Para ler se olhando no espelho (mas por favor, não vista a carapuça).
Saiu da barriga da mãe já reclamando (o seu choro é um berro de critério sem palavras), tipo: “Pô, o meu cordão umbilical não é tão grande quanto eu pensei! Este sangue tem um pantone que não foi o que eu escolhi e, já agora, esta é a mulher que vai me criar, é? Que casting mal feito!” Meu amigo, você já nasceu chato pra cacete. Quando criança, este crítico mirim já era um viciado em desenhos animados, séries de TV e livros do Monteiro Lobato. Mexia em tudo o que os pais lhe diziam para não mexer, desmontava os seus brinquedos numa fração de segundos e nunca perdia a pose de intelectualzinho. Quando chegou à adolescência, e é ai que o bicho pegou mesmo, queria ser diferente de todos. Claro. Foi nesta fase da vida que seus hormônios de convencido, arrogante e amostrado começaram a transbordar. Ser do contra era o seu lema (coitado dos pais e dos amigos deste aborrecente). E veio o vestibular, Publicidade foi a sua opção, obvio. Na faculdade ele era: “o informado”, “o cinéfilo”, “o crítico musical”, “o moderno”, “o fashion”, “o bam, bam, bam”. Não demorou muito, e logo ele juntou-se aos seus iguais numa fauna própria e rica em egos tão gigantescos quanto o seu. Entra numa agência para estagiar e, em pouco tempo, já tornou-se um talento júnior, e uma grande promessa para o mercado. Amanhecia e adormecia, todos os 7 dias da semana, na agência. Seus ídolos eram os publicitários famosos. As suas referências eram as mesmas que as dos seus colegas de profissão. Os anos se passaram na vida dele como um escore de basquete, de dois em dois, às vezes, de três em três. Atingiu a fase adulta em poucos meses. E quando chegou a época dos prêmios (a sua meta de vida, a razão de sua existência neste “mundinho”) deu-se a grande transformação. Nasceu um novo ser. O seu ego explodiu para fora de seu corpo e tomou-lhe a sua, já quase perdida, identidade. Ele agora era o verdadeiro “Monstro do Lago Egocêntrico”. Um bicho que não ouvia ninguém, só se alimentava de pizzas e só se locomovia pisando em quem encontrava pela frente. Um dia, ele tomou coragem e se olhou no espelho. Mas não conseguiu se ver. O que lhe surgiu à frente do espelho foi um cara parecido com ele, quando ainda era criança. Mas que agora, chama-se diretor de criação.
pala do amândio cardoso, da fcb portugal, que, dizem, aceita propostas para ser diretor de criação no recife. salário não precisa ser em euros mas a qualidade do trabalho pesa no câmbio: manual ou redução automática ? 4 x2 ou 4 x4 ? quem se aventura além do próprio ?
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