quinta-feira, novembro 02, 2006

o que é que a norah jones tem a ver comigo, com você e com a propaganda que eu faço? (parte III)

depois de uma última temporada em que o menu musical foi de deep purple a joe sartriani, de santana a skunk anunsie, de ben harper a “pink floyd”(versão do baixista), dos travis a cranberries, dos ex-pixies a prodigy, gomez a ashlan, thievery corporation a sigur rós, fug a rinocerôse, incluindo as palinhas exportação de jorge bem, pedro luis e a parede, lenine, chico césar, zélia duncan, e o melhor show do paralamas que já vi, decidi au complet: não vou mais a shows que não sejam pocket, mas nem fudendo. fartei~me de ficar em pé e levar cotoveladas por melhor que fossem os perfumes, as bundas a frente e os bicos dos peitos as costas, pra não falar de algumas coisas duras demais pro meu gosto, e que não fazem o meu gênero, por mais amistosos que fossem as beer oferecidas e os indefectíveis where you from? i love brazilians guys.

na propaganda é igual. cansam-me os filmes espetaculosos, bilhardários. onde o impacto dá-se pelo assombro da tecnologia e meios empregados(vejam o último passaporte no site do ccsp, o exemplo de suburbanismo do paraná) ainda que haja verve, no impossible dream da honda, ou no “imortal” bbh para johnnie walker** que está no ar. mas onde o forte, ressalve-se, e bem, é antes de tudo o texto-conceito(tire o texto e não sobra nada). a técnica, apenas serve para dar exposição a idéia. aliás, é do próprio hegarty a frase, é a idéia e não a técnica, o que é mais importante. porque é a idéia, e não a técnica, que move as pessoas. é um erro pensar que a técnica substitui a idéia(notem o destaque na ficha técnica para o redator)

as chorumelas de sempre sobre as verbas igualam-se ao complexo de sub querendo ser super que afligem os mercados menores(e não só)*** a propaganda nestes mercados é ruim, sim, em sua quase totalidade. mas não porque faltem verbas. e sim, porque faltam idéias adequadas as verbas existentes. e verbas, não existem. verbas se fazem, como diria um publicitário que já fez muita verba. eu disse verba e não merda.

efetivamente uma má produção acaba com uma boa idéia, isso nem se discute. e nem vou falar que uma grande produção não salva uma má idéia, porque nesses mercados não existe a menor possibilidade de grande produção. mas existe sim a possibilidade de uma produção de boa qualidade, criativa em uníssono com a idéia e com a verba que pode ser trabalhada criativamente seja em qual meio for. mas onde caberia uma ou um norah jones no pedaço, tenta-se a grandiloquência do deslizamento dos rolling stones em copacabana, o que resulta, obviamente, é nada mais nada menos que merda à milanesa,

como diria celso furtado, o (publicitário) nordestino, com raras exceções, tenta compensar o complexo de ser sub querendo ser super. aí dá-se a rôsca. na tentativa de mostrar-se publicitário antenado, e mostrar o talento, que alguns efetivamente até tem, parte para o pastiche, para o clone, assentado na tentativa de similitude pra lá de “malamanhada”. a começar da idéia. mesmo sabendo como profissional que é, ou devia ser, que não é este o caminho, salvo para impressionar seus pares. e nos afundar ainda mais na desdita que estigmatiza que antes de sermos profissionais de comunicação, a serviço do marketing das marcas, somos artistas, temperamentais, alheios a mínima noção de negócio. afinal se não sabemos dimensionar as próprias extensões dos nossos negócios e idéias, e sua consequente viabilização, como então queremos palpitar nos negócios deles?

damos de ombros para o cliente. e então é um tal de idéia pra cannes, que o cliente nem sabe o que é ou significa, se é que se significa alguma coisa para o ego de uns muitos de nós poucos.

e continuamos a pensar e produzir uns para os outros na base do nós também podemos fazer, ou do aquilo também podia ser feito aqui, de idéia para o fabinho ver ali, aplicadas em beta, com toda aquela conversa mole de diretor de fotografia “importado”, que vai dar o grau para ficar igualzinho a pelicula, o que logicamente não vai acontecer nem que a vaca tussa. em comida e carros então, a bosta espuma. e nem estou falando daqueles profissionais que vendem e cobram em beta e fazem mesmo no vídeo duro e estamos conversados, para mais uma decepção do cliente. que depois desta não quer mais ouvir falar em beta, película ou o que seja. o que é pra lá de comum por estas bandas onde tem produtora(quero dizer locadora de equipamentos surrados, luz então, no way) que faz vt por 200 reais(caraca! por este preço nem vídeo de aniversário de crianças os do ramo fazem mais) pra não falar das agências-produtoras que dão o filme – e coisa oferecida, ou tá podre ou tá ardida, como não? -). idem no quesito fotos. fotos de arquivo são pra marcação de leiaute. se não tem dinheiro pra fotos, pense criativamente em all type(mas diretor de arte que é bom para fazer all type, onde?). não satisfeitos em usar a foto de arquivo, ainda partiram para usar a foto sem pagar, mas cobrando ao cliente. tipo de solução que alguns chamam de criativa, para o qual tenho um penca de adjetivos, estes sim, adequados pra serem enfiados no piloro do tal dito criativo.

(amanhã, finalmente, a conclusão: "in pocket").

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