domingo, dezembro 31, 2006

para onde você quer ir e como pretende chegar ? se é que já não chegou pra você

Se você não sabe para onde quer ir e não faz um plano de viagem adequado, vai chegar a qualquer lugar e achar ótimo ou, o que é ainda pior, pode acabar no lugar certo mas achar que ainda não chegou.


Nas viradas de ano, como a que estamos vivendo nestes dias, esses temas de objetivos e planos de viagem entram na pauta de todos. Seja em termos da vida pessoal e familiar, seja no campo profissional, e, por desdobramento, na existência das organizações – dependentes absolutas desse processo de análise, seleção e escolha.

Isso é particularmente importante nas áreas de marketing e comunicação, nas quais esse processo é essencial, mas que é bastante falho em boa parte dos casos.

Qual é esse processo?

1 - Definir um objetivo específico e alcançável.
2 - Pensar e escolher uma estratégia efetiva.
3 - Fazer um mapa de viagem abrangente e preciso.
4 - Ter condições de “calibrar a mira” durante a jornada.

Como se nota, este é um problema clássico, de fácil enunciado e de solução conceitual relativamente simples. Mas que derrapa e colide, da prática, com objetivos chutados, estratégias falhas, baixa mensurabilidade e miras não-calibráveis.

Nos campos do marketing e da comunicação, tradicionalmente utiliza-se muito o feeling e a sorte e não se leva a série os processos mais cuidadosos e refinados de planejamento.

No passado, isso até dava certo em boa parte dos casos e o tamanho dos acertos compensava os desperdícios da jornada. Porque as circunstâncias de mercado permitiam haver alta eficácia com baixa eficiência.

Nos últimos tempos, porém, a situação mudou muito, há menos espaços vazios, as estratégias clássicas estão cansadas e as recompensas são cada vez mais baixas (com raríssimas exceções).

Dessa forma, é preciso mais e mais se ganhar eficiência para compensar a inevitável queda da eficácia.

Isso significa cumprir uma série de requisitos:

– Valorizar a pesquisa exploratória e (para usar um conceito militar) empregar a “inteligência” que proporciona o conhecimento prévio do “terreno” a ser atingido.

– Definir objetivos alcançáveis e metrificados em função de seu potencial, custo de aquisição e rentabilidade vs a utilização de recursos (próprios e de aliados) disponíveis;

– Pensar e definir estratégias reais, antes de listar as táticas e os instrumentos operacionais mais indicados – com o cuidado de empregar originalidade pertinente e realizar ações relevantes.

– Traçar planos realistas e flexíveis, ou seja, não tão amarrados que não reste espaço para sua adaptação, nem tão soltos que não permitam calibrar o progresso da jornada.

– Definir métricas de mensurabilidade de todos os aspectos importantes, como caminho percorrido, emprego/saldo de recursos, dificuldades ou oportunidades inesperadas etc.

– Calibrar permanentemente a rota de viagem, seus custos, conquistas e reveses.

Em outras palavras, tudo isso significa fazer planejamento de marketing e comunicação; não simples planos, que são parciais e apenas representam uma parte do necessário.

O planejamento, devido às circunstâncias de mercado, foi hipervalorizado desde os anos 80 do século passado na Inglaterra e, a partir da década de 90, nos Estados Unidos. No Brasil, o assunto já entrou em pauta há alguns anos e a emprego do planejamento tem aumentado, mas ainda estamos muito longe do que seria recomendável em termos de abrangência e profundidade de sua prática.

Uma situação que tende a mudar bastante nos próximos anos, quando a ficha de todo mundo cair de vez e houver uma clara e abrangente consciência de que os “bons tempos” não voltarão nunca mais.
(rafael sampaio, para o portal da propaganda)

sábado, dezembro 30, 2006

1988. o ano em que fomos felizes(mas não para sempre) ou o final da série, direções de arte pra lá de vendedoras , também em dose dupla

agência: w/ggk. diretor de criação: washington olivetto. redator: nizan guanaes. direção de arte: kélio rodrigues. produto: (campanha para recuperação) pelourinho.

alguns dos clássicos da nossa propaganda( e da propaganda mundial) são basicamente texto e um conceito título. e não se pode dizer que isto aplica-se tão-somente a anúncios. hitler o nosso filme mais admirado internacionalmente é, também, basicamente um “filme de texto”.

durante a publicação dos “ all-tapas”, série de artigos que abordamos o desatino das opiniões sobre os anúncios que ninguém lê(muito texto, dizem os(maus)diretores de arte) várias campanhas e anúncios nos vieram a memória e publicamos alguns, mesmo correndo o risco de parecer campanha de redator pelo redator, até porque publicamos a campanha quase ingênua do andré martins em prol do redator, ele mesmo.

outros anúncios impagáveis poderiam ser publicados. 2007 será um ano longo. não faltarão oportunidades— para os diretores de arte também. afinal, se anúncio sem texto é mal das pernas, anúncios sem direção de arte, é mal dos braços, ambos da cabeça.

por ora, destacamos esta campanha, um clássico segundo alguns, até porque reúne aqueles que são considerados os dois maiores nomes da nossa propaganda, e da propaganda mundial, em algo mais básico impossível: o famoso saia e blusa sem nenhum floreio, artifício, sacada ou truque.

washington e nizan, auxiliados pela direção de arte do kélio rodrigues, de uma obviedade a serviço do texto, e do resultado do anúncio, de tal forma impressionante, que valeu ouro no décimo terceiro anúario do ccsp para cada um dos oito anúncios. e os resultados, você pode constatar hoje no pelourinho.

fim de ano, vésperas de começo de outro, não é o tempo julgado adequado para olhar para trás, salvo nas famosas retrospectivas de final de ano. não é o caso. mas é o caso de se perguntar: como se resolveria hoje uma campanha que tivesse os predicados como esta?

os publicitários de hoje e do amanhã, cada vez mais voltados para o uso da imagem pela (inebriação) imagem poderão respondê-lo com o brilho do passado?

que o futuro não seja então o sub-texto opaco das imagens do presente.

ou, como bem diz a campanha do pelourinho: bom copy, patrimônio da boa publicidade. todo mundo tem de preservar.

O Pelourinho não é apenas o Centro Histórico de Salvador mas o centro da história colonial do Brasil.
Ele foi a Av. Paulista do passado, quando Salvador era a maior metrópole do Atlãntico Sul e a maior cidade do Império Português depois de Lisboa.
Em 1985, o Pelourinho foi reconhecido pela UNESCO como patrimônio da Humanidade para alegria e vergonha de todos nós.
Alegria por ver sua importância reconhecida pelo mundo. Vergonha, por saber que além de tombado pela UNESCO, o Pelourinho está sendo tombado também pelo tempo.
Hoje, 30% desta área, o maior conjunto barroco da América Latina, está em ruínas ou prestes a ruir.
Devido à crise que o país está atravessando e o tamanho do próprio território a ser recuperado, é impossível para a Prefeitura Municipal de Salvador assumir sozinha esta tarefa.
Não cabe agora encontrar culpados para tanto abandono. Nesse momento o Pelourinho não precisa de discursos, denúncias ou críticas.
Ele precisa de ação.
Precisa de agilidade e dos investimentos da iniciativa privada, do talento, da sensibilidade e da coordenação de técnicos que saibam recuperá-lo, sem transformá-lo num muser ao ar livre ou reduzí-lo à condição de um simpres parque de diversões turístico.
O Pelourinho precisa de empresas que queiram patrocinar ão só a recuperação de suas casas e quarteirões, mas também de sua gente. Aproveitando com seus investimentos o enorme contigente de mão-de-obra local, que hoje vive á, tão marginalizada quanto a própria área.
Todos os anos, milhares de pessoas do Brasil e do mundo inteiro passam pelo Parque Histórico do Pelourinho. O que o torna um lugar ideal para investimentos turísticos e culturais.
Para incentivar seus investimentos, a Prefeitura de Salvador transformou toda área do Parque, numa minizona franca, isentando as empresas que queiram se instalar nalea de impostos e taxas municipais.
Além disso, a Prefeitura e a fundação Gregório de Matos, também responsável pelo projeto criaram um Bureau de Captação para orientar as empresas interessadas de como fazer as suas doações ou investir no Pelourinho.
Enfim, o Parque Histórico do Pelourinho precisa de todas as pessoas.
De pessoas físicas e de pessoas jurídicas como a Construtora Suarez que, com sua doação, viabilizou esse anúncio para arrecadas outras doações. Precisa dos baianos, dos brasileiros, e de todos. Porque o Pelourinho está na Bahia mas pertence ao mundo inteiro.
E, por isso mesmo, todo mundo tem que preservar.

PELOURINHO. PATRIMÕNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.


Em 1985, o Pelourinho, o maior conjunto barroco da América Latina, foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Mas, apesar disso o lugar onde o Brasil nasceu continua morrendo a cada dia. Centenas de suas casas, sobrados de valor incalculável continuam tombando a cada inverno.
Agora, a Prefeitura Municipal de Salvador e a Fundação Gregório de Matos, estão mobilizando o empresariado e a opinião pública nacional para recuperar o Pelourinho. É verdade que o momento econômico do Brasil não é dos mais apropriados para pedir doações a pessoas e empresas. Mas acontece que o Pelourinho não pode mais esperar. E, se cada um ajudar no que puder, o que parece impossível hoje, pode ser tornar possível amanhã.
Com os benefícios da Lei Sarney sua empresa pode ajudar a recuperar igrejas centenárias e casas de grande importância histórica, como a do poeta Castro Alves ou a que hospedou D.João VI na sua passagem pela Bahia.
O Pelourinho é também um excelente local para investir. Todos os anos e durante o ano inteiro milhares de pessoas do Brasil e do exterior visitam nosso Parque Histórico. O que faz dele um lugar perfeito para investimentos turísticos e culturais.
Sobram turistas e faltam hotéis, restaurantes, teatros, casas de câmbio, galerias de arte, centro de convenções e eventos.
Sobram turistas e não falta mão-de-obra. Há centenas de costureiras, quituteiras e cozinheiras de mão-cheia, artesãos de talento, artistas populares. muita gente simples mas que quando orientada e motivada pode fazer coisas incríveis como o desfile das escolas de saba do Rio, por exemplo, que é dirigido, coreografado e produzido por gente simples também, mas que deslumbra o mundo com sua criatividade.
Que as empresas façam doações e investimentos, como a Construtora Góes Cohabita que com usa ajuda viabilizou esse anúncio para arrecadar outras doações. Que os artistas façam show, que os socialites façam leilões e festas, que os intelectuais, estudantes, sindicatos se mobilizem. Que todo mundo faça alguma coisa para dar vida ao lugar de deu vida a todo povo brasileiro.

PELOURINHO. PATRIMÕNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

da série, direções de arte pra lá de vendedoras (dose dupla, V & VI)


Na campanha em prol das vítimas das últimas chuvas, o Brasil mostrou sua enorme capacidade de mobilização.
Em poucos dias, brasileiros de todas as partes, pessoas físicas e jurídicas, arrecadaram milhões de cruzados e toneladas de mantimentos, agasalhos e remédios.
É para esse mesmo Brasil que o Pelourinho pede ajuda agora. Mas como não temos nenhuma morte, nenhuma criança soterrada é mais difícil sensibilizar a população.
É como se nosso país não soubesse prevenir: só remediar. Pois é preciso que a opinião pública fique sabendo que além de um Patrimônio da Humanidade, reconhecido e tombado pela UNESCO, em grande parte do seu território, o Pelourinho é também uma favela, onde milhares de pessoas moram nas condições mais precárias, em casas centenárias e inseguras, muitas das quais na beira de encostas e morros.
A Prefeitura de Salvador tem feito o que pode com seus próprios recursos. Desde o desenvolvimento de uma tecnologia própria para evitar novos desabamentos de sobrados, até o escoramento de 187 imóveis em todo o Parque Histórico.
Infelizmente, Salvador não tem condições de arcar sozinha com a recuperação de uma área como essa, com 31 hectares de extensão, em que falta quase tudo.
Partimos, então, para realizar uma campanha nacional a fim de arrecadar doações e incentivar investimentos no Pelourinho.
E esperamos que ela seja recebida com a generosidade e solidariedade que precisamos nos últimos dias.
É lógico que sabemos guardar as devidas proporções das coisas. Ninguém está querendo, por exemplo, que o Bradesco dê um cheque de 100 milhões; mas ele pode perfeitamente dar uma ajuda para salvar o maior conjunto arquitetônico barroco contínuo da América do Sul.
Está certo também que as rádios e televisões não podem passar o dia inteiro falando do Pelourinho, mas elas podem ajudar muito falando de vez em quando. Ou, pelo menos, falando alguma vez. É natural e justo que as chuvas com milhares de vítimas despertem na população uma comoção maior, do tamanho da própria tragédia.
Mas se os morros do Rio, por exemplo, tivessem merecido a atenção da comunidade antes dos trágicos acidentes, tanta morte e destruição poderia ser evitada.
E é isto que precisamos fazer no Pelourinho: evitar.
Ou o Brasil vai ajudar o Pelourinho pela força do argumento, ou vai ajudar pelo argumento da força. Da força do vento, do tempo e a chuva.

PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.


No mundo inteiro a Coca e a Pepsi investem milhões de dólares para promoverem seus produtos. Patrocinam shows, esportes, disputando com inteligência e criatividade a preferência do público.
Por isso, é mais do que natural que os organizadores da campanha de preservação do Pelourinho procurem esses já tradicionais patrocinadores em busca de ajuda.
Com a colaboração da Coca, a gente pode evitar que o Pelourinho se transforme em pau, em pedra e no fim do caminho.
Com o apoio da Pepsi, a gente pode preservar este lugar para as novas gerações.
Este ano, além de uma campanha nacional para arrecadar doações e um programa de captação de investimentos na área do Parque Histórico, estamos elaborando também um calendário de promoções para arrecadar fundos para as obras.
Se a Coca quiser fazer uma doação ou reconstruir um de nossos sobrados será muito bem-vinda. Se a Pepsi quiser fazer uma doação ainda maior que a Coca ou recuperar um quarteirão inteiro, melhor ainda.
Mas o que este anúncio pretende é conseguir que vocês patrocinem nosso calendário de promoções.
Neste primeiro semestre, por exemplo, estamos pretendendo realizar um grande show em Salvador que será transmitido para todo o Brasil.
Muitos artistas já se oferecem para participar dele gratuitamente, mas, ainda assim, há uma série de despesas como som, iluminação, palco que precisam ser cobertas por um patrocinador.
Um patrocínio que não custa nenhuma fortuna e que é nada se comparado com as megapromoções que vocês fazem.
Além disso, se essa promoção não tem grande custo, ela certamente vai trazer um grande benefício.
Comprando um ingresso para esse show, milhares de pessoas vão estar fazendo uma doação individual ao Pelourinho.
Realizando concertos musicais, eventos esportivos e culturais na área do Parque Histórico, estaremos devolvendo a ele a vida e o respeito que ele tanto precisa e merece.
Enfim, com essas promoções, além de arrecadarmos fundos para as nossas obras, estaremos fazendo com que o Pelourinho, assim como a Coca e a Pepsi estejam na boca de todo mundo.
Esperamos que vocês recebam este anúncio com o mesmo bom-humor com que ele foi feito. E que, como de costume, sejam generosos.
O show é apenas um dos eventos que serão realizados para arrecadar fundos para o Centro Histórico. E temos certeza que vocês poderão contribuir com muitas outras idéias.
É importante ressaltar que, embora este anúncio seja dirigido à Coca e à Pepsi, o convite não se destina exclusivamente a elas. Mas a todos os grandes anunciantes e patrocinadores deste país.
O Pelourinho, com suas centenas de sobrados e igrejas, com suas ruas e ladeiras, aguarda ansiosamente sua ajuda e seu telefonema.

PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.


quinta-feira, dezembro 28, 2006

extra: alguem duvida ? ( a série direções de arte pra lá de vendedoras continua abaixo)

Fiquei com pena da minha mulher ao ver nosso velho faqueiro desfalcadíssimo. Resolvi dar-lhe um de presente. Ela decidiu efetuar a compra através de um desses programas de venda pela TV (shoptime). Telefonou, identificou-se, deu o número do cartão de crédito e o endereço. Em quatro dias o produto estaria em casa. Nem em quatro, nem em cinco ou uma semana. Minha mulher ligou para reclamar e foi informada, que não havia previsão de entrega. O Natal chegou e nada de faqueiro. Não posso desfazer a compra, pois a primeira prestação já está anotada no cartão. Uma vez que não dizem no programa que não há previsão de entrega, estão cometendo fraude. Telefonamos para a Defesa do Consumidor, que parece ter saído do ar. Não roubarás.

Isso me fez lembrar que trabalhei seis meses numa grande agência de propaganda e quase morri de tédio. Saí de lá convencido de que - com raríssimas exceções - a publicidade é um fenômeno danoso à saúde mental. Ela manipula as mentes vulneráveis. Bilhões de dólares são gastos anualmente nesta arma que trabalha em função da concentração do poder econômico. Todos os anos, em todo o mundo, as crianças são massacradas com cerca de 224 mil minutos de comerciais. Resultado: crianças céticas, cínicas ou alienadas.

Depois de gastarem bilhões em pesquisas, os executivos da propaganda chegaram à conclusão de que o anúncio convincente deve passar por quatro momentos. 1) o problema; 2) a solução; 3) o consumo; 4) os resultados.
E isso tudo em menos de 30 segundos. Criança triste, com cara de idiota, isolada num canto, enquanto outras mais bonitas e mais bem vestidas andam de skate.
Uma jovem mamãe aparece no vídeo e oferece a solução: skates Adrian, a oitava maravilha do mundo. Agora, no estúdio, os mais belos modelos riem e dançam como alucinados, felizes da vida, abraçados aos seus skates. Finalmente, a criança feia e mal vestida aparece linda e bem vestida entre os amiguinhos, fazendo o maior sucesso com seus skates Adrian. A menina mais bonita aproxima-se dele, lhe dá um beijo.

Embora as crianças sejam as maiores vítimas, a TV ataca todos, sem restrições: o velho com artrite transforma-se num atleta após tomar Atritol. O rapaz feio, com espinhas e mau hálito, vira um galã depois de comprar um spray de menta. A jovem chega a ponto de achar a menstruação um prazer depois de comprar TM. E neste mundo de mentiras ininterruptas, em que você emagrece dois quilos por semana sem fazer exercícios e em que seu carro velho transforma-se numa supermáquina, graças à bateria Carilho, as gratificações são instantâneas.

Para vender vale tudo, do terror ao sexo. Meninas se comportam como mulheres e os programas infantis atraem multidões de pedófilos. Criam-se criminosos também, pois a maioria dos jovens, sobretudo em países como o Brasil, não entende por que não pode ter um tênis Micolás, que custa a metade do salário do pai, como o garoto da TV.
Mulheres também são grandes vítimas da TV, pois ou aparecem como prostitutas (aquelas que irão para a cama com o sujeito que usar mentol, baterias Carilho e gravatas Apolo) ou como dona-de-casa idiotas, que vêem, orgulhosas, os filhos usando os produtos anunciados. A publicidade em TV diz o seguinte: se você não comprar os produtos anunciados, será sempre um solitário, um outsider.

A propaganda é a antiarte, é a anticultura. Seu objetivo é a irracionalidade de comprar através do menor estímulo. Para mais vender, precisa aniquilar qualquer resquício crítico da cabeça do telespectador e, à medida que isso acontece, a "arte" entre os comerciais também deve baixar de nível, a fim de ser facilmente compreendida e digerida. A publicidade é inimiga da inteligência. Só existe um antídoto contra essa máquina de mentiras, essa babá eletrônica, essa incentivadora do crime: ignorá-la. Mas isso, creio eu, é impossível hoje em dia. A publicidade já venceu a batalha contra o intelecto.

(fraude e mentira na tv. por fausto wollf, para o jornal do brasil)

bom, se considerarmos o nível da maioria da nossa propaganda, o fausto tem razão, goethianamente.

da série, direções de arte pra lá de vendedoras IV

Todos os anos, milhares de pesoas do mundo inteiro vão a Stratford-on-Avon para ver o lugar onde Shakespeare nasceu. Visitam o Coliseu e relembram o martírio dos cristãos. Vão a Auschwitz, choram seus milhares de mortos e dizem Holocausto nunca mais. Contemplam a Capela Sistina e sentem orgulho de pertencer à raça humana.
São os monumentos do passado que dizem ao homem de hoje de onde ele vem e para onde ele deve ou não deve ir.
O Pelourinho é um desses monumentos. Mas apesar da sua importância e, embora já tenha sido reconhecido pela UNESCO como um patrimônio da Humanidade, ainda não foi reconhecido pelos próprios brasileiros.
Esse lugar que você está vendo na foto foi um dia o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Hoje, ele é usado como estacionamento de carros. E, assim, o maior conjunto barroco da América Latina vai se transformando no maior conjunto de ruínas barrocas.
Para acabar com esse e muitos outros absurdos, a Prefeitura Municipal de Salvador e a Fundação Gregório de Mattos estão mobilizando a opinião pública e, principalmente, o empresariado nacional para salvar o Pelourinho.
Sem dúvida, essa não é a melhor hora para pedir ajuda a pessoas e empresas. Mas o Pelourinho não pode mais esperar. E, pelo próprio tamanho do território a ser recuperado, essa é uma tarefa que a Prefeitura de Salvador não pode realizar sozinha.
Existem hoje no Brasil, principalmente no eixo Rio-São Paulo, empresas que a despeito da crise estão investindo fortemente em publicidade institucional e promoção.
Se você é uma delas, por que não investir também no Pelourinho? Aqui, nessa área de 31 hectares, sua empresa vai encontrar excelentes oportunidades para se promover institucionalmente.
Que tal seu laboratório farmacêutico restaurar a primeira Faculdade de Medicina do Brasil? Não seria perfeito para a sua editora de livros ou fábrica de papel reerguer a casa de Castro Alves?
Por que empresas de origem francesa ou holandesa como a sua não contribuem para reconstruir lugares por onde passaram seus antepassados, conquistando, assim, pacificamente, a Bahia?
Por que não? Custa tão pouco. Com a verba de patrocínio de um pequeno show, por exemplo, você restaura um sobrado como o que hospedou D. João VI.
Para isso, basta entrar em contato com o Bureau de Captação (vide endereço abaixo) montado especialmente pela Prefeitura de Salvador para atender as empresas interessadas.
Rapidamente, esse Bureau lhe apresentará as diversas maneiras de como colaborar com a restauração do Pelourinho.
Seja através de doações, que podem ser beneficiadas pela Lei Sarney, seja realizando investimentos nessa área de grande potencial turístico, ou até mesmo patrocinando peças de nossa campanha publicitária como a Construtora e Pavimentadora Sérvia Ltda. que com sua colaboração viabilizou esse anúncio.
Porque só dessa maneira, com a sua ajuda, com a ajuda de todos, será possível recuperar um lugar tão antigo e tão importante quanto a Fontana de Trevi. E que assim como ela precisa de suas moedas para realizar os seus desejos.


PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

da série, direções de arte pra lá de vendedoras III


No Brasil, muitas campanhas institucionais como esta têm sido feitas, mas, infelizmente, além de belos anúncios e autopromoção para quem assina, a maioria delas acaba resultando em nada. Sou prefeito de Salvador, uma cidade que possui um patrimônio que não pertence a ela mas ao mundo: o Pelourinho.
Hoje, 30% deste território estão em ruínas. Com seus próprios recursos, a Prefeitura tem feito o que pode. Desde o escoramento de 187 casarões, o que tem evitado novos desmoronamentos, até o desenvolvimento e uma tecnologia própria para recuperação do casario.
Entretanto, pelo tamanho da própria área a ser restaurada, a Prefeitura de Salvador, mesmo com as verbas que tem recebido do Governo Federal, não pode arcar com a tarefa de recuperar o Pelourinho sozinha.
Por isso, venho aqui me dirigir à opinião pública e às empresas de todo o Brasil.
A campanha We are the World, realizada por grandes artistas internacionais, foi uma bela mostra da força que tem um mutirão. E é de um mutirão como esse que o Pelourinho precisa.
O Pelourinho não precisa só de raras e gigantescas doações, mas de milhares de pequenas, médias e até grandes contribuições vindas de todas as partes.
E não só de doações, mas também de empresas que queiram investir nele.
Afinal nosso Parque Histórico é visitado por milhares de pessoas, durante o ano inteiro, vindas de todas as partes do mundo. É um lugar extraordinário para investimentos culturais e turísticos. Como hotéis, restaurantes, galerias, centros de convenções, venda de produtos tipicamente brasileiros e comércio em geral.
Para orientar as empresas interessadas, criamos um Bureau de Captação cujo endereço você vai encontrar no cupom abaixo.
Entrando em contato com esse Bureau, por carta ou telefone, você vai receber todas as informações que precisar ou, até mesmo, uma visita nossa, caso seja necessária.
Sei que o atual momento econômico é ingrato para pedir dinheiro à população e às empresas, mas o Pelourinho que já esperou durante centenas de invernos, não pode esperar mais.
Além de doações e investimentos peço aos formadores de opinião que nos ajudem a mobilizar o país.
Peço a toda imprensa brasileira, aos artistas, sempre tão sensíveis a causas como essa, aos comunicadores de rádio e televisão que divulguem nossa campanha e entrem nesse mutirão.
Todo o plano piloto do Parque Histórico do Pelourinho e a técnica de restauro são de autoria de Lina Bo Bardi e do arquiteto João Filgueiras Lima, que estão permanentemente atentos para que este Parque Histórico não seja reduzido à condição de um parque de diversões turístico.
A presença de nomes de inegável seriedade como o deles atesta o que pretendemos fazer aqui.
Desde já agradeço ao Presidente Sarney, ao Ministro Prisco Vianna, às construtoras Suarez, Sérvia, OAS, Góes Cohabita, a Julio Iglesias, CBS, Washington Olivetto, Andres Bukowinski, Chacrinha, Chico Buaque de Holanda, Editora Abril, à Rede Globo, Arnaldo Pappalardo, e à Fundação Gulbenkian que colaboraram para viabilizar essa campanha e o início das obras.
E, em nome dos brasileiros do passado e do presente, peço a ajuda de todos. Porque os sobrados e igrejas do Pelourinho bem sabem que dinheiro não cai do céu, mas chuva cai.

PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.

da série, direções de arte pra lá de vendedoras II

Imagine a Av. Paulista completamente abandonada. O Colégio São Luís transformado num estacionamento de carros. O prédio do Masp caindo aos pedaços e o edifício da Gazeta ruindo a cada inverno.
Pois é exatamente isso que está acontecendo com o Pelourinho, a Avenida Paulista do Brasil colonial.
Construído pelos portugueses e africanos, invadido pelos holandeses, ele vem sendo destruído lentamente pelos brasileiros.
Em seus sobrados e igrejas, centenas de obras-primas correm perigo a cada dia. Fazendo com que o maior conjunto do barrroco brasileiro pareça mais um quadro surrealista.
Para mudar esse quadro, a Prefeitura de Salvador e a Fundação Gregório de Mattos vêm realizando uma campanha para arrecadar doações e incentivar investimentos no Parque Histórico do Pelourinho.
O seu reconhecimento pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade tem facilitado nosso trabalho no exterior. Muitas fundações estrangeiras já demonstraram disposição em colaborar e algumas delas, efetivamente, estão começando a nos enviar a sua ajuda.
O cantor Julio Iglesias abriu mão de seu cachê milionário e participou gratuitamente da nossa campanha. E outras personalidades nacionais e internacionais estão seguindo o seu exemplo.
Diversas empresas baianas, como a Construtora OAS, que patrocina este anúncio, tem nos dado também a sua colaboração.
Difícil mesmo é chamar atenção para o nosso problema da opinião pública de um país que tem hoje problemas por todos os lados. É bem mais fácil mobilizá-la em campanhas em que a sobrevivência humana está diretamente envolvida.
Mas se o desaparecimento do Pelourinho não é tão dramático quanto a seca, a fome ou a chuva, a destruição do lugar onde o Brasil nasceu coloca em risco a memória de um país inteiro.
Aqui, neste Parque Histórico e em seus arredores, milhares de patriotas lutaram contra holandeses e portugueses, dando suas vidas para dar vida a este país.
Já correu muito sangue e muita história por essas ladeiras.
Por outro lado, é importante lembrar que, além de um patrimônio que precisa ser urgentemente recuperado, o Pelourinho é também um grave problema social que tem que ser resolvido.
Em certas áreas do sítio histórico, em meio a todo esplendor do passado, pode-se encontrar toda a miséria e a injustiça que este século foi capaz de produzir.
Fome, desabrigo e doença. Marginalidade. Maiores e menores abandonados. E a única maneira de ajudar esta população carente assim como recuperar os prédios é fazer com que a vida volte a morar por lá.

PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

da série, direções de arte pra lá de vendedoras


A cada dia que passa, a campanha do Pelourinho está crescendo. Diariamente, recebemos de todas as partes do País cartas de incentivo e moções de apoio.
O Parque Histórico do Pelourinho agradece a todas elas e informa que o Banco do Brasil acaba de abrir a conta100.1888, para que essas palavras de solidariedade possam se transformar em números de solidariedade.
Muita gente escreve perguntando: "o que eu posso fazer para ajudar o Pelourinho?".
A resposta é simples: basta ir a uma agência do Banco do Brasil, e depositar qualquer quantia.
Esta conta foi aberta com uma doação do próprio banco e esperamos que milhares de pessoas físicas e jurídicas sigam este exemplo.
Aos que nos escreveram, dizendo "contem conosco nessa cruzada", o Pelourinho responde que conta com eles na cruzada e nos cruzados.
Cem cruzados, mil cruzados, um milhão, todos os cruzados são bem-vindos.
Cada um contribui com o que pode. Para ajudar esse Patrimônio da Humanidade, ninguém precisa dilapidar o próprio patrimônio.
E as empresas, menos ainda. As doações ao Pelourinho são amplamente beneficiadas pela Lei Sarney.
Como, até agora, foi empregada apenas uma pequena parcela do total de recursos que poderiam ter sido aplicados pela iniciativa privada, o Governo prorrogou o prazo, para que as empresas se beneficiem dela, até o dia 29 de abril.
Ou seja, você tem até o dia 29 de abril para ajudar um patrimônio da Humanidade, preservando o da sua empresa também.
Uma outra maneira das empresas e associações ajudarem o Pelourinho, é realizando promoções beneficentes para angariar fundos.
Por exemplo: um hotel pode realizar a Noite Gastronômica da Bahia e depositar parte da renda na conta 100.1888.
O Rotary, o Lions Club, ou qualquer outra associação do seu bairro ou da sua cidade, podem realizar um bingo, um leilão, um baile, e depositar o lucro na conta 100.1888.
Desse jeito, nossa campanha irá crescendo e a conta do Pelourinho também.
O Parque Histórico agradece às empresas que já contribuíram e ao Banco do Brasil, pela conta e pela doação.
E espera receber muitas outras palavras de apoio, tais como: dinheiro, doação, investimento, cheque, depósito e contribuição.

PELOURINHO. PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE TODO MUNDO TEM QUE PRESERVAR.

domingo, dezembro 24, 2006

pós-modernos "das antiga" ou seria os "das antiga" pós-modernos


mais do que um encantador de platéias, nizan guanaes é um encantador de serpentes.

na festa de fim de ano das agências do seu grupo( só de funcionários, oitocentos) em vez do discurso tradicional," nizan cantou, sem desafinar, inteirinha, sem acompanhamento musical, sampa. nizan conseguiu fazer os pós-modernos não apenas cantar junto com ele, como também erguer as mãozinhas para balançar o corpo em adoração à capital paulista. tudo isso na ala do futuro, é claro. entre os profissionais mais tarimbados que apreciavam a cena, todos de boca aberta, as frases mais ouvidas eram: "esse cara é do ramo!", "como ele consegue?", "cara, ele parece feirante!", "que p... vendedor!", "nessa idade, esse fôlego todo?", "publicitário de verdade é isso aí!", "pô, agora ele deu uma de chacrinha, fala sério?!" e "com esse baiano, ninguém pode!", expressões basbaques segundo a presença de gisele centenaro.

se condiderarmos que as ditas cujas, vem da bôca dos tarimbados que determinam as alas do futuro, está tudo dito, em relação a ele, o futuro, se depender dos seus pastores, e como se aquilata a peidada modernidade na propaganda brasileira em sua meca sampa.

o fôlego, parece ser uma falsa medida da modernidade em propaganda. falsa porque verdadeira enquanto performance. verdadeira, porque falsa se tomada a médida do critério puramente da pertença a determinada faixa etária.

quando se morre para propaganda? aos 30, 40, 50 (dizem alguns que a partir daí, já somos múmias — muito prazer, é uma múmia que vos fala) 60, seteeeeeeenta ?

na propaganda brasileira, após a fase dos desbravadores, que chegavam aos sessenta no ofício sem problemas, trinta anos era a idade limite para fazer acontecer. caso isso não acontecesse, e acontecer significava ao menos papar um leão, pronto. caixão, sem direito a obituário.

anos noventa houve uma melhoria logo contrabalançada pela febre da contratação de estagiotários. o critério não era tão-somente a performance embuída na aparente faixa etária. mas sim, a questão salarial, e a questão de massa crítica: profissionais experimentados traduzem-se em comportamentos de dois tipos: primeiro, são nominalmente mais caros ou não aceitam " a reinserção em condições minimamente dignas" ( se aceitam, a contratação é mais do que temerária). no caso dos profissionais experimentados: por sua experiência, são muito mais críticos em relação a práticas empresariais-operacionais, ou não: amoldam-se acriticamente por medo de perder o emprego. e aí, isto pode ser bom ou pode ser mal, a depender do posicionamento da agência(agências normalmente tem pavor de auto-crítica e de profissionais com este espírito).

no amoldamento, uma armadilha. muito quieto, "o das antiga" facilmente é confundido com inoperante e, ou leva o pé na bunda de chôfre(tem sempre um pós-moderno por metade ou um terço do prêmio) ou vai murchando cada vez mais entregue a trabalhos menos expressivos, tipo bellow-the-line , em agências onde o bellow-the-line é tratado como das antiga.

juventude ou pós-modenidade, digamos assim, não significa necessáriamente, acriticidade. " todo estagiário é um gênio incompreendido até que ele prove o contrário". mas, se por uma lado não sendo garantia de trabalho inovador feito por quem mais novo, símbolo fácil de agência com idéias novas, muitas vezes a falta de cabelos brancos, derruba suas, boas ou más, idéias. também pelo preconceito, acertado? de que o jovem criativo não passa disso mesmo. jovem não compromissado com resultados e sim com seu marketing pessoal.

as agências estão cada vez mais cheias de pós-modernos das antiga e vazias dos das antiga pós-modernos. as agências brasileiras, claro. em londres, ou nos estados unidos, não é raro a convivência extremamente produtiva de jovem profissionais com até mais de sessenta anos com experimentados de algumas vezes vinte e pouco anos, cujo produto criativo expressa bem esta simbiose. o que não quer dizer, que jovem profissionais não possam produzir um trabalho "antigo" ou que das antiga não possam fazer algo pra lá de moderno, o que normalmente tem acontecido em ambos os casos.

das antiga tem sido aquilatados também por sua familiaridade ou não com os computadores e programas de edição de imagens. tenha a idéia boa que tiver, mas se não expressada via computador, e você é um das antiga. caso perdido. por outro lado, basta conhcer dez por cento de um photoshop ou corel, e produza a merda que produzir(leia-se sacada visual desconexa a conceito e objetivo de venda) e você é entronizado no império dos pós-moderno. imperador com sérios problemas de câmbio pra fora de suas fronteiras, já que seu conhecimento vale sempre muito menos que a metade do que acham que vale, e do que as agências pagam.

deve-se se entender que o manuseio do computador, aparece como conditio sine qua non, não pela habilidade criativa gerada em sí, mas sobretudo pela necessidade da tal velocidade da modernidade, que pasteuriza a forma de produção(já reparou que cada vez mais temos idéias mais parecidas, repetidas, copiadas?). uma boa idéia pode ser boníssimamente produzida num rough em vegetal por alguém que não conheça absolutamente nada de computadores. se a agência valoriza a idéia, sabera valorizar isso. mas como? basta contratar um pós-moderno para finalizar a boa idéia do das antiga(como bem sabemos, pós-modernos custam salários das antiga. quando das antiga eram pós-modernos em sua adolescência profissional). isso, evidentemente, só vale a pena, se a idéia do das antiga valer a pena. se a agência realmente valorizar a idéia enquanto produto criativo a ser vendido, e não só a idéia de fachada. obviamente, se há um pós-moderno que já liquide a fatura da boa idéia só com o computador, eis uma outra opção que se apresenta a sua frente. mas aí, eu perguntaria, não é estranho que pós-modernos não saibam desenhar, não se pede como picasso, o pós-moderno para sempre ? claro que há pós-modernos que conseguem desenhar no computador, isso é ótimo também, tanto ou quanto os das antiga causaram frisson em seus primeiros rouhgs hoje vegetados?

quando se contrata pelo valor produzido(e não pela economia de custo fixo) o problema desaparece. desde que desapareça em você, e na estrutura onde você está, o estigma, o paradigma, o preconceito, o falso moderno. por falar nisso, seria nizam um pós-moderno ou das antiga ?

para obstruir, confundir, descontruir ou descontrair seu julgamento, uma frase do mesmo nizan, no site da áfrica, para apresentar seu novo diretor de atendimento(nem vou me referir, agora, ao que nizan fala sobre a questão do atendimento, que os pós-modernos andam dizendo que é coisa das antiga) quando afirma que vindo ele( o homem de atendimento) da dpz, agência de onde veio a maioria, se não tudo, que marcou a qualidade da propaganda brasileira, nos coloca outra questão:

duailibi, petit e zaragoza, perderam o fôlego ou agora e sempre pós-modernos das antiga?

p.s. eis que liga-me um diretor de arte, indicando outro, com a observação: "ele é das antiga".
das antiga como? idade, pensamento, fôlego, qualidade ou teria isso para eu me sentir pós-moderno caso me sentisse das antiga também?

sábado, dezembro 23, 2006

o redator por ele mesmo, última parte: pegando um atalho sem nonono mas com adendo

Tem muito diretor de arte na solitária. Diariamente, eles encaram o trabalho de criação sozinhos, sem o acompanhamento de um redator. Isso acaba acontecendo porque tem agência que acha redator caro, dispensável ou até mesmo ultrapassado como uma Remington, uma Olivetti ou o papel carbono. Sem o redator do lado, o diretor de arte passa por cima do trabalho de busca e apreensão da idéia. Ele pega um atalho (pode até ser um atalho do teclado mesmo) e parte para a estética direto. O conteúdo, muitas vezes, coitado do conteúdo. Agências que trabalham assim, quando o assunto são palavras, ficam no nonono nono nono nononono nono nonoo. A sugestão é óbvia: preencher o nonono com um redator.
(você faz parte do movimento dos sem redator?)
André Martins
andre@dixxi.com.br

sexta-feira, dezembro 22, 2006

o redator por ele mesmo VI: pretexto no contexto

É o que dizem alguns: ninguém lê texto de anúncio. Já que você está lendo este aqui, você seria um ninguém? Que pegadinha, hein?
Na verdade, o que você ou ninguém tem vontade de ler é texto sem graça. Quando o texto é daqueles que não fisga pega você de jeito, por que você daria bola pra ele? O texto tem segredos culinários. Pitadas de sal, pimenta, chocolate, folhinhas de manjericão. A gosto do freguês. Tem que pegar o apressado e ocupado leitor pela gula. Ele tem que sentir o aroma, devorar o texto. Se você gostou do sabor desse aqui, obrigado e volte sempre. Ah, e se você gostou a ponto de recomendá-lo, mostre-o a mais ninguém.
(oi, ninguém ai ?)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

extra, extra, extra!

neste domingo: os pós-modernos(na publicidade esta praga também se cultua)
nesta segunda: nizan quando ainda era gordo, de idéias . sim, o nizam já foi magro e voltou a sê-lo, mas na base do bisturi.

o redator por ele mesmo V: o redator que não está no mapa

Você sabe quanto custa tirar um menino da rua e colocá-lo numa escola de turno integral? O que você espera de um país que trata a infância e a velhice à moda brasileira? Se o nosso sistema educacional é falho desde a base por que a preocupação atual é com a questão das cotas raciais nas universidades? A propaganda também deve tocar nesses assuntos. Fazer polêmica, estimular o debate, a conversa, a troca de idéias e não apenas a venda, conscientizar de forma mais ampla e profunda. Você não ahca? E, por falar em Amazônia, você sabia que nos livros escolares norte-americanos a região aparece no mapa como área internacional, não fazendo parte da aquarela do Brasil? Se continuar assim, a Amazônia pode virar um lugar perfeito para o nosso colega aí.
(por quê é proibido pisar na grama se na amazônia todo mundo deita e rola? )

quarta-feira, dezembro 20, 2006

extra: criação voando: o que não é exatamente a mesma coisa que on air(semana do redator continua abaixo)

as tentativas de explicar o que é criação publicitária descambam entre o preciosismo(estéril) acadêmico, o salve-nóis-que-semos-bão-demais-oi-só-nossa-penca-de-leão, e os indefectíveis trabalhos escolares, agora tornados obrigatórios como atestado de boa conduta universiotária em fim de curso.

nada parece dar resultado em termos objetivos(what the hells are advertiser create?) a julgar pela inexata compreensão do que venha a ser criação. muito menos ainda publicitária.
para a maioria dos clientes, e alguns deles, acreditem, são pessoas, criação é coisa de artistas. e criador publicitário idem. com a gravidade de não entenderem nada do negócio dele e fazerem muito beicinho quando chamados a atenção por isso.

na grande maioria das vezes, não é só a imprecisão da explicação que causa um mal ainda maior à atividade, reforçando o conceito errôneo que se tem sobre ela. bem como, outras vezes, só fornece munição aos inimigos - e até aos simpatizantes - mistificando ainda mais o assunto, que resume-se simplesmente ao uso de técnicas de marketing(nem marketing nem publicidade são ciência, arte menos ainda) apoiado em instrumental, ou ferramentas como queiram, que fundamentam-se em inervações extraidas dos fundamentos e novas descobertas das ciências sociais(estatística, antropologia, sociologia, psicologia, letras, filosofia, etc) expressando-se em linguagem objetivamente persuassiva que vai buscar na pintura, escultura, fotografia, caligrafia, arquitetura, estética, etc, adornos para composição da mensagem em forma e conteúdo. complicado não? então resuma ao seguinte: criação publicitária é nada mais nada menos do que a manipulação do conhecimento da alma e cultura(s) humana(em suas virtudes e vicissitudes) ao serviço da venda de produtos, bens, valores, ou, para ser mais "moderno" marcas.

assinado pela universidade potiguar, e já enfiado you tube a dentro, temos um destes exemplares que não só repete as imprecisões de sempre, como tem o mérito de arrastar à meleca, profissionais que certamente teriam a dizer mais com seus trabalhos, mas que neste "documentário" tornaram-se clones defeituosos deles próprios. e digo isto para não "linká-los" com o nariz de palhaço com que a moçoila "subliminarmente" faz meta-análise do seu feito ?

o curta de cerca de nove minutos( e notem que criação resume-se a alguns elementos do departamento de criação, no que devemos depreender que todo o resto da agência não é nada criativo, o que é uma obra-prima de tiro no pé) diz que faz um recorte da criação publicitária em natal. nada mais preciso. são recortes que fazem sua abertura, em 2006, mais parecendo, no dizer de um publicitário paraibano, " a feira da sulanca" de caruaru, com a incisiva apresentação de hariana, que como toda gente que não sabe a diferença entre alhos e bugalhos, surge pronunciada com uma enfase que só mesmo os inocentes úteis são capazes de travestir-se enquanto carapuça.

cristiano, romulo, giordano, quaresma , são respectivamente os elementos desta soap-ópera, explicitando sua weltanschauung do que seja a criação publicitária enquanto diretor de criação, redator e diretores de arte, de onde extrai-se pérolas iguais a estas:

"criação é o caos velho. a criação é tudo que a gente não entende, que a gente não consegue definir, que chega no dia-a-dia da agência". o que remete a uma inversão de valores, pois parte-se do princípio de que quando chega a criação o, se assim chamado, caos exterior, deve estar devidamente ordenado - com diretivas, polices - minimamente pelo atendimento-planejamento, dono da agência e tudo o mais. ou seria o caos porque os dois a são dobrados?

hariana avança em locução off que a criação publicitária é a elaboração de um conceito que vai dar mais adiante na criação de "eslogans" o que é demais para meu fígado. e para não me extender muito, rômulo tavares, pôe-me a nocaute com este achado de ostra: o redator precisa saber escrever..... dentro dos limites "das línguas" portuguesa.

como diria o romano: ò tempos, ò costumes, em que crime e castigo são confundidos como louros.

(mas se você não se deu por satisfeito e quiser saber o que é realmente um recorte ou que "trabalhar em criação é usar o mesmo óculos há cinco anos" dentro do contexto, o link esta ai abaixo. aliás, verdade seja dita: cinco anos sem trocar o óculos embaçam a metafora de qualquer um. o que não deixa de corresponder a outra que diz que a melhor idéia fora do prazo não é a melhor idéia. assim sendo, vamos considerar que as idéias também não foram trocadas ou justamente o contrário?)

http://www.youtube.com/watch?v=9QfdkwfO5cU

o redator por ele mesmo IV: como estar sempre a frente

Bem lá atrás mesmo, quando as informações chegaram no redator na forma de briefing, um completíssimo conjunto de dados bem organizados, objetivos, pertinenentes e relevantes. Quer dizer, menos, bem menos. Quando o redator começa a investigar o dito cujo, um batalhão de dúvidas o toma de assalto e o faz de refém. E é quase sempre assim. Mas redator não se mixa. Ele é o cara que faz a conexão do planejamento e do briefing com a criação. Antes de chegar no título do anúncio ou na primeira frase do roteiro, ele tem muito o que investigar e, principalmente, pensar. Para só depois escrever um título como o deste anúncio e partir para o texto que agora chega ao fim.
(este anúncio começou a ser escrito lá atrás)

terça-feira, dezembro 19, 2006

bebum de mídia, post extra (semana do redator continua abaixo)

break da novela das 17.30, comercial da cerveja nobel em plena malhação, desta segunda 18.

“interessante”, não deixa de ser. não se pode vender bebida para menores de dezoito anos, diz a lei. mas pode se anunciar de copo cheio para o “targethi” dos pré e pró adolescentes?( o que diz a lei mesmo?)

se comprovadamente o alcoolismo juvenil mina os “homens do amanhã”. aliás cada vez se bebe mais cedo. o que é pra lá de preocupante, dizem os estudiosos, a rga faz a sua parte metendo tira-gosto pra entornar todas desta idade pra diante ou melhor dizendo pra frente e pra trás.

como interpretar esta inserção( e autorização) num momento em que a responsabilidade social da propaganda é chamada na chincha com delimitação de horários e estratagemas no mundo inteiro para o anúncio de bebidas alcóolicas? — sim, o brasil faz parte do mundo. nem que seja como uma pedaço de bosta boiando. onde as leis são as mais avançadas do mundo, mas só no rótulo.

como saudar este mídia(agência) e seu plano ? vencedores do nobel em midia beligerante do tema ?

com a palavra os “erres g ás” da agência que a cada dia que passa diz a que veio: pra tomar todas, dizem, mas assim tão irresponsavelmente ?

o redator por ele mesmo III: antes de tudo um poliglota

A língua dos briefings não é para qualquer um, é coisa para alquimistas. Redatores, por exemplo, que sabem se perder nesse labirinto e sair dele com uma idéia ou pelo menos uma pista - o que já é muito em alguns casos, acredite. É trabalho árduo. Algumas vezes a língua dos briefings mais parece um dialeto alienígena ou o idioma de seres de outra dimensão. Ao se deparar com muitas dessas peças o cidadão passa por uma infinidade de sentimentos confusos e não raro tende a questionar a sua própria capacidade de entendimento das coisas. Mas o conhecimeto, o talento e - principalmente - a paciência fazem de um bom redator um expert em decifrar códigos e transformá-los em língua de terráqueos do hemisfério sul. Porque criar é falar a língua da sedução e não a de um extra-terrestre.
(faz-se traduções de briefing)

segunda-feira, dezembro 18, 2006

o redator por ele mesmo II : sempre esteve escrito

Pode parecer paradoxal e contraditório, e é mesmo: quanto menos um redator escreve, melhor. Texto pubicitário não é reportagem nem best seller. Importam mais a linha de raciocínio e as idéias do que as palavras propriamente ditas. Convém que o redator rale os dedos no teclado em busca do melhor título e se debruce sobre a madeira do texto para uma carpintaria caprichada. Mas a não ser naqueles casos em que há muita informação, menos texto é sempre o mais indicado. Menos poluição no ar, no papel, na tela do computador. Palavras em excesso só no pai dos burros. Lá estão todas elas para que o redator aprenda a pensar, escrever, consultar, repensar e reescrever. E até fazer isso usando apenas o que está escrito nas páginas em branco da imaginação.
(as melhores páginas ainda estão em branco)

domingo, dezembro 17, 2006

o redator por ele mesmo ou finalmente um alter-ego que se expôe

A dupla de criação é a forma mais consagrada de criar. É da troca de idéias entre redator e diretor de arte que saem os melhores lances do jogo. O hábito de criar em dupla amplia as possibilidades de ambos, é um treino diário que aperfeiçoa a técnica e estimula o institnto e a imaginação. Com o tempo, uma dupla chega a tanta intimidade que mais parece um casal apaixonado com direito a briguinhas ocasionais. Uma boa dupla é como um casamento no qual o adultério não é crime. Nunca abandone o seu diretor de arte. Tenha sempre um redator pra trocar uma idéia com ele. A solidão profissional é implacável. E mata a criatividade.

(por diretores de arte menos solitários e mais criativos, do andré martins, vendendo seu peixe frito na semana que a peixaria abre-se em horário gigante aos redatores)

sábado, dezembro 16, 2006

entrevista do sábado. como fica? se é que fica?

A cada volta que a Terra dá em torno do Sol o mundo já não é mais o mesmo. O marketing e seus serviços, entre eles a publicidade, no entanto, parecem girar em uma velocidade ainda maior. O que é novo hoje fica velho amanhã. Diante deste cenário, a publicidade vem sendo posta no paredão continuamente.

Para responder a estes ataques, o Mundo do Marketing conversou com Fernand Alphen, Diretor de Branding, Planejamento e Pesquisa da F/Nazca S&S.
Profissional que não foge das polêmicas, Alphen diz que não acredita no “discurso empoeirado dos 360 graus” e que prefere “mil vezes uma boa intuição às mais sofisticadas pesquisas”. O publicitário fala também sobre o relacionamento entre os profissionais de marketing e o de publicidade. Confira.

MM - Hoje em dia se fala muito que as agências de publicidade devem se reinventar porque os outros serviços de marketing tomam cada vez mais espaço e por conta da constante mudança do comportamento do consumidor. Qual é, e qual será, o real papel das agências de publicidade neste contexto?


Fernand - Não acho que as agências de publicidade tenham que se reinventar por conta do avanço dos outros serviços de marketing. Agências de propaganda devem se reinventar o tempo todo. Comunicação é uma atividade dinâmica, mutável, variada. O consumidor muda, o anunciante muda, as mídias mudam, os formatos, as linguagem e os publicitários também mudam. É por isso que devemos mudar sempre. Uma agência de publicidade deve ser um caldo em histérica ebulição.

Não acredito em especialidades formatadas em função de meios, verbas, perfis de clientes. A matéria prima de uma agência, seu real valor reside da idéia. É isso que vendemos, é isso que querem comprar. Não vendemos mídias, nem enlatados. Ou pelo menos não deveríamos. Nem nós, nem qualquer empresa de comunicação.

Não acredito tampouco no discurso empoeirado dos 360 graus. Isso é novamente vender a mídia na frente da idéia. Não devemos vender 360 graus, nem comunicação integrada. Devemos vender quantos graus forem necessários e a integração possível.

MM - Ao mesmo tempo em que a publicidade vem perdendo força são criados diversos serviços de marketing para suplantar os desejos dos clientes/consumidores. Em paralelo, em entrevista ao site, você disse que Branded Content não existe. O que é mais importante para uma marca vender hoje?

Fernand - Pesquisa e Planejamento são duas atividades essenciais para qualquer empresa. Como você tem visto as companhias desempenhando essas duas ações co-irmãs?

Nenhuma pesquisa pode prescindir da intuição. Mil vezes uma boa intuição às mais sofisticadas pesquisas. Mil vezes a vivência, a sensibilidade às mais modernas tecnologias. Mil vezes a segurança de um insight a todas as metodologias. E não importa qual seja ela. Um pesquisador deveria ser como um vidente. Pouco importa se ele lê o futuro na borra do café, nas cartas ou nos búzios. O que importa é a sensibilidade, a percepção nutrida por uma experiência e uma atenção intensas.

Planejar é geralmente uma atividade pavorosa porque parte do encruado raciocínio de que precisamos entender o passado (e o presente) para projetar o futuro. E quando fazemos isso, não estamos planejando futuro nenhum, estamos planejando o passado do futuro. Planejar não pode prescindir também de intuição e sensibilidade. Mil vezes isso a todos os métodos e modelos carcomidos de teóricos arrotadores de regra.

MM - As agências de publicidades recebem um bom briefing de seus clientes/do departamento de marketing?

Fernand - Em princípio sim, os clientes se esforçam para isso e cada um tem seu jeito de fazer. Alguns melhor, alguns pior. De qualquer forma, um briefing que é a base de um bom trabalho - sem ele é adivinhação - deve ser trabalhado pela agência. Por melhor que seja o briefing do cliente, deve haver um briefing interno que seja capaz não somente de explicar e informar, mas principalmente de inspirar. Um bom briefing de comunicação - e isso não é função do cliente - é o resultado de um garimpo intenso e deve dar caminhos, dizendo assim "ó, quebra aqui, lapida ali que tem ouro aí".

MM - Como publicitário e que está em contato com profissionais de marketing, como você acha que deve ser essa relação para gerar bons resultados?

Fernand - Confiança e transparência mútua, respeito às atribuições específicas de cada parte, bom humor sempre e envolvimento humano sem exageros.

MM - Quais são os maiores erros cometidos pelos profissionais de marketing e publicitários nesta relação?

Fernand - O maior de todo é o troca-troca: a veleidade e pretensão de não respeitar as orientações e competências específicas de cada um. No mais, não tem erro, só uma zona mais ou menos promíscua.

MM - Alguns profissionais de marketing têm ido a campo para entender as constantes mudanças do consumidor (ou até para conhecê-lo!). E o publicitário, qual é o papel dele diante desta agência de publicidade que deve ser um caldo em histérica ebulição?

Fernand - É obrigação do profissional de marketing ir a campo. É obrigação de o publicitário fazer o mesmo. E cada um faz a sua colheita. Dados lá, insights cá. O que não dá é pra ficar de pijama tomando sopa e acreditando que amanhã é igual a hoje e que papai sabe tudo.

(como fica a publicidade? pelo bruno mello, para o mundo do marketing?)


sexta-feira, dezembro 15, 2006

job pra que te quero ou tem muita coisa que não bate coisa com coisa

Não. Não é o trabalho que eu odeio. Odeio essa palavra. Por quê? Porque é um estrangeirismo, é mais um que invade a nossa praia. Neste caso específico, desta palavra que não vou mais escrever, a culpa é do mercado publicitário, que a-d-o-r-a anglicismos. Se o nome da coisa significa trabalho, então porque não usar simplesmente trabalho? Alguém vai poder cobrar mais caro por utilizar a palavra em inglês? Somos mesmos uma bestas, colonizados escumalhas assumidos, não acreditamos que somos donos da nossa terra. E o pior: não damos valor a ela.

Preferimos dar nomes de prédios com nomes de cidades dos Estados Unidos, Green Park, Red Valley, Oklahoma. Temos um repertório vastíssimo de termos originais e relacionados com a nossa cultura indígena mas isso fica para uso restrito em aulas de Antropologia. Ou então em papos-cabeça de udi-grudis que salvam o mundo a cada rodada de cerveja.

Fala sério, um case não pode ser um caso? Ou caso é só para quem tem amante? E Branding então? Pode? É construção de marca. Então escreve a fala: construção de marca. Todo mundo vai entender. Brain Storm é ótima. Merece parágrafo inteiro. O "boss" da agência (CEO para os mais modernos) chega e convoca a cambada toda pra aquela famosa reunião de onde certamente sairá uma idéia genial da próxima campanha. Até a mulher que serve cafezinho tem sua chance de opiniar. E se vier dela a melhor idéia? E não é que veio. Na hora, ganhou roupa nova paga em oito vezes na Renner e virou trainée... O telefone toca e a secretária justifica, ninguém pode ser interrompido. O interlocutor insiste, quer saber o que está acontecendo. "é um tal de braistoch", responde ela, fazendo voz de locutora.

Vamos sair do mercado publicitário, porque a esta altura a categoria já me xinga bastante, em inglês, espero. Antes de cambar de bordo, lembro de uma que é um "must" (saiu mais uma): Outsourcing. Daí, é assim. Quem sabe o significado usa a expressão com naturalidade. Quem ouve e não sabe, faz um ar blasé de que entendeu. Não tem a mínima idéia do que se trata, mas não pergunta nada porque considera que isso será um atestado de burrice. Imagina, não saber falar sobre outsourcing ou downsizing. Um absurdo. Melhor de tudo é ler que a fulana agora é cake designer. Muito legal. Na verdade, ela é uma doceira. Mas como a clientela é chique e tem bala - socialites - coloca cake designer no cartão e aí pode cobrar mais caro. Quer estacionar? Chame um vallet. Ele vai entregar um flyer, não tem? É que a festa é do tipo open bar e open kitchen. Tem chill out e lounge. Sofá não tem. Não está escrito que vai ter. Olha só, adoro quem sabe usar o verbo coisar. Estou tentando aprender. Daqui a pouco chego lá.

odeio job, adoro coisar, do marcos heise

talvez o marcos tenha razão. só ontem eu, que não sei nem conjugar o verbo to be no present tense, usei quase uma dúzia de termos.
por outro lado, também estou cansado de ver um bando de mba de ladeira arrotar sabedoria de gogó porque a mama pagou-lhes um curso de inglês em casa de burguês.
bluff por bluff fico com a imperfeição dos sotaques das verdades do meu.

nota de rodapé ou vende mais porque é criativa ou é criativa porque vende mais?

"A F/Nazca Saatchi & Saatchi divulga dados de conquistas que se destacam na parceria entre a agência e a marca Skol, em plena comemoração de 10 anos de história conjunta. A cerveja tinha 19,7 pontos de market share e era a terceira colocada em vendas no Brasil quando entregou sua conta para a F/Nazca S&S, em 1996. Hoje, Skol é líder do mercado brasileiro de cervejas, segundo dados Nielsen, além de figurar como a terceira marca mais consumida no mundo. Em solo nacional, o seu market share é de 32,9 pontos, embalados pelo slogan “A cerveja que desce redondo”. Para regar esse sucesso, foram criados pela agência, ao longo de uma década, 114 filmes e 600 peças para pontos-de-venda; mais de 7 milhões de acessos foram registrados no www.skol.com.br , onde 200 mil consumidores já se cadastraram; e o trabalho publicitário já rendeu, para agência e cliente, 216 prêmios nacionais e internacionais. A festa "10 anos redondos", que aconteceu ontem a noite, no Transamerica Expo Center, celebrou a vitória das equipes de ambas as empresas, bem como os laços de amizade e afeição que se criaram" (fonte bluebus).

quinta-feira, dezembro 14, 2006

nobreza não pôe mesa III: prêmio nobel ao conservadorismo

enquanto vou tomando uma trappist releio entrevista concedida em 13,06,2006, para o CCRJ por fernando campos, sócio da santa clara que diz o seguinte:

Ter uma agência é – ou deveria ser – um processo natural de amadurecimento. Achamos que era a hora de colocar em prática uma série de processos e uma filosofia que já fazia parte da nossa visão crítica do mercado e do modelo tradicional de agência.

CCRJ - Qual o maior desafio da agência nessa primeira etapa?
Fernando Campos - São vários. O primeiro é realizar duas tarefas simultâneas, a de colocar um negócio de pé e ao mesmo tempo garantir que o modelo proposto será de fato aplicado. São várias as tentações para cair no sistema antigo, na zona de conforto. Mas a contrapartida é uma equipe muito sênior comprometida com a nova proposta. Mesmo que eu vacilasse em algum momento e quisesse me proteger no modelo tradicional, minha equipe não deixaria.


pois é , partindo-se deste raciocínio, e tomando o maçico da campanha da cerveja nobel, chega-se a conclusão que: na equipe da RGA das duas uma: ou não havia ninguém na equipe para proteger seus mentores – inclusive deles próprios – ou o processo natural de amadurecimento ainda não estava no ponto para fazer da teoria a prática de uma agência que se anunciou inovadora. mas que repetiu o conservadorismo dos processos e filosofia, que decididamente não correspondem a visão crítica do mercado e do modelo tradiconal de agência, que também anunciaram vir a combater. campanha da nobel, mais tradicional impossível. para manter os termos observados em elegância correspondente a folha de alumínio para proteger a boquinha.

não vale nem a pena comentar a oportunidade desperdiçada (também comercial a médio e longo prazo, inclusive para eles) no tratamento de uma campanha que poderia representar outras nuances para o mercado se construida noutros ganchos, idem desenvolvimento.

dito e feito, também não vale a pena tecer comentários sobre o blend dos filmes e das gags que pretendem nos levar ao está pensando em quê?(em tomar a novel é que não vai ser).

aliás, se você pensar em qualidade de campanha, como a campanha pensou em qualidade de cerveja, chega-se também a conclusão de que faltou apetite-appeal em tudo. a explicitação do conceito de cerveja premium – qualidade em cerveja – pelo modo discursivo na figura de um clain(já que as situações são pueris que bastem) é de uma inocência ou insanidade tal, como vetor de branding( construção de marca que está subindo ladeira) que não se sustenta tão-somente pela aparição de veiculação sem um avanço de linguagem. assim, o sabor que fica grudado na mente e na garganta pela adoção de uma comunicação sem saboria, é o lugar-comum a cervejas que não conseguem vencer a inércia de mercado cada vez mais concorrido em todos os sabores de mídia. verdadeira briga de cachorro grande, onde tem muito pit-bull levando coça pelo rabo de vira-lata mais matreiros.

qualidade em cerveja, fora da boca dos mestres cervejeiros, e de pretensos connaiseurs é no geral um atributo emocional-sensorial, vindo em último o cariz racional, o que já foi provadoe "reprovado" pelos blind-tests. por isso mesmo, quanto mais forte a exploração do ângulo mental competitivo, traduzido numa campanha em que o componente criativo é tão ou mais importante do que o malte, o lúpulo ou a água de igarassu, com mais sede se vai ao pote. neste caso o planejamento? a criação pensaram idéia aguada pra cerveja que está se lançando com o intuito de fazer o consumidor pensar,nela, enquanto alternativa pressuposta.

no mais a nobel, também anda apanhando na tulipa dos 4ps que falam da distribuição, fora de prateleiras de distribuidores importantes como o wal-mart (bompreço) muito provavelmente por sua politica de esmagar os fornecedores pelo colarinho.

nesta hora o impacto da comunicação publicitária(pelo conteúdo e não só pela força da frequência) também pode dar o que pensar ao distribuidor, fazendo-o sentir-se acuado em não ter o produto nas prateleiras premido pela procura do consumidor.

mas nem isso de caso pensado? aliás, estiveram pensando no quê mesmo? ao batizar uma cerveja com nome de prêmio cuja recompensa não remete a invenções que apaixonem o consumidor de cerveja?

qualidade em cerveja produzida sem qualidade de pensamento vai ter como fim a dicotomia do isopor com uma marca por fora e outra marca bebida por dentro.

que nossa mulheres não fiquem viúvas! você brindando isso com uma nobel? meio difícil de pensar né?

quarta-feira, dezembro 13, 2006

e dona lourdinha ataca novamente

bem, eu não sei se há cobertura por parte da unimed. mas alguém tem que levar esta senhora ao psiquiatra, já que os surtos de “garota propaganda” persistem.
é isto o melhor que a unimed tem a oferecer em termos de comunicação? e porque não dizer em termos, médicos?

realmente a presidência, qualquer uma, afeta a saúde(mental inclusive) das pessoas.
o problema é que a gente paga por isso.
e muito caro.

nobreza não pôe mesa II ou nós viemos aqui pra beber ou pra conversar

cerveja pra brasileiro basicamente significa futebol, praia, mulher e música (pagode ainda reina, mas tem funk dentro e claro, brega, axé e calypso)não necessáriamente nesta ordem( a música e o básico) mas de preferencia tudo muito junto ou seja: dor de corno, penalti roubado, azaração, contar vantagem, afogar as mágoas, porrinha, popozão, ricardão, zoeira, boteco pé sujo, bar do centro, de periferia, bar de calçada, urso, muita conversa politicamente incorreta, dominó, muita quebra daquele mandamento do não cobiçarás a mulher do outro, o carro do outro, as férias do outro, muita queixa da sobra e do cunhado, enfim: meu chefe é um filho da puta, cê viu a mina nova da recepção? cabe de tudo naqueles copos da nadir figueiredo, porque cerveja é vida por trás e na frente do balcão. o que ainda não pegou por aqui foi boutique de cerveja, aquela lojas-quase-bares-lojas, onde se tem a disposição centenas de marcas da loura gelada, que muitas vezes é mulata, preta, cinza, vermelha, roxa, amarela, grená e muitas delas com um teor de alcóol que faz cachaça piá. resta o consolo de que não inventaram local ainda melhor pra se tomar “uma ceva” do que bar ou coisa mas parecida com vagabundo. e aí pode ser da praia ao subúrbio. da laje a beira do canal. vale até bar vizinho de cemitério, que ainda tem muita alma boa cheia de histórias pra contar.

e assim muitas e muitas campanhas memoráveis incorporavam a vida do brasileiro a seus rótulos. bons tempos de brahma versus antártica, ao quais se incorporou a kaiser do baixinho, que logo algum especialista de marketing detonou (especialista de marketing não entende porra nenhuma de cerveja como se pode ver pelas campanhas que obedecem aos briefings – a da nobel é uma delas – afirmando que apesar do reminder os potenciais bebedores de kaiser teriam vergonha de se identificar com marca que tivesse tal ícone. quanto a mim penso que dificil é se identificar com a falta de ícones criados enquanto a kaiser esteve nas mãos da w(que vexame) e da fcb, agora draft/fcb. e, pior a emenda do que o soneto, com o baixinho fudedor do agora explicitamente requentado e de tal modo artificialmente forçado, que o piercing da karina lhe parecia grande sacada entre os dentes.

depois tivemos a criação da ambev e a coisa começou a degringolar. é como se você fizesse de dois times como flamengo e fluminense, grêmio ou internacional, vitória ou bahia, fortaleza ou ceará, uma seleção estadua,l estimulando o racha ao mesmo tempo que justificando o combinado, quisesse convencer de que todo mundo é bom no racha e que não houve troca de camisas. zeca pagodinho já surgiu nessa, no meio de uma ação, que bom bebedor de cerveja que se preza não engole.

número 1 dali, a experimenta daqui, e a coisa foi definhando, até chegarmos ao slices of life da skol que leva menção honrosa(a glória segundo o texto do andre martins publicado ontem) mas que nem de longe é uma campanha a altura das melhores tradições da cerveja. isso sem falar nas campanhas internacionais que demostraram que até com gente agonizando é possível criar campanhas “estupidamente geladas”, mesmo em países de clima frio d´alma mas de propaganda memorável, sem uma gotinha sequer de bunda, que foi o que abundou até recentemente. só comprovando aquela teoria de prática provada de mesa de bar: que quando uma das cabeças esquenta a outra não funciona, o que no caso dos autores destas campanhas bundas só confirmou a falta de tesão para com a propaganda.

mas esta conversa toda acabou me deixando com sede. vou tomar uma? itaipava, mulata, polar, colônia, original? dependendo da região, e não só da propaganda, cada vez mais você tem escolhas melhores, principalmente na região sul, do que aquelas que lideram o share of mind de acordo com o investimento em marketing e mídia: skol, antartica e brahma, respectivamente.

só não me arrisco a tomar aquela com nome e água? de bateria delco, a belco. preconceito tipo "classe ahhhh"? ou seria um zé ruela por isso?

bom, amanhã a gente mata a saideira(e o mestre).

terça-feira, dezembro 12, 2006

nobreza não pôe mesa:campanhas de cerveja em doses duplas, locais incluidas

aqui pra nós, criar uma campanha de cerveja é o máximo não é? ou pelo menos deveria. razões é que não faltam. das mercadológicas as egológicas. mas então, porque cargas d´água a maioria delas é tão mínima?
e quando uma agência local tem esta oportunidade nas mãos, que faz dela? também água de torneira?
antes que a gente escarafunche as razões deste mercado cada vez mais ter se tornado um mercado de idéias tubainas, vamos começar de fora para dentro.
peça sua cerveja preferida(pela campanha?) e vamos lá a primeira dose.

"Rapidinho: a campanha de verão da Skol é, de longe, uma das mais divertidas dos últimos milênios não só da propaganda de cerveja. Desce redondo mesmo. Ótima idéia com direito a imagens no clima descontraidamente exato, texto saboroso, trilha sonora originalíssima e uma locução fora de série, coisas que não se vê há muito tempo, principalmente o nosso colega texto criativo e inesquecível. Esse é.
Você vai ver. Assim como muito já se repetiu o "tá chegando o verão", da Marina, provavelmente muito vai se exclamar "ahhhhhhhhhhh, o verão..." Aliás, abertura do vt, o primeiro da série, já é estupendo: um acorde inicial, o locutor entra com os seus pontos de exclamação invisíveis e depois mais na frente vem o lá lá lá da trilha.
Não dá pra lamentar nem as peladas que estão de fora na versão beba-me, gostosão. E em que outro comercial por aí você dá de cara com aquele texto suculento na boca de um locutor pra lá de relax que fala em dormir de cueca e dormir de calcinha?
E a palavra sirigaita, você já tinha ouvido falar? Sabe o que quer dizer? Nada disso. Segundo o Pai dos Burros, sirigaita nada mais é do que uma mulher pretensiosa e muito saracoteadora, mulher espevitada, ladina, que tem resposta pra tudo. Já pensou no seu cliente aprovando isso? Da próxima vez, seja mais otimista, rapaz. E tente. Vai contar o que para o pessoal da criação quando voltar com uma baita idéia reprovada?
Só tem uma coisa: a campanha da cerveja argentina Quilmes usa a mesma idéia. É uma tradução da idéia da Skol para o espanhol argentinesco. Ou vice-versa. Como é tudo Ambev, dizem que está tudo bem. É o verão.
(uma dúzia de sirigaitas do andré martins, para o www.adonline.com.br)

amanhã faremos então a tal "abordagem sociológica" das razões pelas quais as campanhas de cervejas estão sendo servidas quentes ou chocas, e desgraça maior, sem colarinho pra quem gosta. é um tal de loura "gelada" travesti que não acaba mais.


segunda-feira, dezembro 11, 2006

o que você deve fazer na propaganda antes de chegar aos 50 anos

o rescaldo da semana que passou é para deixar qualquer um escaldado.

no blue bus(www.bluebus.com.br) um dos destaques de 07/12 foi : "Quando eu crescer eu quero trabalhar com propaganda. Exibido em varios posts desde julho passado no YouTube, totalizando perto de 100,000 views, o comercial para o Addy Awards, premio da American Advertising Federation, mostra crianças explicando porque querem ser publicitarios quando crescerem. Parodia de um comercial original do Monster.com, brinca com o cotidiano e os clichês da profissao. "Quando eu crescer eu quero ter minha propria agência" - diz uma menina. "Ver meu nome na porta" - segue outra. "E fazer as pessoas se perguntarem o que eu faço o dia inteiro" - conclui ainda outra garota. O filme é do Meyocks Group".

mas quando você cresce de verdade - e há vários tipos de crescimento, inclusive o de carbureto, muito praticado por agora, a coisa pode ser tornar mais do que cruel no universo da propaganda, principalmente neste momento vivido de agora, onde o fake, a pulhice, se tornaram a ordem do grão prêmio do dia.

senão vejamos a nota da janela(www.janela.com.br) em 06/12.

RioSul repete campanha de 1994 e entristece Delano

O criativo carioca Delano D'Ávila tomou um susto ao abrir o jornal O Globo desta quarta-feira, 6 de dezembro, e ler a notícia de que o Shopping Rio Sul começará a veicular uma campanha de Natal, criada pela Giovanni+DraftFCB, mostrando o Rio de Janeiro debaixo de uma capa de neve (imagem à direita). "O plágio é uma homenagem ao autor", escreveu para a Janela, confessando-se indignado pelo fato de o shopping lançar este ano uma campanha com o mesmo tema que utilizou para o Outono/Inverno de 1994, quando a conta ainda estava na Salles, hoje Publicis.De acordo com Delano, além da repetição do tema, o anúncio reproduzido pelo O Globo é quase idêntico ao que ele, Arnaldo Rozencwaig e Bob Gueiros criaram utilizando como cenário a Praia de Copacabana: "na manipulação mais aprimorada de hoje, saiu o pinguim e entrou o São Bernardo".Na época, o RioSul dizia "Se vier o frio que você não está esperando...", em uma sequência de 4 páginas duplas mostrando, além da já citada Praia de Copacabana, o o bondinho do Pão de Açúcar (imagem em cores à direita), a Pedra da Gávea e a Lagoa.Os leitores da Janela estão cansados de saber que este colunista não acredita em chupadas supostamente feitas por profissionais consagrados, como Fernando Barcellos, Ricardo Weitsman, Thiago Fernandes, Cidney Neto e Carlos Assolan Paboudjian, que assinam a nova campanha. O premiado time da Giovanni tem talento de sobra para criar qualquer campanha do zero. Por isso prefiro acreditar que situações como esta devam-se mais a uma infeliz coincidência de quem segue os mesmos caminhos do raciocínio publicitário. Somada, no caso, à resvalada de a equipe do marketing do Rio Sul não ter consultado a sua memória publicitária, principalmente depois de ter trocado de agência.ENTRANDO NUMA FRIA.Mas Delano tem a sua razão de se sentir magoado. Um dos diretores de arte mais premiados do mercado carioca nas décadas de 80 e 90, foi Delano que assinou a principal transformação, em direção à modernidade e sofisticação, na propaganda de varejo do Rio -- e talvez do Brasil -- como diretor de criação da Provarejo, house-agency da Mesbla.Mas o tempo passou e ele cometeu o pecado de passar dos 50 anos sem ter-se tornado dono de agência. E hoje, como inúmeros profissionais de criação da sua geração, encontra dificuldade para se recolocar no mercado publicitário. Ele conta:- Há coisa de 2 anos que venho me aperfeiçoando no computador. O talento reconhecido de criativo premiado não vem bastando para me realocar com um mínimo de dignidade. Parti então para o inevitável, ou seja, mergulhei firme no Macintosh e estou apto a produzir minhas idéias diferentemente de como durante mais de 30 anos me mantive como diretor de criação das melhores agências do Rio. Você bem sabe. Agora, tentando uma conversa aqui outra ali, percebo como está difícil. As notícias e as falas de quem me recebe gentilmente revelam cada vez mais um mercado estreitado e de poucas possibilidades efetivas.Ao perceber, então, que a mesma idéia que teve há 12 anos foi vista hoje como uma boa sacada tanto pelos criativos de uma agência quanto pelo anunciante, Delano explica que, se por um lado, ficou aborrecido, por outro, tornou-se bastante esperançoso:- Percebi que minha matéria-prima continua sendo de ótima qualidade e que ainda posso reafirmar, em alguma agência compatível com esse meu momento, o talento de sempre".É mesmo muito luxo para este mercado desperdiçar o talento de um Delano D'Ávila, como de outros nomes que ainda não autorizaram a coluna a citá-los aqui. Por isso, se alguém quiser conversar com o Delano, aqui vai o e-mail dele: delanodavila@yahoo.com.br "

sem comentários e aprendendo a lição, continho a escarafunchar a net e encontro no jongaoliva.blogspot.com casos da propaganda dos últimos trinta anos, que por certo nos remeteriam ao desejo que nomeia a primeira nota deste post(quando eu crescer quero trabalhar em propaganda).

história hilárias, mas muito sérias, recheiadas de perspicácia, inteligência, ousadia, bom-humor, escracho e acima, de tudo, de referências da boa propaganda. daquela que decididamente não se faz mais. a começar que são escritas e narradas por um diretor de arte que escreve melhor do que a maioria dos redatores que vejo a se gabarem por ai.

mas como o que interessa é o aqui e o agora, e se você está perto dos cincoenta anos - quem tem vinte, está mais perto do que quem tem quarenta, porque já se tocou que desperdiçou o tempo fazendo merdas, destas tais como copiar archives, ou o que é pior: ser genial criando campanhas que já foram criadas na década passada, mire-se no exemplo das mulheres de atenas ou no do delano: um profissional cujas campanhas para a provarejo, continuam melhores do que qualquer uma que está sendo feita por ai no varejo, incluindo aquela coisa pra lá de manjada feito para o ponto frio pela dm9(rio?) - que melhores dias teve pela mão da sgb conduzida pelo isac shapira -e que agora ninguém quer, apesar de suas idéias estarem pra lá de up-to-date.
se com o delano, que é um marco, está sendo assim, imagine com você? (comigo nem precisa, auto-crítica aqui é grande como seu ego)
mas memória que é bom, quem tem? só gente de cincoenta? ô geraçãozinha desmiolada de agora que não tem conhecimento de filmes feitos há tão pouco tempo e por desprezar talentos tido como velhos, mas que factualmente continuam muito mais jovem do que eles

quanto a mim, definitivamente, quando crescer não vou querer trabalhar em propaganda.

domingo, dezembro 10, 2006

da série, agências que não estão na moda, os dez mandamentos mais contemporâneos que conheço

1) tenha um ídolo
uma pessoa, um conceito, uma campanha que você admira, mas tenha um referencia.

2)acredite em você
seja o o melhor em que você puder ser.
um dia, você vai ser melhor do que seu ídolo.
até porque, por melhor que seja seu ídolo ou referência, pode ser tudo, mas jamais poderá ser você ou o resultado do trabalho que só você poderá fazer.
acredite nas suas idéias
nunca aceite apenas um não. o não é assassino.
mas se por trás do não existir uma boa aplicação ou raciocínio que convém a você, você tem mais do que um não, você tem um novo briefing e vai poder fazer melhor.

3)seja uma esponja
abosorva tudo, tudo, propaganda, tecnologia, sociologia, pornografia, histórias em quadrinhos, gaffitis, os clássicos, os best-sellers, jornais, revistas, vídeo, política, antropologos, bicheiros, música erudita, pagode, freud e a vizinha, tour d´argent em paris e botequim pé sujo da esquina, umberto eco e gugu liberato, shopping center, e padaria, supermercado e camelos.

4)faça mais, sempre,mais
vista a camisa de cada produto, serviço ou problema.
uma idéia sempre pode ser melhorada.
mesmo depois de pronta.
mesmo depois de veiculada.

5)aprenda as regras da profissão
uma por uma. aprenda todas, e se for preciso, quebre todas.
mas depois de aprender, e se for preciso.
com conhecimento e consistência.
e nunca se esqueça que as regras da profissão são muitas vezes a sua melhor arma.

6)mergulhe no problema a ser resolvido
e vôe para fora dele.
mas nunca mergulhe tão fundo que não possa voltar.
nem vôe tão alto que não possa descer.
as soluções estão sempre dentro do problema e não fora dele.
mas as vezes é preciso sair dele para ver melhor.

7)cuidado com o poder da publicidade
a nossa profissão dá muitas vezes a sensação de poder. e o poder é perigosamente traiçoeiro. recomenda-se o seu uso com alta dose de moderação. aliás, a humildade às vezes pode garantir um leão em cannes no ano seguinte. relativize a importância da publicidade. antes de se achar o máximo. lembre-se que a áfrica e o piauí são aqui ao lado. mas, ao mesmo tempo, tenha sempre a certeza de que é o máximo trabalhar numa profissão que mexe com o coração , o fígado, o mente e as fantasias de milhões e milhões de pessoas.

8)não seja gênio
ninguém, nem o gênio, consegue ser genial todo o dia.
o importante não é o brilho ofuscante ou o estrelismo de um dia.
mas a conduta e o caráter, a qualidade média acima da média e ao longo do tempo.
não queira ser uma estrela mas um planeta.

9)trabalhe 24 horas
se possível invente a 25a hora. a comunicação e a idéia não tem hora nem lugar para acontecer. pode ser no escritório, em casa, na rua, no botequim, na praça ou no banheiro. e tenha uma relação de amor com o trabalho. ninguém faz bem a quem não ama. lembre-se também que a relação com um cliente, qualquer cliente, é feita de mil e um detalhes. sem a confiança dos dois lados, nada dará certo.
finalmente nunca se esqueça de que - mais do que a criação - as pessoas e sua inteligência são o princípio maior de uma agência.

10)seja honesto, diga a verdade.

"das dez mil coisas que aprendemos em muitos anos de contemporânea aqui estão 10 para vocês".
extraidos do site da contemporânea(os grifos são meus).

sábado, dezembro 09, 2006

entrevista do sábado: publicitários são protéticos(quando não patéticos)


Clubeonline: Como você dosa seu tempo entre as diversas atividades que exerce?

Zé Rodrix : Aprendi há muitos anos, com o Chico Anysio, que é um cara multicapacitado, uma verdade inegável: quanto mais coisas você tem para fazer, mais tempo lhe sobra. Você tem que se organizar, ou seja, determinar os espaços no seu dia para fazer algo e ter um foco muito preciso. Assim você consegue efetivamente fazer tudo. Nós somos muito dispersos e quando temos muita coisa para fazer temos que conseguir nos concentrar e focar. Tem que pegar um trabalho e fazer rápido, não deixar para a última hora.

C: Quais são suas atividades hoje em dia?

ZR: Trabalho na Crianon, que faz criação, produção de imagem e som, promoções, eventos, documentários, como o que eu dirigi para a Alonso Menendez (fabricante de charutos). Cuido de toda a parte musical da TV Cultura, da TV Rá-Tim-Bum e das rádios Cultura AM e FM, para as quais fiz um trabalho de criação de uma identidade sonora. Faço muita palestra para estudantes de publicidade. Minha apresentação nesse caso se chama “A Comédia dos Erros”, ou seja, eu não uso as palestras para glorificar meu trabalho, mas sim para mostrar as cagadas que a gente faz e enfrenta na profissão. Só os erros ensinam. Tenho um trabalho com a editora “A Girafa”, no que diz respeito à compra de coleções, visando dar uma cara para a empresa, e sou diretor da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda). Além disso tudo, componho, tenho o trio (Sá, Rodrix e Guarabira), faço meus shows solo, sou curador do Clube Caiubi de Compositores, no bairro de Perdizes, e escrevo livros.

C: E a publicidade?

ZR: Em março de 2000 eu deixei a produtora Voz do Brasil. Meu sócio, o Tico Terpins, morreu em 1998. Só voltei a mexer com publicidade em 2003, quando o trabalho para um cliente demandou a construção de um estrutura, que ficou legal e começamos a atender outros clientes. Foi assim que surgiu a Crianon. Nossa filosofia é focada no cliente e não na equipe, no ego. Por isso o nome, Crianon, que significa Criativos Anônimos.

C: Como você vê a publicidade hoje em dia?

ZR: A publicidade passa por um problema que é não conseguir aglutinar posturas positivas. Durante um bom tempo, os profissionais estiveram preocupados apenas com o lado material das coisas, no qual o único padrão de excelência era o dinheiro. Mas e o que acontece dentro de cada um? E sua verdade interior e a relação com seu público? Se não existe fidelidade com quem você exerce sua profissão, como você vai gerar fidelidade com seu público? As pessoas estão começando a rever alguns conceitos que são muito bons para a publicidade materialmente, mas que comem ela por dentro, como um cupim. A saída é não ter medo da mudança.

C: Qual a maior mudança na publicidade brasileira nos últimos anos?

ZR: A grande quebra de paradigma na publicidade brasileira foi na década de 90, quando os anunciantes se organizaram sob a forma da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes). Ela chegou mostrando ao mercado que as empresas estavam unidas e entendiam do negócio. A partir dali, os clientes mostraram que realmente sabiam como funcionavam as coisas. De certa maneira, os publicitários, durante as décadas anteriores, vieram matando a galinha dos ovos de ouro. Grande parte da publicidade era conversa fiada para enganar os clientes. E uma hora eles disseram “Chega! Ninguém aqui é otário”.

C: Como você vê o trabalho dos publicitários?

ZR: Sempre comparei o trabalho dos publicitários como o de um protético, profissional que faz dentaduras. Nós somos pagos para embelezar a boca de alguém que nos paga para isso. Não é nada mais do que isso no mundo inteiro e não podemos ir além da prótese. De repente o publicitário passa a ser um parâmetro de ideologia, de raciocínio político ou de comportamento. Nós somos apenas publicitários e temos que sentar e fazer o melhor trabalho possível. No final do dia, nós temos que nos dar conta de que não salvamos nenhuma criança de morrer de câncer e que não acabamos com a fome na Nigéria. Trabalhamos para vender e temos que aceitar nosso verdadeiro tamanho.

C: E o mercado?

ZR: As médias agências irão acabar. As 15 principais agências estão nas mãos de seis grandes conglomerados. Depois temos de 500 a 600 médias e essas viverão um momento complicado, pois elas só enxergam o caminho do crescimento. O correto seria o caminho do bom serviço prestado. Algumas agências têm o vício de achar que só se justifica estar no mercado se for para ficar cada vez maior e mais rico. Acho que não é isso e acredito que às vezes temos que diminuir de tamanho. No exterior, as pequenas butiques de criação, que são ágeis justamente pelo seu formato e tamanho, têm alcançado resultados melhores. Tudo mudou e nosso equívoco é tentar preservar a qualquer preço uma realidade que já acabou.

C: E qual sua visão do futuro?

ZR: O marketing direto é um caminho fundamental e quando as pessoas estabelecerem processos corretos para essa ferramenta, não tem cliente que não irá optar por ela. Quando você consegue unir sua publicidade com seu ponto de venda, você tem um rendimento muito maior. Vejo isso pelo mercado de discos. Nos shows é que os artistas vendem mais discos.

C: E as gravadoras? O que mudou nesse mercado?

ZR: As gravadoras antigamente experimentavam e ousavam mais do que hoje em dia. Era assim que funcionava: você tinha os artistas populares, que vendiam muito. Algo parecido com o pagode e o axé de hoje. O lucro com esse tipo de artista era repassado para outras produções, que não iriam vender muito, mas que encontrariam, em algum momento, seu público. A partir de 1981 esse modelo acabou e as gravadoras colocaram para fora quem não vendesse bastante. Por conta disso, hoje em dia, as experimentações são feitas no mercado independente.

C: Qual sua opinião sobre a atual fase a MPB?

ZR: A MPB não significa mais nada, pois não tem nenhum ponto de contato com a alma brasileira. Ela fala para uma camada muito pequena da população que está dogmatizada e aprendeu a dizer apenas “isso é bom e isso é ruim”. O camarada liga o rádio, bota na Nova FM e acha que está cumprindo uma missão ideológica. Quem gosta de MPB gosta de artista e não de música. Do Caetano, por exemplo, eu gosto das músicas boas que ele fez. Das ruins eu não gosto mesmo e não sou obrigado a gostar. Aí vão dizer: “Pô, mas é o Caetano!”. Dane-se.

C: E o trabalho com o trio Sá, Rodrix e Guarabira?

ZR: O trio continua fazendo o mesmo estilo que foi chamado pela crítica especializada no início da década de 70 de Rock Rural. Nós nos separamos em 1973 e o Sá e Guarabira continuaram. Em 2001, nós voltamos para fazer o Rock in Rio. Aí gravamos um CD e um DVD ao vivo, com algumas músicas inéditas, como “Jesus numa Moto”. Nos nossos shows conseguimos levar três gerações: os nossos fãs originais, os filhos e os netos deles.

C: Como foi voltar a compor depois de anos apenas fazendo jingle?

ZR: Eu passei 20 anos somente compondo por encomenda, só fazendo jingle. No dia em que decidi parar de fazer publicidade, eu acordei, sentei ao piano e fiz uma música. Eu percebi ali que minha capacidade de compor sem ser por encomenda estava preservada.

C: Quais as diferenças entre compor uma canção e um jingle?

ZR: O processo de criação de um jingle e de uma música própria é o mesmo, no início. Você sabe o que tem que fazer, vai lá e faz, sempre buscando a melhor forma da obra. Por uma questão de prazo, um jingle não pode ser melhorado como uma música pode ser. Quando componho, eu passo diversas vezes a flanela na canção para deixá-la melhor, sempre. O foco no jingle tem que ser apurado e preciso. A publicidade é a exacerbação do direito de escolha. Se todo mundo faz bons trabalhos, resta ao público escolher o melhor produto para consumir. Hoje em dia, o público apenas toma conhecimento do produto pela propaganda. Antigamente, um bom jingle convencia um consumidor a comprar determinado produto. Hoje, nenhum jingle é feito para durar, como acontece com os trabalhos feitos há tempos.

C: Usando a analogia dos templos, quais dos que você construiu foi mais marcante em sua vida?

ZR: Todos os meus templos construídos foram destruídos. A Voz do Brasil foi um deles. Passei 20 anos com o Tico e nesse tempo nós passamos buscando um negócio imponderável chamado segurança e ela não existe. Buscamos coisas que não eram essenciais para a gente. Temos que abolir todos os supérfluos de nossas vidas, é isso que eu aprendi. A morte o Tico foi um baque para mim, uma perda muito grande. Levei um bom tempo até ficar íntegro de novo, por isso deixei de fazer publicidade. Fiquei três anos longe do mercado. A Voz do Brasil continua viva e atuante nas mãos do Alan Terpins, filho do Tico Terpins. O que acabou foi a felicíssima sociedade que eu e Tico tivemos e que durou maravilhosos 20 anos.

(trechos da entrevista do zé rodrix para o clubeonline)

pluritalento de inegáveis méritos, zé rodrix tropeça na prática o discurso do zé levou uma topada: quem viu o casamento da sua filha documentado pelo programa do amaury júnior, quanta ostentação, sabe do que estou falando(aliás por sí só aparecer no amaury já é pouco recomendável) salvo ele tenha mudado de posição a partir daí.
será que ele vendeu a casa no campo e mudou para uma mansão no morumbi?