu com coisa parecida da figura de uniforme marrom que para além de irredutível, me estocava com o era só o que me faltava esse espertinho querer entrar aqui de mochila.

fatalmente, ia soltar os cachorros. e como animais não entram também no makro ou atacadão, o que é possível, no shopping das amoreiras, por exemplo, dei meia volta e consumidor revoltado fui roer unhas num supermercado de periferia, onde em meio a incerta achei meu periquita a preço de atacado e onde entrei de mochila, sendo recebido por um sorriso, que apesar do aparelho, foi suave o bastante para aliviar a tensão.

histórias como estas você não só vai encontrar como vai viver as “mil maravilhas” de como empresas de todos os portes – e não me digam que o makro tem espírito holandês – tratam os seus clientes no brasil.

de um jeito ou de outro para eles não passamos de patos a serem garfados. quando não no preço, nas instalações, na validade dos produtos, no respeito, à cidadania inclusive.

e o mais grave é que em estruturas como o atacadão, cujo público é composto em sua maioria por público de classe b,c,d,(isto é uma classificação de merda) tais como seus funcionários, aí é que a desconfiança e o preconceito para com seus pares manifestam-se em doses que não cabem na minha mochila mas levaram-me de rodo.

nestas alturas, chama-se o procon ? ou a secretaria de direitos humanos ?

da próxima vez, talvez, leve um advogado à tira-colo em vez da mochila. daqueles que processam estabelecimentos por tudo e mais alguma coisa.
notivos no makro e no atacadão não vão faltar. seja na entrada ou na saída.

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