segunda-feira, novembro 29, 2010

quando a decadência empata com a insurgência

Tivessem realmente empenhados na defesa do modelo brasileiro de propaganda, os arautos do apocalipse que combatem as agências de mídia combateriam, com igual vigor, as agências de planejamento.
Chamadas de consultoria de branding e planejamento para despistar o policialesco sistema brasileiro de controle sobre a livre iniciativa no setor de comunicação, essas empresas se multiplicam abastecidas por profissionais de inquestionável competência, optantes por dar à propaganda brasileira novos ares.
Sufocados por um sistema hegemônico que demoniza as iniciativas de alinhar o Brasil ao que há de mais moderno no mundo, como a adoção de outros modelos que não suportam a ineficiência das agências full service, esses publicitários conseguem empreender seus negócios por conta da miopia dos veículos controladores da mídia no Brasil.
É bem verdade que devemos esse cochilo ao Ministro Franklin Martins, atual alvo de preocupação das poderosas empresas de comunicação que perseguem o fantasma do controle da mídia representado pelo jornalista. Empenhados nessa inócua tarefa, os verdadeiros controladores da mídia no Brasil esquecem que as agências de planejamento representam ao modelo da propaganda brasileira o mesmo “risco” que as agências de mídia. Mas como não há risco algum em nenhuma das iniciativas e as agências de mídia só são vetadas no sistema brasileiro para que a hegemonia dos meios se perpetue, deixem os “meninos do planejamento” montarem suas estruturas.
As agências full service não dão mais conta do recado. São gigantescos birôs de mídia, travestidos de outros serviços e que agora não contam mais com a excelência do planejamento, cansado de ser coadjuvante em um cenário onde, verdadeiramente, só se pensa em mídia e incentivos. BV`s para os iniciados.
Se de fato conseguirem aproveitar o sono do gigante e prosperarem em seu objetivo de conferir aos anunciantes brasileiros um planejamento de qualidade desvinculado das estruturas de mídia em que se transformaram as chamadas agências convencionais, o mercado brasileiro da propaganda terá dado um grande passo para romper o preconceito.
Diante dessa perspectiva é estimulante prever que a proibição de funcionamento de birôs de mídia no Brasil provoca um fenômeno na contramão da história, mas de impacto similar: serviços como o planejamento e a criação tendem a migrar para estruturas autônomas e independentes, transformando as atuais estruturas em agências exclusivamente de mídia.
É a decadência do modelo brasileiro de propaganda. Ainda bem!


( a decadência do modelo brasileiro de propaganda, do andré porto alegre ).


como de decadência eu entendo mais do que muita gente decaída, reafirmo que é preferível o "velho modelo" full agency, tocado obviamente por gestores de talentos do que a fragmentação de planejamento e coisas do tipo 360 que não passam de muita merdance pra piniquinhos de mba´s. a questão não é o modelo. é a falta de caráter e consistência de quem desafina o modelo por questões outras que também são a atividade de traficância de espaço.

quarta-feira, novembro 24, 2010

cadernos de bacalhoada

jornalismo é oposição. o resto é armazem de secos e molhados. franz paul trannin da matta heilborn( paulo francis) .

o diário conseguiu enfim inovar uma velha máxima do jornalismo. aquela onde se diz que nada mais velho do que um jornal de ontem.

pois bem: o diário se reinventou: nada mais velho do que um jornal do amanhã enfim. é o que consegue com esta definição de posicionamento de jornal do amanhã. conceito mais do que ultrapassado. e que para piorar, é assinado por quem engrupa e comete estelionato a cada fim de semana(vende no sábado o jornal do domingo) contra os seus leitores e o próprio jornalismo em nome da rentabilização operacional que prefere servir peixe frio tratado no cardápio como frito. waal! o diário é a toyota dos jornais, com a diferença que seu just in time é uma completa inversão do conceito e do conceito de jornalismo. busca enxugar tanto os custos que cada matéria já vem com recall franzido, falando-se da edição dominical, onde outra inovação também faz registro: se jornal só serve para embrulhar peixe no dia seguinte, o jornal do domingo já no próprio pode ter a serventia, pois já é passado no presente que não tem futuro a não ser para quem tresanda a bacalhau mas nem isso, quedando-se pirarucu, que no caso dos filhotes(aqui pe) inova ainda mais vendendo como peixe do gosto popular o podre, sendo ele próprio conteúdo e envoltório.
assim, em lugar de tantos focos de artifício, menos. que se acendam mais velas de pesar a credibilidade destes 185 anos mais ladinos do que nunca.

segunda-feira, novembro 22, 2010

o zeca pagodinho das motos


o hulk subitamente deixou de ser amarelo para ser vermelhinho.
pudor de meter o nariz onde não devia?
parece que não. o garotinho propaganda responsável pelo lançamento das motos dafra no brasil - mais que isso da carga institucional da marca - agora resurge serelepe anunciando a fase verdinha da honda.
deste menino luciano ninguém tasca o troféu óleo de peroba. e o pior, é que o mais que nunca esverdeado ainda" vai de taxi pra casa".


p.s. no site reclameaqui, a dafra e o luciano estão mais sujos do que o óleo que andou vazando das motos. será por isto que ele mudou de cor? ah! então tá bom. o que seria do verde se todos gostassem do amarelo não é mesmo cambada?

sexta-feira, novembro 05, 2010

enfim um(publicitário)português de coragem ou a utopia sonhada vem à cabeça sim para ser praticada


DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA

Depois de mais de uma década ao serviço dos grandes grupos publicitários deste mundo, Omnicom e WPP, chegou a altura de proclamar a minha independência.

Proclamo independência das estruturas de tonelagem superior ao sustentável, do trabalho em comité e das realidades pseudo-modernas onde até se sistematiza o uso do chinelo. Proclamo independência de processos inventados, e bem, por grandes homens como Bill Bernbach, que eram óptimos quando ainda nem se vislumbrava a possibilidade de existir tecnologia que nos liga a tudo e todos deste mundo. Proclamo independência de duplas e triplas e de reuniões placebo com equipas e 76.754 pontos de situação que não deixam a situação evoluir. Proclamo independência de pessoas que trabalham nesta área, mas não têm o talento indispensável para o fazer. Proclamo independência dos misteriosos senhores das folhas de Excel que decidem os nossos destinos de uma forma muito estranha e sempre irrefutável. Proclamo independência do servilismo que é insistentemente confundido com serviço ao cliente. Proclamo independência dos fees e dos overheads, das margens e das comissões de agência e de cobrar tudo menos o verdadeiro produto do nosso trabalho, que são as ideias. Proclamo independência de todos os negócios parasitas que se arrastam atrás destas imutáveis e imanobráveis comitivas. Proclamo independência da mediocridade, da falta de personalidade, dos posicionamentos todos iguais, do constante mais-do-mesmo e da dificuldade para fazer diferente. Proclamo independência da publicidade que não funciona, que apenas serve para encher o espaço inútil que o cliente pré-negociou para o ano inteiro. Proclamo independência da bullshit, das apresentações vazias e dos tão reais 360 graus, pelos quais tudo fica exactamente como estava. Proclamo independência de todos os que insistem em encarar esta actividade, que tem tudo para ser nobre, como um supermercado de clichés e de todas as cópias de loja do chinês que por aí vão aparecendo. Acima de tudo, proclamo independência de todas as complicações inventadas para cobrar o incobrável e para disfarçar a incrível falta de talento que tanto abunda neste nosso mundinho, que tem tudo para ser o melhor mundinho do mundo.

Adoro a minha actividade profissional e em todas as agências por onde passei fiz centenas de amigos para a vida, aprendi muito e passei momentos tão bons que não os trocaria por nada. Mas todos os que privaram comigo também sabem que, no meu entender, esta maravilhosa indústria tem vindo a cair num vórtice de inseguranças que não acompanham a saudável mudança que está a ocorrer no nosso mundo e na sociedade. Essas inseguranças e alguma gente com poder e sem talento – que, infelizmente, também existe na nossa actividade – têm vindo aos poucos a envenenar, temo que de modo irreversível, as grandes agências, heranças de pessoas geniais que decerto não gostariam nada de presenciar algumas situações que acontecem em empresas que ostentam os seus nomes.

Não proclamo independência de todas as pessoas e coisas boas que existem na indústria da publicidade. Só proclamo independência do mau para fazer crescer o bom e vou arriscar tudo e tentar fazer essa agência de publicidade onde sempre sonhei trabalhar e que só se podia chamar Lalaland.

Como gesto simbólico desta proclamação de independência, começo por leiloar o meu último cartão de visita da JWT em http://cgi.ebay.com/ws/eBayISAPI.dll?ViewItem&item=160499458245 e convido-vos para serem cidadãos honorários desta terra sem fronteiras e com poucas regras em www.facebook.com/lalalandpage e em breve em www.lalaland.pt

(enquanto isto no nordeste - e claro no centro-sul) a covardia sempre acoplada a mediocridade grassa como dengue. não é a toa que o publicitário do ano, "por exemplo", em pernambuco, é prócer de agência que se autodenomina como ampla mas faz," por exemplo", no varejo um trabalho mais restringido ao faturamento, e tão só, impossível. isso, só "por exemplo", é o pior exemplo ao que nos reduz a covardia que eleva a mediocridade a referência, que por sua vez nos que leva a falta de independência, que por sua vez mata, e marca, de forma indelével, a morte das idéias, e das imensas possibilidades de uma atividade que, por mais contraditória que seja, traz em sí o melhor dos mundos e o pior dos mundinhos).