domingo, setembro 27, 2009

superando as expectativas

no marketing e na propaganda, e também no jornalismo - não será supresa que mesmo fazendo as coisas certas acabe tudo dando errado.
o que também já não é surpreendente, muito embora o seja sempre, é como ao fazer tudo errado, tem tanta gente, empresa, dando tão certo - ao menos sob o ponto de vista de "faturamento" - o que, evidentemente, apenas para uns poucos , induz a questionamentos de ordem ética e moral, profissionalmente e existencialmente falando.
fracasso de papo? o que é sucesso e fracasso, nesta profissão, tomando com base atitudes profissionais e a falta delas? - como o diz, steve jobs, no livro a cabeça do próprio, acho que valho muito mais pelo que não fiz do que pelo que fiz.
assim, ao fazer tanta coisa para alcançar visibilidade ou "lucro", você pode acabar não valendo nada, apesar de estar na crista do chorume, que é exatamente onde está grande maioria dos publicitários de antão(ou de oitão).
quanto a mim, acho que já fiz, e não fiz, principalmente, muita coisa que mesmo dando errado valeu muito pena, por pior que seja o saldo bancário ou de memórias.

sexta-feira, setembro 25, 2009

oi, está é com você

velox, oferecendo internet ultra-mega-rápida.
só se for de gozação, mais uma vez, com os passivos internautas brasileiros.
ora, uma empresa que não consegue sequer oferecer internet, que não seja a passo de cágado(isso quando está "rápida") como é que vai prestar serviços que não sejam de "espirro"? em caráter de mega velocidade (esta eu não pago para ver)?
a comunidade internáutica brasuca, dita tão descolada, antenada e up, vem levando dedadas discadas por anos a fio, sob a tarja de banda larga, sem manifestar-se num movimento sequer de repúdio a tal desrespeito e consideração para com o consumidor. afinal, nem no mundo da web tão easy para a realização de movimentos ninguém se dispôe - a exemplos de outros países - a gerar um movimento do não-espirro?
se, como já dizia o ditado, analógico, "quem cala, consente", a velox vai continuar a oferecer serviços onde contratualmente já se precavê do contra-esturro afirmando que garante apenas dez por cento do que promete, e muitas vezes nem isto consegue, o que é um absurdo em alfa-beta-gama.
aos empalados boquiabertos com a lentidão ou o embolo incrustado nos vácuos(causadores dos espirros) resta a complacência da afirmação empolada de que véio é muito rápido mesmo.
e tome atchim no atachment ou seria establishment?

sábado, setembro 19, 2009

menos,menos,mas é verdade

1. Duas mulheres se encontram na rua, uma delas saindo do cabeleireiro:
Mulher 1: Oi, querida!!! Você cortou o cabelo?
Mulher 2: Cortei amor! Você não imagina com quem... o Anderson, aquele mago da tesoura.
Mulher 1: Maaaraaaviiilhooosooo. Ficou 10 anos mais moça. Essas mechas, que bárbaro! Vou mandar fazer igualzinho. Foram luzes?
Mulher 2: Não menina, é uma técnica nova de clareamento que ele trouxe da Itália. Imagina que...

(Meia hora depois..)

Mulher 1: Então tá bom querida. Corre pra casa que teu namorado vai morrer de orgulho da mulher que tem.
Mulher 2: Ai amiga, te adoro! Beijinhos!

Mulher 1 sai pensando: Como essa perua ficou ridícula! Será que ela não se enxerga? Não sei como aquele gato do namorado dela aguenta. Se der mole eu agarro ele.
Mulher 2 sai pensando: Essa galinha deve estar morrendo de inveja do meu visual. Ainda quer fazer igual, vê se pode! Com aquele cabelo que parece um arame. Nem com implante!

Dois Homens se encontram na rua, um deles saindo do barbeiro:

Homem 1: Opa! E aí seu filha-da-puta? Tava cortando o cabelo não é?
Homem 2: Não jacu... tirei pra lavar, aproveitei e deixei a orelha crescer!
Homem 1: Que merda de corte, hein? Tu ta parecendo um viado. O cabeleireiro entendeu PRA BICHA ao invés de CAPRICHA, não é?
Homem 2: É, mas tua mãe gostou.
Homem 1: Falou então!...ah, manda um beijo pra aquela gostosa da tua irmã, viu?
Homem 2: Vai se foder, seu corno! Até mais!

Homem 1 sai pensando: Esse cara é gente finíssima!
Homem 2 sai pensando: Legal esse cara... Gente boa pra cacete...
2. Texto bom tem de ter ironia?, como o que eu transcrevi semana passada, perguntaram-me outro dia. Não. Texto, para ser bom, tem de ter coerência, ter começo meio e fim. Precisa transpirar sinceridade, ter ritmo, fazer com que cada palavra tenha sentido e falar a linguagem da pessoa a quem se dirige, porque Consumidor é quem os personagens que descrevi lá em cima. Se não estiver convencido, mas sob pressão, diz uma coisa, pensa e faz outra muito diferente. O pessoal de pesquisa sabe bem isso.
3. Veja este aqui, da W, assinado pela Braskem:
É PRECISO AMADURECER PARA SER VERDE
A Braskem, a empresa líder da indústria química na América Latina, está com prometida, desde sua formação, a atuar de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável.
Estamos acompanhando e participando das discussões empresariais relativas ao mais importante problema ambiental da atualidade: a mudança climática. Entendemos que já há informação e conhecimento suficientes, decorrentes dos inúmeros estudos científicos e consolidados pelo IPCC (International Panel of Climate Change), que nos permitem afirmar que o ser humano tem contribuído para a mudança do clima.
O quarto relatório do IPCC explicita o aumento da temperatura em mais de 0,7º.C desde o início da era industrial e analisa as graves consequências que essa tendência pode trazer para o futuro do planeta e, principalmente, para nós, seres humanos, como escassez da água, aumento de problemas de saúde, fome, entre outros.
A possível meta, que está sendo negociada em nível internacional, de manter em, no máximo 2º.C, o aumento da temperatura, irá demandar que as emissões globais regridam entre 50% e 85% dos níveis de 2000 até 2050. Em função disso, o IPCC recomenda ações urgentes por parte de todos os setores da sociedade.
Pela característica dos agentes de mudança, os gases efeito estufa, e pela amplitude das suas conseqüências, temos um problema de complexidade econômica, política e social sem precedentes. Os gases se dispersam por toda atmosfera e, ao mesmo tempo, se acumulam por um bom tempo nela. Ou seja, o que percebemos hoje, seja no Brasil, seja em qualquer outro lugar, é consequência das emissões atuais e históricas de todos os países do mundo.
Em outras palavras, estamos todos sofrendo pela forma de desenvolvimento escolhida pelos países industrializados e iremos sofrer mais se essa forma de desenvolvimento não mudar.
A situação do Brasil é peculiar. A nossa estratégia de desenvolvimento, baseada muito mais em energia renovável, nos coloca em uma posição muito positiva.
Segundo a Resenha Energética do Ministério de Minas e Energia de 2006, mais de 45% da matriz energética brasileira decorre de energia renovável enquanto nos países da OCDE (desenvolvidos) esse número é cerca de 6%. Ou sejam o que precisa ser feito pelos países desenvolvidos, que é limpar sua matriz energética, nós já fizemos.
Por outro lado, o desmatamento e as queimadas são os grandes responsáveis pelas emissões do CO2 no Brasil.
No último inventário de emissões de gases efeito estufa, de 1944, esse item era responsável por cerca de 75% das emissões, e os 25% restantes eram atribuídos ao transporte, à geração de energia e aos processos industriais. O controle do desmatamento, que já está na pauta do governo brasileiro, nos permite reduzir as emissões como país, sem trazer qualquer problema ao nosso crescimento econômico.
Essas condições nos permitem fortalecer o papel do Brasil como líder no processo de negociação global para a solução do problema e também nos dão legitimidade para reforçar o conceito das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, estabelecido em Quioto, em que se assume que todos os países têm responsabilidade na questão, porém com intensidade diferenciada, cabendo aos países desenvolvidos assumir o ônus maior.
No Brasil, ainda que a indústria não seja a principal emissora, a dimensão do problema merece nossa atenção.
No nosso setor, o químico, podemos nos orgulhar de ter reduzido em 15% a intensidade das emissões de CO2 entre 2001 e 2007. Essa é uma contribuição concreta do setor para minimizar o problema.
Tudo isso de forma voluntária, garantindo a obtenção do lucro sustentável, ou seja, aquele que garante os resultados econômicos mas, ao mesmo tempo, melhora os impactos sociais e ambientais.
Na Braskem nos consideramos parte da solução do problema. Temos fortalecido o domínio sobre nossas emissões e investido em tecnologia e novos processos e produtos capazes de minimizar as emissões de gases efeito-estufa com um olhar abrangente para nossa cadeia de valores.
Desde 2006 estamos conduzindo inventários de emissões, e nosso último relatório anual publicou esses dados. Recentemente, inauguramos uma fábrica de ETBE, um aditivo para gasolina feito a partir de matéria-prima renovável, e estamos investindo mais 500 milhões de reais na nossa primeira fábrica de polietileno verde, feito também a partir de matéria-prima renovável, o álcool. Juntas, essas plantas vão contribuir com a redução de mais de 750 mil toneladas de CO2. Isso é equivalente a 10% das nossas emissões. Estas contribuições também são concretas.
Uma nova oportunidade surge para orientar nossos próximos passos, a partir do entendimento do benefício que o uso dos nossos produtos causam para a minimização das emissões de gases efeito estufa.
Em recente relatório do ICCA (Conselho Internacional de Associações da Indústria Química) preparado pela consultoria Mckinsey e verificado ela instituição alemã Ôko-Institut, que analisou o ciclo de vida de mais de 100 produtos químicos no mundo, chegou-se à conclusão que o uso de produtos plásticos para isolamento térmico, embalagens, nos automóveis, em tecidos sintéticos e em tubulações, por exemplo, contribui para a redução das emissões de gases efeito estufa na cadeia na ordem de 2.1 a 6 toneladas de CO2 a 2.6 toneladas de CO2 e para cada tonelada de CO2 emitida pela indústria química.
A Braskem quer ser um exemplo de empresa com estratégia comprometida com uma economia de baixo carbono, reconhecida por ações eficazes na aplicação de soluções que representem impactos reais na redução da intensidade de emissões de carbono por produto e em soluções inovadoras.
4. Comprido, né? Pois eu tenho uma surpresa para você: mais cedo ou mais tarde vai cair na sua mesa a missão de escrever um texto assim. Nessa hora, não há como fugir – ou você faz, ou será considerado incompetente. Por mais prestígio que tenha. Então, fique preparado. E quando tiver de fazer, não tenha preguiça. Coloque nele todo o seu talento. A maior sinceridade. E boa sorte.

(mudando de conversa, do eloy simões, no acontecendo aqui, na sua campanha, que encampamos, de acabar com as fraudes anti- textuais ou textualmente falando. parece muito, mas a verdade é que são poucos os redatores, mesmo os premiados, que conseguem escrever um texto como este. textos que conferem a realidade e mostram o universo de fantasmas e pulhas que existem neste e em todos os outros mercados. talvez o maior sintoma do vazio que enfrentamos é que a maioria dos publicitários parece acreditar na mentira que eles mesmo inventam, a começar da intentada a partir da sua própria imagem.

quinta-feira, setembro 17, 2009

ouro de tolo

Era um cara bom. Um puta diretor de arte. Mexia bem com design e tinha até uns desenhos bacanas na gaveta. Grudou nos grandes mestres, aprendeu tudo o que pôde, fez os contatos certos. Não demorou pra começar a botar o trabalho na rua. Adorava mídia exterior, tinha trabalhos por toda a cidade. Cidade que, aliás, não era o melhor mercado do país, mas era cheia de gente boa. Não tinha jeito: mais cedo ou mais tarde, ia pintar uma proposta legal.
E pintou. Uns caras de outra cidade estavam com um trabalho bom e apostaram no talento dele. Dava até pra ir pra casa nos fins de semana. Então juntou suas coisas e se mudou, cheio de gás. Seguiu o caminho de todo grande profissional.
Primeira reunião de briefing. Aquele mesão enorme, a sala bem iluminada e bem decorada. “Putz, lá em casa não tem nada disso”, pensou, quando viu os executivos chegando com roupas caríssimas. Cada um mais cheio da grana que o outro. Ajeitou-se na cadeira, puxou o caderninho e começou a ouvir:
− Negócio é o seguinte: estamos com um problema de fluxo de público. Fizemos quanti, quali, discussões em grupo. Contratamos consultores, analisamos a concorrência. E o que precisamos fazer é um painel.
Painel? Logo ele que não tinha tanta experiência assim em painel… Mas sem grilo, tudo bem. Desafio sempre foi com ele. Enfim, continuou anotando: impactante, puxando mais pro emocional e, acima de tudo, fidelizar os clientes. De referência pra ele criar deram um calhamaço. Até livro tinha. A verba era boa e o prazo… Bem, alguém aí já viu algum prazo ideal?
Começou o trabalho. Montou uma equipe, distribuiu cronograma. Virou noite. Ficou sábado, domingo e até feriado. Encheu o saco, se estressou. Dispensou todos os assistentes. Recomeçou do zero. De tanto trabalho, teve até um problema no olho. Ficou besta e resolveu só ir apresentando pro diretor geral. Não queria cliente bisbilhotando o trabalho antes de ficar pronto. Só que a pressão dos acionistas foi maior que ele, e acabou tendo que mostrar. Nem precisa dizer que não deu muito certo.
− Olha, você tem que entender que somos uma empresa tradicional. Não dá pra mudar nossa percepção de marca assim de uma hora pra outra. O nível do target é muito baixo, tem gente que mal sabe ler. Além disso, tá muito ousado, muito moderno. Pode ir colocando mais roupa nesses modelos.
Esperneou, mas fez o que pediram. E, cansado, desgastado, envelhecido e dizem que até meio maluco, entregou o trabalho. Foi um estrondo. Influenciou toda uma geração, mudou o rumo do mercado. Mesmo não levando nenhum Leão em Cannes, a idéia virou uma referência unânime. Volta e meia aparece chupada em alguma camiseta ou marquinha. Até hoje tem gente que vai lá só pra ficar admirando.
E, se você quiser, pode ir, também. Tem que comprar passagem, esperar na fila e não pode tirar foto. Mas ficar uma tarde inteira olhando para aquele painel da Capela Sistina vale a pena. Não dá raiva, inveja e muito menos aquela história de como é que eu não pensei nisso antes. Só dá pra ficar com a cabeça pra cima em reverência, pensando em como o Michelangelo conseguiu fazer tudo aquilo sem um Macintosh.

( o primeiro job da história, do joão vereza, no jornalirismo)

o interessante deste texto "tolo" é demonstrar as virtudes de um copy quando ele é copy, e domina gancho, fluência e desfecho. nada que se compare as dezenas de besteiras escritas, por exemplo, no gogojob, onde pretensos redatores claudicantes arrulham conselhos com base em experiências fraturadas a reboque de empresas de soluços(que muita gente confunde com soluções, sejam famosas ou não) mas excipientes a começar da fraqueza do texto que dá cãimbra
no mais persistente leitor. mas é a tal coisa, que fariam eles sem um macintosh?

quinta-feira, setembro 10, 2009

a tv que você diz que não vê

Será lançado no dia 17 de setembro, às 20 horas, em Brasília, o livro “TV, poder e substância: a espiral da intriga”, de Luís Carlos Lopes. O evento ocorrerá no Restaurante Carpe Diem, localizado no SCLS 104, Bl. D, Loja 1. A obra analisa vários aspectos da existência da TV aberta no Brasil. É fruto de centenas de horas de pesquisa sobre os seus conteúdos e significados, constituindo-se em um esforço de interpretação deste meio de comunicação fundamental e hegemônico do conjunto das mídias técnicas brasileiras. A obra parte do princípio que só se pode falar desse meio, considerando suas imbricações com a vida política e cultural do país. O trecho, abaixo reproduzido, dá algumas pistas do que esperar do seu conteúdo. O livro estará proximamente disponível nas boas casas do ramo.“A veiculação dos artefatos publicitários está na origem da TV brasileira, concebida como a mais eficiente máquina de vender produtos e idéias, jamais imaginada. Ao contrário do que os sensos comuns dizem, a programação usual é o intervalo dos reclames cada vez mais sofisticados e capazes de atrair milhões de consumidores. Esta máquina ainda não foi superada pelas mais recentes, no que se refere a sua capacidade de vender e convencer. Por isto, nela se concentram investimentos massivos que estão longe de optar pelo seu abandono ou substituição. Este processo vem sendo continuado na TV por assinatura e experimentado, com características similares, pela Internet. A TV, portanto, teve que desenvolver parâmetros de sintonização com as culturas pré-existentes, antes de ser a principal entidade produtora da cultura nacional. Absorveu o que existia, devolvendo ao público uma programação compreensível e capaz de atrair o gosto popular, sem se desgastar junto aos interesses políticos e publicitários a que estava e ainda está ligada. Hoje, no mundo da cultura das mídias, ela já pode se autorreproduzir, citando a si próprio repetidamente e de modo incansável. Desenvolveu-se de modo monstruoso e sem muitas possibilidades de autocrítica, devido seu imenso sucesso empresarial e sua forte ligação com inúmeras fontes de poder.”

terça-feira, setembro 08, 2009

exemplo textual ou textualmente falando

1. Em uma planície, viviam um Urubu e um Pavão. Certo dia, o Pavão refletiu:- Sou a ave mais bonita do mundo animal, tenho uma plumagem colorida e exuberante, porém nem voar eu posso, de modo a mostrar minha beleza. Feliz é o Urubu que é livre para voar para onde o vento o levar.O Urubu, por sua vez , também refletia no alto de uma árvore:- Que infeliz ave sou eu, a mais feia de todo o reino animal e ainda tenho que voar e ser visto por todos, quem me dera ser belo e vistoso tal qual aquele Pavão.Foi quando ambas as aves tiveram uma brilhante idéia em comum e se juntaram para discorrer sobre ela: cruzar-se seria ótimo para ambos, gerando um descendente que voasse como o Urubu e tivesse a graciosidade de um Pavão…Então cruzaram… e daí nasceu o Peru:Que é muito feio e não voa.

Moral da história: “Se a coisa tá ruim, não inventa gambiarra que piora!”

2. Impressionante como a publicidade impressa está cheia de gambiarra. Claramente elas não nasceram idéia. O criativo, se ele merece esse título, pega uma ilustração, bota nela um título qualquer e (des)completa com um texto que não tem nada a ver com as calças.

Resultado: um monstro.

3. Já perdi a conta das vezes em que defendi, neste e em outros espaços, que a publicidade carece de bons redatores, gente que sabe escrever publicidade. E gente que sabe escrever publicidade não é um literato.

Precisa ler bons textos de anúncio.

Por essa razão, quando vejo em um anúncio, um bom texto, recolho. E procuro passá-lo pra frente, na esperança de que, assim, dou uma contribuição para a melhoria do nível da nossa ultimamente tão maltratada publicidade. É o que vou fazer agora.

4. Veja esta pérola, assinada pelo Conar. O título é “O Conar existe para coibir os exageros na propaganda. E ele é 100% eficiente nesta missão. A segunda frase está riscada. Ele diz:

“Nós adoraríamos dizer para você que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: é mentira.

Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como nós acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia verdade”, por exemplo, seria menos agressivo.

Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia verdade”.

Para o Conar, Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.

O Conar nasceu há 29 anos (viu só¿ não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade.

Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira).

Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela¿

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.

O processo de julgamento é rápido e desburocratizado. E, em caso de uma clara infração ao Código de Ética, o Conar pede a suspensão imediata da campanha, até que seja realizado o julgamento. Anunciantes, agências de publicidade e veículos aceitam todas as resoluções doConar – mesmo que elas acabem por tirar do ar uma campanha onde milhões já foram investidos.

Aí você pergunta: “E não tem choro¿” Ao que nós, honestamente, respondemos: “Mas é claro que tem.” Pergunte a qualquer publicitário se ele já teve uma campanha suspensa pelo Conar.

São grandes as chances da resposta ser positiva. Agora, pergunte o que ele achou desta punição. São imensas as chances de as resposta incluir algumas palavras pouco elogiosas, dirigidas à nossa séria e respeitável entidade.

O Conar não está preocupado com o seu nível de popularidade entre os publicitários (seria impossível fazer o nosso trabalho se estivéssemos nos importando com isso).

Estamos muito mais interessados em cumprir a nossa missão, que é fazer com que a publicidade seja sempre honesta, responsável e respeitosa. E não meio-honesta, meio responsável e meio-respeitosa.

Isso não existe nem na propaganda, nem na vida.
5. Leu? Então, releia. Cada vez que reler, você vai melhorar, porque textos como este sempre ajudam a aprimorar o estilo.

( o texto, do eloy simões, que é antigas, ou do tempo em que um texto do peru significava outra coisa e que monstro era um redator pra lá de respeitado)

quarta-feira, setembro 02, 2009

procura-se um contador de histórias ou abaixo o ducaralhismo

1. Estava animada, a festa que aquele milionário organizou. Bebida, ali, jorrava. O fumacê tomava conta do ambiente. De vez em sempre, uma cheiradinha.
Aí, o milionário resolveu apimentar um pouco mais a festa. Chamou os convidados e mandou ver:
“Vamos fazer um jogo! Eu mandei encher a piscina de crocodilos, piranhas, cobra,, etc... Agora, quem conseguir atravessá-la a nado e chegar intacto do outro lado, poderá escolher um destes três prêmios: um terreno ao pé da minha mansão; um milhão de reais em dinheiro ou a minha filha em casamento.”
Nem bem acabou de falar, um jovem caiu nágua e começou a nadar com uma velocidade incrível. Segundos depois, tinha atravessado, intacto, a piscina.
O milionário, surpreso ainda, quis pagar a promessa:
“Parabéns! Qual prêmio você quer receber¿
Mas o jovem não queria saber de premio. Entre assustado e indignado, gritou:
“Eu quero é saber quem foi o filho da puta que me empurrou!.”..

2. “O ser humano usa as histórias para transmitir mensagens importantes praticamente desde que foi capaz de falar. As pessoas estão sempre ansiosas por narrativas, pois elas fornecem sentido. Fatos e números dão conteúdo, mas isso não é capaz de substituir o contexto.”
... “Comunicadores eficazes reconhecem que a comunicação deve falar à mente e ao coração. No primeiro caso, trata-se de apresentar um quadro racional, utilizando dados objetivos. Mas é o coração que gera compromisso com a ação.”
... “Como Terry Pearce, coach de executivos e especialista em comunicação altamente respeitado, diz:
Enquanto a mente procura pelas provas, o coração procura pelo envolvimento. Enquanto a mente busca informação, o coração busca paixão. Enquanto a mente quer respostas, o coração quer experiência. A mente toma uma decisão, mas é o coração que se compromete.” (Stuart Crainer, editor da Business Strategy Review e Des Dearlove,cofundador da Suntop Media, na Management de maio\junho)

3. Tenho sido um crítico feroz da criatividade publicitária brasileira que, independentemente dos prêmios que ganham ou venha a ganhar, tem tido um desempenho medíocre .
Ao mesmo tempo que critico, tento entender porque isso acontece. Outro dia, por exemplo, reuni, em uma gravação, 50 comerciais e 50 peças impressas. Por que 50¿ Porque foi o máximo que aguentei.
Tive, então, a paciência de revê-los algumas vezes, na busca de uma explicação. Claro, um motivo salta aos olhos: nossos criativos estão apaixonados demais pela tecnologia. Mas e daí¿

4. Daí que me caiu nas mãos o artigo cujo trecho transcrevi aí em cima. E caiu a ficha: faltam histórias nos nossos comerciais.
Nossos criativos não sabem ou não querem mergulhar fundo na piscina em busca da criatividade e arrancar de lá uma idéia emocionante. Claro que é um risco. A piscina da comunicação está repleta gente medíocre - animais que adoram arrancar as pernas de quem tenta nadar com talento.
“O cliente não vai gostar.”
“Ta engraçadinho, mas não vende”.
“Não estou interessado em ganhar prêmio.”
“Quero alguma coisa objetiva, que vá direto ao ponto.”
“Você precisa ser mais direto, mais objetivo.”
“Ta feio, mas vende.”
“Quando você criar um anúncio, parta do princípio de que o consumidor é burro.”
Cansei de ouvir essas e outras besteiras. É, ainda, como escrevia Nelson Rodrigues: o mundo é dominado por idiotas.
Esses que estão na piscina com o único propósito de estraçalhar as pelas criativas. Se o criativo bobear, com ele também.
Mas é preciso mergulhar, para que, pelo menos na comunicação e no marketing os idiotas parem de triunfar. A comunicação tem um compromisso sério com o consumidor: fazê-lo se emocionar com as histórias que a peça publicitária contar.
Porque quando o consumidor se emociona, ele compra.
Em sinal de gratidão, compra e valoriza a marca.
Aí, a peça criada ganha prêmio. Para alegria dos idiotas que antes afirmavam não estarem interessados em ganhar premio. Que correm para subir no palco e ouvir os aplausos que não fizeram por merecer

(procura-se um contador de história, do eloy simões, para reiniciar outras histórias que virão por aqui)