terça-feira, junho 30, 2015

caiu na rede é pato

As plataformas digitais repetem fórmulas, e apenas reforçam aquilo que diferentes profissionais de áreas sociais apontam: uma sociedade egoica, onde as redes funcionam apenas e tão somente como veículos potencializadores, com lentes de aumento em atitudes individuais. E que vez por outra alcançam ‘movimentos de manadas
Em outras oportunidades já abordei as questões envolvendo o Facebook e os padrões de comportamentos dos seus usuários.
Neste post concentro-me em uma análise das chamadas redes sociais, e até a ‘profissional’: LinkedIn.
Quando do seu surgimento, as redes apontavam com uma possibilidade inédita de interação, troca por compartilhamentos e possibilidades de interação em tempo real. Parecia, aos observadores, que encontrávamos um novo modelo, inovador e renovador, para relações e trocas sociais. A comunicação parecia romper fronteiras de tempo, espaço, classes sociais e culturas. Paradigmas seriam rompidos quase que na mesma proporção em que tecnologias fossem sendo criadas e disponibilizadas à usuários pelo mundo, através de gadgets variados.
Transcorridos, tempo e tecnologia, as projeções se mostraram diametralmente opostas. Hoje, o que vemos em larga escala é, apenas e tão somente, a variação de “mais do mesmo”. As plataformas digitais repetem fórmulas, e apenas reforçam aquilo que diferentes profissionais de áreas sociais apontam: uma sociedade egoica, onde as redes funcionam apenas e tão somente como veículos potencializadores, com lentes de aumento em atitudes individuais. E que vez por outra alcançam ‘movimentos de manadas’. As pessoas reproduzem e amplificam aquilo que nem entendem o que seja.
Ao invés de estreitamento e proximidade, as redes em geral, oferecem a solidão, o isolamento e ensimesmamento de indivíduos.
Do ponto de vista de compartilhamentos, nota-se uma padronização infantilizante de postagens, em geral compostas por itens de simplificação de uma imagem e uma foto. Com o desenvolvimento e facilidade de criação de vídeos, ganham notoriedade os rasos e rápidos. O processo se repete de forma entediante por plataformas ditas de mídias sociais, mas também alcançam redes consideradas profissionais. Um exemplo disso, foi quando o LinkedIn passou a permitir que fotos e vídeos pudessem ser anexados. A partir deste ponto a rede social virou um braço amigo e semelhante de redes como Facebook. A quantidade de insignificâncias aumentou e escondidos os logos de identificação da plataforma, não somos capazes de determinar em que rede estamos, tal a similaridade desinteressante compartilhada.
De outra sorte, mas igualmente repetindo modelos cansativos temos as ditas pílulas de motivação, autoestima ou autoconhecimento. Repetem-se, ad nauseam, pelas diferentes plataformas como forma de servir de “incentivo” ou expressar “pensamentos”. Óbvio que estão longe de uma reflexão, e tornam-se apenas modismos desconfortáveis, repetidos exaustivamente por toda uma rede. É comum vermos a mesma pílula compartilhada “N” vezes até à exaustão. O fato merece destaque, pois revela um ‘sedentarismo social’ implícito nas repetições constantes de postagens alheias, em especial na ausência de busca de conteúdos inéditos: afinal, é sempre mais fácil e mais rápido copiar ou compartilhar o que já está ali pronto. The lowest hanging fruit (O fruto mais fácil a ser colhido).
Mas ainda há aquilo que, de mais vil as redes tem produzido: a agressividade. Tal agressividade chega às raias de produzir discursos xenofóbicos, preconceituosos, racistas, e de muitas outras formas de ataque utilizando-se o anonimato em rede para esconder-se grosseira e covardemente daqueles a quem se dirige todo seu ódio destilado.
Quando isso não ocorre, temos apenas a superficialidade.
Ninguém mais é capaz de ir além de três parágrafos, quer para escrever, quer para ler.
Daí o uso de postagens imagéticas para “facilitar” supostos conteúdos. E é neste terreno que a pasteurização apresenta-se como a mais aterradora em rede: os conteúdos tendem a ser rasos e simplistas. Posts proliferam-se como apenas exercícios de recorta e cola e em raras possibilidades encontramos uma escrita fluente, aprofundada e consistente. Aquela que é pensada intencionalmente antes de ser postada. Aquela que de fato é uma criação.
A massiva mediocrização também é um elemento de repetição e constância em rede.
Guardo para este ponto aquilo que considero o ápice do que chamo fórmulas massantes, desinteressantes e sem criatividade: as listas.
Odeio visceralmente as listas!
E odeio a partir de duas constatações: será que quem escreve não consegue ser claro, didático e incisivo se não dispor numericamente o que quer falar? Ou será o leitor considerado tão incapaz que, se não for através de uma lista, se perderá no meio da leitura.
DEPLORÁVEL.
É a única palavra que consigo encontrar para designar esta forma de escrita que vejo aos borbotões em inúmeros posts, escritos muitas vezes às pressas e, que copiam o que um dia foi uma grande sacada. Hoje é só mais uma forma de perder importância e valor de conteúdo.
O que é seguro afirmar, é que as redes não se renovam exatamente porque seus utilizadores não desejam isso. Exprimem-se e buscam sempre a mesma forma de repetição de fórmulas, e mesmo quando uma nova rede é lançada, sua adesão dependerá em grande parte de sua capacidade de imitar e colar a anterior. Em última instância, são os usuários que tornam os ambientes estagnados, cansativos, repetitivos e extremamente distante daquilo que possa se chamar criativo, inovador ou agregador.
As redes apenas massificam e distribuem conteúdos pasteurizados. A multidão apenas repete a fórmula, sem nada questionar ou criar. E isso me preocupa, porque nunca antes tivemos um exército tão grande que apenas responde a estímulos, ou neste caso, a cliques.
Como digo, não sei para onde vamos, mas sei que vamos muito mal!
*redes sociais, a perpetuação de um modelo maçante e infantilizado opinião da iliana rezende, reproduzido na forum http://www.revistaforum.com.br/ , do Jornal GGN 


sábado, junho 27, 2015

se leão não paga conta quem paga a conta do leão? a espuma?



nizan: mais parecido com o samico** do que com ele mesmo


"Falta bife no menu da propaganda"


"....Eu acho muito bom que Under Armour ganhe (Grand Prix de Cyber), porque aquilo é propaganda, good old advertising, acoplado ao digital – que é como eu acredito que deva ser. Essa conversa fiada de falta de bife não dá. Eu passo muita fome aqui, porque tem esses menus degustação que não têm carne. Então, eu sugiro que no menu degustação da propaganda tenha muitos pratos, mas tem que ter coisas substanciais. Porque, senão, você vai acabar a noite comendo pizza no Vésuvio. O que me fascina é ver grande publicidade feita por grandes marcas. Marcas fazendo good old advertising em diversas plataformas. O mais importante depois de Cannes é fazer uma curadoria do que você viu, separando bife de espuma".

não sei: cobro ao nizan direitos emocionais ? isto é uma private joke. tem a ver com a constatação de que afinal os nosso comentários sobre o way of life da good old advertising, de há muito, não são imprecações ditas rancorosas de um "deslocado do mercado" e sim a constatação da superioridade da velha e boa propaganda sobre o cardápio fake servido a troco da antenação que é mais uma variante da enganação peculiar dos maus publicitários, quando confrontados com as mudanças tecnológicas(hegarty já dizia isso e, muito antes, bernabach). ou seja, no popular: a velha pratica, embalada como nova- o celofane de agora é o storytelling - daqueles que nunca souberam fazer direito o velho, e fazem ainda pior o novo, desgastando o novo, por conta dos mesmos velhos expedientes. 

resumo da ópera: improvisação/antecipação de quem não domina a partitura só pode dar mesmo espuma. o que não quer dizer que, absolutamente, se deva virar as costas para o novo. mas o novo pelo novo, é filme que vi antes. e o sucesso de bilheteria foi só na estréia. logo, logo saiu de cartaz. aliás, o que é novo: o grand-prix de cannes este ano?

** profissional de mídia atuante do recife


in tempo:fala do nizan pinçada de suas declarações ao meio&mensagem.

sexta-feira, junho 26, 2015

a grande questão não é o uso do fake por todo mundo. e sim a de que quase todo mundo é fake enquanto gente







































Em entrevista à Pública, o coordenador das redes de apoio a Aécio Neves (PSDB) durante a disputa presidencial de 2014 conta que se decepcionou com os artifícios usados pelas campanhas digitais. 

Xico Graziano é assessor de Fernando Henrique Cardoso – “O que é alguma coisa, mas não me dá o direito de falar em nome do PSDB”, avisa. Ex-secretário estadual do Meio Ambiente, coordenou as redes de apoio à campanha de Aécio Neves à Presidência, o que, para ele, fez a diferença no engajamento online. Foi sua equipe que produziu os vídeos que rodaram pelo WhatsApp, um dos fenômenos eleitorais de 2014.

Graziano recebeu a Pública no Instituto Fernando Henrique, onde avaliou a campanha – que diz ter sido vencida, na internet, pelo PSDB com apoio de grupos à direita como Revoltados Online e MBL –, mas não hesitou em mostrar sua decepção com a “robotização” do debate na rede. “Eu fiquei meio decepcionado. Na campanha de todo mundo, você tinha muito disso, era robô retuitando. De repente você tinha um tuíte, você tinha mil retuítes, tava na cara que aquilo lá era falso.” Assume que a campanha do PSDB também usou fakes e robôs, um expediente que, segundo ele, é amplamente utilizado na publicidade e foi importado para a campanha de 2014. “Todas elas usaram esses artifícios”, diz. 

Qual a diferença entre a campanha de 2014 e a de 2010? O peso da campanha online foi maior? 
Ninguém dirá que não. Como a próxima será mais ainda, como essa agora de prefeitos vai ser já predominante nos grandes centros urbanos. E agora basicamente pelo Facebook e Twitter, além do WhatsApp, claro. Mas não tenho coragem de dizer que foi determinante, não. Como mede isso? Não dá pra medir. 

Como era o trabalho em si, de engajar as pessoas? 
Aí que tá, também não vou falar tudo pra você… Mas eu diria que o grande desafio, e o que nós fizemos, é o engajamento de pessoas. Essa que é a diferença. Publicitário não sabe fazer isso, nenhuma empresa de publicidade sabe fazer isso. Porque essa é uma ação predominantemente política. Você usa a internet, mas a finalidade é política, de engajar pessoas. Então, você precisa ter muita abertura, muita correspondência, você precisa ter um atendimento às pessoas para levar a esse relacionamento. Então, você precisa de muito off-line, de muitas reuniões. Eu viajei pelo Brasil todo mobilizando gente, pegando gente pra a rede. Criamos a rede, aí fizemos aquelas placas “eu curto isso”, aí as pessoas viam as placas e tiravam fotos, botavam na rede. Então, é um movimento de off-line e online constante. Não é só a internet. Porque hoje o que a gente percebe são dois movimentos que o meu grupo criticou na campanha. O publicitário vê a internet como meio de propagar mensagem. Então, quase usando como televisão, daqui pra lá, só. E os “experts de redes” acham que importante é você criar audiência. Então você bota robô, bota um monte de coisa pra dizer “ah, meu Twitter tem 50 mil, tem 20 mil”, com fake, com tudo, mas não traz engajamento. Você traz potência. Coisa que as empresas gostam de pagar. E pagam caro por isso. “Ah, o Facebook tem tantos mil, tantos milhões.” O engajamento qual é? Qual é a interação? Nós chegamos a trabalhar na primeira fase com 12 pessoas e depois crescemos para umas 20. Não precisa tanta gente assim. Você precisa dar atenção. Cada pessoa consegue interagir com mil, 1.200 pessoas por dia numa rede. Operando um software que você recebe as menções ao candidato e você entra em contato com a pessoa, pelo Twitter especialmente. 

O uso do WhatsApp foi decidido ao longo da campanha? 
É o seguinte: não adianta você forçar, porque a campanha vai esquentando, esquentando… Sabe?, você tem hora certa. Nós, em algum momento, achamos que a coisa estava boa e o Aécio topou fazer isso. E eu trouxe um rapaz que era o Gabriel, da Turma do Chapéu de Minas Gerais, que tinha muita proximidade com o Aécio por ser de lá. Foi secretário da Juventude dele. E o Gabriel é um “entendidaço” de rede. Então, ele fazia a captação dos vídeos, fazia a captação certa, com a linguagem certa, com o enquadramento correto. Mas aí nós já tínhamos uma rede em que tínhamos pelo menos 20 mil pessoas engajadas. Não estou falando de número– número qualquer pessoa tinha –, 1 milhão… Não vale nada isso. Estou falando de pessoas engajadas, quer dizer, que aceitariam um comando de rede que eu dava. “Olha o WhatsApp.” Poft. E aí corria. Eu acho que a rede se caracteriza por isso, por aceitar um comando. E só aceita porque se sente participante do processo. Não é qualquer um que recebe um vídeo, ou recebe uma mensagem, “tem que compartilhar”, e compartilha. 

Essa mobilização chegou nos jovens, algo que era uma dificuldade do PSDB… Sempre foi. De todo mundo, talvez do PSDB mais? Pode ser. Acho que de todos os partidos políticos. Cá entre nós, hoje em dia nenhum partido político tem prestígio entre os jovens. Nenhum. Então, não tínhamos ilusão, nem tive nunca ilusão sobre isso. Nós também contamos com grupos muito importantes que faziam apoio no segundo turno à candidatura do Aécio e que eram muito articulados em rede, que estão aí até hoje. Os Revoltados. Que era um pessoal contra o PT, obviamente eles ajudaram muito na campanha e nós fomos capazes de nos articular a esses grupos também. Ao Movimento Brasil Livre. Quer dizer. Não fomos só nós, houve uma conjunção de forças contra o status quo, contra o PT, que a campanha do Aécio capitalizou. 

Alguns desses grupos parece que ganharam mais proeminência com um discurso mais de direita, pedindo impeachment. Dava para ver que eles aumentaram seu prestígio na rede durante a eleição? 
Naquela movimentação das ruas, impactou muito. Basicamente foram eles que fizeram aquilo. Não fomos nós. A rede Sou Aécio não estava operando mais. O PSDB não fez isso. 

Dava para perceber esse crescimento desses grupos na campanha? 
Dava. Cá entre nós, o PT fez por merecer, porque o PT fez tantas coisas erradas, vamos dizer, pra não falar outra coisa, que foi criando inimizades políticas em geral por aí entre essa moçada toda. Eles foram importantes sim, especialmente nos centros mais mobilizados, mais politizados, como aqui. O que aconteceu, que depois acabei criticando, foi que eles quiseram trazer o PSDB para a posição deles, e aí eu reagi. Eu disse: “Não, calma lá. A posição de vocês é uma e a do PSDB é outra. Na campanha, por oportunidade política, você faz isso, porque você tinha um inimigo político comum, que era tirar o PT do poder”. Mas foram importantes, sim. São até hoje. 

Mas o crescimento deles na rede não significa uma radicalização do discurso e talvez do discurso do ódio associado? 
Bom, primeiro, para mim, o discurso do ódio é o discurso do PT. O discurso deles é uma reação ao ódio contra nós. Quem criou a diferença entre “nós” e “eles” foi o Lula, não fomos nós. Quando começaram a separar “nós somos da elite” e “eles, do PT, são pobres. Isso aí a origem é lulista, muito bem-feita, aliás, malandramente bem-feita. O que eu achei interessante, o que eu percebo é que esses grupos conseguiram articular uma direita que existe no Brasil. Isso é muito bom. Do ponto de vista democrático, é importante as coisas estarem mais claras. E aí você vê a predominância do Bolsonaro, do Caiado, como representantes políticos desses grupos. Mas ao mesmo tempo esses grupos acabaram diminuindo um pouco de tamanho. Porque eles se caracterizaram como grupos de direita e, na campanha, cresceram mais do que isso porque eram contra o PT. Ser contra o PT aglutina mais gente do que ser de direita e defender teses de direita radical. 

Houve um tom mais agressivo, mais campanha negativa e de guerrilha em 2014? 
Sim, com certeza. O PT começou a falar da tal guerrilha virtual um ano, mais de um ano antes dessas eleições. Eles começaram a treinar o que chamavam do exército deles. A equipe de inteligência que monitorava as redes percebia muito bem a hora que eles entravam operando. Eles entravam articuladamente. Ou botavam Aécio vinculado a drogas, aquelas maldades que faziam em cima do Aécio… O monitoramento nosso apontava, e isso era nacional. Eram milhares de pessoas que entravam comentando. 

Perfil fake, robô, militante pago, o que tinha? 
Tinha de tudo. Militante pago, com certeza. Eles, que estão no poder, pagam muita gente. Eu conheci muitos que eram. O Maurício conhecia as pessoas… 

Que eram militantes pagos? 
Sim. Pagos. Fakes por certo. Todo mundo usa fake. No PT… 

No PSDB. 
É. PSDB. 

E qual é o propósito? 
Você se esconder para você… Se você opera um conjunto de Faces, você consegue fazer aquilo que eu falei: você consegue botar coisa em trending topics, um monte de coisa replicando, retuitando. Junto com robô, bota lá em cima, mas não vale nada. A minha equipe não tinha isso, só operava a rede, ia pro off-line, voltava. Gente. 

Mas vale em termos de… 
Em termos de busca, por exemplo. Quem googlava ia encontrar um nome mais sujo ou menos na primeira página; na segunda, então, essas indexações funcionaram. Tanto é que o Aécio foi para a Justiça processar. Mas eu acho que, na reta final da campanha, isso aí não fez a menor diferença. Isso dava a ilusão de que.. Por isso eu digo que, no final da campanha, nós vencemos o debate na internet. Eu acho. Por conta de nós, campanha, por conta de algumas articulações de partidos, mas também por conta desses outros grupos que foram se formando aí. 

E na primeira fase, que teve muito robô, boato, quanto isso influencia no teor do debate? 
Porque um dos consensos é que essa foi uma das campanhas mais agressivas na rede… É discutível. Eu confesso que fiquei um tempão nessa pista. E nossa equipe que monitorava foi acionada para tentar medir isso. Então, por exemplo, no começo da campanha, maio, junho, julho, essas menções negativas do Aécio davam 5%, 6 % das menções. Portanto, não eram expressivas. Lá na frente deram uns picos. Mas não acho que foram tão expressivas. Nas contas de uma equipe que monitorou e me passou a informação depois, eles acham que isso mobilizou 500 mil internautas. Que brigavam. Mas isso entre uns 40 milhões. Então, se você pegar representativamente, não era muito. Porque tinha muita gente olhando isso aí, mas não tava participando. Isso desperta muito a militância contrária, então fica uma briga enorme. Como você está naquele meio que é o seu meio, você acha que aquilo ali é a internet. Aquilo ali é um pedaço da internet formado por talvez no máximo 5% dos internautas. Os outros internautas estão discutindo futebol, funk, música, direito, causa. Então dá uma ilusão. 

Houve uma acusação ao seu filho de ter espalhado boatos contra o PT. Qual seu comentário sobre isso? 
Desmentimos isso pelo menos umas cinquenta vezes. O que aconteceu? Um internauta comentou num site que era operado aqui, que é o Observador Político, que é uma rede minha, e o Daniel, meu filho, foi chamado a responder por isso porque ele é o diretor administrativo da Fundação FHC. Não foi ele que fez, não postou nada, não fez nada. A delegacia fez os inquéritos, ele prestou depoimento, não aconteceu nada. Não virou processo, não saiu da delegacia. E hoje, se você procurar, vai aparecer “Daniel caluniador, filho do Xico Graziano”. É um problema da rede. 

O que surpreendeu você ao ir trabalhar nessa campanha
Nossa senhora. O que me surpreendeu nesse meu aprendizado – porque eu não sou um originário desse assunto, eu me tornei um conhecedor desse processo por curiosidade, estimulado aqui pelo Fernando Henrique – é que existe muita mise-en-scène no trabalho de internet. Muito publicitário vende coisas que no fundo não existem, que é a história de você comprar. Por exemplo, em um momento nós conseguimos contar que o Twitter da Dilma, no começo da campanha, tinha 2 milhões de seguidores, 1 milhão eram fakes ou eram perfis localizados no exterior. Obviamente comprados. Ou comprados entre aspas, que você aglutina lá. E eu não sabia que isso era tão falso assim. Quer dizer, a falsidade da sociedade existe na internet também. Eu me decepcionei um pouco com isso. Fiquei meio decepcionado. Na campanha de todo mundo, você tinha muito disso: era robô retuitando, de repente você tinha um tuíte, você tinha mil retuítes. Estava na cara que aquilo lá era falso. Era robotizado pra você entrar nos trending topics. Aí você tuitava os trending topics, aí todo mundo, uau!, soltava foguete, comemorava o sucesso, e não servia para nada. Então, existe muita mise-en-scène, uma figuração na internet. 

É a mesma coisa você fazer uns vídeos lindos que depois você vê no YouTube. Deu 1 milhão de visualizações, e é tudo conversa fiada. Ninguém sabe quem viu. Foi minha decepção com o mundo da internet. Não com as campanhas. Todas elas usaram esses artifícios.


xico graciano. foto reprodução/psdb – pa 

(graziano, todo mundo usa fake, entrevista a natalia viana, para a pública, agência de reportagem e jornalismo investigativo: http://apublica.org/ )

quinta-feira, junho 11, 2015

se para o novalfem dismenorreia não passa de mi-m-mi não tem analgésico que cure agora a sua dor de cotovêlo

preta gil: ela mesmo um mi-mi-mi de equivoco sem fim na vida e na propaganda 
- na música então, é batida de prostaglandina que nem morfina dá jeito 




















"com certeza" você já deve ter lido, ou visto, o comercial em que a (argh!) 
preta mi-mi-mi gil (o argh não é racista não senhor, leia o porquê mais abaixo) com seu jeito despachado - leia-se escrachado, a única coisa que tem de "diferencial", já que não herdou nada, além do sobrenome de gil que tem neste mister o seu padecer de ministério -) apregoa que quem padece do mal está " fazendo beicinho" em vez de aproveitar a vida: e tome música da preta que é para aumentar a dor e a sacanagem - intencional? - do comercial para com as mulheres.

o produto anunciado pela é o analgésico novalfem, da sanofi,  na 
campanha # semmimimi, albergada pela publicis, que muitos "orgãos" da 
imprensa creditam como uma das mais criativas do mundo, como se isto 
fosse impedimento a uma crise da cólica mental que levou a cagada 
mimetizada a se pretender em sacada da hora. 


não vou tergiversar sobre o assunto, que é para não dar cólica também, para 
além das que produzo no ofício. mas a impressão que fica é que alguém na 
ânsia de aproveitar o zum-zum-zum do mi-mi-mi no momento - sapecou o 
conceito na boca de quem muita gente julga tem o poder de gancho para 
minimizar uma das dores mais cascudas que há - tem razão a crítica sobre o 
machismo do comercial: quem o fez sequer imagina ou perguntou, nem que
seja a irmã, prima, namorada, tia, a devastação que a cólica, permitam-me 
cometer o pleonasmo, da dismenorreia, também conhecida como menstruação 
difícil ou dolorosa, causa, deste os tempos dos conselhos do " deita de 
barriga pra cima", bolsa de água quente, sementes de abóbora, e dezenas de 
buscopans, atroverans da vida, e outras mezinhas que ao fim e ao cabo não 
resultam em nada pois a prostaglandina está se cagar(não torçam nariz, 
estou no clima vocabular mi-mi-mi preta gil) para tudo isto, principalmente 
para publicitários e anunciantes que confundem dor de verdade com 
propaganda de mentirinhas, metendo uma mentira maior - preta gil - como se 
seu mi-mi-mi tivesse um poder, se tal, de " sense of humour" a ponto de 
neutralizar toda a carga psicológica que a fisiológica produz quando o 
assunto é cólica menstrual originada da dismenorreia primaria - ou secundária.


convenhamos, extrair sense of humor de quem não tem sequer sense, no 
caso a preta gil* é algo ainda mais difícil do que convencer uma mulher de 
que analgésico, seja qual for, "cura" a cólica, a tal ponto que ela saia 
saracoteando por ai.

nos bons tempos, anunciantes, agências e envolvidos no projeto, na hora de anunciar seja o que for, faziam o dever de casa, teórico e prático( não confunda isto com pesquisa e pre-teste bunda) o que é básico, e por isso mesmo fulcral e etapa a não ser pulada, antes de por qualquer ideia na rua, motivando muitas vezes demissões voluntárias, principalmente quando o produto era supositório. e não fique achando que estou a querer fazer gracinhas.

para não deixar no ar: mas como um homem pode sentir alguma coisa parecida com cólica menstrual,? já que a "patera"(redatora da campanha) não tem? - se tem e participou disto, minha nossa - é muito fácil: bata de quina com os testículos, e depois ouça alguém dizer que isso é mi-mi-mi, enquanto o solta som da preta gil corre solto.

com certeza você vai ter a mesma vontade de mandar a puta que os pariu os da ficha técnica abaixo. e olhe, que me dizem as coleguinhas, a tal dismenorreia é ainda pior, pois não vai ao ápice e baixa a intensidade em segundos. é coisa de horas, dias, constante e martelante, tenho de repetir, dolorosamente, como a música do comercial. 

digo-lhes já que só para assistir tomei logo um tramal. mesmo assim temeroso, temeroso. sabe como é, homem tem menos resistência a dores. e dito e feito: eita comercialzinho "chute nos ovos", na inteligência, no conhecimento, e na sensibilidade, tudo o que a filha de gil, e seus adoradores e contratantes, teimam em desprezar. 




abaixo os mis-mis-mis em bando e as tais justificativas - sempre piores do que a merda feita.




"A marca de analgésico Novalfem lança a campanha "#SemMimimi", com o objetivo de fortalecer seu vínculo com a mulher moderna e prática, que não precisa deixar sensações desconfortáveis interferirem na sua rotina.

A ideia é fazer uma releitura da sensação de desconforto que as dores causam nas mulheres, por meio do termo "Mimimi", bastante usado nas redes sociais e em diversas situações do cotidiano.

Apostamos em uma linguagem descontraída para falar com uma mulher que é conectada, informada e inteligente”, comenta Natalia Ramos, gerente de produto da marca Novalfem, da Sanofi.

Segundo pesquisa encomendada pela Sanofi ao Conectaí, empresa do Ibope Inteligência, cólica menstrual, dor de cabeça e enxaqueca têm forte impacto no bem-estar das mulheres: 75% delas dizem deixar de cumprir obrigações e 58% afirmam abrir mão de algo que gostam de fazer por causa desses incômodos.

A campanha é composta por um clipe para internet (assista aqui), protagonizado pela cantora e apresentadora Preta Gile com direção de Kondzilla, além de site e ativações em redes sociais, comerciais para TV aberta regional, jingle para rádio e material para PDV.

A escolha da Preta Gil tem tudo a ver não só com o tema da campanha mas com a forte popularidade que ela tem nesse ambiente virtual, acredita Kevin Zung, diretor-executivo da Publicis.

Ficha Técnica (filme):


Cliente: Sanofi
Produto: Novalfem
Agência: Publicis Brasil
Título: #SemMiMIMI
Direção de criação: Hugo Rodrigues e Kevin Zung
Direção de arte: Daniel Schiavon, Laercio Lopo e João Morgan
Redação: Juliana Patera
Atendimento: Gabriela Borges, Giuliana Macedo e Adriana Bertoni
Planejamento: Juliana Laporta, Diana Santos, Olívia Moraes e Leonardo Andrade
Mídia: Valéria Brasil, Marcela Isa, Nany Porciuncula e Fabiana Gava
Tráfego: Rose Ramalho
RTVC: Tato Bono e Cayan Lobo
Art Buyer: Selma Momosse
Equipe Digital: Sylvio Lindenberg, Andre Lembo, Katia Mazzo e Tarsila Rolim
Fotógrafo: Bob Wolfenson
Produtora: Partizan Brasil
Direção do filme: Konrad Dantas "KondZilla"
Produtor Executivo: Douglas Costa
Direção de fotografia: Felipe Hermini
Pós-Produção: Partizan - Guilherme Mendes
Finalização: Psico look
Produtora de áudio: Play It Again
Produtor Executivo Audio: Tula Minnassian
Atendimento Audio: Kiki Eisenbraun
Produtor Audio: Pedro Jaguaribe
Maestro: Bruno E
Aprovação do cliente: Patrícia Macedo, Marly Simões, Natália Ramos, Tayara Sousa e Debora Pimenta



quarta-feira, junho 10, 2015

quando até meio&mensagem incentiva a coragem é porque temos cristalizados um meio e mensagens acovardados até o piloro

Desde que assumi a chefia da redação de Meio & Mensagem, tenho 

cumprido uma extensa e produtiva agenda de encontros de relacionamento 

com os líderes de boa parte das maiores agências do País. Tais almoços e 

visitas têm rendido conversas tão valorosas que dariam assuntos para 

diversos editoriais. Certamente muitos desses temas ainda serão abordados 

futuramente neste editorial.


Um de meus bate-papos mais peculiares deu-se no escritório da Talent, numa 

manhã dessas, quando fui recebido para um café da manhã pelo CEO José 

Eustachio e o executivo-chefe de operação e criação João Livi. Prosa vai, 

prosa vem, a pauta se encaminhou para o acirramento do debate político 

social e a consequência desse cenário de maior intolerância para a 

comunicação das empresas — que, tradicionalmente, relutam em se 

posicionar firmemente quando uma polêmica esquenta os ânimos de 

diferentes grupos, em maior ou menor escala.

As marcas, em geral e historicamente, sempre tiveram medo de opinião”, 

afirmou Eustachio. “Mas, cada vez mais, estar antenado com a cultura 

contemporânea, o que é primordial para as marcas, exige um 

posicionamento consistente. Precisamos ler mais romances e os clássicos 

da antropologia sociologia e menos os manuais de marketing.”


Ao que parece, mais pessoas que compartilham da visão humana de 

Eustachio estão tomando as decisões nas áreas de marketing de grandes 

companhias. Pouco a pouco, tem aumentado o número de marcas que 

assumem uma posição contundente diante de temas considerados tabus. 

Ainda mais importante do que isso é fincar o pé se existe a convicção do 

caminho escolhido quando o conceito das campanhas foi definido — e não 

ficar à deriva, ao sabor dos humores dos ventos que sopram ora para cá, ora 

para lá.


Foi essa linha que O Boticário seguiu, na semana passada, ao permanecer 

fiel à ideia original do filme “Casais”, criado pela AlmapBBDO para promover 

Dia dos Namorados. Incomodadas com o teor do vídeo, que mostra casais 

homossexuais (e heterossexuais) trocando presentes, duas dezenas de 

consumidores registraram queixas na plataforma Reclame Aqui. O caso 

chegou ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). O 

julgamento acontecerá em julho.

"Boticário acredita na beleza das relações,presente em toda 

sua comunicação. A campanha aborda, com respeito e sensibilidade, a 

ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor,

independentemente de idade, raça,gênero ou orientação sexual”, justificou a 

companhia, em defesa de suascrenças corporativas.


Anteriormente, com menor ênfase, a Natura tomou postura similar, 

declarando que “acolhe a pluralidade de pontos de vista e valoriza a 

tolerância”. A maior concorrente de O Boticário foi criticada por suas 

inserções comerciais na novela global Babilônia, na qual o relacionamento 

homossexual entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia 

Timberg causou furor na ala conservadora dentre os telespectadores.


Assim como na vida, também na comunicação é impossível abster-se de 

prováveis desconfortos quando se assume uma postura singular diante 

de assuntos aos quais a concordância é um ser estranho. Não dá para 

agradar a todos. A boa notícia é que ninguém precisa ser unanimidade — 

nem mesmo as marcas.


O segredo da estratégia bem-sucedida passa, sim, por alinhar as ideias a 

serem propagadas com o propósito maior que determina a relevância da 

própria existência de uma empresa. Evitar assuntos polêmicos e buscar a 

neutralidade seguindo a cartilha das pesquisas de opinião é uma fórmula 

certeira rumo à mediocridade — um estágio imediatamente anterior ao da 

irrelevância.


( jonas furtado no editorial, da edição 1663, do m&m em 08 de junho de 

2015_.