quinta-feira, maio 31, 2007

aos publicitários que se julgam importantes ou quase que exclusivamente para os netinhos do ccpe e ccnat e demais cecesesses


Antes de mais nada, acessem o blog da Vovó Danada (blogdavovodanada.blogspot.com) para entender completamente o que estou dizendo nesse artigo.

Escrito por um anônimo redator das antigas, tenho dois ou três suspeitos, o blog aborda o mundo sem glamour da propaganda paulista: os bastidores, os falsos mitos, as sacanagens, as brigas egoísticas, etc. São temas que dificilmente poderiam ser destacados nos veículos, colunas e sites que falam sobre propaganda, porque são assuntos que, de certa forma, vão contra o negócio. Afinal, não é do interesse do mercado saber que, por trás de uma premiação profissional, existe uma briga horrorosa pelo troféu. Ou que os brilhantes criativos são um bando de infantis egos desinflados por uma política de resultados que os obrigam a passar mais de doze horas na agência em busca de nada. Os temas abordados pela Vovó Danada são cruéis, mas não é sobre isso que quero falar.

A Vovó late, os netinhos mordem
O mais impressionante do blog é o volume de comentários para cada post. Freqüento blogs do mundo inteiro e jamais vi uma avalanche assim. Na última semana, após uma postagem normalzinha sobre os rumores da possível ida de um criativo para uma das mais famosas agências brasileiras, o blog registrou mais de 200 comentários. E é aí que eu quero chegar. Se o volume impressiona, o conteúdo dos comentários é assustador. Primeiro, porque mostra o nível de ignorância dos jovens criativos do principal mercado do país. Linguagem chula, erros crassos de português, absoluta falta de capacidade de exposição de raciocínio e vocabulário limitado são dominantes da maioria das mensagens. Segundo, uma característica que tenho notado há algum tempo em palestras e debates: a quase totalidade dos comentários não tem absolutamente nenhuma ligação com o assunto tratado pelo bloguista. Parece que as pessoas querem ouvir a si mesmas e não necessariamente discutir um tema. O terceiro ponto, para mim o mais importante, é o nível de frustração desses jovens profissionais.

Netinhos órfãos de pai e mãe
Ninguém em sã consciência pode questionar a importância de alguns profissionais, como o Nizan ou o Marcio Moreira, para a valorização da criação na propaganda brasileira. Os netinhos não só podem, como acreditam que esses caras são o lixo da profissão. O Márcio Moreira, para quem não sabe, foi o primeiro profissional de criação do Brasil a fazer uma vitoriosa carreira internacional.

Isso quando os netinhos ainda eram projetos de vida e a vovó era uma mamãe que dirigia uma das principais equipes criativas que o mercado já teve (se ela realmente é quem eu suspeito que é). Pois bem, esses rapazes e moças que mal (ou mau?) iniciam seu histórico profissional se sentem no direito de descer o pau em todos os criativos que fizeram e fazem o melhor da propaganda brasileira. Por quê? Provavelmente, porque são arrogantes, monossílabos e totalmente frustrados pela incapacidade de gerar alguma coisa melhor do que os márcios e nizans produziram em suas longas carreiras. Certamente, esses garotos e garotas imaginam que, ao bater naqueles que deveriam ser seus ícones de inspiração, estão abreviando a sua longa jornada para a consagração. Ledo engano: só quem faz história pode fazer parte da história. O resto é coadjuvante

a vó danada e os netinhos ignorantes, por wander cairo levy, diretor de criação da fórmula(florianópolis).
quanto a mim, acho que muito do que o wander - e vo danada - apontam, tem baitas razões. por outro lado, os netinhos ignorantes as vezes acertam. muito as vezes, mas acertam, quando redimem o rei está nú. certo é que ninguém está, ou deveria, estar acima do bem e do mal, ainda mais agora que acabaram com o limbo. pois de profissionais fenomenais, cases há de cagadas fenomenais, fazendo jus a sua importância.

(ilustração do arthur de carvalho descaradamente surripiada da newsletter da carta capital. a moçada da esquerda deve chiar horrores por ter a mesma ilustrando um "blog publicitário", também uma maquinação da superestrutura do capitalismo. mas como disse lenin, arranhe um comunista e encontrarás um filisteu, sabe-se lá então o que arranhando um publicitário dá. na dúvida, faça como eu, corte as unhas.

quarta-feira, maio 30, 2007

sem moral ou ouro de tolo


no nickname do msn ouro!ouro!ouro!, a conquista expressa no semi-orgulho que o complexo nordestino de quase short-list extravasa junto com provincianismo do tão vendo, tão, tão vendo? repetitivo que não vale nem contratação.
no outro dia, é demitido sumariamente por "não dar conta do recado".
qual a moral da história (ou seria do recado) ?

terça-feira, maio 29, 2007

o (bom!?)exemplo que vem do marketing politico


O micro-targeting vem pôr em causa a comunicação 360° das marcas. Os exemplos desta tendência de abordar o consumidor vêm da área política

O micro-targeting está a saltar do mundo da política para o campo das empresas. A consultora política Penn, Schoen & Berland (PSB), autora do trabalho Silent Marketing: Micro-Targeting, dá vários exemplos que apontam para a emergência deste conceito. "A TiVo deixa-nos escolher o entretenimento que queremos. A XBox permite-nos viver experiências de jogo à nossa medida. O Google, MSN e Ask.com abrem-nos as portas para a informação que procuramos. A revista Time nomeou-o a si - ninguém em particular - como a pessoa do ano 2006", escreve a consultora num ‘paper’ divulgado recentemente.

Para os especialistas em micro-targeting, isto significa que "acabaram os velhos tempos em que o indivíduo em particular, e todos os outros em geral, eram alimentados à força com o que os canais de TV, editoras e anunciantes lhe quisessem dar". As expectativas dos consumidores estão muito mais altas e as mensagens e ofertas destinadas a largas faixas da população perderam o interesse.

O micro-targeting tornou-se palavra de ordem no marketing actual, mas nem por isso se generalizou o entendimento de como funciona. Alguns afirmam que o direct mail é micro-targeting. Outros dizem que qualquer plano de comunicação baseado numa segmentação detalhada dos consumidores é micro-targeting. Há ainda quem descreva os banners na internet e outros tantos que associam o conceito ao mobile marketing. Segundo a PSB, "estão todos errados".

O micro-targeting é, de acordo com os responsáveis pela estratégia de Bill Clinton nas presidenciais de 1996, "criar mensagens personalizadas, factos e ofertas, prever com precisão o seu impacto e fazer chegar a mensagem directamente aos indivíduos". A Nike, apontam como exemplo, adoptou o tema Just Do It, criou factos "A Nike é um patrocinador da NBA" que apoiam a mensagem, e ofertas que podem ser "O novo ténis Air Jordan 2007 está disponível desde 125 dólares".

Factores de sucesso


Mas enquanto não abundam os exemplos na esfera corporativa, a experiência do micro-targeting na política aponta para cinco factores que podem contribuir para o seu sucesso. No entendimento da PSB, qualquer campanha de micro-targeting bem sucedida deve ser concebida em torno de uma abordagem quantitativa. Tendo em conta o número infinito de combinações possíveis entre mensagens, factos comprovativos e ofertas, e um target que pode chegar a milhões, apenas a investigação quantitativa permite a análise dos dados e determinação das combinações que funcionam para os diferentes indivíduos. Por outro lado, "é crítico testar estes três estádios do micro-targeting [mensagem, facto e oferta] face a face com a concorrência". Através desta técnica, a precisão do impacto de uma campanha está entre os 70 e 90%, comparativamente à pesquisa tradicional - baseada em benchmarks ou atendendo a características como o apelo ou intenções de compra isoladas - cuja precisão está calculada em 20 a 30%.

Os mesmos três elementos têm de estar alinhados. Sem isto "é difícil explorar todo o potencial do micro-targeting". Em muitos casos, refere a PSB, acontece as empresas oferecerem demasiados produtos e serviços. O resultado é a confusão nos consumidores e, não raras vezes, também na própria organização.

O quarto factor de sucesso diz respeito à realocação dos gastos em marketing. O micro-targeting abandona a oferta estandardizada e a comunicação de mass media que foi a base do marketing nos últimos 50 anos. Grandes companhias como a Procter & Gamble reconheceram os limites do modelo tradicional e estão a inverter os seus gastos em meios como as relações públicas e a internet. É gasto muito menos dinheiro em grandes produções e mais em produções low cost, relações públicas, mailing, eventos, internet e pesquisa. Enquanto já tanto foi dito sobre marketing de 360º, "uma campanha de micro-targeting bem gerida aproxima-se mais de cumprir esta promessa, já que o investimento em marketing é feito de uma forma muito mais equilibrada entre os vários elementos do mix".

Por fim, o último factor de sucesso é "não revelar ao concorrente que está a elaborar uma estratégia de micro-targeting", especialmente se esse desenvolver mensagens massificadas e ofertas comunicadas através (e diminuindo o papel) dos mass media. Se a concorrência estiver a fazer marketing tradicional, "ela vai estar à procura de outra mensagem massificada e quando não a encontrar parte do princípio que nada está a ser feito". A melhor campanha de micro-targeting é aquela de que ninguém - imprensa generalista e a concorrência - conhece até ter atingido o seu objectivo: ganhar.

Micro numa cidade macro


Michael Bloomberg é um exemplo paradigmático da eficiência do micro-targeting junto de um grande público: os eleitores de Nova Iorque. O candidato pelo Partido Republicano enfrentava a eleição numa cidade onde 80% dos eleitores eram apontados como democratas.

De acordo com a análise da Penn, Schoen & Berland, a abordagem tradicional seria enviar mensagens especiais aos eleitores segmentados como mulheres, seniores, democratas e independentes. No trabalho da PSB para esta candidatura foram, no entanto, identificadas 200 variáveis e uma das cidades mais diversificadas do mundo foi segmentada em sete categorias separadas e estatisticamente distintas. Baseado em cada um destes segmentos foi desenvolvido um leque de mensagens potenciais e execuções alternativas.

Os inputs para este modelo incluíram demografia, psicografia, geografia, histórico dos votos, dados de estilo de vida e de consumo, sondagens e mensagens alternativas e, analisando as previsões, a consultora de micro-targeting político identificou a comunicação ‘perfeita’ para cada um dos 4,2 milhões de eleitores registados. Estas acções foram feitas num mix entre mailing, telefonemas, e-mailing, agentes de campo e convites para eventos. O resultado: Bloomberg ganhou com 57% dos votos contra 38% do adversário, enquanto nas eleições anteriores o candidato do Partido Republicano, Rudolf Giuliani, não tinha conseguido mais de 50% face aos 48% do seu oponente.

(o exemplo que vem do marketing político do joão neves para o meios&publicidade. fica-se curioso em saber o que diriam nossos especialistas em varejo sobre o micro-targeting, ou em terra de cego ainda? quem tem grito de massa é rei ?

segunda-feira, maio 28, 2007

desmarcando as marcas ou chavão sem cabo

há publicitários conhecidos por criar marcas. há, muito mais, publicitários conhecidos por criar chavões. e quando se trata de marcas, o maior chavão é construir e cuidar das marcas dos clientes.

construir e cuidar das marcas dos clientes é algo praticado por noventa e nove(isto é um chavão) das agências da mesma maneira como a construção civil anda a construir prédios(isto é mais um chavão, aliterado como analogia). no começo é tudo muito bonitinho, discursos mis para o projeto mas na hora da execução começam os furos e na manutenção tudo faz água, ou seria areia?

a agência ao dizer-se cuidadora(isto é um novo chavão tomado emprestado da nova gerontologia, outro chavão)de marcas costuma descuidar-se não só das marcas dos clientes mas principalmente da sua. é incrível como as agêncisa são mestras(outro chavão) em ditar para os clientes coisas que elas não fazem minimamente como dever de casa, nem que fosse para gerar auto-mimese.

a agência tem uma idéia que não é nada genial(outro chavão histórico da publicidade, o ser genial) se pensarmos que para construir e cuidar da marca, meter um outdoor a frente da casa onde tem sede não é um recurso de brandig ou rebranding nem aqui nem na china(outro chavão do momento). e muito menos, quando a arquitetura da casa, e portanto da marca, não é preparada para isso.

o fato é que a tal placa - e em papel - está lá, enfiada à forceps, no lugar mais óbvio que se pensaria(a obviedade salvadora ou negadora do diferencial e o fato de que a maioria das agências pensam, são outros chavões ou clichês para amenizar o repetitivo aqui empregado).

não vou nem falar no nome da agência que por sí só a coloca em patamar de uma exigência onde jamais a tal placa contendo a sua marca poderia estar rasgada, pano arriado, vela arriada, a meio pau, e toda sorte de leituras que a marca mal-tratada sugere.

o processo acontece paulatinamente há pelo menos trinta dias. portanto não foi um mal súbido temporal que isto causou(se a agência pensasse direitinho não ia deixar sua marca exposta a provavéis intepéries cujo resultado é o sujo, o mal trapilho, o rasgão de cima a baixo na imagem).

para quem se alvoroça em construir e cuidar das marcas, tendo a sua, rasgada de alto a baixo na fachada, não parece ser a forma mais convicente para exemplificar com os clientes o tal cuidado.

a não ser que, em meio a reunião, o publicitário espremido contra o canto da parede(isso também é clichê) numa tirada que vai render nos bares por meses a fio tome a palavra e diga: tá vendo? para que a sua marca não fique como a nossa nós intencionalmente fizemos isso aí que está lá fora para servir de exemplo gritante de como você não deve fazer com a sua marca.

então fica combinado assim. o cliente vai adorar. palmas e abraços pra todo mundo. mas e agora? cliente convencido por quanto tempo mais a placa vai emplacar tal clichê ? até a lista de clientes acabar com a sua própria marca ?

sexta-feira, maio 25, 2007

garanto-lhes que não é meu duplo



o outdoor é esteticamente agradável e dá pro gasto. nada de extraordinário. mas no cenário atual dos "carta-door" se bobear vira referência.

o cliente precisa de um anúncio rodapé. a agência muito esperta, claro, já mete lá o outdoor. mas peraí nem um textinho?afinal isto é anúncio, o meio é outro, o caderno é temático, e marca além de não ser muito conhecida, não vai estar presente no evento que acontece na cidade. quem sabe duas linhas? que se destaque alguns atributos, diferenciais não há? um pouquinho mais de pensamento e pode sair um claim ou uma assinatura pertinente que faça o anúncio sair do limbo - que acabou para a igreja mas não acabou para a propaganda. e cá pra nós, em, propaganda ficar no limbo é muito pior que ficar no inferno - .

que nada, vai sujar o anúncio. não precisa. aliás que mania esta que redatores tem de querer colocar texto em anúncio tentando persuadir quem? ninguém lê texto véio, estamos na geração do visual(sic!)

mas nem duas linhaszitas só. para os eventuais compradores da feira comprem a marca nem que seja pelo benefício da dúvida, porque se com duas linhas em coseguir convencer alguém que uma empresa desconhecida é boa pra caralho, eu tava em minneapólis e não aqui. nem pensar, é texto pra caralho, esponde-me o diretor de arte espumando em palavras.

o tal anúncio, olha aí, tem que ficar assim cara. clean, sacou? minimalista, pure.

faltou dizer, invisible ou pensando bem este texto é desnecessário. basta olhar para o anúncio e ver ou seria não ver?

quinta-feira, maio 24, 2007

quanto custa o suicidio ?


se os salários não valem mais a pena, se a dita criatividade é uma repetição só, se o glamour não passa de decadencia sem elegância alguma, porquê diabos tanta gente ainda insiste na carreira de publicitário?

se tem talentos, não devem ser espertos. se não tem, devem ser muito espertos como os de agora acham-se. na maioria jovens de classe média, que pagam pela faculdade o que não vão ganhar sequer metade nos primeiros anos de trabalho. muitos chegam de carros que entortam de inveja donos de agência que por isso mesmo por um lado os vê com bons olhos - principalmente os parentes de clientes - por outro lado angariam aquele misto de inveja e indignação, tão tôla e pueril, nem por isso menos venenosa, no vice-versa da equipe.

mas não só são os jovens da classe média que sonham com a carreira futebolística das profissões descoladas. a publicidade é quase o futebol das mentes inadaptadas as carreiras ortodoxas ou, já começa a ser, das mentes antenadas com novos comportamentos. o problema é que ser antenado não é a mesma coisa que ser talentoso ou ter aptidão nata para compreender os delicados, óbvios mas não tanto, por isso mesmo desprezados comportamentos da mente humana, requisito indispensável para se conseguir ser um publicitário efetivo. uma das confusões ligeiras que resulta em muito do que aí está é a tal noção de modernidade. nada mais velho do que os jovens de hoje, apesar da avalanche de informação a que estão submetidos. ainda assim, esta é a geração mais ignorante, mal informada e mal preparada para a atividade que se tem conhecimento, apesar de tudo que lhes é prometido e "ensinado" nas faculdades e mbas que replicam-se como memória virtual de baixa impedância.

a tal cultura geral que fazia com que um publicitário discorresse com quase naturalidade sobre física quântica, semba ou campeonato de porrinha sumiu. sem cultura e informação diletante o repertório afunilou, cristalizou. e o que se vê é um universo paralelo dos sí mesmos. ser antenado é transpor para o comercial de automóvel o espelho do game cujo conceito é game over já no start da idéia. ser antenado é discorrer sobre i-phone como se tivesse sido inventado por ele. ser antenado é ficar o mais longe possível do povo consumidor num país do varejo onde o varejo não se renova desde os anos 60.

ainda assim todos querem ser publicitários, e quando se diz ser publicitário continua majoritariamente o entendimento ser um cara de criação como se todos na agência, que é uma negócio, ou deveria, de venda de idéias, não fossem caras ou caretas de criação. pegue um planejador, um mídia, um atendimento, não criativo e veja só as repartições públicas que tem por aí com nome de agência, o que aliás espanta, já que tão antenados, não deveriam usar este conceito.

as próprias contradições desta mente que precisa ser entendida para se fazer publicidade ou melhor comunicação, quase-explicam porque no auge do declínio da forma como ainda é entendida estamos no auge da procura acadêmica dos cursos de publicitário. eu disse curso de publicitário e não de publicidade, não sei se fui demasiadamente sutil.

quando custa este suicídio na forma e conteúdo como é vendido, ensinado, praticado e auto-esfoliado no próprio mercado?

a resposta está no bolso de cada um de nós, a maioria, olha o pleonasmo aqui gente, a grande maioria, contendo um i-pod e um miserê de tal nível que tem muito publicitário pedindo emprestado a recepcionista um vale para o lanche.

p.s. dia destes, num blog entitulado comunicadores de plantão, um publicitário antenado respondia uma questão que abateu-se sobre publicitários leitores do blog. qual a diferença ente diretor de arte e diretor de criação. a resposta que me fez corar tamanha a estupidez da ignorância, entre outras deformidades em síntese, apontava que o diretor de criação era um diretor de arte que dava o norte, o que demostrava a ignorância sobre o fato de que na história mundial da propaganda os redatores fizeram está história valer bem mais. esta é a geração que se explica a sí própria, ainda assim, sem a mais absoluta noção, histórica ou factual daquilo que lhes é indigesto por isto mesmo.

quarta-feira, maio 23, 2007

curta e grossa II ou ninguém dá mesmo bola para originalidade


a campanha gira em torno de bolas. é de plano de saúde, imediatamente lembra a da telefônica que também trabalhava o conceito de bolas bolhas para desenhar a multiplicidade em desdobramento.

as bolas de uma, a original, são vermelhas e high-tech. a cópia, é verde, e são balões, as chamadas "bixigas", ainda tem uma global que faz acting de contra ponto na terra do ex-ministro.

todo mundo lembra na hora da campanha original e aponta o plágio. mas fica por isso mesmo. a autora do plágio ou chupada como rotulamos, é uma agência vetusta, digamos tradicional, respeitosa e respeitada, mas nem por isso escusou-se do expediente.

de certo ela jura que não. o mercado inteiro de pés juntos diz que sim. ela fatura e segue adiante como agência respeitável. todos os que tem a consciência do plágio não tem importância.

o que importa é faturar e colocar no ar, qualquer que seja a bolha, a bola, o furo, o buraco.

e assim, prossegue o jogo daqueles que tem os cordões na mão para neles pendurar as contas não importa o fio da condução.

bolas, ficam na exclamação de muitos. e nada ou muito pouco na consciência dos outros.

isto importa para o consumidor, para a empresa anunciante, para a nossa imagem enquanto profissionais?

bolas não são bolhas ao que parece para o mercado.

e assim fracasso moral de uns não necessáriamente eleva o moral de quem assim não age, muito menos a conta bancária, esta sim cheia de bolas negativas para descrédito dos sem bolas.

terça-feira, maio 22, 2007

curta e grossa


a contato do jornal já tem como certa a venda da página que o cliente "espertamente" vai fatiar ao longo do ano. o contato do jornal oferece inclusive o fotográfo do jornal para fotografar o produto do cliente - lingerie -(isto é que é serviço completo).

o cliente, dividido entre busdoor, outdoor e a tal página, acaba por optar por uma campanha de outdoor(eu disse campanha e não fazer outdoor) imensamente mais adequada para quem num momento em que se encontra fora do espaço físico de um a feira de compradores, quer fazer a sua marca saltar aos olhos num roteiro cujo percurso privilegia a saida do aeroporto ao centro de convenções onde ser realizará tal feira.

de um outdoor pensado por ele inicialmente, a campanha ganha três motivos. ele administra o orçamento e fica entre outdoor e busdoor que julga mais adequado aos seus objetivos.

a contato do veículo que é nosso parceiro(eles juram isso até a morte) exclama ao receber a notícia de que o cliente preferiu administrar sua verba noutro veículo: tá vendo? agência só aumenta os custos.

segunda-feira, maio 21, 2007

ETs somos nós

Vou recorrer a um estratagema freqüentemente utilizado no jornalismo e na literatura: a visita ao Brasil de um extraterreste que pode tudo ver e ouvir, compreende a linguagem e identifica corretamente os sinais, mas nada além disso. Digamos que o nosso ET sente-se diante de uma TV, no intervalo comercial, e comece a ver...

Um homem aproxima-se de um carro com capô aberto e emite ruídos como se fosse um motor de automóvel. Aparece a palavra Texaco. Uma senhora passeia de montanha russa e, de alguma forma, aquilo se relaciona com algo chamado Intelig 23. Crianças tentam vender produtos e serviços. Outra senhora vai comprar presunto e diz ao atendente do supermercado “Nem a pau, Juvenal!” (De que dialeto terráqueo se trata?) Uma avalanche de laranjas e uma inundação têm algo a ver com um veículo chamado Ford Fiesta. Crianças tentam vender produtos e serviços. Um cara de aspecto sinistro aproxima-se de um calendário e escreve “Zeca Feira”. Cenas de um filme já antigo, chamado Forrest Gump, evocam – em inglês – alguma coisa relacionada a carros da marca Volkswagen. Crianças tentam vender produtos e serviços. Fala-se inglês: Chá verde Feel Good. Impossible is nothing for Adidas. Um gorila azul – ou alguém vestido com roupa de gorila azul - estimula as pessoas a ser clientes da Caixa Economica Federal. Moisés – aquele santo homem da tradição hebraica – abre o Mar Vermelho com os limpadores de parabrisas de um carro Gol. Pessoas perseguem um vaso sanitário pela rua. Crianças tentam vender produtos e serviços. Alguém da Nextel, chamado Pimentel, faz um teatrinho com telefones celulares, supostamente no seu blog filmado ao vivo. Crianças tentam vender produtos e serviços. Sucessão de imagens sugere vagamente que ser cliente de um banco chamado Bradesco é como ser um rato. Uma criança tenta vender um produto chamado Gleid bradando EU QUERO FAZER COCÔ NA CASA DO PEDRINHO! Duas mulheres fantasiadas de anjo, fingindo que estão no céu, exaltam as qualidades do queijo marca Philadelphia. Um cachorro lamenta não poder comprar o novo Ford Fiesta. Crianças tentam vender produtos e serviços. Uma mulher dança no ar homenageando Metamucil. Alguém diz: Gripe espalha mais do que notícia. Um papagaio rouba o cartão Mastercard de um balonista, para usá-lo num bar, no meio do mato. Crianças tentam vender produtos e serviços. Crianças tentam vender produtos e serviços. Há um novo planeta chamado Mico...

Nosso ET retorna ao seu planeta de origem IHFGR3I e relata: - O planeta Terra é povoado por idiotas.

José roberto whitaker penteado e o seu propaganda para ETs. (eu já nem falo mais nada, já que por apontar coisas como estas, eu é que acabei me tornando um ET frente aos publicitários "muitcho inteligentes e criativos" do pedaço, principalmente do mercado pernambucano).

sábado, maio 19, 2007

o papel do papel que não sai do papel ?

Inevitavelmente, em todas as palestras que faço, mesmo que o tema não seja especificamente propaganda, alguém me pede para comentar as relações entre as agências e seus clientes.

É evidente que as coisas não andam bem, com acusações de ambos os lados. Reclama-se -mutuamente - do atendimento, remuneração, prazos, falta de transparência, insegurança, preguiça criativa e por aí vai. A lista é longa.

Mas concordo plenamente com o mestre Francisco Gracioso quando identifica o principal problema: "as agências precisam recuperar o papel estratégico que já tiveram junto a seus clientes, como parceiras nas decisões cada vez mais difíceis sobre o mercado."
Peguei esse glorioso tempo, quando a gente sentava na mesa de reuniões com a diretoria do cliente para avaliar, pensar e discutir tudo em relação ao produto. O Chico Socorro por certo vai se lembrar: a gente se envolvia e era naturalmente cliente dos clientes. Tínhamos conta no Banco Nacional, queijo só Regina, relógios e eletrônicos só da Masson. Imagine, sou do tempo em que representante de veículo jamais visitava um cliente sem a presença da agência. Infelizmente isso se perdeu e, salvo poucas exceções, as agências deixaram de ser influentes "associadas" dos anunciantes para se tornarem "fornecedores".

Já que lamentar não resolve, o jeito é usar continuamente a imaginação para estabelecer relações profissionais, sólidas e mutuamente vantajosas para as duas partes.

Um caminho é praticar as idéias desse inteligente decálogo (não sei quem é o autor. Se você souber , por favor me avise para dar a ele o devido crédito):

1. Deve haver atração imediata no primeiro encontro. A empatia entre a agência e o cliente tem que ficar evidente.

2. A relação tem que ser aberta e honesta – falar sempre a verdade, de forma franca, sincera e respeitosa. A transparência é a chave para a conquista da confiança;

3. Fazer a relação permanecer com seu frescor inicial – a surpresa é fundamental. Os desgastes em qualquer relação são normais. O importante é ter transparência e muito diálogo para evitar que o desgaste natural saia do controle. Pequenas surpresas são importantes para trazer renovação;

4. Desafiem-se sistemática e reciprocamente – cliente e agência precisam desafiar-se dia a dia, na busca pela superação;

5. Reconheça e comemore os bons resultados – cliente e agência devem celebrar suas conquistas;

6. Foque no futuro – cliente e agência devem sempre mirar o futuro: qual o próximo passo? Qual o próximo desafio? Qual o próximo salto que daremos juntos?

7. Seja advogado de si mesmo – fale com orgulho sobre a sua agência. Fale com orgulho sobre o seu cliente;

8. Busque a grandeza em tudo que fizer – cada trabalho deve ser encarado como um grande trabalho, pequenos jobs podem se transformar em grandes cases se cliente e agência tiverem esse pensamento;

9. Tenha senso de humor – qualquer relação torna-se mais leve e agradável quando existe senso de humor;

10. Você deve desejar que a relação seja duradoura e lembrar que a base fundamental será sempre a confiança.

P.S.
Se você não leu o artigo de Francisco Gracioso "A Agência do Futuro" (Propaganda & Marketing 30/04/2007), aqui vai um resumo:
" Vejo a agência do futuro como uma simbiose de três virtudes:
1.O pensamento estratégico que hoje é apanágio das grandes consultorias de negócios;
2. Um produto criativo desligado dos figurinos dos países ricos e ancorado num sólido conhecimento do nosso consumidor;
3.A capacidade de combinar com igual desenvoltura as grandes mídias tradicionais e as novas arenas da comunicação com o mercado."


o papel estratégico das agências, do emílio cerri(o que eu gostaria muito mesmo era vez um representante da chamada "nova geração" definindo qual o papel das agências hoje - nem precisa dizer estratégico - para que não fique no ar aquela visão de que os "antigos" só choram pelo leite derramado. sim, qual a visão deles do negócio para além das disputas entre quem levou ou não levou prêmio, short-list, etc.

sexta-feira, maio 18, 2007

fim de linha


O brasileiro sempre achou o seu país maravilhoso, abençoado por Deus e pela natureza. Em resumo, o melhor lugar do mundo para se viver. Acontece que nos últimos tempos ele tem andado um tanto desconfiado desse paraíso tropical. A violência, a corrupção, o desemprego, o apagão dos aeroportos, as trapaças do judiciário parecem apenas reafirmar que este é o país do futuro, ou seja, um lugar onde talvez os sonhos nunca se realizem. Depois que a nação se empolgou com a eleição de Lula quando a esperança venceu o medo, o novo mandato se inicia de uma forma burocrática, onde parece que a esperança venceu o medo de sonhar. Não deve ser por acaso que numa recente pesquisa feita para revelar quais são os brasileiros mais admirados do século, dois dos mais votados são justamente políticos: Getúlio Vargas e Jucelino Kubitscheck.

Acredito que, além de governar, de fazer o dia-a-dia bem-feito (o que, por sinal, não acontece), está faltando ao senhor presidente da República, como líder maior do País, ser o canalizador de sonhos, de esperanças e projetos que tragam o futuro mais para perto dos brasileiros. E quando digo isso não estou falando de planos imediatistas, como o PAC, ou do marketing político barato das frases feitas a que estamos acostumados, o marketing de ocasião e de balcão.

No momento em que a destruição da natureza é reconhecida internacionalmente como uma ameaça à sobrevivência do homem no planeta, é surpreendente que um país como o nosso não tenha acordado para isso. Uma nação que possui 28% das florestas nativas do mundo, o maior manancial subterrâneo de água doce, a quinta maior extensão territorial, uma diversidade fabulosa como a Amazônia, o Pantanal e os 7.000 km de litoral, deveria ser o primeiro a reconhecer, preservar e cuidar do seu potencial.

Há muito tempo deveríamos ter assumido essa vocação natural, o Brasil Verde, explorando racionalmente nossas riquezas naturais, seja em madeiras, em turismo, em pesquisas, na fabricação de medicamentos, cosméticos, etc.

Além disso, surge agora a oportunidade de liderar o mercado mundial de etanol, uma vez que temos a melhor tecnologia e a maior produtividade, uma agroindústria capaz de transformar regiões inteiras nos próximos anos e de resgatar os neo-escravos desta cultura.

Outra coisa que não consigo entender é por que um povo como o nosso é considerado uma despesa, e não um patrimônio pelos Governos. Quando vejo entrevistas dos pobres que moram em favelas, mocambos ou cortiços, sempre me surpreende encontrar tanta gente com valores, garra e que dão para o País muito mais do que foi oferecido a elas.

É comovente vermos pais criando filhos de forma tão decente em morros ou periferias infestados por traficantes apenas porque eles ainda acreditam na honestidade, no trabalho. Isso no mesmo país onde temos um senador da República que quer dividir seu Estado natal em dois porque uma metade do povo não o apóia.

Numa nação onde tantos roubam, sejam deputados, policiais ou juízes, é sempre notícia de jornal quando faxineiros, taxistas ou lixeiros candidamente devolvem carteiras recheadas de dinheiro encontradas em lugares públicos. Ao mesmo tempo, vemos atletas de esportes populares ganharem provas internacionais correndo descalços, músicos que nunca freqüentaram uma escola fazendo sucesso no exterior e um ex-catador de lenha se transformar no dono da empresa aérea que mais cresce neste país.

Num mundo onde a tecnologia é criada, transformada e substituída cada vez mais rapidamente, é chocante a classe dirigente tratar o povo como se fosse uma imensa senzala. E quando sabemos que o Estado arrecada quase 40% do PIB em impostos, temos de reconhecer que a nossa pobreza não é material, mas de idéias e ideais. E, de certa forma, essa falta de ideologia, de capacidade e vontade de sonhar está contaminando toda a vida brasileira, os negócios, a arte, até mesmo a propaganda.

Curiosamente, na mesma pesquisa sobre os brasileiros mais influentes do século, um dos mais votados foi o arquiteto Oscar Niemeyer. Acho que deveríamos nos preocupar quando vemos que um dos mais jovens, revolucionários, visionários e idealistas brasileiros da atualidade tem 99 anos de idade.

(brasil. um país que desaprendeu a sonhar , do ruy lindenberg é vice-presidente de criação da leo burnett.

quinta-feira, maio 17, 2007

azul marinho ou cinza/gray ?

Por aqui, na verdade, as idéias é que valem pouco.

Os ditados populares costumam traduzir muito bem os costumes e valores de uma sociedade. Outro dia, fiquei matutando sobre isso depois de ler a coluna do antropólogo Roberto da Matta, publicada no jornal O Globo, sobre o valor das idéias.

Entre outras coisas, Da Matta chamou a atençao dos leitores para a frase "quem sabe faz, quem não sabe ensina". Muitos de nós já ouvimos esse ditado ou até repetimos, certamente sem pensar muito no que dizíamos. Na verdade, esse dito apenas reproduz um conceito arraigado em nosso país, de que as açoes valem mais do que as idéias.

O antropólogo, craque em pinçar do cotidiano exemplos que explicam o funcionamento do coletivo brasileiro, observa que em nosso país o sucesso está bem mais associado as realizaçoes do que ao domínio abstrato das idéias. "Como um povo que na sua longa fase escravista cultivou o analfabetismo e a mais bestial ignorância, e na modernidade republicana (cultivou) a desigualdade social baseada no 'diploma', as letras sempre foram vistas com desconfiança" - escreveu Da Matta.

De fato, muitos poderosos, formados pela 'escola da vida', sao reverenciados nas ruas e nas empresas, em funçao do espírito empreendedor nato e da coragem. Eu também aplaudo esse pessoal, mas nem por isso desvalorizo seus opostos, pessoas que se dedicam a estudar e analisar comportamentos, situaçoes e mercados, antes de decidir por determinada estratégia. Entretanto, essa classe, da qual me esforço para fazer parte, costuma ser menosprezada pelos demais e rotulada pejorativamente de 'teóricos' e 'acadêmicos'.

Nesse cenário, nao espanta a dificuldade que muitas agências enfrentam em convencer seus clientes a pagaram pelas idéias que produzem na forma de peças criativas ou estratégias de comunicaçao. Faz parte da nossa cultura valorizar a entrega e desmerecer o caminho intelectual percorrido até lá. Por isso também as 'sacadas' publicitárias continuam proliferando a despeito da indigência estratégica.

Em nosso país e em nosso mercado, infelizmente, as idéias ainda valem pouco.

(artigo do marinho ontem, no bluebus. pra ficar melhor, transporte isso para mercados ainda mais pequenos onde a idéia é antes de tudo tornada anti-idéia, e experimente propor a remuneração por fee ou seja, o pagamento pela idéia e não pela veiculação, produção ou sabe-se lá mais o quê).

quarta-feira, maio 16, 2007

efeito axe

Em 1984 a Axe “era um colónia barata e sem qualquer possibilidade de crescimento relevante. A publicidade da Axe vivia de todos os lugares comuns possíveis”. É desta forma que Fernando Vega Olmos olha para o passado da marca cuja criatividade agora dirige. De passagem pelo Festival do Clube de Criativos de Portugal, o publicitário argentino que coordena a criatividade da Unilever Worldwide não deixou de apresentar alguns dos passos que a Axe seguiu para deixar de ser uma marca para homens de 30 anos e se fixar no público pré e adolescente. “A marca teve de encontrar um território próprio”, esclarece, apontando para a linha de linguagem que agora segue, que suscita “o amor dos rapazes e o ódio das feministas”. É que a “comunicação deve polarizar. Quem comunica para todos não comunica para ninguém”, esclarece o também presidente da VegaOlmosPonce e da Lowe Latina. Nos anúncios da Axe são constantes o “exagero”, “personagens reais” e as “mensagens simples”.

Em sete anos, o negócio que valia 300 milhões de dólares passou a valer quatro vezes mais. “E depois digam-me que a criatividade não é um negócio”, referiu. São estes números que permitem que Vega Olmos afirme: “Eu não trabalho para os clientes. O cliente e eu trabalhamos para uma marca. Prefiro não trabalhar com os clientes que não pensam desta forma. Quero ser coerente com o que digo”, esclarece o publicitário. “É que os clientes nunca vão saber de publicidade como eu sei. Da mesma forma que eu nunca vou saber de questões de preço ou distribuição como eles”.

“Eu não trabalho para os clientes”, do fernando vega olmos.

terça-feira, maio 15, 2007

nada mais latino do que a criatividade ou melhor dizendo: o não risco


a leo burnett portugal foi a única agência latina(não não temos a cultura de entender portugal(espanha e itália) como latinos, a ganhar ouro no clio.

de comum uma coerencia criativa iniciada com o trabalho de alexandre okada que, como costuma-se dizer em portugal, acenou com uma pedra no charco, ou seja: mandou ver. a continuidade do trabalho da leo burnet foi garantida pelo fernando belotti que está de saída para assumir a presidência da leo burnett argentina.

alguma agência no mercado mantém à tona o raciocínio apresentado abaixo? pois é, depois fica-se - ainda?! - fazendo-se piada de português. nós é que somos uma piada e já faz tempo.

M&P: Dois anos depois de chegar a Portugal, o que é que mudou na sua visão do mercado português?

FB: Quase sempre dizem que a Portugal falta-lhe arriscar mais, eu penso exactamente ao contrário. Portugal tem de jogar de forma mais segura, tem de fazer mais criatividade. A criatividade não é risco. Risco é não mudar, não fazer. Isso é algo que leva muito tempo. Mas quando uma marca faz algo verdadeiramente diferente o resto do mercado segue-lhe os passos. O mercado criativo move-se dessa forma. Já dizia Da Vinci há muito tempo quando fazes algo de original, os outros copiam-te e há que fazer coisas diferentes. Essa é essência do trabalho em comunicação e não mudou.

se o nosso negócio é a criatividade como não criar em nome da manutenção da segurançã(inexistente) deste mesmo negócio?

sexta-feira, maio 11, 2007

no meio da mensagem ou seria na mensagem e meia?


o imbróglio da semana foi a demissão do editor chefe de meio&mensagem que em relação ao "patrão" da folha escreveu na contra-mão dos epitáfios.
o jornalismo especializado publicitário não é terreno nem para meias verdades, quanto mais para verdade e meia. nele, sequer há a prática da crítica da publicidade, enquanto foco deontológico(se é que isso é possível com a publicidade, dirão alguns)quer enquanto comentário instrumentalizado sobre campanhas e ou anúncios veiculados. portanto, não se espere neles encontrar nada mais que espocar de flashs que traduzem interesses outros onde a vaidade, costumeiramente inversamente proporcional ao talento, comanda um certo jogo de interesses do tipo veiculação de anúnicios em troca de citações, prêmios à quilo e por ai vai, com objetivos comerciais muito bem definidos por trás dos interesses "menores".
de certa maneira, nicoletta escreveu certo por veículo torto. foi demitido não porque a folha era anunciante do meio&mensagem. mas porque "inaugurou" um precedente que tinha que ser contido. a sua frase: que os jornais do tipo meio&mensagem preferem adular os clientes a fazer jornalismo, ainda que verdadeira, soou deslocada. afinal, quando se lê tal jornalismo não é exatamente isso que se espera?

e por falar no assunto, transcrevemos "por uma questão de justiça", do eloy simões que presta sua solidariedade sobre o "presunto nicolleta".

Octávio Frias de Oliveira faleceu, virou santo. O grande defensor da democracia brasileira, Sem ele, o regime militar não teria terminado,Um realizador, Um exemplo para o jornalismo, foi o mínimo que disseram. Nessa linha escreveram e discursaram jornalistas por quem eu tinha o maior respeito, dois presidentes da República – o atual e o que o precedeu – e um monte de gente fina. A babação foi geral. Mas houve pelo menos uma exceção, a do jornalista e então editor-chefe de Meio & Mensagem, Costabile Nicoleta, que, preocupado em retratar a verdade – obrigação, diga-se de passagem, de todos os profissionais de imprensa - escreveu nesse jornal/revista do último dia 07:

Nem tão liberal assim

Em que pese a vitoriosa trajetória pessoal e profissional de Octávio Frias, sua figura nunca desfrutou de consenso. O jornalista Mino Carta, editor de Carta Capital e um dos maiores nomes da imprensa brasileira, disse em entrevista publicada em 2006 na Revista Caros Amigos, que a Folha, diferentemente da propagada pluralidade, sempre serviu à ditadura e cresceu graças às benesses do poder. “Até hoje o jornal, que gosta de posa de democrata e transparente, teta esconder esse período macabro, que revela todo o seu caráter de classe e a sua postura direitista”, alfinetou Carta.

Há razões para a crítica de Carta. O liberal Frias teve, de fato, uma história controversa em suas posições políticas. Loigo ao comprar a Folha teria feito do jornal um instrumento a serviço da conspiração golpista. Estampava manchetes sensacionalistas contra o “perigo comunista” e assinava editoriais contra a “corrupção e a subversão”. Na fase mais aguda da ditadura militar, por exemplo, a Folha da Tarde, também do grupo, divulgava a “morte de terroristas em emboscadas policiais”, quando estes ainda estavam na prisão.*

A falsa notícia servia para encobrir as torturas. Grupos armados, como resposta, incendiaram três peruas da empresa, usadas não só para transportar o jornal como para recolher torturados ou pessoas que seriam torturadas na Operação Bandeirantes (Oban), órgão de segurança que combatia a subversão, inaugurado em 1969.

Assustadas, a família passou a morar no prédio da Folha – desde setembro de 1971, quando da morte de Carlos Lamarca, militar que atuou na oposição armada, até fevereiro de 1972. Um apartamento foi construído no oitavo andar do prédio, com vídeos à prova de bala. Os filhos aprenderam a usar armas.

Na ocasião, um furioso editorial contra o movimento de guerrilha foi publicado na primeira página. “Os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta. Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve. E der maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável,respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil...”.

Em 1977, Frias demitiu o colunista Lourenço Diaféria, a pedido do general linha-dura Hugo de Abreu, ministro e chefe da Casa Militar do presidente Ernesto Geisel. Em sua irreverência habitual, o escritor assinara uma crônica sobre um bombeiro que urinara na estátua de Duque de Caxias, no centro de São Paulo. Com Cláudio Abramo, Frias também sucumbiu aos apelos militares. O filho Otávio refuta as acusações. No livro que perfila a vida do seu pai, Otavinho alega que os veículos da empresa foram usados por equipes do DOI-Codi (órgão de inteligência e repressão durante o governo militar) à revelia de Frias.

Porque exerceu o direito de apresentar sua versão dos fatos, porque teve a coragem de restabelecer a verdade, Nicoleta foi premiado por Meio e Mensagem: ganhou uma demissão sumária.

Outro dia, assassinaram um jornalista no interior de S. Paulo. Imediatamente houve uma justa indignação por parte de diversas personalidades e entidades. A Federação dos Jornalistas, entre elas.
Mas até o momento em que escrevo estas mal traçadas linhas ninguém, nem mesmo a Federação, apesar do assassinato moral de que foi vítima o Nicoleta. Ok, todo mundo vira santo depois que falece. Inclusive você e eu – eu com maior dificuldade. Mas a verdade precisa estar em primeiro lugar. Pelo menos para os jornalistas. Por isso, em nome da verdade histórica e para prestar uma homenagem, fiz questão de reproduzir o artigo daquele jornalista.

quinta-feira, maio 10, 2007

nada mais justus

“Depois de 25 anos trabalhando em comunicação, esta é a primeira vez que eu participo de uma campanha publicitária. Sabe por que? Porque a Vivo está revolucionando o mercado e inaugurando a era da qualidade de ligação e da qualidade de ofertas. Este é o compromisso da Vivo com seus clientes. Afinal, oferecer um celular que pega é um sinal de respeito por você.”

Com esta fala, num recente comercial da Vivo, o publicitário Roberto Justus desencadeou uma verdadeira avalanche de e-mails para essa coluna, apontando várias derrapadas, questionando sobre outras e acompanhada, evidentemente, de um festival de gozações bem merecidas por uma empresa que é campeã de reclamações junto aos usuários e um publicitário que é campeão da falta de “semancol”.

Eu já tinha rido quando vi este comercial na TV mas quis revê-lo em detalhe, para escrever esta coluna e, evidentemente, procurei o site da agência Y&R. Só que lá não tem essa campanha: a última da Vivo apresentada é velha de vários meses. Será que estão com vergonha de colocar este vexame no portfolio?... Sabem onde fui achar o filmete? Foi no Youtube, onde ele está, merecidamente, disputando audiência com a transa da Cicarelli no mar e o enforcamento do Saddam Hussein. Se era esta a audiência que ele buscava, sem dúvida conseguiu: nada mais “justus”.

A primeira enorme derrapada do nosso herói foi não se tocar, mesmo com 25 anos na publicidade, que dono de agência não tem a menor credibilidade para dar depoimento sobre qualidade de produto do cliente. Testemunhais de personalidades já são muito questionáveis, porque ninguém acredita neles: todo mundo sabe que foram dados em troca de gordíssimos cachês. Mas fazer um testemunhal do dono da agência que está faturando com o comercial é subestimar totalmente o QI do público-alvo.

Para tentar explicar como possa ter surgido esta idéia tão “criativa”, imagino que, talvez, o Justus se considere uma personalidade tão famosa e com tanta credibilidade que esteja acima dessas trivialidades. Mas tão espantoso quanto esta pretensão a formador de opinião é ele não ter percebido, em 25 anos, que pode ser um empresário muito bem sucedido, mas não tem o menor talento para ator... Sua fala é um script mal decorado, sem nenhuma espontaneidade. Se ele pretendia dar a este testemunhal um toque pessoal (até para ser coerente com a primeira derrapada apontada), não podia recitá-lo como um (mau) locutor de rádio num break comercial...

Agora vamos ao conteúdo da fala. “Primeira vez que ele participa de uma campanha”? Será então que ele nunca teve intervenção alguma em tudo o que sua agência fez? Quem chefia então a Y&R? Quem foi o responsável então por tudo o que se fez antes deste brilhante comercial? Será que ninguém parou para pensar que esta fala também pode ser entendida assim?

E como fica o seu anunciante, a Vivo, nessa história? Com chapéu de palhaço, ou pior, como réu confesso, pois só agora ela está, finalmente, “inaugurando a era da qualidade de ligação e da qualidade de ofertas”. Isto significa, literalmente, que até agora a qualidade das ligações era ruim e as ofertas comerciais piores ainda...

Mas para ser “justo” e não dizerem que eu só critico, reconheço um justificado mérito ao nosso garoto-propaganda: ele não mentiu em sua fala. Sim, pois realmente as ligações da Vivo eram (e são) ruins, a política comercial era (e é) desastrosa e o assalto e o desrespeito ao cliente um total acinte. Mas, afinal, se ele é a agência de propaganda da Vivo, não precisava confessar isso assim tão abertamente... podia disfarçar um pouco... Já pensaram quantos processos podem ser movidos contra a empresa depois dessa confissão de culpa?

Ah, mas agora os tempos mudaram e, segundo a agência, a Vivo resolveu inaugurar a era do respeito ao consumidor e, pela primeira vez, oferece “um celular que pega”!!! Dá para acreditar que algum publicitário com mais de 25 dias de experiência possa ter inventado essa tirada? Façam-me um favor... essa pegou é muito mal. E o pior é que, desta vez, não dá para botar a culpa no planejamento ou na criação, pois o próprio dono botou a cara para bater na campanha... e o mínimo que se supõe é que ele a tenha aprovado.

Tem ainda um pequeno detalhe, apontado por um leitor: a patrocinadora do “Aprendiz” não era por acaso a Claro?... Pois não é um tanto estranho uma operadora patrocinar o seu programa e depois ele fazer propaganda pessoal da concorrente?... No problem: com certeza o nosso novo e talentoso ator está acima dessas reles contradições terrenas...

A arte de derrapar não tem limites. No momento em que a Vivo finalmente tem algo de importante a ressaltar, por ser a primeira a introduzir no Brasil a tecnologia GSM, em vez de arranjar uma agência que botasse a tônica nesse diferencial, que é real, explicando no que esta tecnologia pode melhorar “ainda mais”... as ligações e demais recursos avançados dos celulares, o anunciante cedeu ao irresistível charme de uma vaidade publicitária, cujo objetivo “claro” é mostrar a si mesma, e não o produto que está vendendo. Deu no que deu: entrou pelo Youtube! E quanto à Vivo, eu já tinha lido que ela perdeu boa parte do market share. Agora acabo de ler que está à venda.


o celular que pegou mal do silvio lefèvre, no derrapadas de marketing

quarta-feira, maio 09, 2007

basta um pingo. seja de bosta ou profissionalismo


a operação cidade limpa apesar dos estertores da classe vai produzindo os primeiros efeitos benéficos na cidade de são paulo. segundo alguns moradores. mais mordazes, comentam com riso pequeno a obrigatoriedade da redução do tamanho das letras da DDBDM9 que em sua fachada dizem estava pra la de hard-sell.

seja o que for, para além das intempéries, ganham-se por um lado mas perde-se sim, a beleza dos outdoors e sua eficácia, para não falar do palato néon.

o fato é que a poluição dos outdoors deve-se muito mais por sua baixíssima qualidade ou altíssima má qualidade do que até mesmo pela saturação. saturação que verifica-se ao lado da baixíssima qualidade em mercados tantos como recife, fortaleza, joão pessoa ou piauí.

por outro lado, quando há um pingo que seja de profisionalismo, caso da campanha do dentrifício even, o outdoor mostra do que é capaz, sendo não a mídia secundária ou famigerada de apoio e sim, quando pensada para isso, desta vez nem foi o caso, mídia princípal.

outdoors em lona, um pingo de aplique, e a mensagem dentro dos cânones básicos da informação que deve conter o outdoor, pensado para quem está em trânsito motorizado. basta um pingo. creme dental even gel, e pronto. pelo menos em recife, toda cidade viu, guardou e estava lá nas prateleiras procurando seu tubo de pingo. plenamente dispensável o filme com o ex da gabriela que sem ela anda atacando até de preta gil, dizem outros não menos mordazes.

mas o fato é que sem ser nada de criativo, ousado ou nada do que se costuma alegar para chamar a atenção, além da extrema ruindade, que funciona desde que não haja saturação de ruindades piores, o que há, a campanha de outdoor da even brilhou no momento que todos clamam por uma cidade limpa sem a sujidade dos outdoors.

este nem era assim tão bonito. continha apenas um pingo de profissionalismo e uma mensagem limpa, réquiem para a mortandade dos seus primos pobres de papel e de tão piores somatórios de pingos, para dizer nos is, de bosta.

como ficarão as cidades sem os bons outdoors, de tão raros, pingos em flor na paisagem ?

terça-feira, maio 08, 2007

vale um quilo de alimento*


o consagrado stalimir vieira em terras alencarinas, elencado para discorrer sobre o tema " sua comunicação anda falando mal da sua marca? "

stalimir considerado publicitário brilhante há tempos, há tempos que enveredou pelos caminhos da propedêutica ou seria hermenêutica(bom, tenho de ver no dicionário o que é isso) tornando-se um profissional como tantos outros que descobriram o filão do "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço", uma variante da auto-ajuda que nos acomete a todos um dia.

a iniciativa da abap local é interessante, apesar da sua comunicação não tanto. infeliz por duas razões: primeiro porque leiautes que trazem a grafia errada para traduzir a necessidade de se perseguir o certo já desbotaram a idéia por décadas. segundo, porque por um destes advanços da vida, o sobrenome do vieira saiu errado, estampado viera.

assim, " uma verdadeira aula de como tornar a comunicação uma alavanca no crescimento de sua empresa", sub-título da chamada, caso o stalimir tenha savoir-faire, deve começar com a recomendação de que não se deve contratar agências sem revisores ou quem lhe faça o papel.

não é o fim do mundo e acontece com todo mundo. mas como todo mundo, tem sempre um vieira ou viera para nos dar sermões, tal qual fiz-me hoje aqui um observador do senão.

ainda assim não deixe de ir para conferir se, mesmo como viera, o stalimir coloca os pingos nos is que nos estão sendo surripiados seja qual for o mercado.


* excetuando-se sal, talvez porque os publicitários e clientes andam meio sem, é a moeda de passagem ou melhor, de entrada, para o evento.

sexta-feira, maio 04, 2007

o fenômeno

bom-bril está de volta.

comerciais pelé e nélson ned trazem de volta o personagem em alta, depois de uma baixa que resultou até em oferta de financiamento da fininvest.
bobagem grande. o garoto continua garoto, e é inesgotável. esde que tenha copy na cola.
como volta a acontecer agora.

você pode achar meio retrô, sentir falta de um groove mais moderno(òps grove já é meio antigo, né não ?) - mais o moderno da propaganda brasileira não emplaca mais nem fiap(vou resistir e não fazer trocadilho com fiapos) de maneira que entre o moderno mal feito e estupidamente sem sentido - como a campanha do vectra - eu fico com o velho e bom bem feito.

nem mais nem menos, bombril é o fenômeno. assolam bem que tentou. vamos ver agora o que dizem os relatórios de vendas.

no que toca para ver, bombril continua sem riscar. e dando brilho a propaganda brasileira. assolam, foi de calypso quando a banda já entrou em colapso. mas a coisa não fica por ai. falta muita idéia para ter as mil e uma utilidades que o carlinhos moreno incorporou a idéia que já era mil sem ele e com ele ficou mil a mil.

esta é a diferença entre pensar à frente(o que costumam chamar de estrategicamente, coisa que raramente se faz) e pensar para resolver o problema com o assolam da hora.

é mais ou menos as diferenças entre fenômenos que ficam e fenômenos que você encontra naqueles livros que agora reeditam os fenônemos dos anos 60,70,80, que você já nem se lembra. assolam vai estar num destes.

bombril não. tem seu próprio livro, e faz parte da nossa memória. isto é ser um fenômeno para além da hora.

bom bom é bril. independentemente da situação fabril e econômica da empresa que o fabrica.

a tal coisa. a marca tem que ser sempre melhor que o produto.

você ainda tem alguma dúvida que bombril é melhor do que assolam?

tem? então vá para aquele lugar que rima com bom bril(também é mais fácil de fazer esta rima com bom bril do que com assolam). paciência.