sexta-feira, dezembro 01, 2006

o fim do all-type. já que uma imagem vale por mil palavras. mas como fixar isso sem texto?

o texto é a fonte da vida na propaganda; tudo o mais é acessório. stanley resort.

o que os softwares de edição e tratamento de imagem - a tecnologia é avançada, já o domínio técnico pelos silvícolas, pra lá de canhestro - fizeram a esta geração que se quer moderna e representante da era da imagem, equivale ao estrago que os espelhinhos dados pelos conquistadores europeus ao índios acarretaram. exarcebação do ego e morte da auto-estima cultural. fragmentação à deriva da criatividade como meio de expressão e riqueza autóctone substituidos que foram pela papagaiada de costumes e cultura que como dominados jamais dominarão(oxalá assim não fosse).

a formulação da imagem como toten das mil palavras é velha, reconheço. é dos tempos da aplicação a falsa dicotomia entre fotografia e imagem na propaganda, reeditada com risinho imbecil pelos "diretores de arte" que se dizem criativos. plastificou-se como recurso para exacerbar o valor da imagem até o grito. um exemplo prático vem a calhar.

tomemos como exemplo o texto que se pretende diferencial para a construção da imagem da http://www.gasmultiagencia.com.br/ eu disse imagem? uái? então pra que texto? mete só a imagem da gisele bundchen, do keanu reeves dos pobres, o cauã reymond, da aline moraes, etc, etc, como já fazem, e a marca bem grande, que é o que faz uma agência que se dita cheia de gas e múltipla, mas de arroubo só. vamos ao texto:

"Para a Gás, imagens publicitárias de impacto funcionam como gritos visuais. São elas que chama a atenção do consumidor primeiro, deixando o resto da mensagem com as palavras. Grande idéias materializadas em imagens, emocionam, conquistam, seduzem mais. Despertam desejos de consumo como nenhum outra forma de expressão. Entram com naturalidade na cabeça de todos os targets. Transitam sem parar entre nosso consciente e inconsciente. Ficam na memória por mais tempo. Transformam-se em recall. Viram mitos, símbolos, marcam época. E chegam a representar a própria marca de um produto serviço ou empresa. É essa idéia que vendemos para os nossos clientes.O poder da imagem na formação da identidade de uma marca. Explorar boas imagens na propaganda é mostrar conhecimento de mercado, é optar por uma estratégia eficiente, é buscar melhores resultados. Acreditar na força da imagem na publicidade é ter uma visão moderna, é olhar para a frente e enxergar longe. Afinal, uma grande idéia visual possui linguagem universal. Todo mundo entende, sabe o que você está vendendo e associa o produto a sua marca. (os grifos são meus).

quer dizer o grito visual, depende de um texto para se fazer ouvir, como vemos. mais do que contradição, trai-se na formulação antípoda de que texto, bom texto, o que não é o caso deste, é fundamental para a persuasão.

para poupar-lhe da ida até o site, adianto-lhe que este lero-lero todo é para justificar aquela forma de veiculação(publicidade sem conceito não passa de veiculação tão somente) onde pega-se a gisele bundchen, estapeia-se sua foto e mete-se a marca collci sem tamanho nem medida de proporção, como fazem a maioria. e como a agência tem a hering, a base.co , etc, etc majoritariamente clientes "téxteis", vai monocordicamente desfilando - ou seria definhando -celebridades atrás de celebridades e repetindo-se a exaustão ou seria rouquidão?("gritos visuais", lembram?) uma vez que sequer inova em formato de abordagem, normalmente paupérrimo de idéias na comunicação do fashion, apesar de eles se acharem tão criativos(os fashions) e a própria gásmultiagência, que acaba por fim nada mais sendo do que um bureau de finalização catalogado como agência.

john hegarty, o publlicitário da década(de 90), que entre outras coisas criou propaganda com P maiúsculo para a Lewi´s di z o seguinte: " a idéia é o mais importante. é a partir dela que a imagem é construida. são as idéias que fazem as pessoas se moverem. e não a técnica. um erro fundamental para a publicidade seria o de supor que a técnica é mais importante do que as idéias. creio que isto de certa forma também "responde" ao texto do aliwton. a idéia do tempo gasto produz-se pelo efeito das idéias e não pelas idéias de efeito, ou melhor dizendo pelo pensamento, estorvado, de produzir efeito pelo efeito, onde entram o espelhinhos dos tais softwares.

a ironia maior é que o diretor de arte dos all-types aqui mostrados nos posts desta série, criados em 2003 - uma série de 20 aproximadamente, entre 5 institucionais de reposicionamento da paraibana zag e o restante de "caça-talentos"- para todas as áreas da agência, andré calazans, acabou por fincar-se na gásmultiagência após o salto de canguru paraiba-austrália-porto alegre-floripa. dúvidas tenho se cheio de gás. apesar de continuar competente no seu ofício mas inteiramente voltado ao tratamento das imagens com muito pouca ou quase nenhuma idéia como manda o figurino da agência. e que por isso mesmo fizeram-me textualmente declinar a direção de criação oferecida, digamos para preservar a minha imagem que se necessita de ser melhor tratada continua a recusar retoques de photoshop. aliás, nada contra o nicho escolhido pela gás, mas agência de propaganda, não me venham cagar o pau do meu poleiro, é outra coisa, apesar da magia da ilha, que para alguns funciona como feitiço que deu pro torto.

auto-declinações à parte, ainda voltando ao texto do aliwton, e ao comentário no post de ontem do alex camilo, nas mãos de quem a paraíba marcou prata e bronze nacional na central de outdoor( o que, por mais que eu vire a cara aos prêmios, tem seu valor e idéia contida pelo menos na subversão a choradeira) a questão do all-type é muito menos uma questão de tempo e sim de timing, de precisão no seu uso no sentido de adequabilidade.

o all-type não é um recurso pobre. pobre de idéias pode ser, quando usado à guisa de comunicado. mas sim um recurso, digamos estilístico, cujo domínio, estratégico inclusive, tem um poderio pra lá de memorável se calcado na suspenção de um conceito impactante , preferivelmente racionalmente emocionado ou emocionante.

quando pilotado por quem tem domínio ao volante das curvas do que se passa na cabeça do consumidor, que no fundo deseja apenas retas que lhe atiçem à vontade de acelerar rumo a concretização do desejo de posse do produto, devidamente valorado por fundamentos e atributos(nem sempre tão racionais como parecem) a mola que aciona a sua emocionalidade, agora devidamente flexionada para a compra produz o estalo do "é isso que eu queria, é disso que eu estava precisando. com imagem isto não pode ser dito num anúncio, mas nem fudendo. aliás, inclusive para garantir a fodinha de alguém também. olhe que sites pornôs fazem demonstração de produto, com imagens a torto e a direito, algumas muito bem tratadas. mas precisam daquele textinho sacana que nos faz imaginar montando gisele, a gata malvada que vai fazer você subir nas paredes quando lhe lamber o dedão do pé(o texto é ruim de propósito para você não ficar de pau duro. aplique-se o exemplo contrário para as meninas. mostre-lhe a foto do cauã que elas se excitam. escreva um texto, que elas gozam.

aliás, a força do all-type e de sua propriedade, pode ser sentida no cartaz colado em post com os dizeres: sarah traz seu amado de volta, que tornou-se um must em fortaleza, tornando-se inclusive um bordão( que belo exemplo de propriedade de texto, de conhecimento da alma humana, de precisão na escolha do veiculo).

pareceu confuso? bem, já que falamos de curvas, volante, aceleração, não se tocou que os clássicos da propaganda de automóveis são all-types?

deve ser por isso que está difícil vender um carro agora. só imagem, de carros todos iguais. como diferenciá-los?

até para responder com texto você vai ter que dizer texto e não imagem.
all- typou?

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