sexta-feira, outubro 23, 2009

o key da publicidade atual

a porrinhola - aquelas bicicletas com caixas de som no bagageiro,e que costumam destilar surdez para além do condutor, revelam-se cada vez mais a mídia pipoca que funciona muito mais que qualquer tuitada em frangaços nas periferias que cada vez mais balançam o aperto da nossa urbanidade selvagem - mas deixa o comentário sociológico pra lá e se liga que a porrinhola meneia ao som de kelly key: "vem cá meu cachorrinho a sua dona tá chamando ". volta e meia após, nos apostrofa o texto: procura-se cadelinha poodle que atende pelo nome tal e qual. oferece-se recompensa. obrigado. paulo.
se você só vê a dessemelhança onde vejo a semelhança com a nossa atual produção publicitária - o mesmo raciocínio que empregam anunciantes de porte, como wal-mart que, por exemplo(mau exemplo) taca um exagerado de fundo para estabelecer o link com a idéia de descontos exagerados, sem o menor escopo ou intenção de chanfrar a intenção que se confunde com idéia ou vá lá mote, você tá mais perdido que a poodle - ou o latino que ainda não se achou de traulitada e meia para cada arrebitada que se lhe pôe ou tira o pedaço.
e assim vai a nossa propaganda, na base do tudo rima e tudo pode, onde sequer a idéia que assim se pensa em sua toscacidade aflui trabalhada.
(a trilha para o post fica por sua conta).

quarta-feira, outubro 14, 2009

mal du siècle

que a propaganda, e as atividade correlatas, vão mal no brasil desde o fim do século passado, não é nenhuma novidade. o que so é corroborado, com um início de século desastroso sob todos os pontos de vista, incluindo-se o criativo, ético e a mensuração pelo parâmetro mais afirmativo de todos: o índice de felicidade. aliás, mostre-me um publicitário feliz - a exceção daqueles que andam com os ovos- dos outros-na bôca, como se fossem novos babilaques, e eu passarei a acreditar no prêmio nobel da paz.

a derrocada de uma atitude responsável para com a nossa atividade - responsabilidade não tem nada a ver com sisudice - tem muito porra-louca(talentoso) que fez mais pela profissão(em todos os sentidos)que a tal geração emebeemeizada, configurando a cereja podre nos dias atuais, que espreme-se em peidos abafados em passaportes lusos-fuscos.

a geração diploma, e a publicidade feita de publicitário para publicitários - olha como eu sou fodão - acabaram com a pertinência de uma geração de publicitários que: justamente por não se levar muito a sério - nem os tais ícones de seriedade - mas levando seríssimamente a postura e a atitude profissionais, que configuraram a atividade eficiência e eficácia com aplomb - ou se preferir com muito bom humor, o que só é possível quando se rí de sí mesmo - o que hoje sequer chega ao pastiche de quando se fazia história criando personagens que eram sempre maiores do que os criadores, o que hoje é inversamente proporcional.

como já diria o bardo, hoje só rimos quando choramos, e nem sequer isso dói mais, o que é o pior índice de todos.

terça-feira, outubro 13, 2009

o jornalismo do joio e o trigo(que pode ser cultivado sem lucro?)

Não faz mais nenhum sentido chamar de Jornalismo o que fazem as corporações de mídia. Quem se preocupa com o lucro em primeiro lugar não é uma instituição jornalística. Não pode ser. Quando uma empresa passa a ter como principal meta o lucro, essa empresa pode ser tudo, menos uma instituição jornalística. E aí não importa a quantidade de estrutura e dinheiro disponível, pois a prática jornalística é de outra natureza.

Exemplo: eu posso passar uma semana no Complexo do Alemão com um lápis e um bloco de papel. Posso chegar até lá de ônibus. Posso bater o texto num computador barato. Mesmo assim, se a publicação para onde escrevo for jornalística, vou ter mais condições de me aproximar da realidade do que uma matéria veiculada pelas corporações de mídia.
Essas podem dispor de toda a grana do mundo, de carro com motorista, dos gravadores mais caros, das melhores rotativas, de alta tiragem e de toda a publicidade que o dinheiro pode comprar. No entanto, se não forem instituições jornalísticas, elas dificilmente se aproximarão da realidade da favela, isso quando não a distorcem completamente.

Existem outros exemplos para além da questão da favela. É o caso dos venenos produzidos pelas Monsantos da vida, que nunca são denunciados pelas corporações de mídia. Ou da retomada dos movimentos de libertação na América Latina, vistos como “ditatoriais”; a perseguição aos movimentos sociais e aos trabalhadores em geral; a eterna criminalização da política, de modo a manter as instituições públicas apequenadas frente ao poder privado. Enfim, você pode olhar sob qualquer ponto de vista que não vai enxergar Jornalismo.

Isso precisa ficar bem claro. Claro como a luz do dia. Pra que as corporações pareçam ridículas quando proclamarem delírios do tipo: “somos democráticas”, “únicas com capacidade de fazer jornalismo”, “imparciais” e por aí vai. Fazer Jornalismo não tem esse mistério todo. Em síntese é você contar uma história. Essa história deve ter alguns critérios que justifiquem sua publicação. Alguns deles aprendemos nas faculdades e são válidos; outros são ensinados, mas devem ser vistos com cautela. E outros simplesmente ignorados. Mas, no fundo, o importante é ser fiel ao juramento do jornalista profissional:

“A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na sua luta por dignidade”.

Essa frase, quase uma declaração de amor, não é minimamente observada pelas corporações de mídia. Vejamos: elas não têm espírito de missão, não respeitam nada, nem as leis, estimulam o preconceito, discriminam setores inteiros da sociedade, violam os direitos humanos e não sabem o significado da palavra “dignidade”.

Mas por que o Jornalismo é tão importante para uma sociedade? Porque hoje, devido ao avanço tecnológico dos meios de comunicação – são praticamente onipresentes nas sociedades contemporâneas –, a mídia assume uma posição privilegiada no tocante à produção de subjetividades. Ou seja, a mídia, mais do que outras instituições, adquire enorme poder de produzir e reproduzir modos de sentir, agir e viver. Claro que somos afetados por outras instituições poderosas, como Família, Escola, Forças Armadas, Igreja, entre outras, mas a mídia é a única que atravessa todas as outras.

Fica claro, portanto, que uma sociedade será melhor ou pior dependendo dos equipamentos midiáticos nela inseridas. Se forem instituições jornalísticas sólidas e competentes, mais informação, dignidade, mais direitos humanos, mais cidadania, mais respeito, mais democracia. Se forem corporações pautadas pelo lucro, ou seja, entidades não-jornalísticas, menos informação, menos dignidade, menos direitos humanos, menos cidadania, menos respeito, menos democracia.

É por isso que eu sempre digo aqui, neste modesto, porém Jornalístico espaço: as corporações de mídia precisam ser destruídas, para o bem da humanidade! Em seu lugar vamos construir instituições jornalísticas. Ponto.


( é preciso reconceituar o jornalismo, na carta capital, do marcelo salles, coordenador da caros amigos no rio de e editor do www.fazendomedia.com.)

sexta-feira, outubro 09, 2009

o ululante do óbvio ou o algo mais das entrelinhas

1. Zé Marreta estava intrigado, aquele dia. Tinha ouvido falar, no rádio, num tar de socialismo, e não sabia o que era isso.

No fim do dia, sentado na calçada para a conversa tradicional de fim do dia, resolveu perguntar pro Zesperto.

“Cumpadre, o que é esse tar de socialismo¿”

Zesperto não tinha esse apelido por acaso. Era esperto mesmo, e como tal resolveu se aproveitar da ocasião.

“Vou expricá, cumpadre. Tem paia pra cigarro aí¿ Me dá uma.”

Zé Marreta deu, e enquanto o outro alisa a palha, continuou:

“Tem fumo¿”

“Só fumo de rolo.”

“Num faz mar, me arranja um pedaço.”

Zesperto pegou o fumo, comentou,

“Esse é do bão!”

Pediu:

“Me empresta o canivete¿”

Zesperto pegou o canivete, picou o fumo, enrolou-o calmamente, passou na boca, colou as bordas da palha. Estava pronto o cigarro. Aí, pediu de novo:

“Mempresta o fórfio¿

Acendeu o cigarro, deu uma gostosa baforada, explicou:

“Isso é socialismo, cumpadre”

“E o que eu faço nele¿

“Mecê cospe.”

(Mais ou me senos como foi contado pelo Rolando Boldrin, no Sr. Brasil, da TV Cultura)

2. Meu Caro Diretor de arte,

Não sei se você leu matéria publicada dia 23 de setembro no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo. Ali, logo na primeira página, ela diz que “em plena era da internet, a venda de livros porta a porta surpreende o mercado editorial e, em três anos, quase triplica sua participação. Um em cada sete livros é vendido em casa.” Devia ler, para crer.

Acreditar, meu caro diretor-de-arte, que tem gente que gosta de ler. Muita gente.

Há os malucos, que nem eu, que lêem qualquer coisa. Há os que só lêem o que lhes interessa. E os que lêem, se o objeto da leitura for colocado diante dos seus olhos.

Como está sendo constatado pelas editoras de livros, estes são a maior parcela de leitores.

E você, cuja criação deve alcançar todo mundo, inclusive os comodistas, tem de estar atento. Lembrar-se de que a primeira obrigação de qualquer peça publicitária é chamar a atenção. A segunda, se fazer entender. E facilitar a vida do consumidor.

Por isso, você tem de tornar seu layout fácil de ler. Com tipos cuidadosamente escolhidos para se tornarem legíveis em qualquer circunstância. Com fundos que não se misturem e anulem o texto. Com uma escolha criteriosa dos tipos.

Sei, você deve estar dizendo que isso é o óbvio na publicidade.

É o óbvio, mas, ultimamente você não está dando atenção pra ele. Você se esqueceu de que cada tipo tem sua própria linguagem. De que é importante blocar cada parágrafo, para o texto ficar mais gostoso. De que o título é, junto com a ilustração, o laço de pegar consumidor me que para tanto, tem de ter o devido destaque..

Claro, há idéias brilhantes que dispensam texto. Que contam toda história quando nascem. Mas isso, meu caro, é raro, muito raro. Só tem uma coisa: texto que não dá pra ler, é texto que não existe.

Você me passa a impressão de acreditar que as pessoas não lêem¿ Se pensa assim, não está sendo nem um pouco original. Ouço essa história desde que comecei na profissão. Faça um teste, como eu fiz: erre, no próximo anúncio que criar, em uma informação importante. Ou simplesmente, coloque uma palavra com erro na ortografia. E agüente as consequências.

Quando me deparo com as barbaridades que andam saindo por aí, penso em você. E me lembro do Zé Marreta, o que não sabia o que é o socialismo. E do Zesperto, que enrolava quem não sabia.

(entre o socialismo e o anúncio, do eloy simões, para quem sabe ler o algo mais das entrelinhas)

terça-feira, outubro 06, 2009

os vendilhões do templo

na atual fase da publicidade, geração diploma, o sintoma gargalo é que são todos vendidos e nenhum ou quase vendedores. o arrivismo, em uma de suas piores formas, o utilitarismo que deforma e enleva-se sob pecha de emebeático e performático, assumiu o formato dominante. a universidade, antes celeiro de talentos e provocateurs doscentes e discentes cedeu a tendência - publicitário chinfrim adora seguir tendências - cada vez mais da formação de mão-de-obra arrivista por excelência, do piorio até não poder mais. como querer então uma publicidade e publicitários memoráveis se na origem da dor não está a idéia mas sim a letargia da contas?