esta é a razão porque a
publicidade piorou tanto(apenas um dos exemplos de profissão que se
tornou menor) porque agora existem sábados, domingos, feriados -e
imprensados - e o politicamente correto fim do horário do expediente(menos para os shoppings)decretaram a morte do workaholic, que
era conditio sine qua non para se atingir algum brilho no trabalho -
como se não houvesse prazer em fazer um trabalho bem feito. e isto num
momento de crise, onde existem centenas de agências e milhares de ovos
publicitários a eclodir( como obter diferenciação em ritmo de valsa?)
dizem agora que não se pode fazer boa propaganda se não houver "vida
pessoal", que ir além do horário não passa de exploração. pode até ser.
mas, caramba! se sempre houve vida inteligente na atividade, devo
entender que a batida do ponto reduziu o beat à mediocridade. a maior
parte da minha geração, nunca deixou de fazer nada do que quisesse por
conta de dias e dias, semanas, meses, anos, décadas, enfronhado no
trabalho. muito pelo contrário. eu, por exemplo, cansei de sair às 22
horas para ir ver o super-bock super- rock, e voltava para agência para
terminar o trabalho cheio de gás até o dia amanhecer (e quando saia
voltava para agência ainda de manhã). fazia pelo prazer de tentar fazer o
melhor. se o melhor não conseguia, a culpa não era da falta de
dedicação - ou do excesso. era do talento que não se mostrava à altura
da empreitada. mas, se não podia polir as pedras, nunca tive desculpas
para não quebrá-las. ninguém me obrigou a nada. mas o principal: nunca
obriguei os clientes, internos e externos, a engolir pedregulhos que não
tivessem sido exaustivamente e criteriosamente trabalhados. se realizei
meu sonho? bom meu sonho não era ser o "fodão do bairro do peixoto".
era ser um operário da criação que não tivesse vergonha do que estava
fazendo e, principalmente de obter prazer de o estar fazendo. durante muito tempo
consegui. hoje mais não: parei pela mentalidade instaurada da falta
dedicação ao trabalho - a dedicação para fazer ghosts para premiações ao
que parece continua - e da visão funcionalista que impera( o tal
pragmatismo da idéia em esteira de produção)não por falta de emprego. não tenho
saudades. apenas ânsias de trabalho que logo passam quando vejo as
pedreiras que para o mercado não passam de cisco nos olhos. sabe como é,
com a idade vem os óculos, e aí, ao contrário do que pode parecer,
passamos a enxergar ainda mais porque a visão seletiva - se não
deteriorou - aprimorou-se.
( comentário ao post de josé eduardo storino)
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