quinta-feira, fevereiro 23, 2006

na prática, o low é high

É muito comum os consultores de comunicação ouvirem da boca de um gestor de empresas as seguintes palavras: 'Não. Nós somos muito 'low profile' não comunicamos'. Esta reacção revela um grande desconhecimento sobre as 'coisas' da comunicação. É que, todos os dias, essas mesmas empresas, de uma forma involuntária, comunicam com o exterior. E, inconscientemente, transmitem aos seus públicos-alvo uma imagem que pode não coincidir com o posicionamento que pretendem apresentar e que, mais grave ainda, pode não corresponder minimamente à sua realidade. Nestes casos, as empresas não têm qualquer tipo de controlo sobre a sua imagem exterior, permitindo que os públicos com quem comunicam, involuntariamente, criem uma percepção da sua imagem de uma forma totalmente discricionária. Acresce que a disfuncionalidade entre o que a empresa é na realidade e a percepção que os públicos têm da mesma pode, a médio prazo, criar graves problemas de imagem que poderão inclusivamente prejudicar a 'performance' financeira da empresa. Não será preferível as empresas comunicarem de forma consciente e voluntária? Transmitirem o seu posicionamento de forma objectiva e correcta? Se faz sentido desenvolver um plano comercial de forma a permitir atingir os objectivos de vendas porque não faz sentido desenvolver uma estratégia de comunicação que permita criar uma imagem que posicione correctamente a empresa? O posicionamento 'low profile' não significa uma ausência de comunicação voluntária, nem o desconhecimento ou juízo errado que os públicos-alvo podem construir sobre a empresa. O 'low profile' deve ser uma postura voluntária e estratégica que não deve impedir os públicos-alvo de conhecer a empresa e de a posicionar correctamente. No ciclo de vida das empresas, existem períodos bons e maus. São nestes últimos, que a teoria do 'Não comunicamos somos muito low profile…' se revela um verdadeiro desastre. Sou testemunha de vários casos em que gestores de empresas, em momentos mais negros da vida das suas empresas, se mostraram verdadeiramente arrependidos de terem optado pela falsa 'Teoria do 'Low Profile'. Nesses momentos, os públicos não entendem as mensagens de reposicionamento que as empresas, de uma forma um tanto ou quanto desesperada, enviam e há uma grande dificuldade de entendimento mútuo. Mas é natural. Provavelmente os públicos tinham uma imagem errada da empresa há demasiado tempo e não é de um dia para o outro que se mudam percepções. Que não hajam dúvidas. Os gestores e as empresas que pretenderem obter um posicionamento 'Low Profile' deverão fazê-lo como uma opção integrada numa estratégia de comunicação e não numa postura errada de 'Não comunicação'.

a teoria do 'low profile' ", maria domingas carvalhosa para o especializado português meios&publicidade.

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