segunda-feira, março 30, 2009

a outra face daquela a quem deram as costas**

cuilibet in arte sua perito est credendum*

a deposição de josé pimentel da cruz do espetáculo da paixão de nova jerusalém deu-se, juram cantando ou não o galo três vezes, entre outras crucifixões, por conta da face marcadamente nordestinada de um josé que nunca negou fogo a fé no espetáculo, como se estivéssemos nós em região de cenários abundantes em cristos de cútis e irís zefirellianamente platinadas .

foi assim que iniciou-se a renovação carismática do espetáculo, devidamente assessorado - ou seria assoreado? - pela regras implacáveis do show business coisa que, convenhamos, a igreja entende mais do que ninguém. mas que no seu show must go on teve a sabedoria de nunca mexer, nem no enredo, nem na aura do protagonista, mudando apenas a tipografia do cartaz, conforme a língua.

sem querer colocar mais espinhos nas rosas e nas sandálias do murilo, que vai mais longe em outras praias, por acaso teria ele cara de cristo amanteigado? como deveria ter um protagonista global, destinado ao papel de corromper a autenticidade de um espetáculo que se fez global sem necessidade da globo, cujo interesse no espetáculo e vice-versa não é a multiplicação do pão, vinho ou fé, e sim dos trinta dinheiros calculados a peso de rostos que: ou são a moeda da cara da hora ou a de plantão comercial.

junto do murilo, ainda mais com aquela interpretação de caras e bocas cafuçu de canastra que se vê no "trailer", pimentel é, ou seria, um adônis no papel que sempre lhe coube, e que lhe eternizará pelo milagre operado pelo trabalho do "ator e seu duplo" que superou o personagem sem a necessidade da maquinaria(grotovski o endossaria?) o que em se tratando de cristo não é mole, até porque ele também era um deus na interpretação. e antes que vociferem blasfêmia a mim, que olhem-no, ao josé pimentel, com os olhos do povo que lhe abençoa e pede bençãos ao reis dos reis do arruda, como se diante do próprio ressucitado estivesse.

em matéria de cristo, quem calça as verdadeiras sandálias do pescador? certamente não é quem usa havaianas. e, para sermos justos, dupé também não vale. muito certamente a anatomia do personagem não está também nas ipanemas. e assim voltamos ao marco zero, onde a circunferência nos ensina que até a roda mais perfeita empena posta à prova ante a filosofia do prego.

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* a quem é perito em sua arte deve-se dar crédito

**originalmente publicado no misterwalk.blogspot.com

domingo, março 29, 2009

tamanho não é documento(ao menos na internet)

Não é fácil sobreviver na era da internet. O gigante de um dia é um anão no dia seguinte e às vezes um anão morto, se não souber captar o momento do mercado e a psicologia dos seus clientes e dos potenciais. E vice-versa: o anão de hoje é o gigante de amanhã(sílvio lefèvre, in nenhum gigante dorme mais em berço esplêndido).

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terça-feira, março 24, 2009

sinais da marolinha

Às vezes os sinais são sutis. Chegam devagarinho, vão se instalando e quando a gente percebe é tarde. Outras vezes, dá pra notar. E há aqueles que de repente aparecem: como um tsunami engolfam quem estiver pelo caminho e levam de roldão. Esses, um dia estavam por aí, cagando regras, depois desaparecem.

Por exemplo: desde a década de 80, Don Schultz vem advertindo marqueteiros e profissionais de comunicação para a importância do marketing e da comunicação integrados. Em 1999 ele e Beth E. Barnes lançaram o clássico Campanhas Estratégicas de Comunicação de Marca, traduzidos para o nosso português em 2001 pela Qualymark, onde eles advertiam: “não é mais Comunicação Integrada de Marketing, é Comunicação de Marketing Integrado.” Pois só há dois ou três anos, depois de ver o assunto ser tratado em Cannes, os publicitários brasileiros passaram a levar o assunto a sério – embora ainda sem saber direito do que, exatamente, se tratava.

Na década de 90, tive de ouvir:

“Isso não existe, é coisa que velho inventa pra se segurar no emprego!”

3. No livro, Schultz e Barnes fazem, entre muitos outros, os seguintes alertas:

. “A propaganda é, e continuará a ser, uma força motriz em marketing e no mercado, mas ela sozinha simplesmente não basta para a maioria das organizações de marketing.”

. (...) “A propaganda, mesmo em termos de campanha, não pode garantir o sucesso de mercado dos produtos e serviços. Esse sucesso exige mais do que propaganda, e requer formas diferentes de comunicação. Embora a propaganda seja um ingrediente importante, não constitui o único em um produto ou serviço de êxito. Do ponto de vista de marketing é necessário um produto de peso, um preço válido, distribuição pertinente e promoção efetiva. De uma perspectiva promocional, é preciso mais do que publicidade pela mídia – ou mesmo promoção ou marketing – para obter sucesso no mercado do século XXI. Faz mister uma visão diferente do mercado e uma abordagem diversa da comunicação.”

. “No século XXI o importante será a marca. Afinal, é com a marca que os clientes atuais e prospectivos se relacionam, e não com a propaganda, a promoção, o merchandising ou algo similar. É a marca que transmite valor aos clientes atuais e prospectivos. É a marca, de fato, que combina todas as formas e atividades de comunicação e que dá significado aos produtos e serviços. É a marca que vai dirigir o mercado do século XXI e é a comunicação de marca, portanto, que deve ser planejada, desenvolvida e executada por especialistas de comunicação capacitados.”

. “(...) A comunicação está evoluindo para um nível mais novo e sofisticado ou apenas regredindo para o que já sabíamos e fazíamos antes¿... Estamos indo tanto para frente como para trás, ao mesmo tempo. Adiante, para a comunicação instantânea e personalizada que as novas tecnologias oferecem. Para trás, em direção a formas de comunicação que foram perdidas no frenesi da mídia de massa dos últimos cinqüenta anos, mais ou menos. Adiante, para maneiras pelas quais o seres humanos são capazes de realizar comunicação interpessoal em quase qualquer parte do mundo, de maneira instantânea. Para trás, rumo aos meios através dos quais as pessoas efetivamente conhecem aqueles com os quais se comunicam, de modo a poderem transmitir significado, idéias e conteúdos verdadeiramente pessoais. Adiante, para uma época em que a comunicação individual significava algo diverso de qualquer coisa que havíamos experimentado em termos de comunicação. Para trás, visando a época em que a comunicação individual era considerada favas contadas. E, tanto para frente como para trás, no verdadeiro sentido de comunicação como sendo comunicar-se com os outros.”

.”... embora se diga que o conceito de marketing focaliza os consumidores e a satisfação das necessidades e dos desejos do consumidor, os consumidores não constam da abordagem dos 4 Os do McCarthy. A abordagem dos 4 Ps é voltada quase que completamente para o que a organização deseja fazer e para os instrumentos disponíveis visando a atingir essas metas... é esse enfoque interno na administração e no controle das atividades de marketing, ao invés de nos clientes e consumidores, que está criando muita dificuldade na transição do marketing e da comunicação de marketing para o mercado do século XXI.”

. “Na abordagem do planejamento de comunicação de marca que propomos, partimos do cliente ou consumidor e retornamos para a organização.”


4. E muitos, ainda hoje, insistem em ignorar os sinais....

(eloy simões, in excerto do seu novidades do futuro VIII)

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domingo, março 22, 2009

injeção na testa, eu por exemplo, só dou pago

“o brasil é o único país em que puta goza, cafetão se apaixona, bicheiro joga, traficante é viciado e pobre é de direita.” (atribuido a tim maia)

mas você pode acrescentar: onde agências dão de graça a coisa mais cara que elas dizem ter: as idéias, que provavelmente não devem ser grande coisa, já que ultimamente tem cliente que, agencia? não quero nem de graça.

a que ponto chegamos: tem agência que até paga pra colocar nomes na lista de clientes e nem assim eles estão aprovando.

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domingo, março 15, 2009

dos explorados, mal pagos, lambe-cus e bobobobs

"Na empresa que você está ou em outra que pode pagar melhor e que está havida por pessoas que ajudem ela a encantar mais seus clientes."

o texto acima, assim publicado em sua versão original no gogojob, é de um redator sócio-diretor de criação, tido como referência no mercado pernambucano e quiçá regional.

topadas na língua todo mundo dá. não há quem escape da madrastice da língua, já afirmou certa vez um filólogo maioral, em figura que também parece pixotada.

é certo que trocar ávida, por havida, é mais que uma topada. chega a ser quase um fratura exposta. mas não há porque crucificar, tripudiar ou denegrir quem quer que seja por tal. de há muito todos os que detratam os publicitários por seu fraco domínio do idioma - no tocante as normas de sintaxe castiças - aprenderam que somos essencialmente produtores e operacionalizadores de figuras de linguagem - e não lexicográfos de plantão - o que, claro, não nos exime do esforço de dominar minimamente o básico de regras, que estranhamente não são nada básicas. e isso sem engasgar com mais esta sopa de caroços da nova reforma ortográfica, que só vai servir para nos tornar ainda mais estranhos à nossa própria língua.

pois bem, ao ler o artigo, constatei o percalço e o apontei no espaço destinado aos comentários com a observação: havida por pessoas? não seria ávida? e entre parênteses:(convém não explorar e pagar mal aos revisores) o que apenas referencia uma leve chiste ao tema de fundo do artigo, e que julgo não deprecia em nada o autor. até porque(sim o meu calcanhar de aquiles é o uso do por que, por quê, porque, porquê)por mais que discorde da postura de quem quer que seja, não usaria do recurso(baixo) de procurar na correção gramátical ou léxica o que acho devo combater no campo das ideias.

pois bem, o meu comentário simplesmente foi censurado - mas o texto, alguém duvida? foi imediatamente corrigido - o que caracteriza uma atitude cujas considerações pedem adjetivos que os tenho na ponta da língua mas que sentem a falta de homens com algum caráter que os mereçam levá-los na fuça, tivessem eles bagos para tal.

isto feito, ainda enviei um segundo email onde textualmente dizia: muito bonito gogojob: censura o meu comentário mas faz a correção, que, obviamente !?, também foi novamente censurado, enquanto comentários de genuflexão e porra-louquice eram publicados à risca.

o episódio não deixa de lançar luz sobre a sustentação do ciclo de exploração e do mal pagar que também é fortificado por este tipo de sprit de corps, que chega as raias do lambe-cuzismo. e que só poderia mesmo partir do arrivismo que gere o pensamento que está por detrás do site: antes da utilidade pública, a utilidade pessoal de tentar colocar em evidência o nome de quem por trabalho não vai além do bobismo que aparentemente inofensivo já destrói o caráter das ditas novas cabeças, justamente aquelas que deveriam estar combatendo o ciclo que
as avilta sem dó nem piedade. mas aí seria pedir demais. até porque, quem nunca leu althusser( a ideologia e os aparelhos ideológicos do estado, por exemplo) coisa que os publicitários de antigamente liam, só vai perceber que são justamente as vítimas que dão continuidade ao ciclo de dominação e consequentemente da exploração e dos mal pagos, principalmente ao fazerem-se lambe-botas dos exploradores. é esta ilusão demarcada, não se sabe até que ponto inocente e não premeditada, que em nome da falsa proximidade ou intimidade com os donos do poder corrói a identidade profissional de muitos que tentam de forma bisonha assegurar o que quer que seja que não seja o papel de puxa-saco. basta ver a profusão de textos auto-elogiáveis no endereço, e o correr rapidinho para consertar o período de quem teoricamente lhe "pode" dar emprego, mesmo que neles sejam explorados e mal pagos, isso quando pagos.

ainda assim, apesar de tal manobra canhestra, o texto continua com problemas, no mínimo de cacófato ou seja: continua faltando revisor (como falta neste aqui).

do texto, em flash-back, o que me surge é um jovem profissional, que já transitou entre espanha e portugal, e que recém chegado ao outro lado do atlântico confessava entre misto de esturpor e revolta que saiu da agência "havida por pessoas que que ajudem ela a encantar mais seus clientes.", porque recebeu a resposta de que não poderia ter aumento, uma vez que o próprio dono da agência justificou a negativa em razão da compra de um novo sofá que até onde se ouviu nem era para a agência.

como se vê, o mau uso da língua é capaz de suscitar passagens que nenhuma gramática, e não só, explica. apenas evidencia.

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domingo, março 08, 2009

geração banner ou devo, não nego, pago quando puder

Se uma causa ou um efeito não for imediatamente aparente, lembre-se de que ambos existem – basta buscá-los. - Reflexão sobre o Princípio da Razão Suficiente, de Leibnitz

estou devendo, a meia dúzia de gatos pingados e cães vira-latas que me seguem, para além, claro, das hienas, coiotes e carcarás que disputam a querência de ver a minha carcaça pelas costas, a publicação do swamp advertising, que teve um delay pra lá do intencional.

se lhes serve de consolo, será publicado. até porque swamp advertising revela um conceito em no qual baseio a minha maneira de estar na publicidade - ou melhor na comunicação mercadológica - e marca por assim dizer, uma volta para o futuro ou talvez esteja eu dando uma volta no futuro?

enquanto isto fiz algumas anotações que pretendo publicar sobre agências amplas e outras que fazem da publicidade grupo. afinal, posso não ser um grande contador de piadas, mas continuo preferindo perder o emprego a perder a oportunidade de contá-las ou não fazer parte delas, o que é insuperavelmente melhor. afinal, pagar mico é coisa mesmo pra gente que pagou o mico da universidade a peso de ouro e como ainda não se fartou ainda descambou para os mbas que é o mico pós-graduado.

como diria um blogueiro musical: " Nas décadas de 60/70, se déssemos uma guitarra a um adolescente, poderíamos estar criando um Mutantes, um Free ou um Humble Pie; hoje, corremos o sério risco de criar um NXZero, um CPM22 ou um Jonas Brothers. Affff...que lástima!"

pois é. na propaganda demos macs pra molecada e nos saiu a geração mais acovardada - pra não dizer medíocre - que se tem notícia na história da publicidade: a geração banner que é também a mais descartável de outras. afinal, por qualquer quinhentinhos - quando não de graça - você os tem as pencas no que tange a serventia de fósforos sem cabeça.

e para não perder a pose de provocateur digo que há um certo cheiro de bluff no ar, com os pei bufs e pá puns que se querem honoríficos de valor a marcas classificadas, quando o certo é que não passam de pum de vento esvaziado. na província, faz sucesso o procedimento típico de quem fez a feijoada retornar do reto a boca e arrota isto com ares de inovação mamada pelos chupa que é de uva de plantão. um e outro "conceito" não passam do mau requentamento do anísico bordão do vapt-vupt, que por sua vez seguiu-se a outros tantos. depois ainda há quem lhes dê azo para anunciarem-se como conselheiros de pastas de criação em workshophs com mão mais maior de grande para o comércio e cabeça atrofiada para exemplificar, uma vez que conceito que os anuncia(utilizar nomes de celebridades como gag) é tão velho como dizer que isso é mais velho que "cacar de coca".

ora, se os sujeitos não conseguem fazer um anúncio que minimamente mereça um pasta como é que vão dar pitacos sobre a pasta de alguém? só se for pastas de bosta, no melhor estilo basta um pingo destes para enmerdar tudo.

isto é que é ser da hora?
Now playing: popa chuby - sweet godness of love and beer via FoxyTunes