sábado, novembro 04, 2006

o que é que a norah jones tem a ver comigo, com você e com a propaganda que eu faço?(parte IV) ou tá faltando mais anos 80 na propaganda*

lembro-me do surgimento do super-8. para aqueles que tentaram fazer cinemão com o super-8 o resultado foi um fiasco. pudera. mas para aqueles que souberam compreender a utilização criativa das possibilidades limitadas do meio, fizeram das dificuldades solução. criando uma escola, que viria a ser copiada. e mais tarde, como hoje, tornada bossa com a inclusão de imagens captadas em super 8 em orçamentos bilhardários de película seja em propaganda seja no cinemão.

quando não se tenta fazer publicidade para publicitários – o maior erro desta geração que está aí - existe a possibilidade de produzir a boa idéia localmente quando ela é pensada para o meio e mercado em que se está(criação publicitária é usar a liberdade de voar entre quatro paredes, já afirmava o baiano com 40 quilos a menos) seja em qual meio for. na realidade só parte pra produzir fora quem quer fazer filmes como se faz lá fora. é uma questão cultural, obter o aval de qualidade da capital da província pelo uso dos meios, não das idéias. imaginem se os carnavalescos pensassem assim o que seria do nosso carnaval? pastiche de veneza? mardi grass de amargar de new orleans? ou, coisa mais parecida, a imitação portuguêsa do nosso carnaval,? onde a bunda faz falta e como para além das alegorias?

com isso não quero propor a renúncia dogmática a possibilidade de fazer produções filmadas fora. não se trata disso. trata-se de: ao buscar a solução do problema não fazer da solução um problema maior ainda, que é o acontece. e de afirmar sim, que é possível fazer propaganda de boa qualidade com os meios locais, evidentemente observando-se a relação custo benefício em seus limites.

região de criatividade ilimitada e riquíssima, na música, em figurinos, em cenários, em atores – ah! como fazem falta filmes com dialógos e atores, nada mais vendedor – agências e produtoras desprezam os exemplos do que fazem os grupos de teatro e folclore locais, que quase totalmente sem verba, fazem da criatividade o suporte de uma expressão que a broadway não saberia reproduzir(e tudo off broadway, of course) contudo, cabe uma ressalva para evitar a compreensão de que estou advogando que dá para fazer tudo com nada. mas que simplesmente não se deve deixar o lugar comum aflorar porque" não se tem verba pra fazer melhor".

o prazer de tocar, o prazer de fazer, o prazer de criar, é um prazer totalmente diferente de fazer para aparecer o que é completamente diferente de aparecer ao fazer.

pessoalmente, continuo acreditando que uma boa idéia – que não surge por acaso ou mágica e sim de muita sensibilidade e entendimento de propriedade( encostem a barriga no balcão e leiam menos archives) usada de forma ousada, pode ser produzida e finalizada num formato pocket(aliás, tem muito disco acústico tipo voz e violão nas paradas, e olhe que a qualidade nem é tanta assim) entre os grandes hits da propaganda brasileira, a maioria não é de produções milionárias, muito pelo contrário, os bordões que ficaram eram sobretudo de um texto sensivemente contudente, seja pela emoção, seja pelo humor, seja pela perspicácia da atitude, seja maneira de controlar o pedal(do piano).

como diria andrey ohama, o quase monge que em breve estará de volta à propaganda, faltam mais anos 80 na propaganda. e com isso, penso, ele queria dizer, que foi buscando saídas próprias, de acordo com a nossa cultura, e nossas possibilidades, locais, regionais, nacionais, que a propaganda brasileira atingiu a maioridade. e já neste tempo, falava-se que nossa produção era o nosso calcanhar de aquiles, calcanhar que mesmo assim marcou de letra tantas e tantas vezes, e bem melhor do que agora.

para mim, musica e propaganda, definitivamente, só se for sem seguranças, fila do gargarejo e a menos de três metros dos pés do piano. tal qual no show da norah jones.
tudo muito simples, mas tudo muito profissional.

agora se você quiser mesmo dar o groove, misture chiclete com banana. porque jackson do pandeiro e luiz gonzaga também estão no topo da minha lista muito antes de qualquer coisa.


** A BBH de Londres desenvolveu uma campanha mundial para o whisky Johnnie Walker, da Diageo. No comercial, um andróide deseja ser humano para saber o que é a subjetividade, e assim experimentar sentimentos como o amor e a angústia.
A ação alinha-se ao conceito de progresso humano proposto pela marca e sintetizado no slogan “Keep walking”. Toda a campanha foi elaborada com a participação direta do time de marketing brasileiro da marca, já que o Brasil acaba de se tornar o segundo maior mercado de Johnnie Walker em todo o mundo, atrás apenas da Grécia.
O filme envolveu efeitos especiais dignos de produções hollywoodianas. Seu diretor, Dante Ariola, usou no comercial as mesmas técnicas que empregou no longa-metragem Eu, Robô, estrelado por Will Smith. O designer do andróide, Christopher Glass, trabalhou no Código da Vinci, Homem Aranha 3, Hulk, entre outros.
A produção, na qual foram investidos cerca de US$ 2 milhões, demandou cinco meses de trabalho, uma semana para a construção do cenário e três dias de filmagens.

"Keep walking"
Agência: BBH de Londres
Anunciante: Diageo
Produto: Johnnie Walker
Redator: Justin Moore
Criação: Steve Robertson e Justin Moore
Direção de criação: John Hegarty
Direção de arte: Steve Robertson
Direção de cena: Dante Ariola
Designer: Christopher Glass
Produtora: MJZ
Finalização: The Mill
Aprovação/cliente: Peter Dee

***a mendes, de belém, comemorou em 25 de outubro, 45 anos de atividades com um histórico invejável, diga-se o que disser do mendes, que não é fácil(eu, por exemplo, só aguentei 15 dias) e da maneira como os prêmios foram conquistados(estou falando com você que valoriza muito prêmios, principalmente os farrapos de colunistas que você ganha, já que diz que os outros não dá nem para pensar neste mercado)

– A agência do Norte mais premiada no Festival de Cannes, sendo que um dos seus comerciais vencedores foi incluído na seleção dos Melhores da Década da BBC de Londres.
– Primeira agência brasileira premiada no Art Director`s Annual of New York, o mais famoso anuário do mundo da propaganda.
– Agência brasileira mais premiada no Creativity Annual, outra bíblia da publicidade mundial.
– A agência do Norte vencedora do Prêmio Jeca Tatu, concurso apoiado pela Academia Brasileira de Letras. Sua proposta: estimular o uso da linguagem e dos valores culturais brasileiros.
– Única agência regional a lançar produtos estrangeiros no mercado brasileiro: aviões Hirondelle (Fairchild Hiller, USA) e SuperJato BAe 246 (British Aerospace, Reino Unido) e cerveja Boreal (Cervecería Polar, Venezuela).
– Única agência fora de São Paulo eleita Agência do Ano do Brasil – Prêmio Caboré.
– Uma das nove agências brasileiras eleitas, há 18 anos consecutivos, as Melhores do Brasil – About The Hot Tops.
– Agência mais premiada do Norte e uma das mais premiadas do Brasil: 588 prêmios, sendo 168***** internacionais. Até ontem.

***** durante muito tempo a quarta agênciabrasileira mais premiada internacionalmente.

Nenhum comentário: