praias lotadas, acessos idem. trens de subúrbio e ônibus de periferia fazendo lata de sardinha parecer lofts.
brasílias, fuscas, corcéis II, e variants abarrotadas. pelo retrovisor avistam-se opalas aos montes. e até um polara que ultrapassa um fiat 147, em meio a um mar de kombis e kias, contrariando todo estudo de obsolescência.
a praia é logo alí. pode ser de mar, de rio, de lago, de represa, de lama e até de canal de esgoto, ou de bicas, ainda cristalinas, em minas.
ainda que longe do mar o imaginário nacional arrisca um mergulho. mais difícil é chegar na areia. índice de coliformes fecais em marolas de agitação. churrasquinhos de gatos namoram de tudo, até sushis. haja farofa rala, pescoço de frango e muita sogra ameaçada por espeto. acompanha gordura do galeto misturada a bronzeador de sachê. aquele que deixa corpos roliços com cara de camarão sem pai nem mãe. e haja pitú e rum montilla depois das duas cervejas de entrada, que obedecem a geopolítica do salário mínimo, cujo décimo terceiro, quando formal, já vai sendo embolsado por papai noel que já enche o saco, em pleno novembro, em qualquer shopping que assim se diz, se tem para isso espaço na fachada.
trilha musical de FM da lata. pagode versus tati barraco. futebol, frescobol, volibol e arrastobol. periferia na lage e elite na cobertura, tati agora sobe pelo elevador social. acabaram-se os barracos. se venta forte, latino e kelly key beijam-se a contra-gosto colocando a barbie-girl na festa do apê.
a depender da região do brasil, neste feriado de 15 de novembro, as opções são múltiplas, ainda que a praia seja o "spicizê". e tão díspares, que acabam por gerar uma unanimidade: brasileiros estão a se cagar para o dia da proclamação da república. pelo menos metade da população não sabe o que é proclamação; a outra metade, o que é república. pudera! republica brasileira nasceu de golpe contra a monarquia sem nenhum cheiro de povo. depuseram um imperador que parecia bom: sabe-se lá se demagogia, chorar pela seca do nordeste e empenhar as jóias da coroa.ato final, coroação do exílio francês, onde o travesseiro recheado de terra do brasil abasteceu-lhe teluricamente os últimos sonhos e ou pesadelos, nos faz pensar em coitado do avozinho.
a república nasceu distante do povo. e assim permanece. parlamentarismo seria mais asséptico. lula presidente, josé dirceu, primeiro ministro, o que já acontecia na prática. agora, trocava-se o primeiro ministo e pronto. economicamente despojado, sem os espetáculos caricatos de CPIS, onde doleiros, papadores de propina e ex-processados são o endosso aos valores de honor e pudor da nação republicana.
parafraseando, nelson rodrigues, todo feriado é uma ilusão. mas que brasileiro quer saber disso ainda mais quando ele cai no meio da semana, num dia de sol? feriado só não completo porque falta tarde de futebol
só os chatos, que permanecem branquelas e impávidos diantes das bundas fenomenais. agora proibidas em cartões postais, onde não estejam no contexto. como junto ao cristo-redentor, por exemplo.já que, descobriu-se, incitam o apelo ao pau no turismo sexual. ainda mais em nossos sacro-santos feriados.
afinal, se vêem aqui pra nos foder – e as nossas criancinhas – nós já fazemos isso sem pestanejar sob as benesses da república dos bananões em mais um dos seus inúmeros feriados.
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