sábado, fevereiro 11, 2006

quando meia garrafa valia uma vida inteira


quem não conhece ou conheceu paulo francis acha diogo mainardi o caramurú. é não. tá mais para cara de cú mesmo.
muito espaço pra pouco peido, o que é muito diferente dos petardos com inteligentzia, blefados ou não do franz, concordasse também você ou não.

na mesma época de francis, 75 kg de músculos e fúria - e bem mais do isso - saídos de porto alegre enchiam o rio via território de ipanema inventado o pasquim com assombro e rasgos de gênio do tempo que o jornalismo não é era esta bosta gasososa - e requentada, o que é muito pior, de agora.

"A maior revolução na imprensa, nos costumes, na sociedade e na linguagem que o brasileiro que sabe ler já viu foi o semanário "O Pasquim", invenção de Tarso de Castro concretizada com o apoio e talento de craques como Jaguar, Sérgio Cabral, Luis Carlos Maciel, Fortuna, Ziraldo,Paulo Francis e outros. O uso sem rodeios de expressões cretinas ou chulas nas colunas informativas é prerrogativa de Tarso de Castro; a reformulação da Folha Ilustrada, a criação do Folhetim e do Enfim, o renascimento da Careta e do Nacional são obras de Tarso de Castro; e, provavelmente, também Tarso de Castro tenha sido uma invenção febril de Tarso de Castro."

tarso de castro é o nome do cara que bebeu tudo o que podia, comeu todas que podia, e ainda fazia jornalismo contra tudo e contra todos, tornando-se" lenda do jornalismo de idéias e humor" com socos certeiros também em sentido literal. tom cardoso faz um livro sobre ele, pela planeta, e todos dizem que ficou devendo, que "tá mais pra perfil do que para biografia porque o cadáver tá recente", na dúvida vou ler de favor na cultura.

"Tarso, que nas palavras de Otto Lara Resende era o menos convencional dos homens e parecia ter um pacto com a felicidade, foi responsável pelo surgimento do único sopro criativo da imprensa brasileira na virada dos anos 60, O Pasquim. Recrutados praticamente todos em mesas de bar, Jaguar, Sergio Cabral, Ziraldo, Fortuna, Luiz Carlos Maciel, Paulo Francis, Paulo Rangel e Millôr Fernandes fizeram o que seria 'a piada do ano', na previsão furada de Millôr - um jornal feito só por jornalistas, e de humor, em pleno AI-5. 'O Pasquim era a revolução dentro da revolução. Ali se deflagram todos os movimentos. A revolução do jornalismo, a libertação do coloquial, a viabilização do esquerdismo, a libertação do humor e do feminismo, a explosão da contra-cultura, o desatamento do movimento gay. Era a imagem e semelhança de seu criador, Tarso de Castro', compara Tom Cardoso. Mas, assim como sua passagem pela Folha de S. Paulo, Zero Hora e pelos jornais que criou, como O Pasquim e Enfim, sua vida foi agitada mas curta. Durante anos, os amigos tentaram, inutilmente, convencê-lo a parar de beber. Luiz Carlos Maciel o levou ao Alcoólicos Anônimos (AA). Seu argumento para não freqüentar as reuniões foi convincente - 'prefiro a morte ao anonimato'. Palmério Doria pediu que ele parasse ao menos de beber de manhã. A resposta estava na ponta da língua - 'prefiro viver pela metade por uma garrafa de uísque inteira a viver a vida inteira bebendo pela metade'. Na ultima internação, no Hospital das Clínicas, seduziu todas as enfermeiras e as convenceu - sabe-se lá como - de que era importante ele ter duas garrafas de uísque debaixo da cama. Em 1991, morreu vitima de cirrose hepática."

2 comentários:

LC disse...

porra...já havia lido livros sobre o Pasquim, um deles inclusive escrito por um autor paraibano que hj ao que me parece é professor em Brasília, José Carlos Braga.
Mas confesso que não conhecia estoria do Tarso de Castro...
Se você pudesse...seria legal indicar alguma bibliografia sobre o tema e sobre o Tarso...

Abraço

celso muniz disse...

caro lc: lamentavelmente, como diz um dos resenhadores, e citado no texto, " o cadáver é muito recente ".daí, talvez explique-se a crítica ao livro do tom cardoso e a ausência de outros. do tarso, tenho alguns exemplares do emfim, que já não tinha, nem queria, o psique du rôle do pasquim, e do próprio pasquim, também alguns. sem querer ser cabotino, só posso dizer que o tarso faz parte da minha formação jornalística, digamos assim. pelo menos as partes chulas, devo ter aprendido com ele.
para não perder o passo, que tal ler o carlinhos de oliveira, biografia e obra. e também, o bandido que sabia latim, sobre o paulo leminsky. pelo menos o álcool, eles tem em comum, razão da causa mortis, para alem da inteligência, coragem, verve, bom humor, enfim tudo que anda a nos faltar por agora.