quarta-feira, setembro 02, 2009

procura-se um contador de histórias ou abaixo o ducaralhismo

1. Estava animada, a festa que aquele milionário organizou. Bebida, ali, jorrava. O fumacê tomava conta do ambiente. De vez em sempre, uma cheiradinha.
Aí, o milionário resolveu apimentar um pouco mais a festa. Chamou os convidados e mandou ver:
“Vamos fazer um jogo! Eu mandei encher a piscina de crocodilos, piranhas, cobra,, etc... Agora, quem conseguir atravessá-la a nado e chegar intacto do outro lado, poderá escolher um destes três prêmios: um terreno ao pé da minha mansão; um milhão de reais em dinheiro ou a minha filha em casamento.”
Nem bem acabou de falar, um jovem caiu nágua e começou a nadar com uma velocidade incrível. Segundos depois, tinha atravessado, intacto, a piscina.
O milionário, surpreso ainda, quis pagar a promessa:
“Parabéns! Qual prêmio você quer receber¿
Mas o jovem não queria saber de premio. Entre assustado e indignado, gritou:
“Eu quero é saber quem foi o filho da puta que me empurrou!.”..

2. “O ser humano usa as histórias para transmitir mensagens importantes praticamente desde que foi capaz de falar. As pessoas estão sempre ansiosas por narrativas, pois elas fornecem sentido. Fatos e números dão conteúdo, mas isso não é capaz de substituir o contexto.”
... “Comunicadores eficazes reconhecem que a comunicação deve falar à mente e ao coração. No primeiro caso, trata-se de apresentar um quadro racional, utilizando dados objetivos. Mas é o coração que gera compromisso com a ação.”
... “Como Terry Pearce, coach de executivos e especialista em comunicação altamente respeitado, diz:
Enquanto a mente procura pelas provas, o coração procura pelo envolvimento. Enquanto a mente busca informação, o coração busca paixão. Enquanto a mente quer respostas, o coração quer experiência. A mente toma uma decisão, mas é o coração que se compromete.” (Stuart Crainer, editor da Business Strategy Review e Des Dearlove,cofundador da Suntop Media, na Management de maio\junho)

3. Tenho sido um crítico feroz da criatividade publicitária brasileira que, independentemente dos prêmios que ganham ou venha a ganhar, tem tido um desempenho medíocre .
Ao mesmo tempo que critico, tento entender porque isso acontece. Outro dia, por exemplo, reuni, em uma gravação, 50 comerciais e 50 peças impressas. Por que 50¿ Porque foi o máximo que aguentei.
Tive, então, a paciência de revê-los algumas vezes, na busca de uma explicação. Claro, um motivo salta aos olhos: nossos criativos estão apaixonados demais pela tecnologia. Mas e daí¿

4. Daí que me caiu nas mãos o artigo cujo trecho transcrevi aí em cima. E caiu a ficha: faltam histórias nos nossos comerciais.
Nossos criativos não sabem ou não querem mergulhar fundo na piscina em busca da criatividade e arrancar de lá uma idéia emocionante. Claro que é um risco. A piscina da comunicação está repleta gente medíocre - animais que adoram arrancar as pernas de quem tenta nadar com talento.
“O cliente não vai gostar.”
“Ta engraçadinho, mas não vende”.
“Não estou interessado em ganhar prêmio.”
“Quero alguma coisa objetiva, que vá direto ao ponto.”
“Você precisa ser mais direto, mais objetivo.”
“Ta feio, mas vende.”
“Quando você criar um anúncio, parta do princípio de que o consumidor é burro.”
Cansei de ouvir essas e outras besteiras. É, ainda, como escrevia Nelson Rodrigues: o mundo é dominado por idiotas.
Esses que estão na piscina com o único propósito de estraçalhar as pelas criativas. Se o criativo bobear, com ele também.
Mas é preciso mergulhar, para que, pelo menos na comunicação e no marketing os idiotas parem de triunfar. A comunicação tem um compromisso sério com o consumidor: fazê-lo se emocionar com as histórias que a peça publicitária contar.
Porque quando o consumidor se emociona, ele compra.
Em sinal de gratidão, compra e valoriza a marca.
Aí, a peça criada ganha prêmio. Para alegria dos idiotas que antes afirmavam não estarem interessados em ganhar premio. Que correm para subir no palco e ouvir os aplausos que não fizeram por merecer

(procura-se um contador de história, do eloy simões, para reiniciar outras histórias que virão por aqui)

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