no país das tuberosidades esquiáticas, nosso maior produto de exportação, a bunda, de norte a sul da terra brasilis prepara-se para invadir o domingo sem fronteiras, inserida na paisagem já de forma não tão silvestre.
é domingo e o brasil já acorda de pau, ou seria cu duro ?
já vem da sexta e sábado enfunado por pagodes, forrós, bailes funks, encontros bregas, onde de tudo é feito para mostrar a bunda no quase-pleno exercício da sua elasticidade. nem fudendo você faria igual. inda mais grupalmente. daí o sucesso cu destas bundas de banda ou seria bandas de bunda ?
tal manifesto já se inicia no aperto dos trens, ônibus e metrôs, fálica recompensa, onde é feita a consubstanciação da fome com a vontade comer na comiseração pagã no uso do transporte público
não bastassem as “peculiaridades” das nadegas made in brazil, que a tornam uma marca registrada, não registrada — qualquer dia japoneses a registram, como registraram o pequi,o sapoti, nem sei ainda se não o ti-ti-ti - el culo brasileiro, reconhecido até de costas, junta-se a outro cúmplice de sucesso, os biquinis nacionais. aqueles que ainda mais delineam esta mistura de músculos e adiposidade, montadas hoje sobre escolioses fakes e outros artifícios, que vão das calças com recheio a recheios sob intervenção do bisturi, amolegadas próteses de silicone que fazem a redenção das “ tábuas de passar, “ anátema e desgraça de quem não tem bunda neste país. o que por si só significa muito seriamente a possibilidade e a diferença ou não de por tudo ou nada comer e ser comida, garantia portanto de sobrevivência pra muita gente, que desde pequena exercita o requebrado das cadeiras, o baloiçar do pandeiro, o mexe-remexe do cu, desde a mais tenra idade, sexualizando movimentos que alijam dos rebolados, outrora apenas trejeitos infantis, qualquer leitura que não seja a prévia de que com um rabo destes vai longe ou já se vê que a menina tem futuro. reedita-se, principalmente nas periferias, o chamado às “reservas de comida”. ter uma bunda vistosa, ainda que “raimunda”, é passaporte pra ficar por cima mesmo que o tempo todo por baixo, com peso nas costas auto-pisoteando-se de sã consciência no flagelo do prazer ? tal qual pigmeus, ciosos da exibição do troféu, o macho nacional escolhe as fêmeas pelo tamanho da bunda. mas não como caracterização da bunda como reserva de alimento, como nos dizem estudos antropológicos sobre tribos e tribos. a comida é outra. sempre o foi.
bunda urdida ao regaço deitada no bagaço. massa de sangue, suor e caldo de cana; nudez entrecortada na folha dos canaviais, pregas garimpadas por látegos em busca da pedra-cu-já-preciosa, urro e estupro, sina decorrente do caldeamento de europeus, negros e índios, como sempre os negros entrando com a maior parte de semba, suor e sofrimento, para nos dar o prazer do bumbum arrebitado.
a bunda brasileira é a bandeira que fala ao pau de todo o mundo. comissão de costas, embaixada, por tantos mastros empalada. mas não liberta enquanto imagem de um país que cada vez mais brocha e se masturba ao vendê-la.
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