sexta-feira, junho 29, 2012

para os vivos que não morrem

Nenhum bom escritor morre. É assim na ficção científica, no jornalismo, na literatura, na poesia, na música. É assim na publicidade, no design, no branding. Continuam a concorrer connosco e a influenciar a nossa escrita.

Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Leão Tolstoi, Flaubert, Baudelaire, Edgar Allan Poe, Dante, Philip K. Dick, Shakespeare, Kafka, Lord Byron, Chekhov, Truman Capote, Claude Hopkins, David Ogilvy.

Todos eles estão mortos e enterrados, mas a sua escrita continua a pairar sobre nós como os space invaders.

Sempre que escrevemos, temos que tentar superá-los. Nesta frase de abertura, neste raciocínio, no tema, no ritmo, no pensamento, nas histórias... É uma competição interna. Harold Bloom falava da “ansiedade da influência” que pendia sobre os novos poetas (“se não acrescento nada a Shakespeare, para quê gastar papel?...”).

Mas não são necessariamente concorrentes. Podemos vê-los antes como “writing coachs”: pessoas tão extraordinárias que, mesmo depois de mortas, nos ajudam a escrever melhor.

É nesta dinâmica que reside o virtuosismo: inspirarmo-nos nos grandes para tentar escrever melhor do que eles. Podemos não conseguir, mas não podemos não tentar.

Quando se escreve para marcas tem de se assinar um compromisso com a originalidade.

A escrita é filha do pensamento. Se não produzimos pensamento novo, resta-nos o “control C”. E não é isso que se espera de um escritor de marcas, um copywriter, um brand voicer.

Não queremos ser como um personagem de um filme de Fellini que, depois de refletir longamente sobre a condição humana, concluiu “mas tudo isto já foi escrito antes... ... ... e melhor”.

A grande questão que nos devemos colocar é: se não temos nada de novo para escrever, será que devemos escrever?...


(os mortos também correm, do ricardo miranda - brand voice concept creator na brandia central ou que raios isto seja). 

p.s. misterwalk diz que tem enormes restrições e desconfiança em relação a publicitários que utilizam reticências


quarta-feira, junho 27, 2012

aos que mentem verdades e para os que verdadeiramente mentem

" a área da propaganda e das relações públicas e, hoje em dia,a intimamente ligada área da política estão repletos de exemplos tão consumados de falar merda que podem servir como os paradigmas mais inquestionáveis e clássicos do conceito"

" a falta de um nexo significativo entre as opiniões de uma pessoa e sua apreensão da realidade vai tornar-se ainda mais grave"

"quem para de acreditar na possibilidade de identificar certas afirmações como verdadeiras e outras como falsas tem apenas duas opções. a primeira seria abrir mão de dizer a verdade e de enganar. isto significa abster-se de proferir qualquer afirmação sobre os fatos. a segunda opção seria continuar fazendo afirmações que pretendessem descrever o modo como as coisas são, mas isso não seria outra coisa senão falar merda".

" em vez de buscar chegar primeiramente a representações precisas do mundo comum, o indivíduo se volta na tentativa de oferecer representações honestas de sí".

" é esta falta de preocupação com a verdade - esta indiferença em relação ao modo como as coisas realmente são - que considero a essência do falar merda".

" em virtude disso, falar merda é um inimigo muito pior da verdade do que mentir".

excertos de sobre falar merda, de harry g. frankfurt(que não é da escola de frankfurt;), com tradução de ricardo gomes santana pela editora intrínseca.


p.s. misterwalk se autocritica replicando que sobre o falar merda seria esta sua contribuição fecal?

domingo, junho 24, 2012

baterias moura: a falta de carga de uma agência com ideia arriada





o comercial das baterias moura, criado pela ampla, é um bom exemplo do arranque de chupeta que se tornou a criação publicitária num mercado que tem mais prêmio que ideia e onde o pensamento premiado equivale em carga ao cerebro sucateado dos desempregados, o que não tira o mérito, muito pelo contrário, dos últimos.

a ideia "criativa" é mostar a superioridade de desempenho( e vá lá durabilidade) - digamos carga capacitiva - das baterias moura em relação a outras. para isso faz-se a comparação entre o instrumento bateria, e uma bateria de escola de samba, o que já desde o começo mostra que a bateria dos criadores da agência - e ela como um todo, e o cliente - estão com os polos invertidos e o que curtiram aprovar está em curto. primeiro, porque fazem a comparação entre duas grandezas diferentes, ou seja, não é uma relação bateria x bateria, é uma relação onde, sei vão dizer, a licença publicitária busca o paroxismo como forma de superiorizar a marca moura. ou seja: dane-se a pertinência, porque a carga criadora da agência não consegue estabelecer nexo e conexos com alguma faísca de talento ha hora do contato. ora, tal comparação é tal e qual comparar baterias com capacidade voltáica e amperagem de unidades distintas, ou seja a bota não bate com a perdigota. e isto é agravado pelo fato de termos uma representação naturalista - não sei se eles sabem o que é isto -  e não um deus ex machina ou non sense onde as incoerências fazem parte da hipertrofia criativa. aliás, se era para seguir a linha do paroxismo e das comparações descontextualizadas de pertinência, muito melhor como figura de persuasão era inversão dos polos de ambos os lados: ou seja, a bateria, o instrumento, ter muito mais beat e pegada que toda uma bateria de escola de samba. mas para se chegar a isto, é preciso pensar - e navegar menos na rede e celular - e ter um diretor de criação que não use as baquetas como cotonetes e ou supositórios nas horas vagas.

como se não bastasse a fraqueza da carga criativa, a produção do comercial tem o brilho de uma vela: é pobre em tudo. aquela coisa - feita do jeito que foi feita - ultrapassada, mal ajambrada, ambientado em estúdio, fundo infinito, figurinos, direção de imagens e montagens. em suma: é um comercial de bateria cristalizado que não tem arranque nem tração e que mostra o estacionarismo da ideia para vender baterias que se quer a frente na largada mas não dá nem para a partida.


isto posto, não se espera que tais criativos tenham uma conhecimento do que seja ideia força de uma bateria como aqui falamos - nem o cliente, nem seu marketing, ah! estes diretores de marketing que só tem força quando reprovam o que presta e aprovam o que não presta - por isso nem vamos citar os clássicos, como por exemplo, billy cobham ou terry bozio, ginger baker, john bonham, neil peart, e dezenas de outros - cabe até o cavalera -  mas deixar links do que é ideia de uma bateria que temos certeza a moura gostaria de ser em qualquer comercial se assim fosse na vida real. 



http://youtu.be/GHkucr1jJpQ  
http://youtu.be/GNP1Ujd2mTI  
http://youtu.be/AG1ASj7Yh4I
http://youtu.be/QbMlHAFZXx0   
http://youtu.be/W3QFNNk3tgI 
http://youtu.be/ppB4x0sFVL8 
http://youtu.be/zIZT5jpYEPg 
http://youtu.be/gK1W89cMskY 


1º link, bateria indicada para carros tunados de gente metida a besta;
2º link, bateria indicada para carros de mulher que, não sejam metidas a besta;
3º link, bateria indicada para quem tem jipes, que não sejam metidos a besta; 
4° link, bateria indicada para carros clássicos, que não sejam metidos a besta; 
5º link, bateria indicada para carros vintage, que não sejam metidos a besta; 
6º link, bateria indicada para carros 1.0 flex, que não sejam metidos a besta; 
7° link, bateria indicada para buggies, bajas e afins, que não sejam metidos a besta;
8º link, bateria indicada para publicitários que andam fora do ritmo(atentem para o detalhe do filtro, de ar? não sua besta d´água)

e como agora tudo é participativo e compartilhado, deixo a você leitor a procura de bateria para o seu.

in tempo: ainda quando em rough, antes de certificar-mo-nos da autoria da campanha - escapuliu o publicar antes de guardar, e lá se foi um registro de  post no ar como se a campanha fosse criação da agência grupo nove. portanto, ao digitar no google, assim aparecerá. mas não é o que parece, para todos.

quinta-feira, junho 21, 2012

excertos do facebook - neste caso mais book do que face

Foto: Um meio ou uma desculpa
De qual lado você está? Seja sincero 


esta é a razão porque a publicidade piorou tanto(apenas um dos exemplos de profissão que se tornou menor) porque agora existem sábados, domingos, feriados -e imprensados - e o politicamente correto fim do horário do expediente(menos para os shoppings)decretaram a morte do workaholic, que era conditio sine qua non para se atingir algum brilho no trabalho - como se não houvesse prazer em fazer um trabalho bem feito. e isto num momento de crise, onde existem centenas de agências e milhares de ovos publicitários a eclodir( como obter diferenciação em ritmo de valsa?) dizem agora que não se pode fazer boa propaganda se não houver "vida pessoal", que ir além do horário não passa de exploração. pode até ser. mas, caramba! se sempre houve vida inteligente na atividade, devo entender que a batida do ponto reduziu o beat à mediocridade. a maior parte da minha geração, nunca deixou de fazer nada do que quisesse por conta de dias e dias, semanas, meses, anos, décadas, enfronhado no trabalho. muito pelo contrário. eu, por exemplo, cansei de sair às 22 horas para ir ver o super-bock super- rock, e voltava para agência para terminar o trabalho cheio de gás até o dia amanhecer (e quando saia voltava para agência ainda de manhã). fazia pelo prazer de tentar fazer o melhor. se o melhor não conseguia, a culpa não era da falta de dedicação - ou do excesso. era do talento que não se mostrava à altura da empreitada. mas, se não podia polir as pedras, nunca tive desculpas para não quebrá-las. ninguém me obrigou a nada. mas o principal: nunca obriguei os clientes, internos e externos, a engolir pedregulhos que não tivessem sido exaustivamente e criteriosamente trabalhados. se realizei meu sonho? bom meu sonho não era ser o "fodão do bairro do peixoto". era ser um operário da criação que não tivesse vergonha do que estava fazendo e, principalmente de obter prazer de o estar fazendo. durante muito tempo consegui. hoje mais não: parei pela mentalidade instaurada da falta dedicação ao trabalho - a dedicação para fazer ghosts para premiações ao que parece continua -  e da visão funcionalista que impera( o tal pragmatismo da idéia em esteira de produção)não por falta de emprego. não tenho saudades. apenas ânsias de trabalho que logo passam quando vejo as pedreiras que para o mercado não passam de cisco nos olhos. sabe como é, com a idade vem os óculos, e aí, ao contrário do que pode parecer, passamos a enxergar ainda mais porque a visão seletiva - se não deteriorou - aprimorou-se.
( comentário ao post de josé eduardo storino)

sexta-feira, junho 08, 2012

nem o sebrae dá jeito



"O foco do pequeno comércio é o próprio umbigo. Caixa conversa com balconista, fornecedor atropela cliente, empecilhos em compras com cartão."

"O cliente atrapalha o pequeno comércio quando exije atenção em vez de apenas deixar o dinheiro sem levar nada."

(tuits do nei duclós) 

(e depois é a tal coisa, reclamam quando vão a falência. o danado é que mesmo fazendo tudo isto, muitos negócios ainda dão certo. mesmo como custo brasil. é um "case de marketing" a estudar)

quinta-feira, junho 07, 2012

os dois lados da moeda(até agora vimos o falso)

Em mais um vídeo do projeto Criaticidades, o consultor britânico Charles Landry compara a criatividade ao ouro, ao aço, a uma moeda, como um ativo invisível, mas que precisa se tornar realidade para gerar resultados.