terça-feira, fevereiro 28, 2006

frasecídio

a era das belas frases acabou.

theodor fontaine (1819-1898), na abertura do phrase book 5.

memórias desafetivas

anos 60. margarina em tabletes. bem-te-vi. aumentado em proporção, um drops de margarina. papel laminado, de pássaros pretos sobre o dourado da alimonda irmãos. comi-os tanto, que arranjei um intoxicação que quase me fez sumir os orgãos genitais tamanha gravidade da erupção, já que os caroços de inchaço suplantavam em tamanho meus ovos de criança

o comercial da margarina, era feinho de doer. um assovio de trilha, boneco criança desandado, sobre carroça a responder ao pássaro, bem-te-vi, que mais havia de ser? assoviando na mesma pisada. passava-se se no pão, no tempo que pão ainda era pão, e não solução de bromato, e já alguém levava cascudo ou safanão à mesa, que mesa era lugar de respeito, por estar assoviando o bem-te-vi, bem-te-vi. o comercial tornou-se kitsch, não por querer, bem antes da palavra tornar-se pastiche dela mesma, era ruim o comercial pela toscocidade da produção. perdoado estava porque animação tinha como pârametro walt disney, e isto seria impossível fazer por aqui.

lembro do comercial ao ver os tragicômicos comerciais da unimed, com a doutorazinha – pelo menos assim o é, enquanto ridícula presidente de uma entidade que já não bastasse a imprecisão de propósitos revelados no atendimento que não corresponde à promessa –ainda nos vem a palrar texto de inchar qualquer testículo minimamente comprometido com senso de rídiculo, erro médico para o qual não tem perdão, claro sempre perdoado pela ordem dos médicos, que cala quanto a isto. e quem cala consente. como consente outro médico, com o agravante que sendo homem de teatro, não podia nunca desandar como o faz no comercial do café royal, como se não bastasse, dado a cara para a publicida unimed, onde já fez outros papéis carbono. mas pelo menos noutros, poupando as netas de tal vexame, honestamente sendo mais café digo.
passados mais de quarenta anos, reviram-me as entranhas ver o comercial da água sanitária dragão, doutras épocas mas feliz. e não pelo produto em sí. é que o flash-back é um envenenamento de todos os sentidos. prova corrosiva e corroborante, de há quantas andas a propaganda pernambucana, da qual alardeiam tanto fulgor assinaturas de agências que acoplam siglas ao seu nome. sabe-se lá se para compensar falta de idéias no que assinam.

involuímos para o mais completo sem graça. para o insulto, pelo menos para quem não gosta de ver sua mãe, sua vó, suas filhas, consumidoras em potencial, heavy user, na verdade para ficar mais expertise, a ser chamada de estúpida, de desmiolada, de estaferma, que parece ser o mandatory do briefing e do contra-briefing, devidamente institucionalizado na má corporificação desta absoluta falta de idéias.


depois reclamam que os clientes espremem a remuneração das agências à moedas. mas com moedas criativas iguais a esta, o escambo ainda é lucrativo para as agências. ainda que moedas de chumbo quente, a furar-lhes os bolsos inexoravelmente. corroendo o negócio a tal ponto que: comerciais de quarenta anos atrás quase desintoxicam os fígados hoje irremediavelmente comprometidos com tais peças.

a maior diferença, passados quarenta anos, é que para se ficar intoxicado havia que se comprar o produto e consumí-lo non sense.

hoje, basta ver os comerciais. para que produzam intoxicação tamanha a contagem das repetições aos atingidos.

bem-te-vi, bem-te-vi. nem isso, pode-se dizer. no máximo: idéia de cabeça que pede, cria e aprova, movida a titica de passarinho.

p.s. já não bastava o insulto da campanha do hipercard, assim haja porque "pensada" para nós, corretamente adequada ao nosso nível ?

não dê as costas para este mercado

Resultados de uma pesquisa feita pela internet com 6300 pessoas nos EUA:
US$ 65 mil por ano � a renda dos casais homossexuais nos EUA;
US$ 100 mil por ano � o que disse ganhar 20% dos entrevistados;
A renda dos homossexuais � 60% mais alta que a renda da família média americana;
US$ 100 a US$ 299 � o gasto médio com entretenimento a cada mês;

o mercado gay brasileiro é diferente ? ainda que menor desprezível?
tem cliente e agência que acha. enrustidos ?

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

enquanto isso nos bastidores da campanha pra governador

"quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão"

nesta quinta

carnaval do recife x carnaval da bahia. a batalha da comunicação foi perdida. e faz tempo. coisas da pernambucaneidade ?

aprendendo a contar novamente: 1,2,3,4

Nunca se deu tanto poder ao consumidor como atualmente. Hoje em dia, ele não só tem o irrestrito poder de escolha do que deseja comprar, na cor que quiser, no tamanho que quiser, de onde quiser, bem como pode escolher até o quanto quer pagar pelo produto.

O poder crescente do consumidor, a desintermediação (qualquer um entre o produtor e o consumidor que não agregue valor para o produto será posto para fora da transação), a desestruturação da cadeia de valor, o aumento da abrangência e da riqueza, a valorização ao conteúdo em detrimento à forma e outras características ímpares modificam de maneira significativa o mercado como um todo. Um novo modelo prático e teórico surge com a Economia Digital e a adaptação é questão de sobrevivência.

Toda a teoria que há mais de 50 anos vinha guiando as instituições na busca por resultados está passando por profundas modificações.

A brisa que antecede a tempestade pode ser sentida em uma breve análise e releitura daqueles que norteavam o marketing nos seus idos tempos: os famosos 4 Pês. Aqueles mesmos que deram tantas alegrias aos consultores e teóricos do marketing, hoje parecem saídos de um baú. Afinal, depois de terem contribuído tanto para a consolidação do marketing no mundo e terem apontado o caminho para um estudo menos empírico desse campo, eles têm que ser redefinidos.

Preço - A precificação em negócios virtuais como Mercado Livre, E-bay e tantos outros não se dá
mais pelo sistema tradicional de preço fixo baseado no custo e margem de lucro desejada, mas sim, por um “laissez faire, laissez passer” de um leilão virtual em que o preço é fixado de forma dinâmica.
O preço cada vez mais se aproxima do valor real do produto, uma vez que o consumidor escolhe quanto de capital deseja dispor para adquiri-lo.
Um exemplo claro disso vem da Inglaterra daquele que ficou conhecido como o site de um milhão de dólares. O jovem Alex Tew, com dificuldades de arcar com os custos de sua faculdade, em agosto de 2005 lançou uma página dividida em um milhão de pixels em que a proposta era vender cada pixel por um dólar. Alex causou uma febre de compra de pixels. Os últimos mil pixels foram vendidos no eBay por US$38,8 mil, quase 40 vezes mais do que o valor original.

Praça - O negócio de algumas empresas, das quais o Mc Donald´s e Casas Bahia se enquadram, sempre foi o imobiliário. Conseguir os melhores pontos faz parte intrínseca do sucesso de seus planejamentos estratégicos. Porém, um novo player deve ser considerado nesse modelo de negócios: o comércio on-line.
Hoje já é possível comprar de sanduíches a carros pela Internet sem nenhum ponto físico aparente. A “praça” se mudou para dentro de nossos lares e daqui a muito pouco tempo, quando os celulares de “enésima” geração e os PDAs cumprirem a promessa de mobilidade absoluta, a “praça” se mudará para os nossos bolsos.
A praça hoje se resume ao lugar que mais convier ao consumidor, pode ser em uma fila de banco, no estacionamento de um shopping ou no computador do seu quarto.

Promoção - Havia um tempo em que se falava de “Below the line” e “Above the line” – conceitos em desuso ultimamente.
O fato é que, os anunciantes aprenderam o caminho e com o acirramento da concorrência entre as agências, o BV - que definia a linha do que dava faturamento ou não - está com os dias contados. Em pouco tempo não existirá mais linha nenhuma.
Hoje a melhor divulgação que uma empresa pode desejar para a sua marca é a propaganda boca-a-boca através do marketing viral, ainda pouco contemplado em campanhas de marketing, e através de blogs e comunidades virtuais. Com o crescimento vertiginoso destes, o consumidor é que gera sua própria mídia, a chamada “Consumer Generated Media”, e conseqüentemente qualquer promoção eficaz deve necessariamente se iniciar no próprio consumidor e não nos veículos dirigidos a ele.
Tremenda mudança de paradigma.
Quando que Ogilvy ou Bill, em seus dias mais fecundos na direção de suas então jovens agências iriam pensar em uma propaganda em que quem manda é o consumidor?
Produto - Se disséssemos a Henry Ford, que hoje estaria em sérias dificuldades financeiras, que deixasse para o cliente o trabalho de projetar como seria o carro que ele iria comprar posteriormente, na certa ele nos chamaria de loucos. A máxima “qualquer cor desde que seja preta”, se transformou em “qualquer cor, modelo, acessórios e preço desde que seja do gosto de quem comprará o carro”.
Hoje vivemos em um estranho mundo em que os consumidores participam ativamente da produção do bem que virá a adquirir.
Para quem conhece o site da Nike Shox, sabe bem do que estou falando. Além de projetar rapidamente pela própria Internet o tênis dos seus sonhos (com as cores que você deseja e até com o seu nome gravado), você também o recebe em sua residência por um valor somente um pouco maior do que o da loja.
O consumidor de hoje, não só quer participar da produção, como quer receber o produto na sua residência, devolver sem transtornos se não gostar e ainda escolher quanto irá pagar por ele. Fatos impensáveis à luz da velha economia.
É claro, entre o fato de o consumidor querer e de as empresas o atenderem vai uma longa distância. A distância medida por empresas lucrativas e empresas falidas.
Chamem todos os teóricos do marketing de volta à academia porque o desafio está lançado: depois de tantos anos, faça-se a revisão dos tão celebrados 4 Pês.

4 Pês aos olhos da Economia Digital por Conrado Adolpho, Diretor de criação da Publiweb - Marketing e Consultoria Digital www.publiweb.com.br
www.conrado.com.br)

do jeito que as coisas andam até traduzir é um risco. mas nem este você quer correr ?






Rance Crain, editor in chief, 'Advertising Age'



Risk aversion is risky business for marketers and agencies.

The phrase “risk averse” has been cropping up with greater frequency as a description of the advertising industry.

At our Madison & Vine conference in Los Angeles the other week, Stephen Berkov, director-marketing for Audi of America, said that when he returned to the U.S. from overseas assignments he was surprised at how risk-averse -- and at the same time arrogant -- marketers had become. He said what’s needed is to “kill corporate” -- which was turning into a real-life version of the comic strip “Dilbert” -- and “resuscitate brands.”
And in a recent article The New York Times said alternative adman Robert M. Greenberg, proprietor of R/GA, “prides himself on being an iconoclast and a troublemaker in an industry that is flashy and kinetic on the outside but which has grown conservative and risk-averse at its core.”
An era of great uncertainty
What a depressing state of affairs. For one thing, as a Madison & Vine panelist put it, we are living through an era “where great uncertainty reigns,” and people and companies are hunkering down around their core competencies -- which might not be the right ones for the time. If the “old traditional platforms” don’t work anymore, as another M&V speaker said, nobody is sure what is going to work, so the temptation is to stick to what used to produce results.
Another factor is the stock market, which has taken a terrible toll on America’s public companies. It beats them up numerically for missing their profit numbers every quarter, and even if profits are up stocks get hammered if the Street doesn’t think they’re up enough --or if management injects the slightest caution about the year ahead.
So companies have learned not to take chances on things they can’t control, and that includes advertising that tries to break through the clutter, to break out of the pack.
Creativity, an endangered species
Advertising creativity is an endangered species -- case in point: the latest Super Bowl ads -- and you can blame it on big agencies and big companies. Here’s why:
The big ad-agency holding companies, being publicly held entities, are especially adept at going where the money is -- on a long-term, and more predictable, basis. And contrary to popular opinion, the money today isn’t in 30-second commercials; it’s in marketing services, where the big holding companies now get over half their revenue and profits.
But as we heard at our M&V conference, marketers aren’t necessarily looking to ad agencies’ traditional lineup to drive their business, whether 30-second spots or marketing services.
Steve Heyer's ideas
What they’re looking for are ways to enhance their brands by giving customers “behind the ropes” access to places and events that non-customers don’t get to go. So Steve Heyer, head of Starwood Hotels, is enlisting help from hip partners to differentiate its various hotel brands. He’s having discussions, for instance, with Victoria’s Secret about having fashion shows at W hotels. I didn’t hear Steve mention ad agencies as a source for these ideas.
Maybe marketers are becoming more risk-averse where traditional advertising is concerned. They don’t think it’s worth the effort and risk to pour money into the same old things because the results don’t come with a guarantee.
What worries me most here is that the play-it-safe attitude of the ad industry is indicative of bigger problems. U.S. companies, and the U.S. economy, have prospered because they were willing to take chances. We innovated, we challenged, and the result was perpetual renewal of our system.
Let’s free advertising from the tyranny of trepidation and timidity.

domingo, fevereiro 26, 2006

carnaval

pouco a pouco o carnaval se transfere para brasília. brasília já tem, pelo menos, o maior bloco de sujos.
millor
quando millor afirmou isso, bloco era bloco, não era quadrilha.

a idade da angústia

texto agora disponibilizado em: hayquetenercojones.blogspot.com

sábado, fevereiro 25, 2006

carnavalesca

você usa quarenta e três músculos para franzir o rosto, e apenas dezessete para sorrir. carnaval taí mesmo como desculpa para poupar energia numas coisas e esbanjar outras.

há vácuo, cabeças de vento, cabeças coroadas, e labareda, quanto muito acesa, chamusca a quem a acende

No vácuo de Duda Mendonça e Nizan Guanaes, uma nova leva de especialistas se prepara para assumir o comando (e as verbas) das milionárias campanhas eleitorais deste ano.

Duda Mendonça está fora. Flagrado no uso do caixa dois, abatido pela crise do mensalão, o ícone maior dos marqueteiros políticos brasileiros não vai participar das eleições gerais deste ano. Duda não vai pegar a campanha da reeleição do presidente Lula, seu Lulinha Paz e Amor, seu melhor cliente, nem de qualquer candidato relevante a governador. Nizan Guanaes, rival maior de Duda, também está fora. Chefe de duas campanhas presidenciais vitoriosas de FHC – e também da campanha derrotada de José Serra em 2002 – Nizan já avisou a quem interessar possa que desta vez vai ficar longe das urnas. Por vontade própria, ressalte-se. Mas como não existe vácuo em economia, neste exato momento há pelo menos uma dúzia de marqueteiros lutando como leões pelas melhores fatias de um mercado que, somadas as eleições presidenciais com as dos 27 Estados, deve movimentar este ano cerca de R$1 bilhão em gastos com pesquisas, consultoria estratégica, criação publicitária, jornalismo e programas de TV. A previsão é que só na eleição presidencial os candidatos gastem juntos R$ 140 milhões com comunicação e marketing.



“Será a eleição da crise, a mais disputada de todos os tempos”, prevê Carlos Rayel,da Mídia Brasil, marqueteiro de Anthony Garotinho e o único que já tem contrato assinado com candidato a presidente. “Não será mais possível tratar o eleitor e consumidor como se fosse a mesma coisa”, analisa Antônio Lavareda, marqueteiro oficial do PFL.“Por isso os candidatos estão procurando aqueles que entendem de estratégia política e de comunicação ao mesmo tempo”, acrescenta. “Este ano vamos ter mais discussão política do que festa”, avalia Chico Santa Rita, veterano do marketing político e estrela em ascensão desde a vitória da sua campanha pelo Não no referendo das armas. Com admiradores no PMDB, ele não deve estar na campanha presidencia deste ano, embora já tenha sido procurado por um punhado de candidatos a governadores. Com a experiência de quem está nesse negócio há mais de duas décadas, Santa Rita avisa: “O ambiente da campanha se forma durante a própria campanha. Quem já está prevendo baixarias pode estar totalmente errado.”

Alguns desses profissionais em ascensão são novidades. Outros, há muito no mercado, estão ocupando posições de maior destaque. O baiano João Santana está herdando a máquina de Duda Mendonça. Já foram sócios mas depois brigaram. Patinhas, como Santana é chamado pelos amigos, tem uma estrutura ainda pequena, mas está conseguindo segurar os melhores clientes. A começar pelo presidente Lula e a maior parte dos candidatos do PT a governador. Ele é o favorito do ministro Antônio Palocci, da Fazenda. Desde novembro, a cada dez dias Palocci leva Patinha ao Planalto para dar conselhos privados ao presidente. Lula ainda não assinou contrato. Há forte pressão no PT para que a conta da campanha, estimada em R$ 50 milhões, seja entregue ao publicitário Paulo Tarso Santos, dono da Matisse, que foi o marqueteiro de Lula entre 1989 e 2000. A tendência é que os dois trabalhem juntos, em consórcio.

Há uma batalha em curso pela conta do candidato tucano à presidência, estimada em R$ 60 milhões. Se o escolhido for Gerado Alckmin, o comando ficará com o jornalista Luis Gonzáles, da produtora de vídeo GW, e a estratégia pode ser entregue a Cila Schulmann, que vem de sete vitórias consecutivas no Paraná em campanhas muito duras. Mas para isso será preciso dobrar González, que não abre mão de trabalhar com sua própria equipe e o comando do processo. Uma de suas máximas profissionais é que campanha dividida é sinônimo de derrota. Cila vem recomendada por Jorge Bornhousen, presidente do PFL. Se o nome for José Serra, fala-se na formação de um consórcio de marqueteiros, sob o comando de algum estrategista político. A dificuldade nessa composição é que ela pressupõe a soma de egos e estilos profissionais que não combinam. Santa Rita e González, por exemplo, brigaram na campanha de Ulisses Guimarães,em 1989, e desde então não freqüentam a mesma sala. A divisão do estilo é ainda mais nítida. Enquanto Santa Rita e González vêm do meio jornalístico, Nizan e Duda são publicitários. Uns acreditam em sugestão e repetição, os outros, em informação e novidade. O publicitário Einhard Jácomo da Paz, que comandou a campanha de Ciro Gomes em 2002 e a do presidente de Portugal Durão Barroso em 2004, também disputa Serra. “Mas as melhores contas estão nos grandes Estados”, diz Einhart. “São Paulo sozinho é maior do que a Espanha; Minas, Rio e Bahia são verdadeiras nações”.

Mais do que nomes, as eleições deste ano devem ser marcadas pelo início de uma nova era no marketing político. Quando começaram os programas eleitorais gratuitos na TV, em 1985, esse mercado era dominado por produtores de TV. Os programas eram enormes, todos no formato jornalístico. Chico Santa Rita é dessa época; a GW também. Depois que Duda Mendonça conseguiu eleger Paulo Maluf prefeito de São Paulo em 1992, começou o mito de que um bom publicitário seria capaz de fazer milagres na política. Em 1994, a estratégia da campanha de FHC foi entregue ao discreto publicitário Geraldo Walter, mas o ex-ministro Sérgio Motta exigiu uma estrela do marketing para empolgar a militância tucana –foi assim que surgiu Nizan. Agora os próprios marqueteiros estão prevendo o inicio de uma nova era. “Desta vez, não vai dar para ganhar eleição só com boas sacadas de marketing”, afirma Carlos Rayel. “Vamos ter que usar estratégias mais refinadas, com combinação de pesquisas, TV, rádio e internet”, faz coro Cila Schulmann. Por trás dessas previsões, há análises divergentes sobre o teor da campanha que se aproxima. Para alguns, como Santa Rita, haverá muita vigilância ética e financeira sobre os candidatos. Outros enfatizam a possibilidade de baixarias, dada à elevada temperatura política. Mas ninguém ainda conseguiu prever como a questão do mensalão e caixa 2 vai afetar os custos das campanhas. O discurso geral dos especialistas é que os preços estão no lugar e os partidos podem pagá-los legalmente. Atribui-se apenas a Duda Mendonça os “desvios que encareceram as últimas eleições Com o baiano fora do páreo, o mercado e seus preços voltariam à normalidade, inclusive ética. Mas seria estranho se Duda sozinho fosse responsável por “deformar” um mercado de um bilhão de reais.

Nos Estados Unidos existe um pujante mercado de empresas especializadas em eleições. Empresas de pesquisa, há 293 a serviço dos candidatos. Agências de publicidade, como as de Duda e Nizan, há 311 que só fazem isso. Consultorias de estratégia, são 443 – além das empresas de websites, de mala direta e investigação. O mais curioso é que todos os cardeais das campanhas americanas, como James Carville, Dick Morris e Stanley Greenberg, têm origem na Ciência Política. “É essa a grande novidade do nosso marketing político: os estrategistas estão tomando o comando dos publicitários”, avalia Lavareda. Como ele próprio é um consultor de estratégia que trabalhava para os publicitários, pode ser marketing de novo marquteiro.

Quanto custa a marketagem; Item por item, para onde vai o dinheiro de comunicação nas campanha;
Programas de rádio custam cerca de R$ 1 milhão e programas de TV custam outros R$4 milhões;
Os vários tipos de pesquisas necessárias ao longo da campanha podem consumir, juntas, cerca de R$ 2,5 milhões;
Assessoria de imprensa: custa cerca de R$ 1,7 milhão um grupo de jornalistas e fotógrafos para acompanhamento e divulgação do candidato;
Debates:equipe mista de técnicos e jornalistas que prepara os candidatos custa pelo menos R$ 300 mil;
Publicitários – R$ 1 milhão é o preço de uma equipe de criação das peças de campanha;
Monitoramento – um grupo de acompanhamento de todas as notícias, 24 horas por dia, custa R$700 mil;

quem são os marketeiros, por hugo studart e ivan martins, para a isto é dinheiro.

gírias de todas as tribos

outro dia o coruja estava batendo lata e encontrou um tatu.
— e aí ? eles acertaram o pilão ?
— que nada, a espada abriu o caderno e passou o maior chapéu no piolho!

do kárin fusaro, andei fuçando, da panda books. como tudo que trata de gíría, mal você compra e já está atualizado. quando traduzir, publico, ou não.

a minha leitura do carnaval

os criadores, uma história dos heróís da imaginção, do daniel j. boorstin, da gradiva, adquirido na assírio&alvins, numa tarde amena em lisboa, de um agosto de 2000, já agora tão distante como o século passado.
702 páginas, sintetizando a história da cultura ocidental em três mil anos de conquistas nas áreas de filosofia, religião, artes e artistas.
mesmo que lendo, diagonalmente, como todo velho publicitário, sempre extrai-se alguma coisa para uma próxima campanha. quer dizer, assim era também no século passado.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

quase-folia

alguns publicitários não deviam brincar carnaval.
já fazem da vida baile de máscaras o tempo inteiro.

pilulinha do azul

apesar de toda pernabucaneidade a flor da pele, a auto-estima dos pernambucanos anda tomando o viagra de uma veiculação penitente com selton melo nos enternecendo o coração com sua escolha de passar o melhor carnaval na terra das melhores praias.

se fosse visto de relançe, poder-se-ia pensar que era carnaval na bahia.
faz sentido. afinal vender o carnaval de pernambuco para pernambucanos com tanta veiculação assim é a maior bandeira.
sem falar que foi preciso duas agências para chegar a tanto. tanto quanto ?

sombrinha

jornal nacional cobre o carnaval e mostra material sobre abertura do carnaval de olinda. chôcha. e de quebra, rabo de galo na ponte duarte coelho. matérias sem a menor substância, sequer aperitivas.

imediatamente depois, mister hommer anúncia o epicentro do carnaval do nordeste. e, dá lhe bahia. com o triplo de tempo de mostra de tambores e turistas desengonçados.

meu rei, continua majestade, acima de todas nossas firulas de pernanbucaneidade

ah! sim, o melhor carnaval na terra das melhores praias é aonde mesmo ?

qual a melhor maneira de remunerar uma agência ?

Só há uma: pagando. Todas as outras formas são anormalidades provocadas pelo vírus mutante da falta de consciência e do nacional-espertismo. A coisa é simples. Muito simples. Parece aquele filme meio inocente que passa nos cinemas para alertar contra a pirataria de filmes e música (aquele do "você roubaria um bolsa?", "você roubaria uma TV", etc). Apanho a boleia no mote e pergunto: "você entraria num supermercado da Sonae e perguntaria se o Eng. Belmiro gentilmente cederia uma dúzia de ovos?"; ou "você acharia normal se a Zara resolvesse oferecer casacos e calças caras na simples compra de um par de meias?"; ou ainda "você é daqueles que acham que apanhar um jornal na banca e sair correndo não é roubo e sim gesto voluntarista na tentativa de combater a iliteracia do país?" Bem, se a sua a resposta é sim, parabéns. É um ilustríssimo candidato a cliente mal atendido de alguma agência que adore praticar dumping. O problema é que na economia de mercado não há almoços grátis. Alguém ainda vai pagar a factura. O mais provável é que seja mesmo você. Vamos esclarecer. Como diria o meu Tio Olavo: "Saco vazio não pára em pé." Quando a esmola é muita, o mendigo deve desconfiar e pedir a factura. Tudo tem um preço. Antigamente era fácil. As agências viviam basicamente da comissão de media. A vida corria bem (talvez bem demais, mas isso é outra história). Aí mudaram o sistema. A media tornou-se um negócio à parte e pronto. Ainda havia a comissão de produção. Mas aí decidiram que não era bem assim. E a produção tornou-se em algo também mínimo e satélite ao negócio principal. Veio o sistema de fees. E veio com isso a incrível improbabilidade de se calcular, à partida, o número de horas que é preciso para se conceber e produzir um bom anúncio. O busílis da questão é que o exercício da criatividade publicitária não é igual a partir pedras numa pedreira. Não estou a dizer que uma actividade é nobre e a outra não. Longe de mim. Apenas são diferentes. Há que se viver com isso. Não se compra raciocínio aos quilos. Não se mede bom senso aos metros. Há coisas na publicidade que levam-se anos a aprender. As horas de um profissional sénior não podem ser comparadas às de um júnior. Há bons publicitários, maus publicitários e publicitários assim, assim. Agências idem. É normal negociar com qualquer fornecedor e querer pagar menos. É saudável questionar para onde vai o seu dinheiro. É lógico nivelar as remunerações que paga pelo mercado (e se o mercado não sabe se regular, o problema é do mercado e não seu). Mas acreditar que é um bom negócio esmifrar a sua agência até ela ir à bancarrota é uma prova de ausência de tino comercial. E da falta de um bom curso de ética nos negócios. Uma agência é igual a qualquer empresa. Precisa de dinheiro para existir e bem servir. Pode até fazer algumas promoções regulares e abrir mão de algumas vantagens durante algum tempo. Mas não pode viver eternamente a oferecer o que lhe provoca custos. E há algo mais custoso do que ter clientes? Podem-se inventar as fórmulas mágicas que se quiser. Mas some dois mais dois e o resultado vai ser sempre quatro. A aritmética não perdoa. A questão faz-me lembrar uma história que ouvi numa entrevista da actriz brasileira Fernanda Montenegro (e que não me canso de citar em reuniões de negociações com clientes). Uma vez, a Fernanda foi assediada por um amigo que queria bilhetes grátis para assistir uma peça dela. A reposta da actriz foi pronta: "Por favor, meu grande amigo, não peça para lhe oferecer a única coisa que tenho para vender." Acho a humildade e profundidade dessa resposta impressionante. Era bom se todos os publicitários se espelhassem nela.

Edson Athayde

programação de carnaval

fazendo folia ou não, vamos continuar por aqui. diariamente, jurando que não temos a menor vocação para ser pedra no sapato no frevo, ou no samba, de ninguém.
cemgrauscelsius e misterwalk, atualizados diariamente, até na quarta-feira de cinzas.
voudejeg, bompracachorro, aproveitaenquantodura e foodsequiser, também vão colocar o bloco na rua.
em todos, o sufixo blogspot.com é o estandarte de acesso.
mas seu eu fosse você, não perdia tempo comigo.
carnaval é tempo de outras escalas.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

troco

mais dia menos dia aquele vendedor de sorriso de plástico também vai ter de comprar. ai, com um pouco de sorte, ele será atendido por alguém que lhe retribua o sorriso.

marketing casa grande&senzala

em 1998, vim ao brasil por uma semana,acompanhado de um casal português. entre praias e acepipes, inevitável ida ao shopping, peculiarmente um dos pontos altos para o casal. não pelo shopping recife em sí, cuja pobreza arquitetônica demonstra o quão nasceu ultrapassado. mas sim porque acostumados com a formalidade do tratamento de vendas nos centros comerciais(shoppings) portugueses, nomeadamente o colombo, em lisboa, encantaram-se, depois do primeiro espanto, com informalidade do tratamento usado pelos vendedores, coisa impensável por lá, provavelmente caso de demissão.

por cá, a saudação com um oi, tudo bem, olá, e aí?, naturalmente fluentes, os deixaram tão a vontade, que dentro dos provadores, a abordagem, com base no, — como é seu nome? ao que respondidas, — maria joão, já entabulavam o — maria joão, meu nome é bernadete, e estou aqui para ajudá-la, o que precisar é só dizer, estabelecendo-se aquela intimidade tão necessária para a venda. difícil, acreditar que seria um discurso formal. mesmo cultores da formalidade, acabavam rendidos pelo sorriso largo, ainda que alguns mais sisudos achassem os vendedores um tanto quanto folgados, com as mãos cheias de sacolas.

em 2003, o casal retornou, acompanhando, e quase numa private joke, esperava ver a reação dos seus novos companheiros de viagem. foram atendidos pelo mesmo sim senhor, não senhor, o que deseja o senhor, a senhora, usados no formal portugal. o que resultou num quase nada de sacolas a mão. até porque, pela frieza do tratamento, apenas os indefectíveis biquinis, que não enchem sacola mesmo.

cristalizou-se no recife o “ marketing casa grande&senzala”. alguém entendeu que o cliente precisava de tratamento nobre, pelo menos formalmente. o que, para muitos, cairia com uma luva para o veludo rasgado do coronelismo de asfalto, da velha capitania pernambucana cuja nobreza de há muito pisa na lama mais ignora o cheiro.

este tipo de marketing, é aquele que chama o cliente de senhor, mas não tem a mínima preocupação em respeitá-lo enquanto consumidor. que neste caso querem mais é que ele se foda, isto sim, sim senhor.

quanto a mim, que mil vezes me chamem pelo nome, apelido, diminutivo, sobrenome. deixando o senhor para um não alardeado mas efetivo respeito ao consumidor que pode ser manifesto, ao menos, pela cobrança de taxas razoáveis do estacionamento, já que grátis para eles é o estupro que não se importam de nos cometer a preços de bordel de luxo; a assunção da responsabilidade pelo pagamento de indenizações relativas aos roubos dos automóveis e seus conteúdos, sem a tentativa gritante de escamotear a lei com prevaricações, postergações, de toda sorte; respeito na correspondência do estoque ao que se expôe na vitrines, incluindo preço; respeito na não entabulação de liquidações que nos aviltam com oferecimentos de descontos que se forem de verdade dariam cadeia a quem nos vende pelo preço normal.

enfim, resumindo: respeito, menos no código da linguagem e mais ao código do consumidor.

na prática, o low é high

É muito comum os consultores de comunicação ouvirem da boca de um gestor de empresas as seguintes palavras: 'Não. Nós somos muito 'low profile' não comunicamos'. Esta reacção revela um grande desconhecimento sobre as 'coisas' da comunicação. É que, todos os dias, essas mesmas empresas, de uma forma involuntária, comunicam com o exterior. E, inconscientemente, transmitem aos seus públicos-alvo uma imagem que pode não coincidir com o posicionamento que pretendem apresentar e que, mais grave ainda, pode não corresponder minimamente à sua realidade. Nestes casos, as empresas não têm qualquer tipo de controlo sobre a sua imagem exterior, permitindo que os públicos com quem comunicam, involuntariamente, criem uma percepção da sua imagem de uma forma totalmente discricionária. Acresce que a disfuncionalidade entre o que a empresa é na realidade e a percepção que os públicos têm da mesma pode, a médio prazo, criar graves problemas de imagem que poderão inclusivamente prejudicar a 'performance' financeira da empresa. Não será preferível as empresas comunicarem de forma consciente e voluntária? Transmitirem o seu posicionamento de forma objectiva e correcta? Se faz sentido desenvolver um plano comercial de forma a permitir atingir os objectivos de vendas porque não faz sentido desenvolver uma estratégia de comunicação que permita criar uma imagem que posicione correctamente a empresa? O posicionamento 'low profile' não significa uma ausência de comunicação voluntária, nem o desconhecimento ou juízo errado que os públicos-alvo podem construir sobre a empresa. O 'low profile' deve ser uma postura voluntária e estratégica que não deve impedir os públicos-alvo de conhecer a empresa e de a posicionar correctamente. No ciclo de vida das empresas, existem períodos bons e maus. São nestes últimos, que a teoria do 'Não comunicamos somos muito low profile…' se revela um verdadeiro desastre. Sou testemunha de vários casos em que gestores de empresas, em momentos mais negros da vida das suas empresas, se mostraram verdadeiramente arrependidos de terem optado pela falsa 'Teoria do 'Low Profile'. Nesses momentos, os públicos não entendem as mensagens de reposicionamento que as empresas, de uma forma um tanto ou quanto desesperada, enviam e há uma grande dificuldade de entendimento mútuo. Mas é natural. Provavelmente os públicos tinham uma imagem errada da empresa há demasiado tempo e não é de um dia para o outro que se mudam percepções. Que não hajam dúvidas. Os gestores e as empresas que pretenderem obter um posicionamento 'Low Profile' deverão fazê-lo como uma opção integrada numa estratégia de comunicação e não numa postura errada de 'Não comunicação'.

a teoria do 'low profile' ", maria domingas carvalhosa para o especializado português meios&publicidade.

finge que não é contigo

1. A comunicação de marketing passa, no Brasil, por uma fase complicada, pressionada que está por anunciantes, governo, parlamentares. Denúncias, projetos que atingem diretamente o setor, retorno das houses e vai por aí afora. Abap e Fenapro se mancam. Donos de agência se limitam a disputar o que resta. Publicitários fingem que isso não os atinge.

2. Regulamentação da profissão de publicitários (ou re-regulamentação, como quer Emílio Cerri; ou é desrespeitada, como afirma o Sindicato das Agências do Rio Grande do Sul) é assunto ignorado pela maioria. Donos de agência, e grande parte dos profissionais e estudantes estão pouco se lixando; cursos de comunicação e respectivos professores, fingem que ao é com eles. Não querem se comprometer. Enquanto isso, amadores e picaretas deitam e rolam. E os cursos de comunicação perdem prestígio e alunos.

3. Diretor de renomada escola de comunicação diz que estudantes, inclusive os formados por ela, não têm de ter direito nenhum; professor de ética em curso de jornalismo de faculdade famosa afirma ser contra o direito adquirido pelos jovens que se preparam para o exercício dessa profissão.

4. Empresários e Profissionais de comunicação de marketing não se reúnem para discutir conjuntamente seus problemas – que, aliás, se agravam. O assunto Congresso está proibido. Todos se calam, a maioria porque se julga esperta – e não quer se comprometer.

5. Festas se sucedem no meio publicitário. Todo mundo faz questão de fingir que está feliz.

6. A imprensa especializada só aplaude.

7. À pergunta “como foi o ano passado?”, empresários de comunicação de marketing afirmam que foi ótimo. À pergunta “como vai ser este ano?”, acentuam, “melhor ainda”. Enquanto fazem esse jogo para a platéia dispensam gente, comprimem salários, abusam dos estagiários (que por sinal se sujeitam, pacifica e “espertamente”, a essa situação constrangedora).

8. Os criativos se dizem felizes, enquanto a criação atinge o patamar mais baixo dos últimos anos. (Pra não dizer que só eu penso assim, faço questão de transcrever notícia veiculada no site Propaganda e Marketing: “A Fischer América divulgou, em seu site, um filme intitulado Bundalismo. A peça traz um professore que fala sobre a doença que, na visão da agência, afeta os profissionais de criação: o Bundalismo. O professor mostra como descobrir os sintomas desta doença, ao apalpar as nádegas de um paciente para detectar pontos flácidos. Segundo a agência, a intenção do filme é fazer uma crítica e colocar em discussão no mercado a falta de ousadia e a coragem nas criações feitas atualmente pela publicidade nacional”. A iniciativa é boa, mas, para variar, a peça é muito ruim.)

9. Nepotismo: embargadores e juízes resistiram – alguns, segundo notícias, ainda resistem – ao cumprimento de recomendação da justiça.

10. O Congresso Nacional tem dado exemplos vergonhosos ao país. Deputados e senadores não se envergonham em dizer que se orgulham desse desempenho. E muitos serão reeleitos.

11. Maluf ganha espaço gratuito na TV.

12. Depois de tudo o que foi revelado ano passado, tem petista feliz. E pesquisas mostram que Lula está na frente.Mário de Andrade continua com razão.

macunaíma está vivo, do eloy simões para o www.acontecendoaqui.com.br

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

visto de entrada

"Gosto não se discute: 1 milhão de pessoas podem se acotovelar em Copacabana para ver um quarteto de velhotes fingindo de adolescentes. Outro tanto se mortifica para assistir às exibições do U2 em São Paulo."
alberto dines, no observatório da imprensa.

quarta ah portuguêsa: the gift

the gift tocou em recife ontem. um senhor presente de portugal aos nossos ouvidos, que não sei bem como receberam tal iguaria. espaço aberto, ventos do norte, mix de tocatas, the gift merecia melhor espaço em sua primeira vinda, penso que sim.

quem não foi, como eu, por exemplo, perdeu a oportunidade de ver banda escaldada de outras praias, que não os escaldões adquiridos nas praias de recife. vinda de pequena cidade, sem complexos, que já se provou capaz de produzir canções e performances para o mundo d´além mar. e neste caso não falo do brasil. onde tocaram também noutras cidades. salvo engano, rio, são paulo, porto alegre. como também tocam pra além do português, já que cantam very british. o que já foi, não especificamente, celeuma no país de pessoa, onde as pessoas, quando não podem falar mal por razões assentes, se é que as há, para se falar mal, o que é diferente de discordar, falam pelas razões ausentes à mais rasa razão.

cantar em inglês, de certa maneira pode ter facilitado a compreensão ou pelo menos o endorsment à banda, já que os brasileiros tem dificuldades na compreensão dos períodos portugueses que tem riqueza de fonemas que não temos por cá, pois sua vogais são múltiplas.

a idéia de que portugal é fado, amália, sempre ela, apesar de marisa, mísia e outras, e roberto leal, vai se desmistificando. mas não a velocidade da internet. o que é motivo de imensa pena. perdemos muito para com isto. portugal é país extremamente musical, com diversas correntes, algumas sequer conhecidas, principalmente aqui no nordeste. e não estou a falar das influências da música angolana, moçambicana ou caboverdeana. mas sim da cena contemporânea de diluições, mix, remixs e recriações, das quais não sou a pessoa habilitada a discorrer para além dos nomes que retenho de forma falhada na memória de ouvido musical.

madredeus, no sul do país, lá como cá, o nordeste fica algo à deriva, tem tido receptividade ímpar em suas apresentações. surpreende. e motivo de tal surpresa é o fato de sua sonoridade, também ímpar, desnortear as platéias que os escutam pela primeira vez, vez que soam "diferentes" do que se lhes esperam. ainda mais com elementos apregoados como variação erudita. mas há, repito, tantos nomes, conhecidos ou menos conhecidos, por lá, que precisam dar-se a conhecer, o que nos deixa com ar de pedinchas por mais.

se portugal nos deu presente the gift - e , falta de visão de lá ou de cá, não virem mais grupos em digressão ao brasil, pagando o preço de criar mercado, ainda mais dificultado pelas tais razões da fonética(eles nos escutam há um tempão nas novelas, nós sequer nunca soubemos imitá-los nas piadas, que graças ao seu bom humor, nunca nos rispostaram com queima de bandeiras - nós temos lhe dado vários presentes de grego, graças ao oportunismo barato que foi dar a praias portuguêsas como pimbas ainda mais diluídos da má cópia do brega nacional. e não foram poucos os cavaleiros e amazonas da bunda-music que reproduziram-se por lá. a começar do iran costa. absorvido pela "cultura" local como muso de verão e meio, alçado à esta condição, irônicamente, como tema de campanha política, com o refrão " é o bicho, é o bicho, vai te pegar ou coisa que o valha", em nada condizente, o que só foi percebido a meio da campanha.

para cada djavan, ney matogrosso, adriana calcanhoto, para não falar de caetano, bethânia, paralamas, ratos de porão, martinhos, e ícones das mais diversas tendências, recebidos à adoração, proliferaram na cena musical portuguêsa, cópias das cópias das cópias do universo da música do pior brasileira. até "sertanejo" lamechas e pagodeiros que, muito mais que martirizarem os ouvidos dos portugueses, martirizavam aos brasileiros que por lá moravam. sabedores, que pelo menos no é o tcham original, sheila carvalho compensava o que suas cópias não faziam. é claro que parcela da população adorava o balanço daquele ritmo favorável a liberação da líbido e ao balanço, se por um lado ainda tímido do cú, frenético dos peitos que alinhavam a coreografia com do em cima em baixo dos refrões, já que há ainda preconceito com a rítmica de áfrica. mas se a questão era balançar ou cú ou molhar os lenços, os portugueses já tinham nomes que faziam isto muito melhor,vide o marcos paulo e a " mãe do francisquinho ", ao menos para nós, de maneira mais autêntica, engraçada e convicente. já que reside graça quando o pimba elabora-se a catégoria de kitsch, coisa que nenhuma cópia da cópia brasileira consegui.

the gift, no recife, mesmo que não tenha visto, sim. um presente. portugal tem mais, muito mais, a nos dar. e nós, falo de pernambuco, também.

por quê não cultivar o hábito - e a elegância - e trocar presentes no mesmo nível, muito mais que uma vez ao ano e só?

dichionário

música pimba é música brega e vice-versa.
cá como lá tem muita gente balançando a bunda ao som ou ensopando os lenços ao som desta música.
mas se bunda eufemizamos de bum-bum ou popozão, e buzanfança, quando à faustão, em portugal eufemizar bunda é chamar de rabo ou de cú mesmo. mas não se balança o cú, abana-se. talvez a sutileza ainda sôe pesado pra você, ou como diriam eles, não por isso, brejeiro, que nós já destrinchamos aqui o que é.

coisas da língua e seus significados em constante mutação.
quem não ficaria estupefato? horrorizado para ser mais preciso, se ouvisse um pai, por exemplo, a dizer(não se usa o gerúndio em portugal- dizendo- salvo os alentejanos, que são os gajos que são personagens das anedotas que contamos como sendo invenção nossa mas que na verdade são contadas por portugueses sobre portugueses) sim, os pais a dizerm que sua rapariga foi tomar um pica no cú? mas isso não é nada, mas nadinha mesmo do que está pensando. provavelmente ele se está referindo a filha(rapariga, moça) que foi tomar uma injeção(pica)no cú, ou rabo(nádegas).

só isso. não se ponha com idéias de onde há fumo(fumaça) há lume(fogo). e nem pense que é caso de chamar a bófia, que é a polícia, "os hôme", por isso.

só para você ter uma idéia, paquerar alguém é estar a galar, o que por aqui, equivaleria a estar ejaculando. portanto quando lhe convidarem para uma noite de gala, esqueça o significado de esperma para gala, e prepare o black-tie.

e por hoje não lhes escrevo mais nada que em plena madrugada, as quatro da matina o vizinho acaba desepertar-me com o barbequim, furadeira, na minha parede, o que já está me deixando escaldado do juízo.

cabeça quente não se fica só por tomar sol. mas os meninos do gift, a sónia( é com acento agudo mesmo, assim como antónio e património)principalmente, depois do escaldão que levaram - tomaram sol em demasia - ainda assim conseguiram cantar lindamente para a televisão, música nada lamechas(piegas)mas de uma ventralidade universal.

quanto a mim, raios deste barbequim, vou fazer tal qual como o iram costa aos ouvidos do meu vizinho: é o bicho, é o bicho e eu vou te pegar.

visto de saída

há muitas maneiras de envelhecer. e de fingir.
alberto dines, parece ter escolhido a pior delas: a ranzinzinice que se finge percuciente e observadora dos costumes, mas que é apenas baba nas barbas de uma clarividência pretensamente apoiada na sabedoria dos longevos.
o mesmo comentário, se aplicado a ele - um senhor velhote, já agora, a fingir-se, por tal texto, de jornalista onisciente e onipresente, por certo aplicar-se-ia melhor a quem por ranço, bateu um guide-line fora do beat. e que por isso mesmo, demonstrou não levar o menor jeito para fingir-se seja lá do que for, até de morto, se for o caso.
dines, parece julgar-se, não é a pedra de toque do jornalismo faz tempo. e nisso ele afina-se com os rolling stones.
a diferença, é que os stones, ao contrário do alberto, não se levam a sério há muito tempo, se é que se levaram algum dia.
pelo menos nisso ele deveria seguir-lhes o exemplo. isso poderia dar-lhe alguma sobrevida e mais pegada quando escorregasse no limo criado em torno de sí.
(comentário enviado ao próprio).

terça-feira, fevereiro 21, 2006

barriga

as pessoas não param de confundir com notícias o que lêem nos jornais.
a.j. liebling

e agora? vamos embrulhar peixe com o quê ?

post agora disponível no hayquetenercojones.blogspot.com

ao arqueólogo do futuro

O jornalismo desaparecerá e não deixará ferramentas e utensílios como provas de que existiu, porque ele não se define por uma técnica. Ele define-se por uma ética, e ética não é algo material, que deixe pedaços enterrados no chão.


Prezado arqueólogo,

Não sei se você sabe o que é jornalismo. É uma das profissões que hoje estão desaparecendo. Ao jornalista cabe, entre outras funções, relatar os fatos importantes do momento com honestidade e denunciar abusos dos poderosos contra os mais humildes, ou contra o interesse público ou contra a paz entre os povos. É uma profissão que incomoda muito.

Como tenho a certeza de que no seu tempo ela já não existirá, tal a velocidade com que está se extinguindo, quero deixar registrados seus últimos momentos. Mesmo porque, ao contrário das outras profissões que estão morrendo e que devem deixar como rastros as suas ferramentas e utensílios, o jornalismo não deixará nenhum sinal de que existiu, exceto as histórias publicadas em jornais. O jornalismo não deixará ferramentas e utensílios, como provas de que existiu porque ele não se define por uma técnica. Sua técnica é parecida com a de muitas outras ocupações. Ele define-se por uma ética, e ética não é algo material, que deixe pedaços enterrados no chão.

São muitas as profissões que hoje estão desaparecendo. Cada vez mais são as máquinas e os computadores que fazem os objetos. E até planejam desenham, escrevem, programam, organizam e despacham. Tudo automático. E cada vez mais os objetos deixam de ser consertados quando quebram ou desgastam-se, de modo que também as profissões dedicadas ao reparo dos objetos desaparecem, tornam-se tão inúteis quanto os objetos que deveriam restaurar. É o caso do sapateiro. Você sabe o que é um sapateiro? É um artesão que fabrica sapatos, um de cada vez, o do pé direito sempre um pouquinho maior do que o do pé esquerdo, por assim, assimétrica, foi feita a espécie humana. O sapateiro também conserta sapatos. Ainda há hoje, nesse inicio de século XXI os que consertam, mas são cada vez mais raros. Os que fabricam já não há mais, exceto se for para algum caso especial de deformidade. Meu pai foi sapateiro. Por pouco tempo. Abandonou logo, primeiro, porque não levava jeito; depois, deve ter percebido que a profissão não tinha futuro. Hoje, os sapatos são fabricados em série por máquinas, são chamados, a maioria, de tênis, com marcas esquisitas e, logo que se gastam, são jogados no lixo. A maioria nem é de couro, é de borracha ou um plástico que imita o couro.

Outra profissão que desapareceu de vez, de modo fulminante é a do linotipista. Você deve saber que muitos dos revolucionários deste século foram linotipistas, que ficaram espertos e revoltados de tanto ler sobre as iniqüidades de nosso tempo. Espero que nas tuas escavações você tenha topado com os indícios macabros dessas iniqüidades, o holocausto, o massacre em Ruanda, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki a fome na Etiópia. Os desaparecimentos políticos na América Latina.

Voltando aos linotipistas: eles compunham linhas de tipos de impressão em chumbo. Chumbo quente, fumegante. Tinham que tomar leite para não se envenenaram. Tusso isso sumiu com as composições a frio, com a informática, com a microeletrônica. Sumiu também a datilografa. Você sabia que as pessoas digitavam as letras num teclado de ferro. E que, se errassem uma letra, tinha que começar tudo de novo? Também desapareceram os pestapistas, os paginadores, todos os profissionais que montavam as chapas de impressão. Tudo isso era feito à mão, coisa por coisa, página por página.

O desaparecimento do jornalista está se dando de modo mais sutil, mais imaterial e por processos diversos. Primeiro, uma boa parte deles, em vez de defender o interesse público, dedica-se hoje a melhorar a imagem ou defender objetivos de grandes empresas, de grupos de interesse, governos e políticos. Chamam-se assessores de imprensa. Os mais importantes chamam-se diretores de relações institucionais. Outros jornalistas estão virando uma espécie nova de ficcionista que mistura realidade com imaginação, inventa histórias, usa os personagens do momento para criar enredos imaginário. Ou usa elementos de fatos reais para criar todo um enredo, mais envolvente e dramático. Assim, não precisam investigar nada, nem comprovar, nem ouvir todos os lados envolvidos num episódio para relatá-lo com verossimilhança, muito menos estudar e pesquisar os temas sobre os quais escrevem. Não são escritores, como se poderia pensar, porque não tem estilo, não tem classe. Usam uma linguagem insultuosa e arrogante, adjetivada, rococó, muito distante também da linguagem clássica do jornalismo, que deve ser objetiva e econômica e, na qual, os fatos devem estar adequadamente hierarquizados e contextualizados. Usam muito o humor e sarcasmo, mas sem o talento e a criatividade dos verdadeiros humoristas. Jogam todos esses elementos dispares num meio novo de comunicação chamado Blog, que não se sabe se é uma comunicação pública ou pessoal. E onde tudo pode ser colocado, fatos, mentiras, fofocas, versões, insinuações, ilações e até acusações. No blog nada dura mais do que duas horas. No blog, tudo é efêmero, fugaz. E divertido. É como se fosse uma sessão de cinema. Assim, o jornalismo também virou entretenimento.

Saudações,
Bernardo Kucinski

Jornalismo, profissão em extinção, para a agência carta maior

credibilidade: uma questão para sempre filha da pauta

Blogs e jornais diante do desafio da credibilidade

A questão da credibilidade será decisiva na definição do canal de comunicação que exercerá maior influência sobre o público nos próximos anos. Parece óbvio, mas foi justamente isto o que declarou Daniel Okrent , o ex-ombudsman do The New York Times numa palestra nesta realizada nesta segunda feira (13/2) sobre a possibilidade dos weblogs substituirem os jornais como fonte de informação para a grande maioria dos leitores.

A questão levantada por Okrent é real porque cresce o número de pessoas que passam ler blogs por acreditarem que os jornais não são mais isentos, principalmente em matéria de política. O problema é que os blogs formam um conjunto heterogêneo onde a credibilidade também é uma meta a ser alcançada.

Os processos de revalidação da credibilidade pública pelos jornais e de afirmação de confiabilidade pelos weblogs encontram o leitor numa situação bastante confusa porque estão mudando os parâmetros que ele tinha para confiar ou desconfiar numa informação. A verdade já não tem mais apenas duas caras. Tem muitas e identificar quais delas são as mais verossímeis não é um processo fácil nem muito menos rápido.

A imprensa está condicionada, há muito tempo, pela idéia do certo e do errado, do claro e do escuro, do bom e do mau, do contra e do a favor. Não há nuances e nem relativizações. O resultado é que a dicotomia tomou conta do debate público e o sectarismo acabou inevitável, como mostram as recentes polêmicas em torno do mensalão, visiveis nos comentários dos weblogs sobre política.

Aí uns se entrincheiram nos jornais enquanto outros agarram-se aos blogs como válvula de escape para expressar sua posição contrária ao establishment. O problema é que a realidade não é tão simples, pois a avalancha noticiosa produz uma tal quantidade de dados e informações que tanto o contra como o a favor já não conseguem mais sobreviver dentro da camisa de força do sectarismo. Quem não consegue conviver com a incerteza acaba contaminado pela irritação.

Mas voltando a palestra de Daniel Okrent. O argumento dele é de que os jornais ainda têm globalmente, mais credibilidade do que o conjunto dos blogs mas podem perdê-la se não corrigirem os problemas que estão minando a sua imagem diante do público e se não transferirem para seus sites na Web a confiança que ainda tem de parte dos seus leitores.

Segundo ele, na imprensa mundial existem grandes "marcas" como os nomes de colunistas e articulistas que conquistaram o respeito de todos e estas marcas devem ser levadas para a internet porque o público se informa cada vez mais através da Web, numa tendência irreversível.

Okrent admitiu que os erros da imprensa norte-americana facilitaram a decisão do governo Bush de invadir o Iraque, em 2003, porque os jornais e os jornalistas não conferiram os dados e informações fornecidos pela Casa Branca, pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado. Os jornais e até a televisão estão pagando hoje um preço alto pelos equívocos cometidos, pois o público está muito mais cético diante de tudo e de todos.

A transferência de credibilidades proposta pelo ex-ombudsman do The New York Times não parece um processo simples pois os chamados ícones da confiabilidade são, geralmente, "homens do papel" cuja adpatação à web lhes obrigará a uma penosa revisão de valores e de rotinas. O maior deles será a convivência com o patrulhamento dos leitores.

Por seu lado, os blogs também tem pela frente uma série de desafios no quesito credibilidade. O maior deles será o aprendizado do manejo da informação por pessoas que não têm formação jornalística. Isto não significa que só os profissionais podem trabalhar com a notícia. Este monopólio está acabando, mas isto obriga os não profissionais de assumirem as responsabilidades decorrentes do manejo da informação, uma matéria prima pra lá de complexa e com efeitos letais. É uma exigência que será cobrada pela sociedade e não apenas pelo sindicato dos jornalistas ou pela justiça.

Blogs e jornais diante do desafio da credibilidade, no observatório da imprensa.

aos que virão depois de nós

material agora disponível no senteapua.blogspot.com

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

ainda bem

a única coisa certa no planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas. lucio costa

zapping ou já fez sua boa ação de hoje ?

vinte milhões de blogs. 80 mil por dia(só eu contribui com seis).
se a disputa pela audiência nas televisões abertas é uma luta de morte, o que dizer na dos blogs. luta de titãs ?
agora faltam dizer quantos são abandonados. aliás estou pensando em fazer uma campanha: adote um blog abandonado, que é o que mais tenho encontrado na web.

o mau exemplo vem da faculdade ou isso é lição a ser aprendida ?

já há contratações para a mais nova house da cidade, o que de certa maneira confirma uma tendência: 2006 vai ser o ano da volta das houses, considerando-se que já ao fim de 2005 a tinha gente pegando onda na marola.

house é como bicho de pé. no começo é gostosinho, gostosinho. depois arranca seu dedão e dói como uma amputação. deixando você manco pro resto da vida. mas como ninguém se manca mesmo, tem sempre um metido a esperto, abrindo mais uma, de forma explícita ou não.

a novidade agora é que a house, dizem, vem a ser da aeso. o que de certa maneira gera um canibalismo, não fossem já seus cursos os próprios, e sem maionese, pois a dita faculdade tem uma agência experimental. denominada inata. o que também mostra a falta de desconfiômetro, pois inata mais parece uma ata de metidos a in ou seria ata ou não ata, antas sim ?

sendo didático, em comunicação de marketing de marcas, quem demonstra tanta competência assim em escolher um nome, certamente vai longe. não se pode dizer o contrário, já que vivemos um tempo onde tem gente pegando coco, envolvendo em papel celofane, aplicando fita cor de rosa, e vendendo como torta de chocolate godiva.

a ceo da aeso é conhecida por sua avidez pelo faturamento. no entanto, por mais disforme que seja o negócio da educação, aliás cada vez mais negócio, sem educação, deveria impor certos primados.

racionalmente falando, ao ter uma agência experimental, nada mais percuciente, sob determinado prisma, e valorativo de seu próprio ensino, do que entregar-lhe a conta da própria faculdade, apesar dos arranhões deontológicos. mas vá lá, uma forma de chancelar "ao mundo" a confiança no produto que vende, naquilo que ensina. provando, para além da prova dos nove, e das segundas chamadas, que ali se dá formação à futuros profissionais. acontece que o que sai da inata, é natimorto enquanto desenho profissional. traz a marca do amadorismo, no que o conceito tem de pior, em nada acrescentando ao que se faz no mercado, muito pelo contrário, pois parece trabalho de fim de ano de estudante, ao fim e ao cabo o que é.

agora a aeso vem de house, o que desdiz o caráter qualitativo inato de sua agência experimental.por outro lado, para um mercado onde os próceres alardeiam tanto os diferenciais de suas agências, a direção da aeso, estaria na contramão da história por puro foco no faturamento e expansão do braço do negócio ? ou porque verifica que a mesmice é tanta que não vale pagar pelo que pode ganhar fazendo melhor ?

virá esta house fazer o que se espera de toda nova agência que surge, muito embora não se possa chamar house de agência, apesar de algumas se auto-denominarem multiagências? que é acrescentar, inovar, multiplicar, e não simplesmente fazer parte do bolo apenas para diminuí-lo, engrossando sua fatia via alíbi educacional, papando suas fatias como mais um trote universitário ?

fato é, que desde a invenção da mart-pet do primeiro ano, o mercado pernambucano ressente-se do cheiro da inovação de uma agência que proponha soluções realmente diferenciadas, e que não sigam o velho esquema de sempre: ou ser mofo sob verniz novo ou verniz novo que mal começa a ganhar dinheiro e já se mofa.

por isso mesmo, ao intentar uma house, a aeso, em vez de fazer escola, parece sim, estar pondo em prática as lições aprendidas na mesma escola de sempre. o que é muito mal para instituição cuja função precípua é educar e não dar mau exemplo.

por hora, nem a propaganda de sí mesmo lhe salva. isto não é mau exemplo que baste ?

levou sol demais ?

Em primeiro lugar, deixe-me apresentar minhas credenciais. Eu gosto de negócios. Na minha opinião, não há melhor negócio do que o negócio puro e simples. Sou fã de histórias de sucesso nos negócios. Por exemplo, minhas primeiras lembranças de infância são do meu pai me pondo para dormir enquanto lia “Minha vida na General Motors”. Tenho um MBA e ao longo de toda a minha carreira como gerente de propaganda, tenho ouvido chefes bradando “Eu não quero que a minha propaganda ganhe prêmios. Quero que venda!”

Creio que tenho as credenciais certas para ser cético a respeito do Festival de Publicidade de Cannes. Então o que eu estava fazendo na Boulevard de La Croissette numa segunda-feira de trabalho?

Tudo começou quando li, em algum lugar, que Martin Sorrell, chairman do grupo WPP, fez alguns cálculos e descobriu uma correlação entre leões conquistados em Cannes e o valor de mercado de uma agência de propaganda. Convencido, no dia seguinte, Mr. Sorrell ordenou para seu time: “Tragam-me alguns daqueles leões. Custe o que custar”. OK, talvez a história não tenha acontecido exatamente desse jeito, mas desde que me tornei cliente conto-a assim, e tenho certeza de que o Mr. Sorrell não vai se importar.

Nunca conheci o Mr. Sorrell, mas é preciso dar crédito a um cara que montou um império de comunicação a partir de uma empresa chamada Wire and Plastic Products.

Aparentemente, Mr. Sorrell não ficou sozinho em sua constatação. 2004 foi o ano do cliente em Cannes. Procter & Gamble e McDonald’s, por exemplo, levaram um número recorde de homens de marketing a Cannes. A P&G realizou, inclusive, uma apresentação às duas e meia da tarde para uma platéia repleta de atentos criativos. Todos os que estiveram presentes à maratona de seminários sabem o que significa a primeira sessão logo após o almoço. Imagine em Cannes. Comida francesa e vinho, moças fazendo top less na praia, bons filmes para assistir. E a Procter & Gamble lotou o auditório.

Ao contrário do que acontece em outras profissões corporativas, não existe para nós um evento de marketing realmente grande, integrador e internacional. Por outro lado, alguém pode argumentar que existem eventos de propaganda demais. Mas é excelente constatar que Cannes está se reinventando e, acima de tudo, recebendo – bem – clientes. Ao final do dia, clientes e agências têm um mesmo objetivo: construir grandes marcas.

Então, para não fugir do clichê: “Construtores de marca unidos jamais serão vencidos!”

OK, talvez eu deva retornar para o meu trabalho e deixar a criatividade para os criativos!

um cliente na croisette do eunápio torres, do marketing - HSBC, publicado no CCRJ em 07-07-2004
Eunápio Torres, marketing - HSBC Bank Brasil S.A.

atualize-se . eles já estão atualizados

bompracachorro.blogspot.com
o blog que nasceu pra fazer você abanar o rabo
atualizado sempre que dá vontade de roer o osso.

aproveitaenquantodura.blogspot.com
o blog pra quem gosta de sexo de graça sem ter de pagar nada por isso.
atualizado toda vez que bate o tesão.

foodsequiser.blogspot.com
o blog do fast food, slow food, raw food & food se quiser.
atualizado uma vez por semana para não dar indigestão.

voudejegblogspot.com
o blog pra quem gosta de carros além das quatro rodas.
atualizado uma vez por semana para não dar superaquecimento.

misterwalk.blogspot.com
e
cemgrauscelsius.blogspot.com

continuam diariamente a espremer suas espinhas, na maior parte das vezes sem lavar as mãos.

domingo, fevereiro 19, 2006

mick jagger

"algumas das garotas com quem transo hoje tinham três anos quando as conheci. não tenho culpa se elas estão envelhecendo".

pra inglês ver

rolling stones in rio

miopia crítica

música, humana música. jornalismo, crônicas sobre músicos e música popular brasileira e etc. nélson motta. ed. salamandra. 1980. 132 pg. Cr$ 200,00.
(texto da matéria disponível no dulcora.blogspot.com)

capote

se as letras dos rolling stones quisessem dizer alguma coisa, seriam péssimas. truman.

cala-te bôca

"prefiro estar morto a continuar cantando satisfaction aos 45 anos". mick jagger.

sábado, fevereiro 18, 2006

i can´t get no ou bendita bôca maldita

refrão de uma canção, anti-consumista até não mais poder, composta e cantada por um tipo que foi vetado(o veto não foi levado a sério) pelo diretor da gravadora - afirmou que ele tinha os lábios grandes demais - e que, peremptório,com esta mesma bôca, arrematou que não se imaginava cantando satisfaction aos cinquenta anos.

ases na manga ?

Ninguém mais e melhor que MARTIN SORREL intuiu e traduziu em planos e práticas o que iria acontecer com o negócio da prestação de serviços em comunicação no mundo. De financeiro de uma agência, converteu-se no grande líder do setor, comandando a WPP, o maior de todos os grupos do setor de prestação de serviços em marketing e comunicação, detendo hoje o controle de 3 das mais importantes e legendárias marcas da publicidade mundial: J.WALTER THOMPSON, YOUNG & RUBICAM, e OGILVY. Sem mencionar sua aquisição mais recente, a GREY.

Em tese, todos esses “4 braços” foram sabiamente preservados e mantidos independentes, por uma questão de estilo, personalidade e cultura, e, também, para abrigar clientes conflitantes. E assim seguia a vida, até que no mês de janeiro, e para atender um dos principais clientes da WPP, a FORD MOTOR COMPANY que vem amargando prejuízos brutais em todos os últimos balanços, decidiu criar uma espécie de “DREAM TEAM”. Somando o que tinha de melhor, por especialização, em cada um dos “braços”, e fortalecendo e criando o WPP TEAM FORD.

Assim, e nesse “DREAM TEAM FORD”, existirão lideranças específicas para os 3 principais blocos de serviços, e em cada um desses 3 blocos conviverão executivos procedentes dos 3 ou 4 braços da holding.

Ou seja, e em poucas palavras, esse embaralhamento de cartas coloca em jogo tudo o que foi dito nos últimos anos por SORREL a seus principais clientes, explicando e defendendo cada uma das aquisições. E demonstra que cada vez mais não existem modelos e propostas únicas. Ou existem, desde que sob medida, cliente a cliente.

Em declarações a imprensa, DON TOPPING, VP Executivo de “strategy and integrated solutions” da WPP para a FORD, referiu-se que o novo formato trará economia nos “fees”, uma vez que muitos trabalhos executados fora poderão ser executados internamente “in-house”, muito especialmente no tocante aos serviços de produção. Quem diria, o grupo líder, WPP, defendendo serviços “in-house”. Quase que dando razão às recentes manifestações do governador César Maia, aí no Brasil...

WPP embaralha as cartas, do bill trevor, de fort lauderdale, especial para o madiamundomarketing.

e os beatles, um dia virão ? acordem-me quando eles chegarem.

rolling stones no brasil one more time. melhoramos nós ou pioraram eles? no auge, apesar de ser-mos garotos que amamávamos os beatles e rolling stones, nunca estiveram por cá. não tinhamos o exotismo da índia. e vencer a distância para dar com macacos e jacarés, não era uma boa pedida. buenos aires?, maybe. mas buenos aires não é a capital do brasil ?

o fato é os stones rolaram, rolaram e vem com o provável canto de cisne matar saudades. lembrar e relembrar reminiscências. e, de quebra, mostrar aos jovens velhos de agora, que adoram fazer charges e chistes dos rollings como alquebrados anciões, como é ter mais de sessenta anos e soar à frente. inclusive ainda comendo mais gente do que eles, e como eles não fazem. porque ficar para os stones, também é uma coisa pra lá de velha.

a globo, como sempre, em nada perspicaz em sua forçação de barra, com o bonner, aquele sujeito que tem cara de que ouve ray coniff desde que nasceu, texticula que as duas maiores bandas do mundo estão no brasil neste momento. bem, uma é rolling stones, sem dúvida, agora U2 ? não amarra o chinelo de pink floy, banda que em 1966, queria assitir a gravação de revolver e recebeu um não deste tamanho de john lennon. agora imaginem U2 ? um banda que desde que tentou soar moderno, secou a ampulheta, aliás desde que bono tornou-se pró-bono.

o rock tornou-se um negócio faz tempo. desde uns meseszinhos após ter causado algumas reações alérgico-pélvicas. a grandeza - e a pequeneza - dos rolling stones, deu-se quando eles, tentaram rolar a pedra de toque que já não tinham ladeira acima, e que agora parecem ter de novo encontrado, ainda que rolando ladeira abaixo.

o que se deve celebrar na vinda dos stones não é a grandiosidade do show, dos números ou sua longevidade - que poderia acontecer sem alguns discos plenamente desnecessários - mas sim a sua música, que tomara possa ser ouvida, como o relincho de wild horses.

as aguas lamacentas vão rolar quando as pedras começarem a cantar ?

Amanhã(hoje) à noite, quando os primeiros acordes de “Jumpin’ Jack Flash” eletrizarem as areias de Copacabana, centenas de milhares de pobres garotos cariocas de todas as idades sonharão, como milhões de outros pobres garotos do mundo inteiro vêm fazendo desde 1962, serem Mick Jagger ou Keith Richards. Talvez valha a pena lembrar que os Glimmer Twins um dia sonharam, como tantos (não tão) pobres garotos ingleses, ser outra pessoa. No caso específico deles, Muddy Waters.

A banda de Jagger & Richards, aliás, perdoem-me, amigos beatlemaníacos, a maior banda de rock da História foi batizada a partir de uma música de Waters. Até 1963, ela se apresentava como The Rollin’ Stones, sem o gê, com o apóstrofo, respeitando a grafia original da música gravada pelo bluesman americano em 1950. Só passou a se assinar The Rolling Stones por insistência do empresário Andrew Loog Oldham, tão jovem quanto os músicos, mas já ex-relações-públicas dos Beatles, que também amavam Muddy Waters.
O ídolo dos ídolos nasceu McKingley Morganfield, a 4 de abril de 1915, em Rolling Fork, Mississippi. Sua mãe, solteira, adolescente, morreu quando ele tinha 3 anos. Ele foi morar com a avó materna, que o apelidou Muddy (Enlameado) por causa de seu gosto em chafurdar descalço no charco perto do barraco deles. Waters (Águas) foi acrescentado depois, transformando o nome artístico num tributo ao rio que batizou seu estado natal.

Enquanto trabalhava numa fazenda, ele ouviu Son House tocar violão deslizando um gargalo de garrafa quebrado sobre as cordas de aço, fazendo-as chorar, na técnica cohecida como slide guitar . Pirou. Logo o aprendiz Waters estava sendo gravado pelos folcloristas Alan Lomax e John Work III, da Biblioteca do Congresso. O ano era 1941 e os dois percorriam o Sul dos EUA atrás, principalmente, de Robert Johnson. Entretanto, o autor de “Love in vain” vivera e morrera (três anos antes) envolto em mistério e mito.

Como tantos pobres garotos negros do Mississippi fizeram, sonhando com melhores condições de vida, Muddy Waters tomou o rumo de Chicago, em 1943. Lá, encontrou um emprego como motorista de caminhão e um desafio como músico: como se fazer ouvir por sobre o burburinho dos clubes do gueto South Side? Ele, então, ligou um amplificador em sua guitarra. Este blues de Chicago, elétrico, mais agressivo que o blues acústico do Delta do Mississippi, seria um dos idiomas formadores do rock inglês dos anos 60 e 70.

Nos finais de semana, Waters acorria ao mercado da Maxwell Street, para participar de jam sessions , enquanto gravava os primeiros trabalhos para o selo Aristocrat (futuro Chess) em 1947. Curiosidade: quase vinte anos depois, em 1964, o seu antigo rival do selo Unite, Robert Nighthawk, chegaria a gravar um disco em plena Maxwell. Dá para escutar a buzina dos carros que passam. Sem pioneiros como os dois bluesmen , shows para grandes multidões ao ar livre, como o de amanhã, em Copa, seriam impensáveis.

A própria música dos Stones seria impensável. Não teríamos tido “You got the silver” ou “I got the blues”. No início da carreira, tudo o que Jagger queria era cantar como Waters. E tudo o que queria Richards, o principal guitarrista, o sujeito que sonhou (literalmente, a se acreditar na sua versão) os acordes de “Satisfaction”, era tocar como Waters. E como Bo Diddley e Chuck Berry, primeiros astros do rock’n’roll, tributários, eles mesmos, de Waters. O primeiro álbum dos Stones, de 1964, incluía uma empolgada versão para “I just want to make love to you”, gravada por Waters, quem mais, dez anos antes.

A música era de autoria do baixista Willie Dixon, outra lenda, então membro da banda que acompanhava Waters, junto com o segundo guitarrista Jimmy Rogers, o gaitista Little Walter, o pianista Otis Spann e o baterista Fred Below. Aos amantes do blues, esses nomes soam como o meio-campo e o ataque do Botafogo em 1967-68: Carlos Roberto (obrigado, campeão!) e Gérson; Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo César. Só craques.
Spann ainda estava na banda de Waters quando ele fez sua primeira incursão à Inglaterra, em 1958. A apresentação foi no St. Pancras Town Hall, zona norte de Londres. O choque que sua guitarra Fender Telecaster branca, “violenta, explosiva”, deu na platéia de fãs de jazz gerou um aplauso “quente e forte”, nas palavras do jornal “Melody Maker”. Quando ele voltou à cidade, cinco anos depois, tocando blues do Mississippi em seu violão, houve uma certa frustração. A garotada local, afinal, já estava fazendo barulho nos pubs , prestes a devolvê-lo aos EUA, na forma de Rolling Stones, Beatles, Yardbirds.

Quando Waters morreu, em 1983, aos 68 anos, Jagger, Richards, Paul McCartney, Eric Clapton, Jimmy Page, todos ficaram meio órfãos. Até hoje, porém, a cada acorde dos Rolling Stones ou dos americanos White Stripes, as águas lamacentas voltam a se agitar.

Arthur Dapieve, O avô de Lucas, in o Globo

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

investimento publicitário

quando as contas são pagas, ninguém presta atenção no tamanho delas.
marion daves

o velho bundamolismo da mccann de sempre, está de volta. mesmo quando age – e pensa – com, e como, bundas de jogadores

a mccann tem, digamos um estilo de fazer propaganda. apoia-o no velho discurso da eficácia dos números, dito eficientes, apoiados, como sempre, por verbas de veiculação que dão visibilidade de hidroavião até a maruim.

é assim com a campanha do santander, é assim com as campanhas da GM.

o tempo passa, a mccann repete a velha fórmula que a consagrou como gigante do negócio – o que para muitos é o verdadeiro espírito dele e exemplo a seguir – mas onde, invariavelmente, as idéias sofrem de raquitismo. ou seja, a mccann é a perna de pau na criação, a exceção de algumas unidades da ásia, que chegam a ser destoantes.

no brasil, o nanismo é tanto, que até gol contra eles fazem, como registra o “ derrapadas de marketing “, que publicamos abaixo(presente de grego).

no mais, se bundamolisno não for, pegar meia dúzia de jogadores, sem texto, nem contexto, num quase treino de semi-piadas, que não completam o passe, sacudindo-os no ar, amparados por uma verba de 220 milhões, minha bunda é tão dura quanto a cara de pau de chamar isso de pensamento estratégico criativo, o que pode ser dito sem nenhum problema para a campanha produzida para o HSBC, pela JTW de curitiba.

a mccann demostra que idéias criativas não são necessárias para subir-se ao pódio. o.k. mas demonstrado não está, que elas, as idéias criativas, não dão indispensáveis para dar consistência aos músculos. até mesmo os da bunda. o que pode fazer uma diferença considerável para a performance do cérebro.



O tropeço do Santander
Campanha milionária com craques constrasta com os lucros declinantes no Brasil

Escrete: Roberto Carlos, Cafú, os dois Ronaldos, Robinho e Kaká foram convocados para dar mais visibilidade ao banco no Brasil.

R$220 milhões é a verba destinada à campanha dos craques do Santander


O time tem seis dos maiores craques do mundo: Roberto Carlos e Cafú, os dois Ronaldos, Robinho e Kaká. O orçamento para colocá-los em campo é de R$ 220 milhões. E a ambição por trás da mais ousada campanha de marketing já feita por um banco no País é levar o Santander Banespa à primeira divisão das finanças brasileiras. Fora da mídia há quase seis anos, a instituição ressurgiu no domingo 5, com um filme de dois minutos em um intervalo do programa Fantástico, da TV Globo. A imagem dos seis boleiros multiplicou-se em outdoors, páginas de revistas e nas próprias agências da instituição. Talvez não por coincidência,a espetaculosa entrada em campo coincide com um tropeço do banco no campeonato nacional. A divulgação do balanço da instituição, na quarta-feira 8, revelou que o lucro do Santander Banespa encolheu em 2005.
Naquele que talvez tenha sido o melhor ano da história para os bancos locais, os ganhos da subsidiária brasileira do espanhol Santander decepcionaram. Somaram R$ 1,6 bilhão, baixa de 6,5% em relação a 2004. O dado contrasta com o bom resultado mundial do grupo. O lucro recorde de 6,2 bilhões de euros obtido pela corporação é o maior já alcançado por uma companhia espanhola.

R$120 milhões foi o investimento da Schincario no lançamento da Nova Schin, em 2003

Tudo na campanha do Santander é superlativo, a começar pelo custo astronômico. A título de comparação, toda a verba de marketing da Schincariol em 2003 – ano do
Experimenta! – não passou de R$ 120 milhões. O lançamento da marca Vivo custou R$ 40 milhões. As comemorações de 50 anos da Petrobras saíram por R$ 50 milhões. Com os US$ 100 milhões que está desembolsando, o Santander compraria duas cotas de patrocínio oficial para a Copa de 2006. Tudo isso para o banco enfim mostrar a que veio e entrar na briga pela liderança no varejo bancário nacional. “Na realidade, esta é a campanha de apresentação de um novo banco”, diz o publicitário Carlos Coelho, diretor de criação da agência responsável pela campanha, a McCann-Erickson. “Banespa e Santander, que tinham posicionamentos e públicos distintos, agora se uniram”, explica. Trata-se, portanto, de correr contra o prejuízo. Na lista das 15 marcas mais valiosas do Brasil, cinco são de bancos – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Unibanco e Real. O esforço publicitário para entrar neste clube não lotará as agências do Santander do dia para a noite. “Mas diminuirá a distância para os adversários em termos de imagem”, acredita Eduardo Tomiya, diretor-geral da Interbrand.

R$50 milhões foi o orçamento publicitário das comemorações do aniversário de 50 anos da Petrobras, no ano passado

Nodia seguinte à estréia da campanha, uma pesquisa feita pelo instituto Enfoque revelou que 85% do seu público alvo (pessoas que têm conta bancária e consomem produtos financeiros) tinha visto os anúncios. Mais: 80% desses clientes potenciais
conseguiam descrever a campanha e citar o nome do banco. Na segunda-feira 6 e na terça 7, o telemarketing do Santander recebeu 40 mil ligações – contra uma média diária que não chega a 5 mil. Ainda é cedo, porém, para responder a questão fundamental: esta campanha funciona? Será uma boa idéia associar a imagem de um banco – setor de comunicação tradicionalmente elitizada – a jogadores de futebol? O
tema gerou polêmica e resistências internas dentro da própria instituição. Temia-se, sobretudo, o eventual envolvimento de um atleta em algum tipo de escândalo. A fama de mulherengo de Ronaldo, por exemplo, foi motivo de calorosas discussões – e de uma
(tranqüilizadora) pesquisa de opinião encomendada às pressas. A própria decisão de contratar não um, mas seis jogadores, foi uma forma de diluir o risco de publicidade negativa.

Outro ponto que provoca controvérsia é o custo-benefício da iniciativa. Das dezenas de ligações que o vice-presidente de Marketing do Santander, Armando Pompeu, recebeu desde que os primeiros anúncios foram para o ar, pelo menos uma veio em tom
provocativo. “A campanha é muito boa, mas você tem bala na agulha para continuar?” A resposta foi rápida. “Janto amanhã com o irmão (e empresário) do Ronaldinho
Gaúcho e depois vou para Milão gravar outros filmes.” Um veterano banqueiro carioca disse à DINHEIRO que considera a propaganda bonita, mas exagerada. Acha que é um investimento pesado demais para um retorno incerto e difícil de medir.

O Santander, de fato, não economizou. Os cachês dos jogadores, negociados individualmente, não foram revelados. Sabe-se, porém, que ninguém recebeu menos
do que os R$ 3 milhões supostamente embolsados pelo sambista Zeca Pagodinho para trocar a Nova Schin pela Brahma em 2003. As primeiras gravações foram feitas em
Madri. Cafú e Kaká chegaram de Milão a bordo de um jato fretado pelo banco. Para driblar a neve do rigoroso inverno europeu, uma arena de touros foi transformada em campo de futebol, numa operação que envolveu 120 trabalhadores e mil metros quadrados de grama sintética. Os filmes foram dirigidos pelo cineasta Breno Silveira, o mesmo de “2 Filhos de Francisco”.

Nos próximos dias, enquanto descobre do que sua mega campanha é capaz, o Santander Banespa assistirá à divulgação de lucros recordes de rivais como Bradesco e Itaú. Se o apelo feito nas peças publicitárias – “Faça como a gente. Abra uma conta no banco que foi eleito o melhor do mundo” – der resultado, a esta altura do ano que vem a matriz espanhola estará comemorando junto com a (e não apesar da) filial brasileira. Do contrário, o investimento de R$ 220 milhões só terá servido para entortar de vez o balanço do banco.

Os campeões da publicidade em 2005


O Santander não aparece no ranking dos 30 maiores anunciantes do Brasil em 2005, divulgada na semana passada pelo instituto Ibope/Monitor. Em primeiro lugar estão as Casas Bahia, com investimentos de R$ 2, bilhões. Os dois únicos bancos da listagem são o Bradesco (R$ 216 milhões) e o Itaú (R$ 182 milhões). Se fossem levados em conta os gastos com a campanha dos craques da seleção, de R$ 220 milhões, o Santander
apareceria imediatamente à frente do Bradesco, em 14º lugar. A ausência do Santander em 2005 não surpreende. O banco espanhol, com lucro líquido de R$ 1,43 bilhão
e ativos de R$ 75,5 bilhões até setembro de 2005, é bem menor que o Bradesco, que, no mesmo período, registrou lucro líquido de R$ 4,05 bilhões e ativos de R$202 bilhões. O Itaú teve lucro líquido de R$ 3,82 bilhões e ativos de R$ 144,5 bilhões até a mesma data.

por fernanda galvão e mirian kênia,

presente de grego ou mccann anti mccann ?

Às vésperas do aniversário de São Paulo (25 de janeiro) recebi uma mala direta que quase me fez cair de quatro. “Conheça o presente que a McCann está dando para a cidade, em parceria com a Burti”, dizia a chamada de um bem produzido folder. Dentro, 12 páginas duplas mostrando de um lado um local da cidade, cheio de outdoors, anúncios e sujeira, e do outro, o mesmo local, retocado, com belos gramados e sem outdoors, mostrando como a cidade fica linda sem os “cartazes irresponsavelmente invasivos”, como diz o texto, que se pretende poético (e é todo em caixa alta, quase ilegível).

Uma das maiores agências de propaganda do Brasil (e do mundo) e uma das maiores gráficas impressoras de propaganda dizendo que o mundo fica mais belo sem propaganda?.... Não dá para acreditar que isso possa ter passado. Só pode ter sido cochilo de alguém, em algum vazio gerado pela saída do meu velho e bom amigo, Jens Olesen. Eu o conheço bem, pois fui seu consultor para aquisição de agências... Ele não é inteligente, é brilhante -- e também é direto, impaciente e implacável com besteiras. Se consultado, teria soltado um palavrão (em dinamarquês!) a quem apresentasse a ele essa idéia “de jirico” e a derrapada não teria acontecido.

Li no Propaganda & Marketing as reações furiosas dos segmentos afetados, principalmente de outdoor. Eles estão cobertos de razão. Não vou chiar também por este lado, porque já foi (bem) feito por eles. A questão que me preocupa é a mentalidade anti-propaganda que isto revela e que viceja entre nós e, por mais incrível que pareça, até mesmo entre publicitários, que parecem ter vergonha da profissão que têm.

Que existe uma falta de compreensão de uns e outros, principalmente de certos “acadêmicos” em relação à propaganda, todos nós sabemos. Isto é um resquício de “esquerdismos” de outras épocas, em que a propaganda era vista como um instrumento malévolo do capitalismo, cuja função seria enganar as pessoas, fazendo-as comprar o que não precisam... Desta mentalidade (ainda persistente em alguns rincões mais saudosistas, pelo menos até a era Delúbio) “evoluiu-se” para considerar que marketing é sinônimo de enganação, tanto que quando se quer desvalorizar uma iniciativa, se diz que “é puro marketing”, ou “só marketing”.

Que os leigos achem que seria muito melhor um mundo sem propaganda, uma TV sem comerciais, revistas e jornais sem anúncios, internet sem e-mail marketing (pejorativamente qualificado de “spam”) e ruas sem cartazes, até dá para entender, desculpando-os por sua ignorância. Nunca nos cansamos de explicar a eles que este sonho idílico não é realizável simplesmente porque essas mídias não existiriam se não tivessem propaganda... Aí então eles replicam dizendo que a propaganda é muito repetitiva.... e nós novamente temos que dar a eles esta pornográfica explicação de que sem repetição não há penetração...

Mas que publicitários venham com essa de “higienizar” a cidade, tirando das ruas as fiações externas e o lixo (com o que todos concordamos) mas também a propaganda, equiparada assim ao lixo.... aí a derrapada já é muito grave, revelando que a auto-estima desses profissionais anda muito baixa... Será por culpa de Marcos Valério e de seus “clientes”? Ou será porque Duda Mendonça acabou com o charme (cá entre nós superestimado) que exercia esta profissão entre os jovens?

Eu sempre dei pouca importância às premiações de propaganda, tipo Cannes e outras, advogando, pelos clientes, que os concursos só interessam às agências – e que os clientes se interessam por resultados (exceção feita das premiações de marketing direto, de cujos júris participei, enquanto tinham por critério principal os resultados). Hoje devo reconhecer, contudo, que essas premiações têm pelo menos um mérito, que é o de valorizar a imagem da publicidade e de seus profissionais, contribuindo para tirar (ou reduzir) o seu sentimento de culpa de serem “servos do capitalismo” em vez de artistas desinteressados.

Outra bobagem que faz parte deste senso comum anti-marketing é a falsa idéia de que o dinheiro que se gasta em propaganda seria melhor aplicado na melhoria dos produtos ou então que as empresas poderiam baixar os preços se não gastassem tanto em propaganda... E lá temos nós que explicar de novo para esse pessoal que é a propaganda que, aumentando as vendas, permite a produção em maior escala e portanto a diminuição (e não o aumento) dos preços.

Neste nosso país e especialmente nesta América Latina onde ainda há muitos dinossauros ideológicos vendo o mundo com a lente anti-capitalista da década de 50 ou 60, é preciso que nós, profissionais de marketing, estejamos o tempo todo atentos, explicando (e não justificando), sem culpa, a nossa profissão. A última coisa de que precisamos é que de nossas próprias fileiras surja alguém (de peso) endossando bobagens como essa de uma São Paulo livre de propaganda.

Até a próxima!

Abraço,

Silvio Lefèvre

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

dá-lhe torquato que me faço neto

quando eu nasci, um anjo torto, desses sem asas, disse-me: vai celso, desafinar o coro dos contentes.

da tchurma de bumbum duro, mas nem tanto, para tchurma de bumbum mole

A Fischer América criou um comercial intitulado “Bundamolismo”. Bem-humorado, faz uma crítica à falta de criatividade da atual propaganda.

Feita em parceria com a O2, a peça é ambientada em uma sala de aula, na qual o "professor" fala dos riscos de uma doença chamada "bundamolismo" que está afetando os profissionais de comunicação. Em um clima "non sense", o professor mostra como detectar os sintomas, utilizando um ator de costas que apalpa as nádegas em busca de pontos de flacidez.

A Fischer está fazendo alguns ajustes na assinatura do filme e promete disponibilizá-lo em seu site na internet até o final do dia(notícia do blog do alonso).

agora vá dizer, em qualquer lista de discussão, de pernambuco pra cima, que a propaganda tá muito má;que tá sobrando presunção de cópia de archive; e faltando talento ? quer dizer, se quiser dizer, diga. mas diga que não foi você ou diga que foi, e saia correndo. só não diga que fui eu, porque já disse.

tudo e todos querem ser grandes, mas com que pequeneza de idéias, não ?

a coluna do zibenberg, publicada no bluebus esta semana, que transcrevo abaixo, aborda um tema que já nos oitenta havia sido motivo de piada na propaganda.

o cliente, chegando a agência, vendo aquela monumental sede, os carros no estacionamento, os tapetes, os quadros, enfim, aquela desnecessária engalanação arquitetônica, típica do noveau riche, ficou a se perguntar, já que ele que era o maior cliente da agência, de onde viria o dinheiro para os caras da agência ostentarem tudo aquilo? se ele, que tinha um patrimônio centenas de vezes maior, o construira, e o estava construindo, num escritório que não era mixuruca, é bem verdade, mas nem perto daquilo chegava. não precisa ser vidente para chegar a mesma conclusão: vinha do bolso dele. e ele, como é óbvio, não simpatizou minimamente com a idéia.

a idéia do bem sucedido na publicidade não difere muito - ainda hoje - da idéia de sucesso, por exemplo, do jogador de futebol, nascido na periferia. na primeiro contrato( ou conta) que pingue mais uma pataca e meia na mão, e pumba! carro importado e casa nova, as vezes mansão. igualmente fazem as agências.

a síndrome da ostentação como "prova" do sucesso da eficácia ou vice-versa como queiram, na publicidade já deu vexame em muita gente. gruponove, por exemplo, que após ostentar a cobertura de "1 milhão", alardeada como a prova suprema de que o teco-teco das ex-meninas do curso de comunicação da universidade federal tinha se tornado um concorde, foi o canto de cisne de uma trajetória inversamente proporcional a qualidade de suas idéias.

isso não quer dizer que, num vocabulário bem pernambucano, que as sedes das agências tenham de ser malamanhadas, não funcionais e não proporcionantes à estimulação sensorial necessária ao ofício. como alguém já disse, chega um momento em que, o que você cria, e o lugar onde você o está criando, se misturam. mas bom gôsto, design, funcionalidade, não tem nada a ver com tamanho. aliás, em pequenos lugares, criaram-se grandes, ou melhor, as melhores idéias. e o próprio gruponove, aqui citado, fez da sua marca uma brilhante referência nacional, a partir de espaços em nada ostentatórios, hoje dir-se-ia acanhados, mais repletos de idéias consistentes. depois, é o que se vê.

publicitários costumam ser vítimas das armadilhas que criam para sí próprios. open space, no open space. neo-lofts, old-lofts, baboseiras outras, grande exemplo das falácias utilizadas para impressionar clientes, quando o que falta são idéias. a salles, por exemplo, nasceu literalmente com a criação, no banheiro de um quarto de hotel três estrelas, da campanha para o aero-willys. campanha que garantiu-lhe vida de gigante. nascida no banheiro e sem cagadas: grandes idéias, pois não ?

exemplos não faltam. e não faltam pequenas agências, denominadas, sacanamente, como butiques de criação, uma forma de dizer que não são agências ou que são muito pequenas, para tirá-las do caminho das "grandes". mas que esbanjam leiautes. e idéias. trabalhos de deixar muita gente grande, chochinha, chochinhas, na sua pequenez. depois estas mesmas agências crescem e já se pôem a vir com grandes sedes esvaziadas.

tá na hora dos publicitários de agora, parafraseando petit, lembrarem-se, para não mais esquecer que: o que tem que ser grande, são as idéias, não as instalações.

e neste sentido, o mercado está um gigantesco elefante branco. sem decoração que lhe salve.

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Afinal, pra que precisa 1 empresa ser tao grande?

A creche das minhas filhas fica num centro comercial antigo localizado em Mount Kisco, no Estado de Nova Iorque. É um predio discreto de 3 andares e sem muito glamour, ocupado principalmente por médicos. É uma daquelas construções que precisa de uma boa reforma - a arquitetura antiga dificulta achar a lanchonete e até mesmo o banheiro. Por isso, fiquei completamente surpreso quando descobri que é lá que fica o escritório do Carl Icahn - o bilionario numero 49 da lista dos mais ricos da Forbes de 2005 e grande acionista de varias empresas, incluindo, veja bem, o grupo Time Warner.

Na semana passada, Icahn lançou uma campanha para dividir o Time Warner. Segundo ele, se o conglomerado for quebrado em 4 pedaços, passaria a valer 43% a mais do que vale hoje. O argumento é simples. Estamos vivendo em uma outra época no mercado de midia. Ao mesmo tempo em que uma area do grupo sofre com a queda na circulacao das revistas, a companhia ainda tem que se preocupar com a fragmentacao da TV, pirataria de musica e cinema. E tem tem também que se adaptar a novos formatos de publicidade. Separadas, cada area tem mais potencial para crescer e cuidar dos seus proprios problemas. Além isso, as velhas e gigantescas companhias competem hoje com empresas mais jovens como o Google, que vale mais do que a Walt Disney, News Corp e Viacom - juntas!



Uma das coisas que Icahn questiona é que os conglomerados de midia sao reflexos do egocentrismo dos seus CEOs. Um dos seus exemplos é a imponência das sedes. Para ele, nao há justificativa para o custo de construçao e manutençao de um predio como o do Time Warner, que consumiu US$ 1,7 bilhao. Icahn chegou a fazer um paralelo com o filme 'A Ponte do Rio Kwai', em que o coronel prisioneiro de guerra fica tao obcecado em construir a ponte que nao se preocupa com mais nada, nem com o inimigo.

Muitos concordam com a ideia de que empresas gigantescas sao coisas do passado. O curioso é que esse passado nao é distante assim - há cerca de 6 anos, todos os analistas incentivavam companhias como o Time Warner e a Viacom a construirem conglomerados. A promessa de sinergia e economia de custos nao aconteceu. E pior. O mercado de entretenimento e de publicidade mudou radicalmente nesse periodo e deve mudar ainda mais em breve. A proposta do Icahn nao tem tido muita aceitacao por diversos fatores. Mas o questionamento dele esta gerando muitas discussoes. Principalmente na lanchonete da minha creche, no pequeno predio onde ele mantem seu escritorio ;- ).

bob é mau e é o tal. eu? por enquanto só au-au!


bob garfield, que faz da crítica a publicidade, profissão, não economiza ferocidade nas suas palavras. nem por isso ou talvez por isso mesmo deixa de ser figurinha carimbada do ad age.
no brasil, e , particularmente no nordeste, onde o lambucuzismo é a prática das publicações ditas especializadas, aí de quem tentar o caminho. nas tais ditas cujas publicações, vê-se todo tipo de confete para garantir, pelo menos, mais 1/4 de página de anúncio. barbaridades e inverdades são ditas sempre para agradar as agências e as personalidade que adoram isso. muito embora, todos, no fundo, detestem-se uns aos outros. os meios, porque acham, principalmente os donos de agências, uns bossais comensais que arrotam o que não comem. os bossais, acham os meios uns puxa-sacos, que sobrevivem as suas custas.
eu, que estou mais pra bob do que pra garfield, ainda engatinhando, nem sequer afiei as unhas de crítico e já coleciono desafetos que andam branindo seus peidos e muxoxos. isto, só porque não digo ave césar! e não tapo o olho da verdade.
imaginem o que não acontecerá quando começar a exercitar a crítica em canal mais alargado?
por via das dúvidas vamos providenciar um seguro contra cobras e lagartos. e que façam eles, o seu contra raios e tempestades. o martelo de thor está a caminho.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

visto de entrada

…. daquilo que descobri e aprendi, nestes dois anos, um ponto se destaca. nós, portugueses, somos ainda muito conformistas e estamos longe de exercer em plenitude os nossos direitos de cidadania. muitos de nós, leitores, nem sequer conhecemos os direitos e responsabilidades que nos cabem como cidadãos , como consumidores, como pessoas. ora, quem não conhece, o que lhe cabe, não exerce e fica condenado à menoridade da cidadania. mas não basta conhecer. muitos conhecem, mas não dispôem dos recursos para as iniciativas(de protesto, de comentário, de aplauso)….

manuel pinto, na hora do balanço, jornal de notícias, porto

quarta ah portuguêsa: no brasil, belmiro não aprendeu a sambar apesar de só ter sambado

Proposta polêmica do homem mais rico de Portugal coloca a operadora de telefonia móvel do Brasil num momento de decisão

Chama-se Belmiro de Azevedo o empresário português que chacoalhou o mundo corporativo na semana passada. O homem mais rico de Portugal, dono de uma fortuna de 1 bilhão de euros e proprietário do grupo Sonae, império que atua nas áreas de varejo, construção e telecomunicações, sacou US$ 12,8 bilhões para fazer uma oferta
hostil pela Portugal Telecom, líder da telefonia em seu país e sócia aqui no Brasil da Telefonica na operadora Vivo. O lance deixou boquiabertos os portugueses, mexeu com as bolsas – em Lisboa e Nova York – provocou discussões acaloradas no
meio político, irritou os acionistas da PT e lançou vários pontos de interrogação: Como ficará a operação Brasil? Qual o futuro da Vivo se Belmiro comprar a PT? E se não comprar? O que a Telefonica pretende fazer? Perguntas que se tornaram mais inquietantes na quarta-feira 8, quando, em entrevista coletiva na cidade do Porto, Belmiro foi taxativo: com a Portugal Telecom em suas mãos, sairá do Brasil. “Se alguém aqui for acionista da Portugal Telecom pergunte, na próxima assembléia, o que é que a empresa tem ganhado no Brasil”, desafiou ele. Qualquer que seja o desfecho, o
setor de telecomunicações no Brasil será fortemente chacoalhado nesse processo.


A primeira reação da PT, liderada pelo executivo Miguel Horta e Costa, foi rejeitar a proposta. Nos corredores da sede da companhia, em Lisboa, o espírito era de
revolta diante da proposta de Belmiro. “Oportunista” e “aventureira” eram os adjetivos preferidos para qualificar a pretensão do dono do Sonae. Para executivos da PT, ele teria escolhido a dedo o momento de trazer sua oferta a público. A Vivo
encontra-se no período de silêncio obrigatório antes da divulgação de seus resultados anuais e, assim, não poderia rebater com números as críticas de Belmiro. A
PT também enfrenta um “momento de transição”. Em dezembro do ano passado, os mandatos dos membros do conselho de administração e da diretoria executiva chegaram ao fim. A assembléia destinada a escolher os novos ocupantes dos cargos ocorrerá apenas em 21 de abril – ou seja, os dirigentes vivem uma espécie de mandato-tampão, o que os deixa fragilizados para tomar decisões estratégicas.

Passada a surpresa inicial, diretores da empresa deram início à reação. Uma de suas apostas é que dificilmente os órgãos de defesa da concorrência portugueses aprovariam a união de duas operadoras que, juntas, deteriam 63% da telefonia móvel no país. A revolta também se estendia ao preço oferecido pela Sonae, algo em torno de 9,5 euros por ação. Um relatório do Citigroup que circulava nas mesas da sede
da PT mostrava um preço-alvo para o papel equivalente a 11 euros. As críticas do empresário à Vivo foram tratadas com ironia. “Ele diz que venderá a empresa e
já começa a depreciá-la. É como colocar um carro à venda e declarar que seus pneus estão carecas”, afirma um consultor que trabalha para a PT.

Talvez Belmiro esteja comparando coisas diferentes. Na Europa, mercado consolidado, a PT apresenta bom desempenho. No Brasil, mercado com uma concorrência "embriagada”, nas palavras de um especialista, todas as operadoras sofrem com margens anêmicas e a Vivo não é exceção, embora tenha algumas vantagens em relação aos demais competidores. A empresa é hoje a maior operadora da telefonia celular brasileira, com 30 milhões de usuários. Nos últimos tempos, perdeu espaço com o avanço das concorrentes TIM, Oi e Claro. Em 2004, o prejuízo chegou a R$ 490 milhões, para uma
receita líquida de R$ 7,3 bilhões. As dívidas somaram R$ 3,8 bilhões. Por outro lado, a receita média por usuário, importante indicador do setor, é de R$ 28 por
mês – maior que a da Claro (R$ 21) e da TIM (R$ 26). “O maior desafio da Vivo é a falta de convergência entre a telefonia fixa, móvel e internet, o que reduziria os custos”, avalia Anderson Ramirez, gerente da Price Waterhouse especialista em telecomunicações.

E se Belmiro não levar a PT, como fica a Vivo? A própria PT já andava pensando em dissolver a parceria com os espanhóis – embora negue publicamente qualquer
movimento nesse sentido. Nesse caso, ela sairia da parceria, mas não deixaria o Brasil. “Não é de hoje que a PT se mostra interessada na Telemar. A Vivo precisa da integração e a Telemar já fez com sucesso a convergência entre as três divisões”, afirma Manoel Horácio, presidente do Banco Fator e ex-presidente da
Telemar. E quem ficaria com a Vivo nesse caso? A Telefônica seria a candidata mais óbvia. O descaso demonstrado por Belmiro poderia ser visto como um “sossega leão” nos espanhóis. Afinal, a Telefonica é a maior acionista individual da PT, com 9,9% de
participação. Sem seu apoio, dificilmente a oferta hostil de Belmiro prosperará. Ciente de que seria um grande negócio para a Telefonica ficar com a
totalidade da Vivo, o empresário foi logo dizendo que queria sair do Brasil. Os espanhóis estão com o caixa vazio após a compra da operadora inglesa O2 por US$ 32
bilhões, mas poderiam usar o dinheiro da venda de sua participação na PT para financiar a parte da PT na Vivo, avaliada em US$ 3 bilhões. Trata-se de uma
análise é muito “local”, acredita-se na sede da PT. Espanhóis e portugueses têm uma parceria estratégica que vai além das fronteiras brasileiras. “Por que
aceitariam vender as ações por um valor abaixo do real?”, pergunta o consultor da PT.

O descaso de Belmiro pela Vivo pode ter motivo mais emocional: sua declarada aversão ao Brasil, depois dos tombos que tomou por aqui. Seu braço varejista, por exemplo, naufragou. O Sonae chegou a ter 148 supermercados no País. Vendeu-os para Carrefour e
Wal-Mart por menos do que comprou. Belmiro também foi o principal alvo da CPI do leite, instalada em 2002 no Paraná – isso porque ele era o principal distribuidor
do produto na região sul e os produtores se queixavam do preço pago por ele. No Paraná, ele investiu numa fábrica de compensados de madeira, que contaria com
incentivos fiscais negociados com o governo Jaime Lerner. Seu sucessor, Roberto Requião, cortou os subsídios e Belmiro fechou a fábrica. Restou ao grupo,
no País, a parte imobiliária, com ativos de R$ 500 milhões. Seu faturamento por aqui bate em R$ 55,7 milhões – um troco na fortuna de Belmiro. “Ele é rei em Portugal.
Mas aqui no Brasil é só mais um investidor português”, diz o consultor da PT. “Ele
sentiu falta do tapete vermelho no Brasil”. A melhor definição do homem mais rico de Portugal partiu de um analista brasileiro: “Ele tem o poder financeiro de Antônio Ermírio de Moraes, a influência política de Jorge Gerdau, a auto-suficiência de Abílio Diniz e o estilo de negociação de Daniel Dantas.”

Belmiro tem até o dia 26 para formalizar sua proposta. A partir daí, o conselho da PT teria oito dias para aceita-la ou não. Em sua ofensiva, Belmiro apelou para o espírito patriótico dos lusitanos. Com ele, diz, a PT ficaria em mãos portuguesas, livrando-se das garras de uma possível ofensiva espanhola por parte da
Telefonica. Curioso! Belmiro recorreu a empréstimos do espanhol Santander para fazer a proposta. E sua empresa de telefonia, a Optimus, é parceria da France Telecom. Na quinta-feira 9, surgiram rumores de que o Banco Espírito Santo (dono de 8,4% da PT) poderia financiar grupos portugueses interessados em fazer uma proposta de mais de US$ 13 bilhões pelo controle da PT. Façam suas apostas.

por joaquim castanheira e darcio oliveira para a isto é dinheiro.