domingo, fevereiro 12, 2006

o tempo não pára

quando reservei parte dos domingos para incrustar no cemgrauscelsius uma produção jornalísitica descontínua e outsider, como sempre o fui e, auto-condenando-me, serei, temia pela desatualização dos textos. além do peso dos artigos de fundo. estes que contrariam a lógica blogueira das estocadas curtas e leves. encontráveis no misterwalk.blogspot.com e aqui raramente presentes. e que pelo peso em muito dos arquivos não sei se mais palatável durante a semana ou se no domingo, " dia consagrado à preguiça ". o peso e característica vertical do cemgrauscelsius, algodão doce aqui você não encontra, não me preocupam tanto, é dna do endereço. mas a desatualização sim.

de certo modo, preço a pagar pelo registro particular daquelas páginas de jornal que me custaram um pouco da juventude etária. escritas num tempo onde frases tortas podiam dar em torturas, e que se deterioram nos meus arquivos e também no arquivo muncipal do recife. que sabe-se lá como resiste ele, e seu acervo ao tempo, espero bem que melhor do que eu.

estava enganado ao que parece, quando por exemplo, releio o texto de hoje, bem como os de outros. continuamos com mortes no campo e trabalho escravo ( e a imprensa, acobertando nomes); é preciso que chavez – este e o outro – nos venha ensinar quem é abreu e lima e sua importância – já que nem na cidade a quem deu o nome sabem quem é, e que foi – continuamos com corrupção em altos escalões. o personagem corruptus do jô soares consegue ser mais atual do que o programa. e uma miríade em série de fatos e acontecimentos que culminam desde a incerteza de quem realmente pisou-nos primeiro(cabral ou pinzón?) a degradação do ensino, cujos livros continuam impregnados de lorotas oficiais.

isto posto, dão-me a triste impressão de que quase nada mudou. que os textos continuam atuais. e que muito do que mudou, mudou pra muito pior. o que me dá uma ferida em cortes de não poder mudar naquilo que sou pois o tempo também não colabora para que eu me torne um sujeito, como direi, mais acessível ?

se o tempo não pára, por certo, o trem da história fez baldeação e não trocou os vagões.
continuamos nós, como lenha, a impulsionar a maria fumaça. que arfa dormente a dormente num rasgo de força enquanto nos garfa ?
bom domingo — o que quer dizer mesmo isso ? mesmo no que ele tenha de pior.

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