domingo, dezembro 24, 2006

pós-modernos "das antiga" ou seria os "das antiga" pós-modernos


mais do que um encantador de platéias, nizan guanaes é um encantador de serpentes.

na festa de fim de ano das agências do seu grupo( só de funcionários, oitocentos) em vez do discurso tradicional," nizan cantou, sem desafinar, inteirinha, sem acompanhamento musical, sampa. nizan conseguiu fazer os pós-modernos não apenas cantar junto com ele, como também erguer as mãozinhas para balançar o corpo em adoração à capital paulista. tudo isso na ala do futuro, é claro. entre os profissionais mais tarimbados que apreciavam a cena, todos de boca aberta, as frases mais ouvidas eram: "esse cara é do ramo!", "como ele consegue?", "cara, ele parece feirante!", "que p... vendedor!", "nessa idade, esse fôlego todo?", "publicitário de verdade é isso aí!", "pô, agora ele deu uma de chacrinha, fala sério?!" e "com esse baiano, ninguém pode!", expressões basbaques segundo a presença de gisele centenaro.

se condiderarmos que as ditas cujas, vem da bôca dos tarimbados que determinam as alas do futuro, está tudo dito, em relação a ele, o futuro, se depender dos seus pastores, e como se aquilata a peidada modernidade na propaganda brasileira em sua meca sampa.

o fôlego, parece ser uma falsa medida da modernidade em propaganda. falsa porque verdadeira enquanto performance. verdadeira, porque falsa se tomada a médida do critério puramente da pertença a determinada faixa etária.

quando se morre para propaganda? aos 30, 40, 50 (dizem alguns que a partir daí, já somos múmias — muito prazer, é uma múmia que vos fala) 60, seteeeeeeenta ?

na propaganda brasileira, após a fase dos desbravadores, que chegavam aos sessenta no ofício sem problemas, trinta anos era a idade limite para fazer acontecer. caso isso não acontecesse, e acontecer significava ao menos papar um leão, pronto. caixão, sem direito a obituário.

anos noventa houve uma melhoria logo contrabalançada pela febre da contratação de estagiotários. o critério não era tão-somente a performance embuída na aparente faixa etária. mas sim, a questão salarial, e a questão de massa crítica: profissionais experimentados traduzem-se em comportamentos de dois tipos: primeiro, são nominalmente mais caros ou não aceitam " a reinserção em condições minimamente dignas" ( se aceitam, a contratação é mais do que temerária). no caso dos profissionais experimentados: por sua experiência, são muito mais críticos em relação a práticas empresariais-operacionais, ou não: amoldam-se acriticamente por medo de perder o emprego. e aí, isto pode ser bom ou pode ser mal, a depender do posicionamento da agência(agências normalmente tem pavor de auto-crítica e de profissionais com este espírito).

no amoldamento, uma armadilha. muito quieto, "o das antiga" facilmente é confundido com inoperante e, ou leva o pé na bunda de chôfre(tem sempre um pós-moderno por metade ou um terço do prêmio) ou vai murchando cada vez mais entregue a trabalhos menos expressivos, tipo bellow-the-line , em agências onde o bellow-the-line é tratado como das antiga.

juventude ou pós-modenidade, digamos assim, não significa necessáriamente, acriticidade. " todo estagiário é um gênio incompreendido até que ele prove o contrário". mas, se por uma lado não sendo garantia de trabalho inovador feito por quem mais novo, símbolo fácil de agência com idéias novas, muitas vezes a falta de cabelos brancos, derruba suas, boas ou más, idéias. também pelo preconceito, acertado? de que o jovem criativo não passa disso mesmo. jovem não compromissado com resultados e sim com seu marketing pessoal.

as agências estão cada vez mais cheias de pós-modernos das antiga e vazias dos das antiga pós-modernos. as agências brasileiras, claro. em londres, ou nos estados unidos, não é raro a convivência extremamente produtiva de jovem profissionais com até mais de sessenta anos com experimentados de algumas vezes vinte e pouco anos, cujo produto criativo expressa bem esta simbiose. o que não quer dizer, que jovem profissionais não possam produzir um trabalho "antigo" ou que das antiga não possam fazer algo pra lá de moderno, o que normalmente tem acontecido em ambos os casos.

das antiga tem sido aquilatados também por sua familiaridade ou não com os computadores e programas de edição de imagens. tenha a idéia boa que tiver, mas se não expressada via computador, e você é um das antiga. caso perdido. por outro lado, basta conhcer dez por cento de um photoshop ou corel, e produza a merda que produzir(leia-se sacada visual desconexa a conceito e objetivo de venda) e você é entronizado no império dos pós-moderno. imperador com sérios problemas de câmbio pra fora de suas fronteiras, já que seu conhecimento vale sempre muito menos que a metade do que acham que vale, e do que as agências pagam.

deve-se se entender que o manuseio do computador, aparece como conditio sine qua non, não pela habilidade criativa gerada em sí, mas sobretudo pela necessidade da tal velocidade da modernidade, que pasteuriza a forma de produção(já reparou que cada vez mais temos idéias mais parecidas, repetidas, copiadas?). uma boa idéia pode ser boníssimamente produzida num rough em vegetal por alguém que não conheça absolutamente nada de computadores. se a agência valoriza a idéia, sabera valorizar isso. mas como? basta contratar um pós-moderno para finalizar a boa idéia do das antiga(como bem sabemos, pós-modernos custam salários das antiga. quando das antiga eram pós-modernos em sua adolescência profissional). isso, evidentemente, só vale a pena, se a idéia do das antiga valer a pena. se a agência realmente valorizar a idéia enquanto produto criativo a ser vendido, e não só a idéia de fachada. obviamente, se há um pós-moderno que já liquide a fatura da boa idéia só com o computador, eis uma outra opção que se apresenta a sua frente. mas aí, eu perguntaria, não é estranho que pós-modernos não saibam desenhar, não se pede como picasso, o pós-moderno para sempre ? claro que há pós-modernos que conseguem desenhar no computador, isso é ótimo também, tanto ou quanto os das antiga causaram frisson em seus primeiros rouhgs hoje vegetados?

quando se contrata pelo valor produzido(e não pela economia de custo fixo) o problema desaparece. desde que desapareça em você, e na estrutura onde você está, o estigma, o paradigma, o preconceito, o falso moderno. por falar nisso, seria nizam um pós-moderno ou das antiga ?

para obstruir, confundir, descontruir ou descontrair seu julgamento, uma frase do mesmo nizan, no site da áfrica, para apresentar seu novo diretor de atendimento(nem vou me referir, agora, ao que nizan fala sobre a questão do atendimento, que os pós-modernos andam dizendo que é coisa das antiga) quando afirma que vindo ele( o homem de atendimento) da dpz, agência de onde veio a maioria, se não tudo, que marcou a qualidade da propaganda brasileira, nos coloca outra questão:

duailibi, petit e zaragoza, perderam o fôlego ou agora e sempre pós-modernos das antiga?

p.s. eis que liga-me um diretor de arte, indicando outro, com a observação: "ele é das antiga".
das antiga como? idade, pensamento, fôlego, qualidade ou teria isso para eu me sentir pós-moderno caso me sentisse das antiga também?

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