quarta-feira, novembro 29, 2006

all tapas: intermezzo ou o que seja bem no meio da fuça


os três textos publicados aqui ontem e que deram início a esta série, foram extraidos das correspondências da “lista de discussão” do clube de criação de pernambuco, entidade que já entrou para o folclore dos causos do faz sem conta . mas isso é estória para a rede globo nordeste e seus isto é pernambuco, isto é nordeste, isto é brasil, zil, zil.

nos três textos, momentos díspares. alvissaras!, digo eu, à portuguesa, ao texto que abre o post. supostamente de autoria do edison martins, diretor de criação da mart-pet. comentário elogioso, mas que de modo algum retira as discordâncias prévias manifestadas por mim, em posts anteriores. eu disse discordâncias. significa que não engulo. mas não que o prato preste ou não preste pela minha vontade. cada um tempere como quiser. a porrada pode comer, mas o respeito não se perde. a bajulação é que decidamente não tem guarida aqui.

como diria o bordão, uma coisa é uma coisa. e outra coisa é outra coisa. e é realmente muito bom saber que temos um sócio-diretor-de-criação que tem, como um dos critérios de análise da qualificação dos profissionais que procura, o “resgate” do all-type, formulando um parâmetro que revela alguém que sabe das coisas. nem que seja para fazer marketing pessoal. não fosse eu o celso muniz e já o entronizaria. mas, escravo da minha fama, faço lhe mesura, mas só até a próxima.

diretores de arte destestam all-types. por isso são tão raros. pudera. para fazê-los o profissional tem que ser mesmo um grande diretor de arte e não só. tem que ser um puta diretor de arte. o que é cada vez mais raro, senão improvável, neste mundinho de napasteiros – onde até seu criador, anda fazendo mais sucesso com o site do que com trabalho. o que aliás já está dito num all-type. muito ruim por sinal, onde afirma que são os números que impressionam. já a qualidade tsc, tsc.

mas as coisas por mais non sense que sejam, tem uma explicação. não faz muito tempo, para quem ainda é vivo, duas décadas, poquito mais, poquito menos, chamava-se alguém de diretor de arte sênior apenas após militar um tempo alargado para sua formação, ou seja, algo em torno de dez anos, tempo considerado sofrível . está década construtiva dava a necessária endurance para quem realmente dominava o metiér em todas as suas nuances, tipográficas principalmente. ah! os diretores de arte com conhecimento tipográfico. hoje em dia, serpa talvez. o resto, levou com o photoshop na cabeça e escolhe os letterings palitando a barra de fontes sem tirar o olho da archive.

não trabalhei com, mas conheci. o que para mim já foi de muito bom tamanho. e, cá pra nós, um puta de um privilégio. trocar alguns chopes com os caras. únicos brasileiros de então a serem aceitos no mais que fechadíssimo clube do typoghrapics art director´s de nova iorque. apenas cem cabeças, e entre elas miran e adeir rampazzo. aliás, a maior prova de que esta geração de diretores de arte é obtusa, e não só no all-type, é que pouquíssimos compram a gráfica, uma preciosidade multidisciplinar. axilar à formação de um diretor de arte que queira merecer este nome sem farofa. o que a torna imensamente superior ao archivo ghostininiano onde os da silva aculturalizam-se para lá estar. mas gráfica? quem quer saber de coisa gráfica? a universalidade está bisutrida na sacada visual pré-formatada das caixas de pandora adubadas pela esterilidade pirateada(nossa que texto complicado, fala logo que a negada não sabe fazer nada que não tenha um photoshop por perto porra!)

icones de bom gosto, esmero estético e sutileza na apresentação invariavelmente de textos que pediam um redator a altura do diretor de arte(ogilvy era um deles, por exemplo) na escola americana ou inglesa, a grande maioria dos all-types constituem-se em exemplos antológicos, e até hoje insuperáveis, de exemplares da propaganda que deram nome, honra e sustança à profissão. descobridores e provadores da hipótese que viria a se confirmar: anúncios visuais não são vendedores – os que são, são estatísticamente insignificantes, o que já revelei aqui de outrém – o que vende mesmo em propaganda é argumento. é texto e não figura de linguagem. por isso mesmo a necessidade de um diretor de arte capaz de: nas fímbrias de um espaçamento, na escolha de uma família, na familiaridade com letras que sorriem, choram, apelam, imploram, açoitam ou impelem, dar-lhes um destino na função de nos levar, via terreno da criação que impusiona a imaginação, ao cumprimento do destino obrigatoriamente(deveria) maior de toda peça publicitária: fazer a persuasão à venda, provocar o enlace emocional, suscitar o desejo focado, agregando qualidade e conteúdo à peça, sem retirar-lhe apêlo. o resto, é propaganda feita de publicitário para publicitário, estes seres merdinhas que hoje, por tudo que ganham, ficam de fora do bolo de consumo que imaginam estar, falando sozinhos para um grupo do qual julgam fazer parte sem nunca sequer ter estado lá.

(amanhã mais all tapas pelo mais estapeado de plantão)

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