quinta-feira, março 14, 2013

filosofia na alcova ou culo de mal asiento

para resguardar-me das inúmeras, e muito pouco ou demasiadamente criativas, ciladas que a profissão nos apresenta, elegi uma máxima, que sintetiza meus valores de conduta na propaganda ou como queira você chamar a atividade: se não dá prazer, caio fora. porque, não tenha dúvida: sem prazer e ou diversão, e não só na propaganda, toda profissão/profissional acaba se prostituindo e, pior do que isso, tornando- deletério. são mesmo muitos poucos os que se sustentam na putaria sem vilipendiar a profissão.

confesso que ao guiar-me por tal máxima, sou quase ermitão. uma vida solitária, muita masturbação, e quase nada de realização. mas onde encontrar prazer, hoje, a dois? a três? não conheço um só relato de suruba feliz na atualidade, em contraste com as orgásticas reuniões onde os membros confabulavam espumantes: leia-se cliente, agência, veículos, fornecedores. claro que todo mundo estava ali querendo comer o cu dos outros. mas sem decair na baixaria mantendo os parâmetros de elegância que só um canalha bem formado é capaz de praticar. e a boa conversa? sim, porque não encontro mais ninguém capaz de me passar uma boa conversa. querem logo ir direto ao cuzinho, seja na forma do salário proposto, seja na diretiva do que me é passado a fazer. e o que me deixa mais fulo, é que prometem até beijo na boca,o que todo mundo sabe é pratica que as putas renegam para resguardar, nem que seja simbolicamente, uma lasca de conduta não corrompida ou corrompedora o que representaria o mais puro amadorismo, o que neste negócio, é tiro no pé.

por isso não me arrependo de seguir a tal máxima. até porque na prostituição são muito raras e episódicas as exceções de gente que viveu e morreu feliz em atividade. afinal, como todo mundo sabe, puta não goza. abstem-se do prazer real como parte da construção do prazer estigmatizado para "dar nas vistas".

e como eu ainda tenho muita tesão - o que independe do tamanho do pau, idade, ou leia-se agência - se você foi uma leitora adjetive com as suas formas - não pretendo viver a vida e muito menos trabalhar sem gozar. 

que não seja um gozo quantitativo - dar cinco seis sem tirar de dentro é lenda na vida e na propaganda(ou você já ouviu falar de propaganda tântrica?) -  e que passe longe da ejaculação precoce mas pelo menos uma vez por mes que tal o prazer de dar uma boa esporrada na cara da concorrência que seja ou dos bundões que dentro da agência usam as ditas cujas apenas para grudar-se nos seus cargos empalados que já estão pela falta de uma filosofia de trabalho - e trabalho é vida, se não é, não é trabalho(é emprego) - que não renegue o prazer de tentar tudo que possa passar ao largo do papai e mamãe ou da boca cheia porra nenhuma. 

quanto aos finalmente, desconfio que só há uma coisa que dá menos prazer do que ser puta: é ser dono do bordel. você pode até foder o estoque  - de um jeito ou de outro, e vangloriar-se por isso - mas obterá sempre um prazer no mínimo duvidoso, tal e qual as palmadinhas nas costas e os elogios que não se sustentam nas paredes(menos ainda as contas que julga serem suas para sempre).

portanto, gozar hoje mesmo,só goza quem,literalmente,não deve(e quem não deve,ao talento,não teme). quem deve, ajoelha e reza enquanto enche a boca de outras falas. 


 

quinta-feira, março 07, 2013

bus stop

não boto fé em publicitário que não anda de ônibus.

mas também não faço nenhuma fé em publicitário que só anda de ônibus.