“Recente decisão do Tribunal de Contas da União, adotada na análise de processos de auditoria nas relações de órgãos públicos com agências de publicidade, coloca, novamente, em discussão, a missão da publicidade como instrumento de informação.”
Não, as palavras não são minhas, embora em outro contexto e antes de elas serem escritas eu tenha dito, do meu jeito, anteriormente e sem saber da decisão do TCU, a mesma coisa. As que transcrevi são de Petrônio Corrêa, presidente do Cenp e foram publicadas em artigo que escreveu para Meio&Mensagem (20.11.2006).
A decisão a que ele se refere, diz respeito à recomendação por aquele órgão, à Presidência da República, para que seja revogado o decreto 4.563/2002, que dispõe sobre as normas-padrão da atividade publicitária.
A Cenp alerta. Os anunciantes alertam: é preciso... considerar que o nosso modelo de negócios trem que evoluir, mantendo o que continua válido e alterando o que perdeu o sentido. Nosso modelo tem várias virtudes... mas ele tem dado sinais de fadiga e de que importantes alterações precisam ser feitas – até para preservar sua essência... Basta considerar que a propaganda clássica, ininterruptiva, é a base do trabalho das agências e do que os veículos vendem. Mas aumenta cada vez mais a validade de soluções advindas da simbiose do conteúdo com a publicidade, que são não-ininterruptivas – e para as quais agências especializadas e uma nova lógica de cobrança pelos veículos são essenciais”. (João Ciaco, vice-presidente da ABA, falando em nome dessa entidade)
Os anunciantes advertem: “as agências, de um modo geral – e não só as que trabalham conosco – estão passando por um momento muito delicado na história do negócio, que é deixar de agenciar. Todas elas reconhecem que é preciso fazer alguma coisa. Acho que nenhuma encontrou ainda um modelo de negócio que seja rentável e um sistema operacional que realmente contribua para o tipo de necessidade que clientes como nós estão manifestando, de ter um interlocutor só, de trabalhar em processo e não em campanha, de não querer idéias isoladas. Criatividade não é só ter uma idéia que provoque impacto, é conseguir manter um processo vivo. De repente, criatividade é a estratégia, não a peça.” (Mário Castelar, diretor de comunicação e de serviços de marketing da Neste).
A imprensa critica: “Parece-nos que uma considerável parcela de publicitários sofre de uma crise existencial e quer mudar o modo de pensar e viver da população; pretende instituir novos hábitos e costumes e tornar a sua peça publicitária um marco revolucionário. Sempre pensei que as criações publicitárias derivavam do modo de pensar e agir da população, mas realmente os publicitários, quem sabe com saudade das inquietações dos anos 60 e 70, querem revolucionar, produzir efeitos histéricos, mas preocupados com suas obras do que com o compromisso de ajudar o cliente a vender mais”. (José Laudelino Sardá, no jornal A Noticia).
Tem chumbo pra todo lado e o setor não reage, a não ser através da fragilizada Abap, cujo prestígio foi ralo a baixo. Os publicitários parecem não ter a energia de outros tempos.
Mas têm. Muita energia, por exemplo, para fazer todo tipo de campanha a fim de ganhar o Caboré. Ou para festejar o Colunistas.
Pobre profissão que não se preocupa com sua decadente imagem, sem perceber que também ela está perdendo a razão de sua própria vida.
(eloy simões, num trecho do seu as festas e os fatos, para o acontendoaqui)
e assim, entre festas e tantos equívocos - "com saudade das inquietações dos anos 60 e 70, querem revolucionar, produzir efeitos histéricos"(antes fossem, antes fossem) - ser publicitário cada vez mais pertence a um conjunto de relações mentais e econômicas para os quais não estão preparados, nem os formandos de agora(gagás em seu pretensamente moderno) nem os que ainda alimentam a folhagem seca da prática do "tráfico de espaço". e cada vez mais configurando-se um futuro a curto prazo onde decididamente há maneiras mais honrosas de se morrer de fome.
Um comentário:
Isso é lindo. Bendito seja o dia em que o mercado será obrigado a se reinventar para sobreviver.
Esse modelo que prioriza a produção em detrimento da estratégia já passou da hora de falir.
Que venham as boutiques de planejamento,as agências de marketing e soluções globais. Os birôs de mídia e finalização estão deixando o mercado cada vez mais manco.
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