quarta-feira, novembro 08, 2006

quem pariu mateus que o balance(parte 1)

dar nome aos bois. missão enrugada do marketing, que tantas vezes sobra, ou melhor dizendo sobrava, para as agências. aliás, se antes meio a meio com as mulheres dos clientes, hoje cem por cento com elas, amantes ou coisas parecidas. e, o que é sempre muito complicado: primeiro o briefing errado do pessoal de marketing; depois o pensamento do dono em homenagear os parentes, finalmente, os consultores a contrariar a tudo e a todos, até as amantes, até descobrirmos que a sua indicação foi pescada de um comentário da mulher do cafezinho.

nas boas épocas, principalmente no setor imobiliário, debastar a selva dos nomes era tarefa de estagiários. algo assim, como a gozação de mandá-los comprar meio quilo de retícula em pó. entregava-se a tarefa e após alguns dias, insônes pra eles, lá vinham com trocentos nomes que faziam inveja ao dicionário de nomes folclóricos. e entre eles, achados, que lhes pagava uma cerveja e o ticktet de intimididade com a dupla. hoje, nem pra isso estagiário serve mais. já entra logo fazendo campanhas, e o resultado não tem graça nenhuma. acabaram-se os tickets intimidade. em troca dão os refeição.

dar nomes. dei graças aos sebos onde cascavilhei, e completei, a coleção de gênios da pintura, de onde, infalivelmente, retirava pinturas de nome para endereçá-los aos lançamentos da sérgio dourado em sua ação devastadora sobre as encostas do rio. só perdia em rapidez para a turma que já tinha viajado para a europa e que sabia uma porrada de nomes trôlhas de cor. bons tempos de pecados sem culpa.

no quesito imobiliário, levava sempre vantagem. já em lojas e produtos, páreo duro, e muitas vezes, lavada geral, contra.

já nos anos oitenta uma certa decepção de que já andavam a construir nomes com base em programas de computador. lubrax é um deles. criado pelo então publicitário, poeta concretista e estudioso publicando de comunicação, décio pignatari. de quem por muito tempo guardei a frase, meio sem entender por muito tempo “ em terra de cego quem tem olho é imbecil”. (aprendi finalmente na volta ao nordeste, com gradações de imbecilidade multifacetadas, e do coaxar de alguns talentos acocorados).

bom de nomes, e laureado com um memorando by ceo jwt new york, com as costumeiras congratulações pelo trabalho desenvolvido para a pepsico (pepsi company) para quem(duas duplas) atendia pepsi, mirinda e sielva, o que credenciou o escritório rio, juntamente com mais outros quatro mundo a fora, a participar da concorrência pela conta mundial da pepsi, ainda assim não consegui evitar, apesar de todos os apelos, que o marketing da pepsi não cometesse a besteira de querer comercializar o refrigerante mountain dew, sem troca do nome, apenas com uma tradução chanchada onde lia-se no cartaz do ponto de venda: “ peça mão tem du”, sob o original. é claro que o refrigerante lançado no mercado cobos(rio grande do sul e florianópolis) onde a pepsi era líder, ficou cotó, porque com um nome desses nem se fosse “du caralho”.

e isso tudo aconteceu com uma companhia, e um marketing, da envergadura multinacional da pepsico. que é para desmistificar logo e para você deixar de se meter a besta e ficar tratando como ignorantes de marketing, com aquele desprezo em que todo publicitário de criação é mestre, seu manoel do botequim ou seu zé da feira, que cá pra nós entendem de marketing e de nome muito mais do que todos os mbas que eu conheço. sem falar que você não vai ter estagiário para passar a linha dos nomes, que tanto seu manoel como seu zé já tem na ponta da língua de seu público.

nome, é sempre sinônimo de nome feio. mas isso você só vai ver aqui a partir de amanhã. por via das dúvidas, pode ir folheando o dicionário de palavrão, porque vai precisar de uma variação tamanho os descalabros. a começar dos nomes de agências, eita terreno fértil, quer dizer, cheio de bosta.

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