quinta-feira, novembro 30, 2006

all tapas: o all-type está morto, viva o all-type


alguns “diretores de arte” você conhece pelo tipo ou pelas sacadas do tipo: “ ninguém lê, ou ninguém vai ler mesmo”, peróla contida no texto “pronto” ou seria bronco? no primeiro post da série “texto legal” que não me deixa mentir. por tal, volta-me à lembrança da precisão cirúrgica do comentário do ercílio trajan(entrevista do sábado25) quando afirma que é “triste”, ver que os próprios publicitários dão munição para que nossos inimigos achincalhem(quando não os próprios) cada vez mais a nossa profissão. assim, quando um publicitário, mesmo que seja em tom bem humorado(não parece), afirma que ninguém vai ler mesmo, não está só dando um tiro no pé, dele. mas no pé desta entidade, cada vez mais manca, talvez por isso mesmo, chamada publicidade.muitos “diretores de arte” saltam de banda quando encontram-se diante da tarefa considerada a grosso modo mais banal: colocar um texto para cantar mais alto apoiado nas diretivas de uma boa direção de arte. parece até que levaram um choque no cu, tamanho salto da cadeira(normalmente nesta horas eles estão copiando ou pensando em copiar um leiaute da archive). “tem muito texto” resmungam, ao que para não perder o bom humor, respondo que assim é porque eu ganho por linhas. ter muito texto significa ter algo mais que duas linhas, incluindo a dos endereços e telefones, que por eles seria eliminado. aliás, texto, para que texto? imagem man. o que você pode traduzir também( o tem muito texto) por: puta que o pariu! e agora, como é que eu saio dessa?cai a máscara, revela-se o bluff. all-types também tem esta virtude. mostram quem é quem ou quem é o quê. a farsa que é, sempre vem à tona. não só desconfio, como podendo, não contrato diretores de arte que não tem all-types ou anúncios com boa massa de texto naquilo que me trazem. assim como não deveriam ser contratados, diretores de arte que não sabem desenhar minimamente. até parece que não se fazem mais mini-roughs em vegetal, de preferência com aquela dezena de opções de roupagem da idéia. eu falei idéia, e não sacada visual, diferença rombuda mas por demasiado sutil para a maioria dos “ diretores de arte”. os deformados em cursos de publicidade então, credo em cruz, pé de pato mangalô três vezes, e tome sal grosso na sala e folha de arruda. sai!sai!sai! entidade malévola, tranca-rua, tranca-idéia.mas, para não parecer que desejo o mundo exclusivamente em all-types, digo-lhes que sim. que bom, ducaralho uma imagem a serviço da idéia, ilustração então, é crème de la crème. as vezes até ela própria, a idéia. coisa rara e dificílima. porque a maioria cai na esparrela da sacada visual. que repito, incansavelmente, não vende. imagem sim, desde que ela seja conceitualmente pertinente, aderente, focada, sinérgica, emocional, sensorial ou racionalmente integrada a função(a função determina a forma). e não apenas impactante visualmente ou figurinha carimbada da última tendência adotada. aí “fodeu”. pior ainda quando é uma imagem de merda, coisa de diretor de arte, se não incompetente, no mínimo preguiçoso, que se assim é, o que é que está fazendo numa agência? aliás, que perguntinha mais imbecil não? por acaso as agências hoje estão interessadas em gente realmente de talento e que trabalhem para colocar na rua a melhor idéia? estão? nossa! que tamanha quantidade de vagas em aberto.falta ainda cutucar o texto do aliwton josé pinto de carvalho(pinto de carvalho já foi um bom título de all-type, antes de se tornar trocadalho do carilho) mais fica para amanhã. último post da série, onde algumas surpresinhas estão guardadas. entre elas, a de que alguns dos títulos destes all-types que "ilustram" a série, foram feitos pelo diretor de arte. o que já agora coloca mais alto o critério de escolha(péssima notícia para os photoshopresepeiros e archaivísticos de ocasião) não basta só ser um diretor de arte ducaralho: tem que participar escrevendo( e redatores na direção de arte) mas acima de tudo publicitário, o que vai ser foda para quem não sabe escrever nem com imagens. e agora josé?








2 comentários:

Alex Camilo disse...

Ui... Essa deu até frio na espinha. Que estrovengada da mulesta homi! Sério, acho que um bom all type é o que pode haver de mais inteligente e eficiente em propaganda impressa. A merda é que cada vez menos eles são usados e quando o são, geralmente para anunciar agências. Acho isso uma ironia das mais cruel, pois o tipo de anúncio que, na minha opinião, vejo que na sua também, tem mais poder de dialogar como o consumidor hoje virou quase sinônimo de propaganda para publicitários. Engraçado né? A gente vive estapeando esses anuncios à moda "Archive", esbofeteando-os, com toda razão, pela punhetagem publicitária que eles reperesentam, mas o que acabou virando anuncio de agencia foi o bom e velho all type. Já ouvi incontáveis vezes, principalmente da boca de atendimentos e donos de agência as "desculpinhas": "o cliente disse que quer um anuncio que chame atenção", "ele achou o anúncio muito pobre" e por aí vaí. Alias, já ouvi muito pior: "Anúncio gratis, pra ontem, homenageando o aniversário do jornal tal: Não tem grana pra foto, pra ilustração, não tem tempo pra photoshop, faz um all type aí." E aí, isso é culpa de quem, da era da imagem, da Archive, de Cannes, dos diretores de criação, dos diretores de arte, dos redatores, dos atendimentos, dos donos, dos clientes? Do consumidor não é, tenho certeza.

Anônimo disse...

A culpa é da colonização portuguesa.