quarta-feira, novembro 11, 2009

pérolas aos porcos

"não vivemos a era da criatividade, mas sim da relevância".

sérgio valente, presidente da dm9, após sua agência produzir um fantasma sem criatividade alguma e de uma relevância que abriu um rombo nos pés torados barro da dm9.
para completar - o valente tem topete - saiu-se com esta, chamando a atenção para a importância de se trabalhar a inteligência(sic!) na propaganda e não somente a tecnologia, que é classificada como ajudante no processo de construção de valores de marca. ah! bom. foi isso que se viu na tal peça de um inteligência de "brutucu" para trincar a marca de uma agência que já soube aprontar melhores sem ser pega com a mão na cumbuca.

"propaganda brasileira precisa estar mais perto do povo"

ruy linderberg, vp da leo burnett, diretamente do el ojo, e que está mais para oscar freire do que para a mooca.


"festival de new york agora é da hora"

não faz muito tempo para se ser juri de um festival, nomeadamente o de nova iorque, era preciso ter um trabalho de relevância consistente marcadamente internacional, que muitas vezes ultrapassava as suspeições de premiações, até mesmo no próprio, quanto mais em cannes. agora não. agora é a hora dos da hora até por sobrenome. afinal, nem mais relevância - a palavra da moda - de trabalho, sequer local, é exigida. as igrejinhas estão subvertendo até dostoievski.
chega-se ao universal sem retratar o que quer que seja da província dissociado da memória do seu povo.

respingo

seguindo o conselho do insuspeitíssiomo sérgio valente, haja vista a estultície acima,
para os que acham que tem que fazer, seja para aparecer ou para apaziguar o complexo de nordestino emergente, faça fantasma, mas não seja burro.mas além de tudo evite o ainda pior:
não copie a cópia do fantasma.

quarta-feira, novembro 04, 2009

linguagem do estelionato

a faculdade mauricio de nassau soltou um mosquito eletrônico, leia-se comercial chanfrado em caracteres, sobre sua propalada eficiência no campo do ensino, do saber já não se sabe, pois se o comercial, com um lettering e uma diagramação mas cocoricó não há, que exalta em discurso - textinho vagaba que até redator de nula categoria faria melhor e uma estética de chita surrada - sua excelência no ensino, por quê então não se vê na criação e execução da peça algo mais que o pífio refluxo do volvo universitário a corresponder a matéria que se encontra nos rios e canais que maurício pensou diferentes?

casa de ferreiro espeto de pau ou o faça o que eu ensino mas não faça o que eu faço, ou o flerte com o em cima da hora, também não lhe salva a metaparódia presa na linguagem do endosso dequem cobra os tubos no dizer de proficiência qualitativa mas que borra-se na expressão quantitativa do quantun devido.

o cacoete do mau varejo desta representação pastiche - o ensimesmado de períodos, o encavalamento de vocábulos e a síncope do mete mais onde não cabe menos - não se precisa de diploma universitário para fazer-se peça pior que o ruim do já pésssimo que se fez normal, o que já é anormal que baste.

mas o que esperar do pensamento que norteia o "universo universitário", cuja expressão ícone dos tempos em que vivemos é a grita que revela a verdadeira moral da história que não resiste ao pensamento de quem, tendo ou não, mostra o rabo e as belas coxas, ou o que seja, e é linchada física e moralmente por uma turba tal e qual a que se esconde no zé ninguém do reich que ninguém escuta.

putz! mas a que ponto chegamos: universitário, nem punheta sabe bater mais, quanto mais fazer comerciais.

sexta-feira, outubro 23, 2009

o key da publicidade atual

a porrinhola - aquelas bicicletas com caixas de som no bagageiro,e que costumam destilar surdez para além do condutor, revelam-se cada vez mais a mídia pipoca que funciona muito mais que qualquer tuitada em frangaços nas periferias que cada vez mais balançam o aperto da nossa urbanidade selvagem - mas deixa o comentário sociológico pra lá e se liga que a porrinhola meneia ao som de kelly key: "vem cá meu cachorrinho a sua dona tá chamando ". volta e meia após, nos apostrofa o texto: procura-se cadelinha poodle que atende pelo nome tal e qual. oferece-se recompensa. obrigado. paulo.
se você só vê a dessemelhança onde vejo a semelhança com a nossa atual produção publicitária - o mesmo raciocínio que empregam anunciantes de porte, como wal-mart que, por exemplo(mau exemplo) taca um exagerado de fundo para estabelecer o link com a idéia de descontos exagerados, sem o menor escopo ou intenção de chanfrar a intenção que se confunde com idéia ou vá lá mote, você tá mais perdido que a poodle - ou o latino que ainda não se achou de traulitada e meia para cada arrebitada que se lhe pôe ou tira o pedaço.
e assim vai a nossa propaganda, na base do tudo rima e tudo pode, onde sequer a idéia que assim se pensa em sua toscacidade aflui trabalhada.
(a trilha para o post fica por sua conta).

quarta-feira, outubro 14, 2009

mal du siècle

que a propaganda, e as atividade correlatas, vão mal no brasil desde o fim do século passado, não é nenhuma novidade. o que so é corroborado, com um início de século desastroso sob todos os pontos de vista, incluindo-se o criativo, ético e a mensuração pelo parâmetro mais afirmativo de todos: o índice de felicidade. aliás, mostre-me um publicitário feliz - a exceção daqueles que andam com os ovos- dos outros-na bôca, como se fossem novos babilaques, e eu passarei a acreditar no prêmio nobel da paz.

a derrocada de uma atitude responsável para com a nossa atividade - responsabilidade não tem nada a ver com sisudice - tem muito porra-louca(talentoso) que fez mais pela profissão(em todos os sentidos)que a tal geração emebeemeizada, configurando a cereja podre nos dias atuais, que espreme-se em peidos abafados em passaportes lusos-fuscos.

a geração diploma, e a publicidade feita de publicitário para publicitários - olha como eu sou fodão - acabaram com a pertinência de uma geração de publicitários que: justamente por não se levar muito a sério - nem os tais ícones de seriedade - mas levando seríssimamente a postura e a atitude profissionais, que configuraram a atividade eficiência e eficácia com aplomb - ou se preferir com muito bom humor, o que só é possível quando se rí de sí mesmo - o que hoje sequer chega ao pastiche de quando se fazia história criando personagens que eram sempre maiores do que os criadores, o que hoje é inversamente proporcional.

como já diria o bardo, hoje só rimos quando choramos, e nem sequer isso dói mais, o que é o pior índice de todos.

terça-feira, outubro 13, 2009

o jornalismo do joio e o trigo(que pode ser cultivado sem lucro?)

Não faz mais nenhum sentido chamar de Jornalismo o que fazem as corporações de mídia. Quem se preocupa com o lucro em primeiro lugar não é uma instituição jornalística. Não pode ser. Quando uma empresa passa a ter como principal meta o lucro, essa empresa pode ser tudo, menos uma instituição jornalística. E aí não importa a quantidade de estrutura e dinheiro disponível, pois a prática jornalística é de outra natureza.

Exemplo: eu posso passar uma semana no Complexo do Alemão com um lápis e um bloco de papel. Posso chegar até lá de ônibus. Posso bater o texto num computador barato. Mesmo assim, se a publicação para onde escrevo for jornalística, vou ter mais condições de me aproximar da realidade do que uma matéria veiculada pelas corporações de mídia.
Essas podem dispor de toda a grana do mundo, de carro com motorista, dos gravadores mais caros, das melhores rotativas, de alta tiragem e de toda a publicidade que o dinheiro pode comprar. No entanto, se não forem instituições jornalísticas, elas dificilmente se aproximarão da realidade da favela, isso quando não a distorcem completamente.

Existem outros exemplos para além da questão da favela. É o caso dos venenos produzidos pelas Monsantos da vida, que nunca são denunciados pelas corporações de mídia. Ou da retomada dos movimentos de libertação na América Latina, vistos como “ditatoriais”; a perseguição aos movimentos sociais e aos trabalhadores em geral; a eterna criminalização da política, de modo a manter as instituições públicas apequenadas frente ao poder privado. Enfim, você pode olhar sob qualquer ponto de vista que não vai enxergar Jornalismo.

Isso precisa ficar bem claro. Claro como a luz do dia. Pra que as corporações pareçam ridículas quando proclamarem delírios do tipo: “somos democráticas”, “únicas com capacidade de fazer jornalismo”, “imparciais” e por aí vai. Fazer Jornalismo não tem esse mistério todo. Em síntese é você contar uma história. Essa história deve ter alguns critérios que justifiquem sua publicação. Alguns deles aprendemos nas faculdades e são válidos; outros são ensinados, mas devem ser vistos com cautela. E outros simplesmente ignorados. Mas, no fundo, o importante é ser fiel ao juramento do jornalista profissional:

“A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na sua luta por dignidade”.

Essa frase, quase uma declaração de amor, não é minimamente observada pelas corporações de mídia. Vejamos: elas não têm espírito de missão, não respeitam nada, nem as leis, estimulam o preconceito, discriminam setores inteiros da sociedade, violam os direitos humanos e não sabem o significado da palavra “dignidade”.

Mas por que o Jornalismo é tão importante para uma sociedade? Porque hoje, devido ao avanço tecnológico dos meios de comunicação – são praticamente onipresentes nas sociedades contemporâneas –, a mídia assume uma posição privilegiada no tocante à produção de subjetividades. Ou seja, a mídia, mais do que outras instituições, adquire enorme poder de produzir e reproduzir modos de sentir, agir e viver. Claro que somos afetados por outras instituições poderosas, como Família, Escola, Forças Armadas, Igreja, entre outras, mas a mídia é a única que atravessa todas as outras.

Fica claro, portanto, que uma sociedade será melhor ou pior dependendo dos equipamentos midiáticos nela inseridas. Se forem instituições jornalísticas sólidas e competentes, mais informação, dignidade, mais direitos humanos, mais cidadania, mais respeito, mais democracia. Se forem corporações pautadas pelo lucro, ou seja, entidades não-jornalísticas, menos informação, menos dignidade, menos direitos humanos, menos cidadania, menos respeito, menos democracia.

É por isso que eu sempre digo aqui, neste modesto, porém Jornalístico espaço: as corporações de mídia precisam ser destruídas, para o bem da humanidade! Em seu lugar vamos construir instituições jornalísticas. Ponto.


( é preciso reconceituar o jornalismo, na carta capital, do marcelo salles, coordenador da caros amigos no rio de e editor do www.fazendomedia.com.)

sexta-feira, outubro 09, 2009

o ululante do óbvio ou o algo mais das entrelinhas

1. Zé Marreta estava intrigado, aquele dia. Tinha ouvido falar, no rádio, num tar de socialismo, e não sabia o que era isso.

No fim do dia, sentado na calçada para a conversa tradicional de fim do dia, resolveu perguntar pro Zesperto.

“Cumpadre, o que é esse tar de socialismo¿”

Zesperto não tinha esse apelido por acaso. Era esperto mesmo, e como tal resolveu se aproveitar da ocasião.

“Vou expricá, cumpadre. Tem paia pra cigarro aí¿ Me dá uma.”

Zé Marreta deu, e enquanto o outro alisa a palha, continuou:

“Tem fumo¿”

“Só fumo de rolo.”

“Num faz mar, me arranja um pedaço.”

Zesperto pegou o fumo, comentou,

“Esse é do bão!”

Pediu:

“Me empresta o canivete¿”

Zesperto pegou o canivete, picou o fumo, enrolou-o calmamente, passou na boca, colou as bordas da palha. Estava pronto o cigarro. Aí, pediu de novo:

“Mempresta o fórfio¿

Acendeu o cigarro, deu uma gostosa baforada, explicou:

“Isso é socialismo, cumpadre”

“E o que eu faço nele¿

“Mecê cospe.”

(Mais ou me senos como foi contado pelo Rolando Boldrin, no Sr. Brasil, da TV Cultura)

2. Meu Caro Diretor de arte,

Não sei se você leu matéria publicada dia 23 de setembro no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo. Ali, logo na primeira página, ela diz que “em plena era da internet, a venda de livros porta a porta surpreende o mercado editorial e, em três anos, quase triplica sua participação. Um em cada sete livros é vendido em casa.” Devia ler, para crer.

Acreditar, meu caro diretor-de-arte, que tem gente que gosta de ler. Muita gente.

Há os malucos, que nem eu, que lêem qualquer coisa. Há os que só lêem o que lhes interessa. E os que lêem, se o objeto da leitura for colocado diante dos seus olhos.

Como está sendo constatado pelas editoras de livros, estes são a maior parcela de leitores.

E você, cuja criação deve alcançar todo mundo, inclusive os comodistas, tem de estar atento. Lembrar-se de que a primeira obrigação de qualquer peça publicitária é chamar a atenção. A segunda, se fazer entender. E facilitar a vida do consumidor.

Por isso, você tem de tornar seu layout fácil de ler. Com tipos cuidadosamente escolhidos para se tornarem legíveis em qualquer circunstância. Com fundos que não se misturem e anulem o texto. Com uma escolha criteriosa dos tipos.

Sei, você deve estar dizendo que isso é o óbvio na publicidade.

É o óbvio, mas, ultimamente você não está dando atenção pra ele. Você se esqueceu de que cada tipo tem sua própria linguagem. De que é importante blocar cada parágrafo, para o texto ficar mais gostoso. De que o título é, junto com a ilustração, o laço de pegar consumidor me que para tanto, tem de ter o devido destaque..

Claro, há idéias brilhantes que dispensam texto. Que contam toda história quando nascem. Mas isso, meu caro, é raro, muito raro. Só tem uma coisa: texto que não dá pra ler, é texto que não existe.

Você me passa a impressão de acreditar que as pessoas não lêem¿ Se pensa assim, não está sendo nem um pouco original. Ouço essa história desde que comecei na profissão. Faça um teste, como eu fiz: erre, no próximo anúncio que criar, em uma informação importante. Ou simplesmente, coloque uma palavra com erro na ortografia. E agüente as consequências.

Quando me deparo com as barbaridades que andam saindo por aí, penso em você. E me lembro do Zé Marreta, o que não sabia o que é o socialismo. E do Zesperto, que enrolava quem não sabia.

(entre o socialismo e o anúncio, do eloy simões, para quem sabe ler o algo mais das entrelinhas)

terça-feira, outubro 06, 2009

os vendilhões do templo

na atual fase da publicidade, geração diploma, o sintoma gargalo é que são todos vendidos e nenhum ou quase vendedores. o arrivismo, em uma de suas piores formas, o utilitarismo que deforma e enleva-se sob pecha de emebeático e performático, assumiu o formato dominante. a universidade, antes celeiro de talentos e provocateurs doscentes e discentes cedeu a tendência - publicitário chinfrim adora seguir tendências - cada vez mais da formação de mão-de-obra arrivista por excelência, do piorio até não poder mais. como querer então uma publicidade e publicitários memoráveis se na origem da dor não está a idéia mas sim a letargia da contas?

domingo, setembro 27, 2009

superando as expectativas

no marketing e na propaganda, e também no jornalismo - não será supresa que mesmo fazendo as coisas certas acabe tudo dando errado.
o que também já não é surpreendente, muito embora o seja sempre, é como ao fazer tudo errado, tem tanta gente, empresa, dando tão certo - ao menos sob o ponto de vista de "faturamento" - o que, evidentemente, apenas para uns poucos , induz a questionamentos de ordem ética e moral, profissionalmente e existencialmente falando.
fracasso de papo? o que é sucesso e fracasso, nesta profissão, tomando com base atitudes profissionais e a falta delas? - como o diz, steve jobs, no livro a cabeça do próprio, acho que valho muito mais pelo que não fiz do que pelo que fiz.
assim, ao fazer tanta coisa para alcançar visibilidade ou "lucro", você pode acabar não valendo nada, apesar de estar na crista do chorume, que é exatamente onde está grande maioria dos publicitários de antão(ou de oitão).
quanto a mim, acho que já fiz, e não fiz, principalmente, muita coisa que mesmo dando errado valeu muito pena, por pior que seja o saldo bancário ou de memórias.

sexta-feira, setembro 25, 2009

oi, está é com você

velox, oferecendo internet ultra-mega-rápida.
só se for de gozação, mais uma vez, com os passivos internautas brasileiros.
ora, uma empresa que não consegue sequer oferecer internet, que não seja a passo de cágado(isso quando está "rápida") como é que vai prestar serviços que não sejam de "espirro"? em caráter de mega velocidade (esta eu não pago para ver)?
a comunidade internáutica brasuca, dita tão descolada, antenada e up, vem levando dedadas discadas por anos a fio, sob a tarja de banda larga, sem manifestar-se num movimento sequer de repúdio a tal desrespeito e consideração para com o consumidor. afinal, nem no mundo da web tão easy para a realização de movimentos ninguém se dispôe - a exemplos de outros países - a gerar um movimento do não-espirro?
se, como já dizia o ditado, analógico, "quem cala, consente", a velox vai continuar a oferecer serviços onde contratualmente já se precavê do contra-esturro afirmando que garante apenas dez por cento do que promete, e muitas vezes nem isto consegue, o que é um absurdo em alfa-beta-gama.
aos empalados boquiabertos com a lentidão ou o embolo incrustado nos vácuos(causadores dos espirros) resta a complacência da afirmação empolada de que véio é muito rápido mesmo.
e tome atchim no atachment ou seria establishment?

sábado, setembro 19, 2009

menos,menos,mas é verdade

1. Duas mulheres se encontram na rua, uma delas saindo do cabeleireiro:
Mulher 1: Oi, querida!!! Você cortou o cabelo?
Mulher 2: Cortei amor! Você não imagina com quem... o Anderson, aquele mago da tesoura.
Mulher 1: Maaaraaaviiilhooosooo. Ficou 10 anos mais moça. Essas mechas, que bárbaro! Vou mandar fazer igualzinho. Foram luzes?
Mulher 2: Não menina, é uma técnica nova de clareamento que ele trouxe da Itália. Imagina que...

(Meia hora depois..)

Mulher 1: Então tá bom querida. Corre pra casa que teu namorado vai morrer de orgulho da mulher que tem.
Mulher 2: Ai amiga, te adoro! Beijinhos!

Mulher 1 sai pensando: Como essa perua ficou ridícula! Será que ela não se enxerga? Não sei como aquele gato do namorado dela aguenta. Se der mole eu agarro ele.
Mulher 2 sai pensando: Essa galinha deve estar morrendo de inveja do meu visual. Ainda quer fazer igual, vê se pode! Com aquele cabelo que parece um arame. Nem com implante!

Dois Homens se encontram na rua, um deles saindo do barbeiro:

Homem 1: Opa! E aí seu filha-da-puta? Tava cortando o cabelo não é?
Homem 2: Não jacu... tirei pra lavar, aproveitei e deixei a orelha crescer!
Homem 1: Que merda de corte, hein? Tu ta parecendo um viado. O cabeleireiro entendeu PRA BICHA ao invés de CAPRICHA, não é?
Homem 2: É, mas tua mãe gostou.
Homem 1: Falou então!...ah, manda um beijo pra aquela gostosa da tua irmã, viu?
Homem 2: Vai se foder, seu corno! Até mais!

Homem 1 sai pensando: Esse cara é gente finíssima!
Homem 2 sai pensando: Legal esse cara... Gente boa pra cacete...
2. Texto bom tem de ter ironia?, como o que eu transcrevi semana passada, perguntaram-me outro dia. Não. Texto, para ser bom, tem de ter coerência, ter começo meio e fim. Precisa transpirar sinceridade, ter ritmo, fazer com que cada palavra tenha sentido e falar a linguagem da pessoa a quem se dirige, porque Consumidor é quem os personagens que descrevi lá em cima. Se não estiver convencido, mas sob pressão, diz uma coisa, pensa e faz outra muito diferente. O pessoal de pesquisa sabe bem isso.
3. Veja este aqui, da W, assinado pela Braskem:
É PRECISO AMADURECER PARA SER VERDE
A Braskem, a empresa líder da indústria química na América Latina, está com prometida, desde sua formação, a atuar de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável.
Estamos acompanhando e participando das discussões empresariais relativas ao mais importante problema ambiental da atualidade: a mudança climática. Entendemos que já há informação e conhecimento suficientes, decorrentes dos inúmeros estudos científicos e consolidados pelo IPCC (International Panel of Climate Change), que nos permitem afirmar que o ser humano tem contribuído para a mudança do clima.
O quarto relatório do IPCC explicita o aumento da temperatura em mais de 0,7º.C desde o início da era industrial e analisa as graves consequências que essa tendência pode trazer para o futuro do planeta e, principalmente, para nós, seres humanos, como escassez da água, aumento de problemas de saúde, fome, entre outros.
A possível meta, que está sendo negociada em nível internacional, de manter em, no máximo 2º.C, o aumento da temperatura, irá demandar que as emissões globais regridam entre 50% e 85% dos níveis de 2000 até 2050. Em função disso, o IPCC recomenda ações urgentes por parte de todos os setores da sociedade.
Pela característica dos agentes de mudança, os gases efeito estufa, e pela amplitude das suas conseqüências, temos um problema de complexidade econômica, política e social sem precedentes. Os gases se dispersam por toda atmosfera e, ao mesmo tempo, se acumulam por um bom tempo nela. Ou seja, o que percebemos hoje, seja no Brasil, seja em qualquer outro lugar, é consequência das emissões atuais e históricas de todos os países do mundo.
Em outras palavras, estamos todos sofrendo pela forma de desenvolvimento escolhida pelos países industrializados e iremos sofrer mais se essa forma de desenvolvimento não mudar.
A situação do Brasil é peculiar. A nossa estratégia de desenvolvimento, baseada muito mais em energia renovável, nos coloca em uma posição muito positiva.
Segundo a Resenha Energética do Ministério de Minas e Energia de 2006, mais de 45% da matriz energética brasileira decorre de energia renovável enquanto nos países da OCDE (desenvolvidos) esse número é cerca de 6%. Ou sejam o que precisa ser feito pelos países desenvolvidos, que é limpar sua matriz energética, nós já fizemos.
Por outro lado, o desmatamento e as queimadas são os grandes responsáveis pelas emissões do CO2 no Brasil.
No último inventário de emissões de gases efeito estufa, de 1944, esse item era responsável por cerca de 75% das emissões, e os 25% restantes eram atribuídos ao transporte, à geração de energia e aos processos industriais. O controle do desmatamento, que já está na pauta do governo brasileiro, nos permite reduzir as emissões como país, sem trazer qualquer problema ao nosso crescimento econômico.
Essas condições nos permitem fortalecer o papel do Brasil como líder no processo de negociação global para a solução do problema e também nos dão legitimidade para reforçar o conceito das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, estabelecido em Quioto, em que se assume que todos os países têm responsabilidade na questão, porém com intensidade diferenciada, cabendo aos países desenvolvidos assumir o ônus maior.
No Brasil, ainda que a indústria não seja a principal emissora, a dimensão do problema merece nossa atenção.
No nosso setor, o químico, podemos nos orgulhar de ter reduzido em 15% a intensidade das emissões de CO2 entre 2001 e 2007. Essa é uma contribuição concreta do setor para minimizar o problema.
Tudo isso de forma voluntária, garantindo a obtenção do lucro sustentável, ou seja, aquele que garante os resultados econômicos mas, ao mesmo tempo, melhora os impactos sociais e ambientais.
Na Braskem nos consideramos parte da solução do problema. Temos fortalecido o domínio sobre nossas emissões e investido em tecnologia e novos processos e produtos capazes de minimizar as emissões de gases efeito-estufa com um olhar abrangente para nossa cadeia de valores.
Desde 2006 estamos conduzindo inventários de emissões, e nosso último relatório anual publicou esses dados. Recentemente, inauguramos uma fábrica de ETBE, um aditivo para gasolina feito a partir de matéria-prima renovável, e estamos investindo mais 500 milhões de reais na nossa primeira fábrica de polietileno verde, feito também a partir de matéria-prima renovável, o álcool. Juntas, essas plantas vão contribuir com a redução de mais de 750 mil toneladas de CO2. Isso é equivalente a 10% das nossas emissões. Estas contribuições também são concretas.
Uma nova oportunidade surge para orientar nossos próximos passos, a partir do entendimento do benefício que o uso dos nossos produtos causam para a minimização das emissões de gases efeito estufa.
Em recente relatório do ICCA (Conselho Internacional de Associações da Indústria Química) preparado pela consultoria Mckinsey e verificado ela instituição alemã Ôko-Institut, que analisou o ciclo de vida de mais de 100 produtos químicos no mundo, chegou-se à conclusão que o uso de produtos plásticos para isolamento térmico, embalagens, nos automóveis, em tecidos sintéticos e em tubulações, por exemplo, contribui para a redução das emissões de gases efeito estufa na cadeia na ordem de 2.1 a 6 toneladas de CO2 a 2.6 toneladas de CO2 e para cada tonelada de CO2 emitida pela indústria química.
A Braskem quer ser um exemplo de empresa com estratégia comprometida com uma economia de baixo carbono, reconhecida por ações eficazes na aplicação de soluções que representem impactos reais na redução da intensidade de emissões de carbono por produto e em soluções inovadoras.
4. Comprido, né? Pois eu tenho uma surpresa para você: mais cedo ou mais tarde vai cair na sua mesa a missão de escrever um texto assim. Nessa hora, não há como fugir – ou você faz, ou será considerado incompetente. Por mais prestígio que tenha. Então, fique preparado. E quando tiver de fazer, não tenha preguiça. Coloque nele todo o seu talento. A maior sinceridade. E boa sorte.

(mudando de conversa, do eloy simões, no acontecendo aqui, na sua campanha, que encampamos, de acabar com as fraudes anti- textuais ou textualmente falando. parece muito, mas a verdade é que são poucos os redatores, mesmo os premiados, que conseguem escrever um texto como este. textos que conferem a realidade e mostram o universo de fantasmas e pulhas que existem neste e em todos os outros mercados. talvez o maior sintoma do vazio que enfrentamos é que a maioria dos publicitários parece acreditar na mentira que eles mesmo inventam, a começar da intentada a partir da sua própria imagem.

quinta-feira, setembro 17, 2009

ouro de tolo

Era um cara bom. Um puta diretor de arte. Mexia bem com design e tinha até uns desenhos bacanas na gaveta. Grudou nos grandes mestres, aprendeu tudo o que pôde, fez os contatos certos. Não demorou pra começar a botar o trabalho na rua. Adorava mídia exterior, tinha trabalhos por toda a cidade. Cidade que, aliás, não era o melhor mercado do país, mas era cheia de gente boa. Não tinha jeito: mais cedo ou mais tarde, ia pintar uma proposta legal.
E pintou. Uns caras de outra cidade estavam com um trabalho bom e apostaram no talento dele. Dava até pra ir pra casa nos fins de semana. Então juntou suas coisas e se mudou, cheio de gás. Seguiu o caminho de todo grande profissional.
Primeira reunião de briefing. Aquele mesão enorme, a sala bem iluminada e bem decorada. “Putz, lá em casa não tem nada disso”, pensou, quando viu os executivos chegando com roupas caríssimas. Cada um mais cheio da grana que o outro. Ajeitou-se na cadeira, puxou o caderninho e começou a ouvir:
− Negócio é o seguinte: estamos com um problema de fluxo de público. Fizemos quanti, quali, discussões em grupo. Contratamos consultores, analisamos a concorrência. E o que precisamos fazer é um painel.
Painel? Logo ele que não tinha tanta experiência assim em painel… Mas sem grilo, tudo bem. Desafio sempre foi com ele. Enfim, continuou anotando: impactante, puxando mais pro emocional e, acima de tudo, fidelizar os clientes. De referência pra ele criar deram um calhamaço. Até livro tinha. A verba era boa e o prazo… Bem, alguém aí já viu algum prazo ideal?
Começou o trabalho. Montou uma equipe, distribuiu cronograma. Virou noite. Ficou sábado, domingo e até feriado. Encheu o saco, se estressou. Dispensou todos os assistentes. Recomeçou do zero. De tanto trabalho, teve até um problema no olho. Ficou besta e resolveu só ir apresentando pro diretor geral. Não queria cliente bisbilhotando o trabalho antes de ficar pronto. Só que a pressão dos acionistas foi maior que ele, e acabou tendo que mostrar. Nem precisa dizer que não deu muito certo.
− Olha, você tem que entender que somos uma empresa tradicional. Não dá pra mudar nossa percepção de marca assim de uma hora pra outra. O nível do target é muito baixo, tem gente que mal sabe ler. Além disso, tá muito ousado, muito moderno. Pode ir colocando mais roupa nesses modelos.
Esperneou, mas fez o que pediram. E, cansado, desgastado, envelhecido e dizem que até meio maluco, entregou o trabalho. Foi um estrondo. Influenciou toda uma geração, mudou o rumo do mercado. Mesmo não levando nenhum Leão em Cannes, a idéia virou uma referência unânime. Volta e meia aparece chupada em alguma camiseta ou marquinha. Até hoje tem gente que vai lá só pra ficar admirando.
E, se você quiser, pode ir, também. Tem que comprar passagem, esperar na fila e não pode tirar foto. Mas ficar uma tarde inteira olhando para aquele painel da Capela Sistina vale a pena. Não dá raiva, inveja e muito menos aquela história de como é que eu não pensei nisso antes. Só dá pra ficar com a cabeça pra cima em reverência, pensando em como o Michelangelo conseguiu fazer tudo aquilo sem um Macintosh.

( o primeiro job da história, do joão vereza, no jornalirismo)

o interessante deste texto "tolo" é demonstrar as virtudes de um copy quando ele é copy, e domina gancho, fluência e desfecho. nada que se compare as dezenas de besteiras escritas, por exemplo, no gogojob, onde pretensos redatores claudicantes arrulham conselhos com base em experiências fraturadas a reboque de empresas de soluços(que muita gente confunde com soluções, sejam famosas ou não) mas excipientes a começar da fraqueza do texto que dá cãimbra
no mais persistente leitor. mas é a tal coisa, que fariam eles sem um macintosh?

quinta-feira, setembro 10, 2009

a tv que você diz que não vê

Será lançado no dia 17 de setembro, às 20 horas, em Brasília, o livro “TV, poder e substância: a espiral da intriga”, de Luís Carlos Lopes. O evento ocorrerá no Restaurante Carpe Diem, localizado no SCLS 104, Bl. D, Loja 1. A obra analisa vários aspectos da existência da TV aberta no Brasil. É fruto de centenas de horas de pesquisa sobre os seus conteúdos e significados, constituindo-se em um esforço de interpretação deste meio de comunicação fundamental e hegemônico do conjunto das mídias técnicas brasileiras. A obra parte do princípio que só se pode falar desse meio, considerando suas imbricações com a vida política e cultural do país. O trecho, abaixo reproduzido, dá algumas pistas do que esperar do seu conteúdo. O livro estará proximamente disponível nas boas casas do ramo.“A veiculação dos artefatos publicitários está na origem da TV brasileira, concebida como a mais eficiente máquina de vender produtos e idéias, jamais imaginada. Ao contrário do que os sensos comuns dizem, a programação usual é o intervalo dos reclames cada vez mais sofisticados e capazes de atrair milhões de consumidores. Esta máquina ainda não foi superada pelas mais recentes, no que se refere a sua capacidade de vender e convencer. Por isto, nela se concentram investimentos massivos que estão longe de optar pelo seu abandono ou substituição. Este processo vem sendo continuado na TV por assinatura e experimentado, com características similares, pela Internet. A TV, portanto, teve que desenvolver parâmetros de sintonização com as culturas pré-existentes, antes de ser a principal entidade produtora da cultura nacional. Absorveu o que existia, devolvendo ao público uma programação compreensível e capaz de atrair o gosto popular, sem se desgastar junto aos interesses políticos e publicitários a que estava e ainda está ligada. Hoje, no mundo da cultura das mídias, ela já pode se autorreproduzir, citando a si próprio repetidamente e de modo incansável. Desenvolveu-se de modo monstruoso e sem muitas possibilidades de autocrítica, devido seu imenso sucesso empresarial e sua forte ligação com inúmeras fontes de poder.”

terça-feira, setembro 08, 2009

exemplo textual ou textualmente falando

1. Em uma planície, viviam um Urubu e um Pavão. Certo dia, o Pavão refletiu:- Sou a ave mais bonita do mundo animal, tenho uma plumagem colorida e exuberante, porém nem voar eu posso, de modo a mostrar minha beleza. Feliz é o Urubu que é livre para voar para onde o vento o levar.O Urubu, por sua vez , também refletia no alto de uma árvore:- Que infeliz ave sou eu, a mais feia de todo o reino animal e ainda tenho que voar e ser visto por todos, quem me dera ser belo e vistoso tal qual aquele Pavão.Foi quando ambas as aves tiveram uma brilhante idéia em comum e se juntaram para discorrer sobre ela: cruzar-se seria ótimo para ambos, gerando um descendente que voasse como o Urubu e tivesse a graciosidade de um Pavão…Então cruzaram… e daí nasceu o Peru:Que é muito feio e não voa.

Moral da história: “Se a coisa tá ruim, não inventa gambiarra que piora!”

2. Impressionante como a publicidade impressa está cheia de gambiarra. Claramente elas não nasceram idéia. O criativo, se ele merece esse título, pega uma ilustração, bota nela um título qualquer e (des)completa com um texto que não tem nada a ver com as calças.

Resultado: um monstro.

3. Já perdi a conta das vezes em que defendi, neste e em outros espaços, que a publicidade carece de bons redatores, gente que sabe escrever publicidade. E gente que sabe escrever publicidade não é um literato.

Precisa ler bons textos de anúncio.

Por essa razão, quando vejo em um anúncio, um bom texto, recolho. E procuro passá-lo pra frente, na esperança de que, assim, dou uma contribuição para a melhoria do nível da nossa ultimamente tão maltratada publicidade. É o que vou fazer agora.

4. Veja esta pérola, assinada pelo Conar. O título é “O Conar existe para coibir os exageros na propaganda. E ele é 100% eficiente nesta missão. A segunda frase está riscada. Ele diz:

“Nós adoraríamos dizer para você que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: é mentira.

Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como nós acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia verdade”, por exemplo, seria menos agressivo.

Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “meia verdade”.

Para o Conar, Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.

O Conar nasceu há 29 anos (viu só¿ não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade.

Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira).

Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela¿

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição.

O processo de julgamento é rápido e desburocratizado. E, em caso de uma clara infração ao Código de Ética, o Conar pede a suspensão imediata da campanha, até que seja realizado o julgamento. Anunciantes, agências de publicidade e veículos aceitam todas as resoluções doConar – mesmo que elas acabem por tirar do ar uma campanha onde milhões já foram investidos.

Aí você pergunta: “E não tem choro¿” Ao que nós, honestamente, respondemos: “Mas é claro que tem.” Pergunte a qualquer publicitário se ele já teve uma campanha suspensa pelo Conar.

São grandes as chances da resposta ser positiva. Agora, pergunte o que ele achou desta punição. São imensas as chances de as resposta incluir algumas palavras pouco elogiosas, dirigidas à nossa séria e respeitável entidade.

O Conar não está preocupado com o seu nível de popularidade entre os publicitários (seria impossível fazer o nosso trabalho se estivéssemos nos importando com isso).

Estamos muito mais interessados em cumprir a nossa missão, que é fazer com que a publicidade seja sempre honesta, responsável e respeitosa. E não meio-honesta, meio responsável e meio-respeitosa.

Isso não existe nem na propaganda, nem na vida.
5. Leu? Então, releia. Cada vez que reler, você vai melhorar, porque textos como este sempre ajudam a aprimorar o estilo.

( o texto, do eloy simões, que é antigas, ou do tempo em que um texto do peru significava outra coisa e que monstro era um redator pra lá de respeitado)

quarta-feira, setembro 02, 2009

procura-se um contador de histórias ou abaixo o ducaralhismo

1. Estava animada, a festa que aquele milionário organizou. Bebida, ali, jorrava. O fumacê tomava conta do ambiente. De vez em sempre, uma cheiradinha.
Aí, o milionário resolveu apimentar um pouco mais a festa. Chamou os convidados e mandou ver:
“Vamos fazer um jogo! Eu mandei encher a piscina de crocodilos, piranhas, cobra,, etc... Agora, quem conseguir atravessá-la a nado e chegar intacto do outro lado, poderá escolher um destes três prêmios: um terreno ao pé da minha mansão; um milhão de reais em dinheiro ou a minha filha em casamento.”
Nem bem acabou de falar, um jovem caiu nágua e começou a nadar com uma velocidade incrível. Segundos depois, tinha atravessado, intacto, a piscina.
O milionário, surpreso ainda, quis pagar a promessa:
“Parabéns! Qual prêmio você quer receber¿
Mas o jovem não queria saber de premio. Entre assustado e indignado, gritou:
“Eu quero é saber quem foi o filho da puta que me empurrou!.”..

2. “O ser humano usa as histórias para transmitir mensagens importantes praticamente desde que foi capaz de falar. As pessoas estão sempre ansiosas por narrativas, pois elas fornecem sentido. Fatos e números dão conteúdo, mas isso não é capaz de substituir o contexto.”
... “Comunicadores eficazes reconhecem que a comunicação deve falar à mente e ao coração. No primeiro caso, trata-se de apresentar um quadro racional, utilizando dados objetivos. Mas é o coração que gera compromisso com a ação.”
... “Como Terry Pearce, coach de executivos e especialista em comunicação altamente respeitado, diz:
Enquanto a mente procura pelas provas, o coração procura pelo envolvimento. Enquanto a mente busca informação, o coração busca paixão. Enquanto a mente quer respostas, o coração quer experiência. A mente toma uma decisão, mas é o coração que se compromete.” (Stuart Crainer, editor da Business Strategy Review e Des Dearlove,cofundador da Suntop Media, na Management de maio\junho)

3. Tenho sido um crítico feroz da criatividade publicitária brasileira que, independentemente dos prêmios que ganham ou venha a ganhar, tem tido um desempenho medíocre .
Ao mesmo tempo que critico, tento entender porque isso acontece. Outro dia, por exemplo, reuni, em uma gravação, 50 comerciais e 50 peças impressas. Por que 50¿ Porque foi o máximo que aguentei.
Tive, então, a paciência de revê-los algumas vezes, na busca de uma explicação. Claro, um motivo salta aos olhos: nossos criativos estão apaixonados demais pela tecnologia. Mas e daí¿

4. Daí que me caiu nas mãos o artigo cujo trecho transcrevi aí em cima. E caiu a ficha: faltam histórias nos nossos comerciais.
Nossos criativos não sabem ou não querem mergulhar fundo na piscina em busca da criatividade e arrancar de lá uma idéia emocionante. Claro que é um risco. A piscina da comunicação está repleta gente medíocre - animais que adoram arrancar as pernas de quem tenta nadar com talento.
“O cliente não vai gostar.”
“Ta engraçadinho, mas não vende”.
“Não estou interessado em ganhar prêmio.”
“Quero alguma coisa objetiva, que vá direto ao ponto.”
“Você precisa ser mais direto, mais objetivo.”
“Ta feio, mas vende.”
“Quando você criar um anúncio, parta do princípio de que o consumidor é burro.”
Cansei de ouvir essas e outras besteiras. É, ainda, como escrevia Nelson Rodrigues: o mundo é dominado por idiotas.
Esses que estão na piscina com o único propósito de estraçalhar as pelas criativas. Se o criativo bobear, com ele também.
Mas é preciso mergulhar, para que, pelo menos na comunicação e no marketing os idiotas parem de triunfar. A comunicação tem um compromisso sério com o consumidor: fazê-lo se emocionar com as histórias que a peça publicitária contar.
Porque quando o consumidor se emociona, ele compra.
Em sinal de gratidão, compra e valoriza a marca.
Aí, a peça criada ganha prêmio. Para alegria dos idiotas que antes afirmavam não estarem interessados em ganhar premio. Que correm para subir no palco e ouvir os aplausos que não fizeram por merecer

(procura-se um contador de história, do eloy simões, para reiniciar outras histórias que virão por aqui)

domingo, julho 26, 2009

palavras cruzadas


sorumbático, ímpios, esgar, acídia, atavios, agônico, fecaloma, enxúndia, oblata, choldra, vilegiatura, postectomia, perfunctória(rubens fonseca, espraiado pelos 27 contos de ela, companhia das letras).

dicionário, no eres tumba, sepulcro, féretro,túmulo, mausoleo,sino preservación,fuego escondido,plantacion de rubies,perpetuidad viventede la essência,granero del idioma. (oda al diccionario, pablo neruda)

gosto de descobrir palavras. de empregá-las na hora e medida certa, com maior ou menor dose de propriedade, embaladas por vezes em dulcoras de ironia e cinismo, sem desprezar a acutilância – ou pelo menos tento.

é certo que provavelmente muito já fiz disso por puro dandismo, certo prazer tolo mas compensatório, sabe-se lá do porquê, de ter por menos ou mais ou de ter e demonstrar superioridade sobre os outros. de uma maneira que, pensava eu, não fosse humilhante na essência, mas acachapante no resultado sobre os detratores de plantão: publicitários e jornalistas, a maioria do meus parcos leitores. aliás, tenho como medida do meu fracasso(ou sucesso) o pouco número de leitores. tivesse mais e ficaria muito desconfiado de mim próprio. que não me vendi à quantidade, embora, certamente, não tenha atingido a qualidade por todos os lados.

costumam considerar-me metido a falar difícil ou agressivo aos extremos, o que é deveras contumaz, no sentido de que era o que lhes restava dizer. já que no conteúdo, mantenho-me coerente. e certamente nunca pusilânime como eles, na sua ignorância não só vernacular, mais também nos propósitos da ânsia por escrita de consenso, ou genuflexória. escusado dizer também que a grande maioria são portadores de ignorância diplomada ou coisa parecida(não é para isto que servem os diplomas hoje em dia?). e digo mais, se os seus contendores replicam-no por questão de estilo, tinta ou vocabulário, são eles e não você que não tem conteúdo. a simplificação em busca de audiência é tão ou mais afetada que a afetação da pretensa erudição em busca de outro tipo de reconhecimento. aliás, em se tratando de publicidade, " às vezes simplicidade implica simplificação grosseira sim". e é sintomaz que a maioria deles gosta de atribuir, a quem lhes contraria, os seus trejeitos, típicos de quem continua emparedado na fase anal.

no jornalismo onde já fui profissional de carteirinha, recordação aleatória, um dos meus maiores arqui-amigo-inimigo - antes libertário-anarco-colunista de plantão, hoje homem de confiança de governos e jornais de donos senatoriais com centenas de processos (que, claro, não vão dar em nada) às costas - com quem gostava de terçar armas, classificou-me como um deslumbrado pela própria inteligência. uma maneira subterfugia de revelar na forma falsamente elogiosa, não a admiração mas, sim, o sentimento de que-seja-lá-o-que-for-sobre de quem teimava, doidivanas ou por excesso da razão, em colocar o dedo na ferida ou como gostava de dizer eu, no fecaloma dos poderosos, que não estava obviamente localizada no reto, desprezando o status-cu que todos perseguem escravizados nesta pescadinha de rabo na boca que é o de procurar estar bem com todo mundo. ou como dizem agora de investir no capital social( caprichar no marketing pessoal, na construção de redes sociais, e melecas outras do tipo - o que inclui doses, intragáveis para mim, de lambecuzismo. se o preço de ser lembrado é o gosto de merda na língua que se aprofunde sobre mim a ermitandade.

contudo, devo dizer, nem uma coisa nem outra. que minha admiração pela descoberta de novas palavras – e de novos usos pelas tornadas banais - sempre foi verdadeira. basta dizer que durante muito tempo, e ainda hoje, o aurélio era o meu livro de cabeceira - dividindo neste momento espaço hoje com houaiss, antônio cândido, flaubert(bouvard&pecuchet), nietszche, sartre e marx(ultrapassado? pois sim) – e que depois do sexo era a coisa mais prazeirosa a descobrir na cama. para alem do fechamento das contas, que com o salário de jornalista que sempre viveu na contramão, num tempo que nem se utilizava a expressão outsider, que no afinal dos tempos virou pura afetação, como hoje quase tudo é, era mais difícil do que orgasmo múltiplo masculino.

buscar a intimidade com as palavras ditas difíceis – e principalmente com seus significados - não é o mais apropriado para quem busca ser compreendido na essência, seja em blogues, seja em jornais, seja no que for. mas de que vale a compreensão daqueles que não compreendem nada mais do que já foi dito e feito que não seja o meneio de queixos que não tem mais a parte superior da cabeça(e do caráter) e que vivem com vocabulário entorpecido sem consultar os demais significados de palavras, fatos, pessoas e coisas? tratadas pelo dicionário dos atos com significados específicos que de tão tortuosos, ora traduzem-se por tabuísmos, ora por achados só encontrados nos conteúdos de sinonímias e antonímias encartados como especiarias do léxico. no jornalismo e na publicidade de hoje já não há o que dizer. sem palavras?

reler rubens fonseca com sua linguagem de carne crua entrecortada por piercings lêxicos é um gozo cada vez “ mais longo e purgante “ sobre a choldra, nesta exercício de redação onde cruzam-se palavras que muita gente acredita estéreis ou inúteis mais que estão vivas e pulsando para muito além do que, ou sobre o que escrevemos ou não lemos ou sequer pensamos.

p.s. demônimo não sou eu próprio tanto assim como gostaria. apenas é um pseudônimo de designação imprecisa que abrange potencialmente muitas pessoas, como por exemplo, um amigo das artes, estudioso, especialista, etc., e claro, amigo dos dicionários. na verdade estes sim, sempre muito mais amigos do que eu deles, afinal, nunca me faltaram e eu, a eles, a quase todo instante.

Now playing: Catia De França - vinte palavras ao redor do sol
via FoxyTunes

sexta-feira, julho 24, 2009

com espuma ou sem espuma?

Até que ponto a publicidade, mais do que produtos, vende relações capitalistas que precarizam a vida? Se técnicas de apelo pela imagem, música e embalagem fazem parte da estética da mercadoria, qual a singularidade possível para indivíduos que são validados unicamente por sua capacidade de se definir como consumidores do fetiche?


Os artigos de Emir Sader e Eduardo Galeano, publicados recentemente em Carta Maior,(e reproduzidos aqui no cemgraus) reacenderam um velho debate. Até que ponto a publicidade, mais do que produtos, vende relações capitalistas que precarizam a vida? Não é o caso de pensarmos o marketing apenas como artifício de venda, mas como elemento estruturador de controle social.



Se técnicas de apelo pela imagem, música e embalagem fazem parte da estética da mercadoria, qual a singularidade possível para indivíduos que são validados unicamente por sua capacidade de se definir como consumidores do fetiche? Como compradores encantados de produtos que lhes parecem sobre-humanos, destituídos de história.Há cinco anos, o fascínio do produto sobre o produtor, "a velha consciência invertida de uma realidade invertida" de que nos falou o materialismo histórico, ocupou páginas e telas.



Sorrateiramente o discurso publicitário apresentou o estatuto ontológico do homem no consumo espetacular; seu discurso de palavras evanescentes, entrecortadas pelo vazio mercantil. É importante voltar no tempo e resgatar o episódio."Corações e Mentes" é o título de um documentário sobre a guerra do Vietnã, exibido nos anos 1970. Fosse produzido no início do século 21, em solo brasileiro, talvez retratasse outro embate: o da guerra das cervejas. Tudo começou, naquele início de 2004, quando um sambista "abandonou" sua marca preferida de cerveja (Brahma) pela concorrente (Schincariol), aconselhou aos demais a fazerem o mesmo e, sob irrecusáveis três milhões de reais, mudou de opinião e voltou à predileção inicial. A trama, aparentemente banal, é por demais significativa para ser ignorada por quem se propõe a analisar o discurso noticioso em suas interações com o marketing. Campo tensional por excelência, jornalismo e publicidade sempre viveram uma relação de complementaridade conflitante. Se a convivência era necessária, em que momento haveria o risco de um vir a ser confundido com o outro? Quando o discurso noticioso, despido de suas fantasias de objetividade e isenção, tomaria o fato publicitário como objeto jornalístico? E mais, ainda, o roteirizariam como um caso de amor, tal como pretendiam os anunciantes?O amor romântico, concebido na renascença, não envolve apenas o casal enamorado. Cala fundo no imaginário e enlaça a todos nas juras, desditas e desventuras dos amantes. A empatia da narrativa folhetinesca prende a respiração de quem a lê ou ouve. Impossível ficar indiferente. Afinal, sejamos sinceros, quem nunca teve um amor de verão? Tão insensato quanto fugaz, até encontrar aquele que, por ser o verdadeiro, redefine sentidos e restitui a inteireza afetiva do apaixonado.A trama do sambista e da cerveja que envolveu o noticiário conteve todos os ingredientes requeridos pelo gênero: traição, arrependimento, reconciliação e imprecações da amante abandonada. Ocupou espaços generosos nas primeiras páginas dos principais jornais, produziu reflexões supostamente éticas em colunistas entediados e análises formuladas a partir de várias angulações. Grosso modo podemos dizer que, ao longo de um trimestre, Zeca Pagodinho não mais experimentava a Ambev o espremia, a Schin espanava e a imprensa espumava. Subsumido pelo marketing que parece anunciar o fim da intermediação, o jornalismo se assumia como apêndice.



Talvez tais episódios reflitam um processo mais amplo. O fetichismo da mercadoria que alcança o campo jornalístico não é um acontecimento súbito. Basta uma leitura rápida nas editorias de economia para observar a qualidade da análise produzida pelos articulistas mais renomados, bem como o tratamento dispensado ao noticiário macroeconômico. Índices e categorias são tratadas como manifestações concretas, explicáveis per si, dispensando qualquer referência ao contexto histórico em que são produzidas. Seria o caso de relembrar dois alertas de Marx: "As categorias econômicas não são mais que abstrações das relações sociais"; ou, quando se refere à fraude de economia burguesa que se pretendia natural, denuncia economistas que percebem as leis econômicas como "leis eternas que devem reger sempre a sociedade. De modo que até agora houve história, mas agora já não há"(Miséria da Filosofia). Há mais de 150 anos, o materialismo histórico prenunciava o surgimento do pensamento único. Se alguém pretende ler uma coluna, que, sob um pretenso didatismo, nada mais faz que entronizar os axiomas do capitalismo financeiro, deve, por exemplo, visitar "Panorama Econômico" do jornal O Globo. Desconfiem da clareza do texto de Miriam Leitão. Às vezes simplicidade implica simplificação grosseira. Renúncia à análise e entrega do espaço a consultores de corporações e grandes bancos. Tudo estupidamente gelado.Não há como ignorar que a ética que preside a produção capitalista é o lucro. Se considerarmos mercadoria tudo o que tem valor de uso e de troca, terá muito sentido cobrar das partes envolvidas posicionamentos que colidam com a lei do valor? Numa esfera em que os homens se coisificam e as coisas se humanizam, Zeca Pagodinho, Schin e Brahma puderam enfim se amar (ainda que dure uma estação), trair, e urdirem vinganças (na resposta da Schin, um homem afirmava que por 3 milhões de reais faria qualquer coisa) sem qualquer problema de ordem moral.Já vivemos o amor de Romeu e Julieta e Tristão e Isolda. Ambos denunciavam a intolerância. Hoje, o amor possível, um dos poucos a agregar valor, parece ser o do pagodeiro pela sua cerveja. Aguardemos os próximos capítulos que nos serão servidos pelas campanhas veiculadas em jornais, revistas e televisão. Com precisão, riqueza de detalhes e colarinho.


(sem colarinho, a espuma mercantil da publicidade, do gilson caroni filho, professor de Sociologia das faculdades integradas hélio alonso (facha), no rio de janeiro, colunista da carta maior e colaborador do jornal do brasil)

quarta-feira, julho 22, 2009

onde esta a marca do homem, do próprio?


Se você busca a verdade, beba a cerveja Heineken. Quer autenticidade? Fume cigarros Winston. Busca a rebeldia? Compre uma máquina Canon. Está inconformado com a situação do mundo? Coma um hambúrguer da Burger King. Deseja afirmar sua personalidade? Use um cartão Visa. Quer defender o meio ambiente? Espelhe-se no exemplo da Shell. Hoje em dia, a publicidade tem a seu cargo o dicionário da linguagem universal. Se ela, a publicidade, fosse Pinóquio, seu nariz daria várias voltas ao mundo.

Hoje em dia, a publicidade tem a seu cargo o dicionário da linguagem universal. Se ela, a publicidade, fosse Pinóquio, seu nariz daria várias voltas ao mundo.“Busque a verdade”: a verdade está na cerveja Heineken.“Você deve apreciar a autenticidade em todas suas formas”: a autenticidade fumega nos cigarros Winston. Os tênis Converse são solidários e a nova câmara fotográfica da Canon se chama Rebelde: “Para que você mostre do que é capaz”. No novo universo da computação, a empresa Oracle proclama a revolução: “A revolução está em nosso destino”. A Microsoft convida ao heroísmo: “Podemos ser heróis”. A Apple propõe a liberdade: “Pense diferente”.Comendo hambúrgueres Burger King, você pode manifestar seu inconformismo: “Às vezes é preciso rasgar as regras”. Contra a inibição, Kodak, que “fotografa sem limites”.A resposta está nos cartões de crédito Diner's: “A resposta correta em qualquer idioma”. Os cartões Visa afirmam a personalidade: “Eu posso”. Os automóveis Rover permitem que “você expresse sua potência”, e a empresa Ford gostaria que “a vida estivesse tão bem feita” quanto seu último modelo.Não há melhor amiga da natureza do que a empresa petrolífera Shell: “Nossa prioridade é a proteção do meio ambiente”.Os perfumes Givenchy dão eternidade; os perfumes dão eternidade; os perfumes Dior, evasão; os lenços Hermès, sonhos e lendas.Que não sabe que a chispa da vida se acende para quem bebe Coca-Cola?Se você quer saber, fotocópias Xerox, “para compartilhar o conhecimento”.Contra a dúvida, os desodorantes Gillette: “Para você se sentir seguro de si mesmo”.

(do eduardo Galeano: a palavra e a publicidade, aquele mesmo que escreveu as veias abertas da américa latina, que para uns é um clássico e para outros, com perdão do trocadalho do carilho, não passa de latrina, sendo uma sucessão de bluffs e desencontros factuais)

terça-feira, junho 30, 2009

it ain´t over yet

sem maiores mistérios. digamos que é apenas uma pausa para o cafezinho: puro, sem adoçante, açucar ou cicuta, como muitos gostariam. destarte, por conta da demasiada ausência, o cemgraus pode até esfriar, mas o conteúdo - que será revisado - continuará, no mínimo febril.
e, homessa! antes ele que o cafezinho. pois café frio, é sabido, é muito mais duro de tragar que
o blog.
i´ll be back. soon mas não tão cool.

quinta-feira, junho 04, 2009

muita gente que fez diz hoje que não tragou; para outros sempre intragável este tipo de propaganda

No caso do cigarro as transnacionais do fumo devem largamente à mídia a façanha inacreditável de ocultar a verdade durante décadas – desde os anos 1940, quando já havia nos laboratórios da indústria provas conclusivas sobre os efeitos devastadores de seu produto. Assim, toda a culpa da indústria tem de ser estendida à mídia, sua cúmplice (com as agências de propaganda), por se vender a ela. A mídia não mudou mas hoje é cúmplice envergonhada.

Desculpem a desagradável imagem acima(ilustração que vem nos maços de cigarros) alusiva à data de 31 de maio - declarada em 1987, pela Organização Mundial de Saúde, o Dia Mundial Sem Tabaco. A ilustração tem sua razão. Pesquisas mostraram que imagens como essa, já tornadas obrigatórias em alguns países nos próprios maços de cigarro, são eficazes para desencorajar o fumo e pressionar fumantes a abandonar o vício.Há outras, menos agressivas, mas sem a mesma força dissuasiva. Daí a indústria de cigarro, ao negociar acordos extra-judiciais (já firmados nos EUA com Procuradores Gerais de 46 estados), ter concordado com o pagamento de bilhões de dólares em indenização pelo custo das doenças causadas pelo fumo mas ir a extremos contra imagens nos maços para expor o efeito destruidor de seu produto.As imagens são a verdade que a indústria obstina-se em esconder. No passado – graças à cumplicidade das agências de propaganda e, em especial, da mídia – elas eram substituídas na tela da TV e nas páginas dos jornais e revistas pelos anúncios mentirosos segundo os quais o cigarro, além de saudável, é a receita do sucesso – e traz iates, mulheres, carros de luxo, etc.A mídia não mudou mas hoje é cúmplice envergonhada. Nem por isso a do Brasil deu qualquer atenção à data anti-fumo – que nos EUA levou o New York Times a publicar editorial vigoroso contra a ação fraudulenta da indústria, ainda obcecada em contornar proibições legais. A exceção no Brasil foi um texto do Valor Econômico a 29 de abril, traduzido de Business Week. Mostrava como a Philip Morris amplia a venda de cigarros em outros países, para compensar a perda nos EUA.Quando a saúde está em questão Muita gente costuma recordar até a data em que decidiu abandonar o cigarro. Para uns, claro, é bem mais difícil do que para outros. Comigo aconteceu há 40 anos, quando era editor internacional da revista Fatos e Fotos, na editora Bloch. Éramos uma equipe pequena na cozinha da redação: Cláudio Mello e Souza (diretor), Leo Schlafman, Sérgio Augusto, Paulo Perdigão, Luis Lara Resende.Na outra sala ficava a reportagem, chefiada por Ney Bianchi. Difícil lembrar todos os nomes, mas Carlos Castilho, Hedyl Valle Júnior, José Paulo Kupfer e Margarida Autran estavam entre eles. Na redação talvez todos fumassem. Parei de fumar depois de reportagem na TV Tupi. Ali um médico pesquisador fora convincente sobre os efeitos do cigarro (podia ser só “recado” da emissora, então em declínio, à indústria, para ter mais anúncios. “Hollywood, o sucesso” era uma das campanhas – na TV, rádio, jornais, outdoors, contra-capas de revistas (como Fatos e Fotos), etc.Como estudioso da mídia, sempre me indignou suas relações promíscuas com o anunciante. Às vezes, como no episódio da vacina obrigatória no Brasil, a mídia é leviana também por motivação política (de baixo nível), indiferente à saúde das pessoas. Naquela cobertura aliara-se ao obscurantismo, insuflando uma revolta popular, quando devia no mínimo ser informativa, esclarecedora – e responsável.

Nestlé e a ameaça aos bebês

No caso do cigarro as transnacionais do fumo devem largamente à mídia a façanha inacreditável de ocultar a verdade durante décadas – desde os anos 1940, quando já havia nos laboratórios da indústria provas conclusivas sobre os efeitos devastadores de seu produto. Assim, toda a culpa da indústria tem de ser estendida à mídia, sua cúmplice (com as agências de propaganda), por se vender a ela.É semelhante, na história recente, o caso da cumplicidade da mídia com a Nestlé e outras corporações do mesmo ramo, empenhadas durante décadas – e para tanto, investindo fortunas incalculáveis – em campanhas enganosas de propaganda para forçar mães no mundo inteiro a trocar a amamentação dos filhos por seus produtos prejudiciais à saúde dos bebês, já que enfraqueciam as defesas deles.A vitória da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para as Crianças) contra a Nestlé e o lobby mundial do leite em pó também foi dificultada por causa das relações promíscuas da mídia com as corporações afetadas – em troca das verbas da propaganda. Só a duras penas a Nestlé, alvo principal, recuou e admitiu mudar ao menos o caráter de seus anúncios nocivos.Como as duas organizações do sistema da ONU são de governos (sensíveis a pressão), foi necessário ainda grande esforço de grupos não governamentais, como “Save the Children” e “International Baby Food Action Network”, alertando para o risco da troca da amamentação pela infant formula da Nestlé, que prejudica os bebês, ampliando a mortalidade infantil nos países mais pobres.

Do boicote à liberdade individual

A idéia de um boicote mundial contra produtos da Nestlé foi lançada primeiro em 1974, com um panfleto na Inglaterra (título: “The Baby Killer”, o assassino de bebês). A Nestlé ganhou, após dois anos, um processo de injúria e difamação contra os responsáveis. Mas a vitória moral foi dos réus: tanto pela pena, uma multa irrisória, como pela afirmação do próprio juiz de que a Nestlé devia, sim, mudar sua propaganda.Depois do processo veio um grande boicote, iniciado em cinco países. Em 1978 o Senado dos EUA abriu investigação e no ano seguinte Unicef e OMS iniciaram o debate de um código com restrições à comercialização e à propaganda do leite em pó. Suspenso em 1988, quando a Nestlé aceitou relutantemente o código, o boicote foi reativado depois, devido a violações da empresa. Até hoje persiste em alguns países.Tanto em relação à Nestlé como ao cigarro, a cumplicidade da mídia é garantida pelas relações promíscuas da indústria com veículos. Além de embolsar milhões com a propaganda, os veículos ainda suprimem notícias contrárias aos interesses da indústria. E esta, ao se estender a outra área, de alimentos, não deixa de “premiar” com anúncios destes a mídia “compreensiva” com o cigarro, proibido de anunciar.Provado em definitivo o efeito devastador do cigarro, que leva até à morte, advogados da indústria tiraram outro coelho da cartola. Criaram grupos de defesa da “liberdade individual”: nasceu assim a imagem do fumante como suposto “libertário” em luta contra o Estado opressor, que reprime seu direito de fumar (e morrer) – sem se dar conta, claro, de estar servindo aos que faturam com seu vício, nunca à liberdade.

( cigarro & mídia: as relações perigosas. do argemiro ferreira, em seu blog.)

segunda-feira, junho 01, 2009

grateful dead

como diria o jerry garcia, prêmios não são uma medição inata das suas possibilidades ou da sua carreira. são apenas sub-produtos do sub-produto que é a propaganda que você faz do produto, até mesmo quando o produto, ou sub, é você.

quarta-feira, maio 27, 2009

auto-sabotagem é aquilo e não isto


cometo sempre os mesmos erros para eles – e os outros - verem quem é que manda.
(sob influência de paulo leminsky, poeta, e publicitário nas horas vagas)

a revista vida simples traz este mês matéria de capa sobre o título que laca o post de hoje. um apanhado de lugares comuns sub-referendados por um psicologismo de segunda, rumo a aplicação do bom senso comportamental, que é sempre coisa de louco. ainda mais neste mundo insano onde vivemos de cocóras e "em terra de cegos onde quem tem olho é imbecil". estas tiaras de conselhos retiram da vida o sal de contrariar a possibilidade – rara – de ser feliz do jeito que se é. e de quem gostamos do jeito que é, por mais avesso que isso possa parecer. estão assim pra um max gehringher da auto-ajuda, eivado de conselhos sobre mudanças sobre o mesmo pano de fundo de há muito esgarçado, como por exemplo: se já foi infeliz namorando pessoas diferentes de você, insistir nisso é auto-sabotar-se. waal! um caça minas não faria melhor. sem falar no ferrolho doutrinário contra a insurgência, exemplificado pelo episódio da mufa do zidane.

claro que há outras nuances em formas de auto-sabotagem, para além da emocional, existencial. a profissional principalmente, que ganha contudências num mundo em constante crise de grana – e valores – num ciclo pré-fabricado de encolhas e esticas para além dos princípios humanistas que deveriam nos governar. pelo menos no espírito da teoria. já que hoje, nem isso, também na esfera profissional.

no marketing e na propaganda, sim, há realmente diversas maneira de dar tiro no pé. um dos balaços do momento parece ser o caso da faculdade maurício de nassau. que na ânsia de obter uma diferenciação entre a crosta da comunicação calcada em preços, veicula campanha de, vá lá, testemunhais. confirmando pela obra e graça dos testemunhos não ter, ou ter, critérios para lá de baixios nos parâmetros de suas referências e referenciação.

sob o mote, do sou nassau, posso tudo( nem ele, o próprio, pode. acabou enfiando o rabo entre as pernas – foi o primeiro gestor a ser colocado no gêlo por não cumprir metas) a campanha utiliza ex-formandos de sua prole, para mostrar a relevância da formação nassau no mercado – e a deles – como tenta demonstrar e comprovar com a exibição perfis de sucesso.

não vou a todos. mas um me chamou atenção. no item jornalismo, o exemplificado é o beto café, que aparece como jornalista e apresentador de televisão. café pequeno, pois não? até porque, numa cidade onde historicamente o jornalismo de peso foi talhado por jornalistas sem diploma (não sabe quais? pois é, não surpreende, se você for estudante destes cursos) utilizar como paradigma de realização um apresentador de programas de nível nenhum(baixísssmo seria ainda mais alto) e que atualmente serve de escada para o mata, pega e come de gogó(cardinot) em comercial de casa de eletromésticos, convenhamos, mesmo os desafetos, que isso é lá paradigma exemplar que se almeje na vida para um jornalista que não dê ou venda a pena? é muito pouco para quem diz que pode ser tudo. e muita sobra para demostrar como é rarefeito o ar do auto-elogio que, se embota a massa que cai no conto dos poderosos, para os espíritos críticos(ainda há alguns) é um ás da auto-sabotagem. já que demostra os critérios que norteiam hoje a chamada excelência da formação acadêmica. ainda mais quando descamba para os campos do jornalismo(e da publicidade), onde não só o ensino, como a própria existência do curso, é cada vez mais colocado em xeque, inclusive pelos novos suportes existentes(estuda-se para um mercado que não vai mais existir) como se já não houvesse a prática demonstrado que: para o verdadeiro jornalismo, o que é menos necessário é um canudo, fosse, como outrora já foi, a universidade uma formadora de massa crítica e alargadora de horizontes e não a caça-niquéis na pratica de mumificação de cabeças que hoje é.

poder tudo, numa formação humanista – e não utilitária-tecnicista - deveria significar, acima de tudo, que o poder não pode tudo em nome do poder. senão, isto sim, fode tudo. não fosse a ditadura dos boletos, nas faculdades particulares, e do ponto de cabide, nas federais, estaduais, muncipais, certamente não aconteceria no âmbito do pensamento acadêmico a auto-sabotagem que avança para seus potenciais alunos que um diploma pode tudo. e a que preço. inclusive com o cultivo da ignorância utilitarista geminada ao anafalbetismo funcional que andam de mãos dadas com a ausência deontológica sempre sublimada, o que a médio prazo revelará ainda mais do tombo de um ensino que nos leva ao horizonte estanque onde já chegamos. época onde tudo se empala em nome do falso aprendizado do saber e do poder . onde tudo pode, nas palavras dos que já não se escondem nas entrelinhas.

café com muito pouco maurício ou maurício demais até prum café ?

segunda-feira, maio 25, 2009

e o homem, publicitário, suplanta, outra vez, o jacu*

se o penal é coisa tão importante que tinha de ser batido pelo presidente do clube, que dizer então do início de uma partida, onde os mesmos vestem uniforme novo, na saracura de um campeonato mundial?

gosma foi o chute de tal lançamento. que não seja presságio de mau sortilégio, da hidra tupiniquim que aventura-se a ser algo de uma xiva global, onde duas pernas, uma delas nada sadia, com uma dívida tamanho de um chester que ainda não foi capaz de produzir ? - mas que foi o princípio da fusão - terá de arcar com cabeças bifidas a baterem-se, isso se antes não tropeçar nas próprias pernas, tal e qual galinhas degoladas, a correr pelo quintal que não é mais o seu.

avante o rasgo do gênio nacional. deu-se tarefa para um atriz sensaboria para o refogado da mistura, e das consequências da fusão e do lançamento que fala de sabores, mas tem sabor de sopa de seixo, ainda mais evocando a massa povo brasileira como componente discursivo da receita do canjão.

ah! tá, marieta severo tem o perfil da dona de casa da grande famíia brasileira. longeve-se então a comédia que redunda em tragédia, enquanto o cenário mostra, além do modelito branco mixórdio, o verde ao fundo pastado que insinua? lá vamos nós pastar mais uma? ou aquilo ao fundo é antecipação da diarréia?

brf – brasil foods. exito em contextuar: tá mais para o foda-se! ou para o fônix? não exultando em nada com este tipo de meia entrada. será que algum executivo transgênico terá alimentado as mentes perversas que criaram e aprovaram tamanha redundância gurgitada em cacófato que antes fosse um co-co-ro-có de uma nota só.

de um lado a sigla brf, com o a maioria das siglas displicentementes decalcadas em acrósticos fornicados a arroto ou peido, ao que parece pela obviedade, o que faz parecer que a idéia foi embricada em pensamento sublimado de algum almoço onde todos o presentes afirmam-se mais preocupados em apalpar a bunda de quem quer que seja(não vamos estigmatizar a secretária ou a estagiário do atendimento) do que pensar a fundo em outra estratégia que não seja de xutos e pontapés. e tome a levada da breca. que no caso lembra mais escuderia de alta-velocidade do que sigla de empresa global de alimentos. afinal, brasil food diz tudo isto. repetir é enxovalhar a inteligência mais parca que com o “pleonasmo” complica-se. se é global, e se é foods, e se é brasil, então é brasil foods, de preferência nominal com z que é para os consumidores estrangeiros descascarem a manga sem que o acent torne-se caroço. no mercado interno, quem se lixa? dentro não tem problema, pois todo brasileiro é bilingue até prova contrária do seu latente potencial, do seu analfabetismo funcional, que o habilita como ninguém a não falar bem lingua nenhuma: nem o idioma transnacional, nem o multi, homessa! onda-tendência-incontinência, da qual também não escapam o publicitários que sempre estão a buscar no inglês o estilo que lhes falta e que com o mau uso da língua o torna ainda um tipo de jeca que faz dos jecas lordes na sua coloquialidade criativa, nem por isso mais das vezes melhor que o conteúdo das linguiças(ainda vamos implorar pela volta do trema).

as estantes da moda, dos clássicos e das tendências, vergam e entre-caolham-se com dezenas de títulos alertando sobre start-ups, fusões, marketing institucional, a importância do branding e do naming, e não há uma registro sequer que justifique o que foi feito com duas marcas que até então possuiam uma comunicação minimamente profissional e que de um golpe só por fusão tenham optado por recurso que não se alimenta a sí própria, sequer a ambição e a oportunidade de fazer um brasil de excelência,como se propôe a fala da atriz sobre a nova empresa, cujo texto só desdiz a que veio, ao menos na propaganda, que de há muito está também nem hoje assim, vista pelo mercado, seja interno ou externo, como definitivamente complexada pelos nuestros hermanos argentinos, que não pensam em espanhol e sim em castelhano, ao contrário de nós, que mordemos a língua, até quando nos propomos a reformá-la, ganhando o pior da resistência portuguesa em querer ampliá-la, e do nosso pior o melhor em mexer onde não se devia.

o frango da sadia, o único frango sadio da marca, e o perdigão, com sua pose de perdiz que ignora o dia da desgraça, confirmaram o fato de que dois bicudos não se beijam, em beijo que sela marca que não passa de bicada de gente que cada vez mais se torna banguela pela falta do pensamento que devia morder em vez de babar.

no mais, é mais ou menos assim que, goela acima, a nossa propaganda de cabide(e não de cabinda ou cabidela) tornou-se nugget.


*da família dos galináceos, famoso por ser capaz de cagar o equivalente, dizem alguns até o dobro, do seu tamanho. sua estranha habilidade deu origem a nomeação de troféu distribuido entre os intelectuais pernambucanos(de merda, of course) a título de gozação nos tempos em que a livro sete pintava o setenta e que sim esbanjava cultura pelos poros frequentados, coisa que a cultura nem sabe o que é.

(i-tunes fora de ordem. no pensamento a worm´s life by crash test dummies)

sexta-feira, maio 15, 2009

mutcho esperto ou mais um drible dos chico espertos

O estádio do Pacaembu foi palco da segunda partida das finais do campeonato paulista deste ano. Com o empate em um a um, o Corinthians tornou-se campeão, já que vencera o primeiro jogo na Vila Belmiro. O"próprio da municipalidade paulistana", como o estádio era chamado pelo locutores de outras épocas, viveu um dia de festa (apesar das trapalhadas da Federação na hora de premiar os vencedores, causando até um princípio de incêndio).O Pacaembu, velho de quase 70 anos, a serem completados no ano que vem, deu conta do recado. As reclamações da imprensa se restringiram ao gramado, realmente muito mal cuidado pela atual administração. Sobre o pior, que estava à vista de todos, não se ouviu nenhum pio, por motivos óbvios.Placas de publicidade, colocadas estrategicamente ao redor do campo para obter os melhores e mais constantes ângulos das câmeras de TV, anunciavam bebidas alcoólicas cuja propaganda pelo rádio e pela televisão é proibida no horário em que o jogo se realizava. Sem nenhum pudor a TV anunciava, ainda que indiretamente, marcas de cachaça e conhaque que, pela lei, só poderiam ser mostradas depois das 21 horas.As tentativas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de impedir que bebidas de teor alcoólico mais baixo, como as cervejas e os vinhos, continuassem a ser veiculadas a qualquer hora do dia nunca vingaram. E uma das razões, sem dúvida, está no fato das cervejarias patrocinarem as principais transmissões de eventos esportivos no país.Ainda assim, a lei determina que bebidas com mais de 13 graus na escala Guy Loussac (caso da cachaça e do conhaque) só podem ser propagandeadas pela TV e pelo rádio entre as nove da noite e as seis da manhã. Mas na final do Paulistão, lá estavam sendo exibidas sem nenhuma restrição em plena tarde de domingo.Emissoras, agências de publicidade, anunciantes e concessionários dos espaços publicitários no Pacaembu (e de outros estádios onde a prática se repete) encontraram um belo atalho para burlar a lei. Além de resistirem bravamente a possíveis restrições à propaganda diurna de cervejas, conseguiram veicular também nesses horários bebidas de alto teor alcoólico, mostrando toda a sua esperteza. A cada tomada de câmera da pinga que "é uma boa idéia" ou do conhaque "macio", risos de superioridade devem aparecer nas faces dos que operam à margem da lei.Afinal eles são mesmo muito espertos.A essa gente não interessa, por exemplo, os resultados de duas pesquisas recentes realizadas aqui e na Europa. A brasileira, apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) e divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz, mostra a diferença de atitude em relação à bebida dos adolescentes que ficam mais ou menos tempo expostos à propaganda desses produtos. Os primeiros consomem álcool em quantidades maiores do que os outros.Os pesquisadores estudaram o comportamento de estudantes de 14 a 17 anos, da rede pública de ensino de São Bernardo do Campo, diante da exposição de 32 propagandas de cerveja. Entre os adolescentes que já haviam sido expostos previamente a mais mensagens publicitárias, a pesquisa constatou que o consumo de bebidas alcoólicas é de cinco a dez vezes maior. "As propagandas que mais chamavam a atenção dos estudantes estavam associadas a sexualidade, humor e futebol", disse o principal autor do trabalho, Alan Vendrame, pesquisador da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).Na Holanda, cientistas da Universidade de Radboud conduziram um experimento com 80 estudantes universitários do sexo masculino, de idades entre 18 e 29 anos, divididos em quatro grupos. Um deles assistiu ao filme American Pie - A Primeira Vez é Inesquecível, com muitas referências ao consumo de bebidas alcoólicas durante a trama e com propagandas desses produtos nos intervalos. Outro grupo assistiu ao mesmo filme sem nenhuma propaganda. Um terceiro grupo assistiu ao filme 40 Dias e 40 Noites, que tem menos referências a bebidas alcoólicas mas que foi interrompido algumas vezes por comerciais de bebidas. E o quarto assistiu ao mesmo filme, sem intervalos.Durante a exibição os participantes tinham acesso a uma geladeira com cerveja, pequenas garrafas de vinho e refrigerantes. Aqueles que assistiram ao American Pie serviram-se de 1,5 copos a mais de cerveja ou vinho do que os que assistiram ao 40 Dias e 40 Noites. Os resultados sugerem que o efeito do conteúdo de álcool na TV não só é capaz de aumentar a compra de bebidas alcoólicas, mas pode também estimular o seu consumo imediato."Nosso estudo mostra claramente que exibir bebidas alcoólicas em filmes e propagandas não apenas influi nas atitudes das pessoas e nas regras para bebida na sociedade, mas pode funcionar como uma sugestão que afeta o desejo e o subsequente consumo de bebida", afirmou o pesquisador Rutger Engels que liderou o estudo. A pesquisa foi publicada na edição de maio-junho de 2009 da revista científica britânica Alcohol and Alcoholism.As conseqüências desse consumo são mais do que conhecidas: doenças,atitudes anti-sociais, mortes no trânsito, entre outras. Mas a resposta dos publicitários e dos seus associados é sempre a mesma: a auto regulamentação resolve tudo. Afirmação igualmente desmentida por outra pesquisa conduzida por Alan Vendrame. Ele investigou a violação das regras impostas pelo código de ética do Conar (Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária) e constatou que 12 das 16 regras para a publicidade de bebidas alcoólicas são violadas. Entre elas, a que impede a propaganda de utilizar imagens, linguagens ou idéias sugerindo ser o consumo do produto um sinal de maturidade ou que contribua para o êxito profissional, social ou sexual.A determinação de que os personagens da propaganda não devem ter, nem aparentar ter menos de 25 anos, também não é cumprida. Assim como a que impede o apelo sexual. O pesquisador entrevistou 282 estudantes de 14 a 17 anos de escolas públicas também de São Bernardo dos Campo mas não os mesmos que participaram da outra pesquisa acima mencionada.São constatações que mostram claramente a necessidade da presença doEstado nesse tipo de relação. A sua ausência não só permite odesrespeito às regras de auto regulamentação como dá aos agentes dapropaganda a sensação de total impunidade, levando alguns deles a buscar caminhos tortuosos para burlar o pouco de lei existente. Como no caso das placas publicitárias colocadas nos campos de futebol para serem exibidas pela TV.

(A esperteza publicitária, do Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, professor de Jornalismo da ECA-USP e da Faculdade Cásper Líbero. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

a pergunta que não quer calar é: não dá para ser profissional dentro da lei? ou seja ganhar dinheiro e mercado respeitando e respeitando-se para não ser-mos pegos de calça curtas em matérias como estas?

terça-feira, maio 12, 2009

quem contamina quem ?

verdadeiro lesa-pátria o que a globo vem fazendo através do seu jornalismo. ou, dinheiro público jogado fora pelo governo.


enquanto veicula uma campanha para evitar o contágio - já acontecido - da estigmatização da gripe A1N1 como gripe "suína" - mais uma sacanagem dos homens para com os porcos - o governo leva diariamente o contra-serviço da globo que adotou oficialmente no seu jargão jornalístico "gripe suína" e que se foda o resto.

ora, que interesses estão por detrás disto? os suinocultores clamam pelo direito de continuar matando e comercializando seu produto que, devidamente tratado, não se constitui vetor de contaminação como a tal estigmatização leva a crer a plebe ignara, ainda mais ignara em atomosfera de pré-pânico. a globo, insite em martelar a gripe, como se martela a cabeça do porco para matá-lo, no interesse de que sejam veiculadas mais campanhas pelo governo ou pela iniciativa da privada? afina, não há justificativas para esta dicotomia de tratamento, por mais que "mister hommer", ache o povo tapado.

o certo é que devemos resistir a dizer que há espírito de porco por trás desta barriga, que não harmoniza necessidades e interesses da ordem da saúde pública com a saúde econômica, pela desarmonia entre "assessoria de imprensa" gratuita e publicidade paga.

por outro lado é sempre grande a tentação de chamar, ou fazer o trocadilho, de porco todo aquele que faz chafurdar na lama a ética, a decência, a deontologia. mas isso também é alimentar o estigma sobre o porco, animal que sofre a vitimização, esta sim de ordem ideológica imunda, que lhe atribui a incapacidade de discernir o que vale a pena do que não vale(atirar pérolas aos porcos). mas certamente, eles não seriam capazes de produzir tamanha pérola - ainda tem sentido de preservação da ninhada, que já não temos para com a nossa profissão - como esta urdida pela globo e pelo governo, eternamente gripados pelo vício da verba solta que contamina o ar de agências de comunicação do governo onde as máscaras da utilidade pública não são estéreis.

enfim, porcos e homens, tratados como iguais. mas não da maneira como deveriam.

segunda-feira, maio 11, 2009

filhos da mãe ou de édipos e jocastas, os tôscos

ogilvy, o david, entre princípios e tiradas, costumava dizer que o publicitário deveria pensar no anúncio como se ele fosse feito para a sua e, obviamente, a dos outros. mesmo que o dito-cujo-criador, presumo, seja um grandissímo filho da puta.

menos. bem menos, mas não tanto nem tanto, pelo viés do pudor falso moralista. os valores de ogilvy tinham a ver mais com sua busca no mister pelo respeito a inteligência das mamãs, como símbolo do consumidor em geral, que no caso(ou seria ocaso?) homens de marketing, e agências, persistem em ignorar. contribuindo elas mesmas de forma desastrosa para a disseminação da propaganda varejão de tuning e axé de antenada. nesta hora, o jargão da responsabilidade social, e a preocupação com a formação de valores educativos - estéticos e éticos - ou realmente inovadores em alto nível desce para o alto nível baixo, já que que as mesmas insistem em procriar, como se viu nestes tempos de infelizes dias das mães, que nem mesmo as piores deveriam ter, prelúdios iguais aos vistos. se isto é propaganda inteligente, eu realmente sou de outro planeta.

sem abrir o leque, que o calor da menopausa criativa destes "youngs creatives" é de fazer inveja as vovós, já que as mamães já fazem compensação hormonal, nem assim estes procuram fazer uma compensação em data emocional que tem a ver com seu nascimento, e com a incompreensão das mesmas: “ onde fui que eu errei para ter um filho publicitário”, principalmente o que se diz criativo e arrota siglas de premiações que mais parecem nome de amebas e correlatos para as progenitoras. e mesmo assim, no dia delas, fazem tudo igual, inclusive levando-as para o famigerado almoço dominical. haja pizarria e churrascão, para harmonizar com a propaganda engordurada que arrotam.

fisguemos o segmento dos magazines leaders da vida. você, filho devotado, pagaria a uma agência, para que ela fizesse um table-top modernoso de imagens com uma trilha sonora “re-arranjada” – e sempre inferior ao original - ? por mais bicuda que porventura tenha sido a sua, até o filho mais ingrato a pouparia.

pois foi só o que deu. a tendênciazinha barata, que é a pior de todas as zinhas(seguir tendências) de ser moderno e antenado(não há redundância: tem muita gente antenada que não é moderna, e muito moderno, como estes, que de antenado nem com bombril na antena) quando antenado mesmo foi o marketing e agência da shell, ainda nos anos 60 a colocar os mutantes com seus jingles originais a tocar a tal da gasolina ICA – que originalmente era PICA(pré-ignition control adctive) enquanto hoje o que se consegue é colocar aviões do forró(pra vender moto?!) e calypso para vender o cd “especial de retalho” mais para rebutalho) para o hipercard. ora meu filho! cd por cd, a mamãe compra o dvd pirata que é muito melhor(e mais barato). e seguem o caminho das perfumarias baratas de criação até as perfumarias ditas mais refinadas.

o “conceito” emocional rebuscado para as mamas de antão não vai além de reapresentar as tais trilhas(ela é a minha menina, rouge, ins´t she lovely,etc) como line de imagens ocas de emoção, repetidas a exaustão, que até velhos clichês, soariam mais modernos. e haja repetição/copiação/chuparização destes ditos ícones, simbolos e sinais(falsamente) modernos, de mesma batida e instrumentação, idem tomadas, ângulos e corte, a provocar a chamada entropia, a tal perda da energia(eficácia) no caso musical, imagética, que devem aprender isto nas aulas? mas quem liga para isso? as mamães pouco importa. será? afinal, mamãe faz de tudo para agradar o filho, outro clichê, mesmo que ele seja publicitário deste tipo.

e assim o dia das mães está cada vez mais se tornando o dia dos publicitários de pai anônimo e de mães mal amadas. ou se preferir, de édipos mal-resolvidos a fuder a torto e a direito a bunda inteligência delas, no dizer dos que pensam comerciais em tais parâmetros.

in tempo: poupe-se a masturbação. a foto que ilustra o post é de uma mãe em papel de jocasta.

quarta-feira, maio 06, 2009

ah! é, é?

Sobre rigor e futuro

O segundo Anuário da gestão da atual diretoria já está julgado e premiado.

Foi mais um ano muito duro. Muito poucas peças dignas, na opinião de alguns dos jurados, de entrar no Anuário e fazer parte da memória do ano de 2008.

Muitos estão insatisfeitos com esse resultado, enquanto outros acham que é exatamente esse rigor o remédio que precisávamos.

No meu caso, acho que esse rigor reflete duas coisas bem claras:

1. A real, a veiculada propaganda brasileira não vai bem.
2. O nosso júri é mais criterioso que o do D&AD, One Show e Cannes juntos.

Talvez o segundo seja conseqüência do primeiro.

O rigor como arma de defesa. Se o trabalho da minha agência não está bom, então o trabalho de todas as outras também não pode estar. E assim posso passar despercebido.

Sempre que estou num júri qualquer e vejo pessoas defendendo o rigor absoluto, eu desconfio: se o critério para julgar as peças dos outros é tão afiado, por que ele também não pode ser usado na hora de avaliar o próprio trabalho que sai da agência? Se fosse, com certeza estaria na frente de um dos maiores criadores do mundo.

Sinceramente, acredito que agências não são times de futebol.
Uma sala de júri não é um campo e jurados não são torcedores que defendem seu time mesmo quando um gol é feito com a mão e é incapaz de reconhecer no outro time um mérito qualquer.

A exigência de comprovantes concretos de veiculação, as regras rígidas que essa diretoria introduziu expuseram a ferida que todos nós sentíamos coçar há tempos. Que hoje, comparado com o passado, são muito poucas as agências que realmente procuram vender um produto criativo, diferenciado e surpreendente para todos os seus clientes e veiculá-lo.

Essa é a realidade do nosso mercado e por isso mesmo montamos essa chapa.

Queríamos incentivar toda uma geração de criativos a buscar idéias que solucionem de verdade os problemas de nossos clientes. Demonstrar aos anunciantes que a criatividade vende mais do que o clichê.

E se mais agências produzem um trabalho de ponta, veiculam esses trabalhos, mais empregos interessantes aparecem, maiores os salários, maior a valorização da nossa profissão junto a quem paga a conta.

Sinto na carne o quanto esse processo é dolorido para todos nós. Mas sinceramente acho que em breve podemos chegar lá. Num mercado mais criativo e ao mesmo tempo bem mais maduro.

E falando em futuro, gostaria de abrir aqui uma questão.

Quando o Chester me intimou a assumir o Clube, ele o fez com o argumento de que não poderia passar pela profissão, usufruir o que ela tem de melhor, sem dar uma contribuição à única entidade totalmente dedicada à criação publicitária brasileira.

O argumento pesou. Aceitei e montamos uma chapa de talentos inquestionáveis, que acreditavam nas mesmas coisas.

Juntos tomamos decisões complicadas, polêmicas, mas que todos nós achamos serem fundamentais para dar um novo sopro ao Clube.

Não vou aqui fazer uma lista de conquistas, feitos e melhorias,
pois nunca acreditei muito em auto-elogio. Mas posso e devo elogiar a forma com que toda essa diretoria comprou algumas brigas e se dispôs a mudar o Status Quo de tantos anos.

E também agradecer à Ciça, ao Giba, à Laís e a toda a equipe que eles representam pelo profissionalismo com que dirigem o Clube. Com eles por perto ser presidente, vice e diretor é moleza.

Agora, chegou a hora de discutir o futuro. Há muito mais para fazer, mais palestras, mais espaço para os estudantes, para todas as disciplinas.

Valorizar o ofício tanto do criativo como de designers, web designers, fotógrafos, diretores, ilustradores e músicos.

Quando aceitei, deixei claro para todos que seria apenas por um mandato. Agora, chegou a hora de começar a discutir quem poderia encabeçar uma nova chapa para continuar a mudança do Clube e ajudá-lo a enfrentar os tempos complicados
que estão apenas começando.

Sem muita originalidade, vou usar o mesmo argumento que o Chester usou comigo. Quem assume o Clube tem, assim como todos nós que escolhemos essa profissão, o dever de manter o Clube saudável, vivo e dinâmico.

E para isso, precisamos de nomes que sejam agregadores. Pessoas que querem fazer do Clube mais que apenas uma premiação anual, em que se mede o tamanho do talento de cada um contra o talento do outro. Fazer dele algo muito maior que uma competição de agências/times de futebol.

Espero sinceramente que a nossa chapa continue. Que dela saia um nome de consenso e que se disponha a continuar a valorização da nossa pequena, mas fascinante, indústria.

E seja quem for que aceite essa tarefa, de dentro ou fora da chapa, conte sempre com meu apoio. Dentro de alguma chapa ou mesmo de fora, ajudando a trazer nomes importantes para palestras, dando sugestões e palpites quando requisitado.

Só gostaria de pedir algumas coisas:

Que o faça para o bem da nossa profissão, e não de sua agência ou de si mesmo.

Que busque a valorização da propaganda de verdade e da discussão aberta.

E seja o mais generoso que puder com o trabalho dos outros e com todos que fazem dessa nossa profissão ainda uma das mais divertidas que existem.

Um abraço,
Marcello

x-x-x-x-x-x-x-x-x-

(desde a criação do cemgraus que nos batemos por isso. e por isso mesmo só levamos porrada, o que só nos faz acreditar que estamos certos. ainda mais num mercado onde donos de agência pagam para aparecer em colunas sociais, que como já dizia o bardo, é o passo anterior a coluna policial. alguém escutará o serpa? duvido muito. ainda mais esta geração que aí está que além de anônima, não é de nada)


Now playing: Black Merda - Over And Over via FoxyTunes