quinta-feira, outubro 27, 2005

só porque criou o mundo, pensa que é deus*

“(…) Porra, caralho, boceta, merda, boçanha, cu, cu arrombado, arregalado, grelado, trancado, folote, trezentas mil pombas no seu rabo, gala de vida, putamerda, xinim, prexeca, punheta, galação, boquete, pombinha no cu, pica, cacete, pau, cabeça da minha rola, escroto, escrotagem, putaria, bando de puta, filho da puta (…)
Cru, polêmico, indigesto. “ Lítio”, o primeiro romance de Patrício Jr. Aguarde.

como os demais, na lista do cc-nat, ccpe, mariposam-me a caixa de entrada, aquilo que parecem ser textuais percalços d´um júnior de primeira viagem.

versao tang do marketing viral, sachês de sabor literário. deve pensar autor. intensos na frequência, conteúdo nem tanto, nos que me tocam.

responde o labor, dito literário, por lítio. substância epigrafada pelo próprio autor. diz-se do próprio, elemento químico número atômico 3. família dos alcalinos, elemento de amálgama. não se sabe ainda se na literatura. mas sim em ligas metálicas, de baterias, e na formação do trítio.

mesmo o lítio, não é imune à entropia - gerada na redundância, no déjà-vu - parece ter esquecido o júnior - na literatura, como na publicidade ? assim raciocinando ao não racionar suas investidas.

não desdigo tanto assim dos teasers, como possa parecer. mas como todo publicitário é sempre suspeito ao falar d´outro, sugiro ao patrício, literamente, passar por cima dos parágrafos anteriores e posteriores, e enviar seus originais, se assim o forem, para o júlio daio borges, do digestivo cultural**l www.digestivocultural.com.br talvez o que de mais sério e bem sucedido – não basta ser sério para publicitários, tem de ser bem sucedidoJ , na análise e crítica, do novo na literatura e afins atualmente. entendendo-se por novo, algo mais que a idade de quem o faz. o que por si só já é um critério tão certeiro que costuma abater em pleno take-off muito ego assoberbado de sí mesmo. e, neste hangar da crítica de cultura e idéias, sobram morteiros para alcançar mesmo aqueles que acima dos 38 mil pés imaginam-se naves insólitas em céu de brigadeiro. significando isto, também, de que não basta ser um clássico, há que ser bom acima e abaixo do horizonte.

praia escaparda, a literatura intentada por publicitários jaz muito, e jazz muito pouco, quando sola, algures. edições do autor, perambulam esquecidas de sí, dos amigos e dos leitores, espécie de consumidor que quase sempre acaba achando mais graça aos anúncios do que na escrita feita por quem os os faz. apesar dos proclamas de detestamos a publicidade, toda a publicidade.

“crus, indigestos”, continuam a ser rubens fonsêca, dalton trevisan, joão antônio, plínio marcos, para não falar de sade e miller, e muito menos aventurar-me aos circuitos marginais e dos novos textos, que não recebo. sem epígonos os citados. apesar de pencas, às centenas, seguirem o caminho. mas é o claim do patrício, para seu primeiro romance, oferecendo de bandeja cabeça a críticos da espécie veja, que costumam aos trocadilhos, tal como os aqui feitos ao júnior, fofar os novos ,empalando-os até o gargalo. não contumaz também, foi agregar ao cru e indigesto, o po|êmico, que soa a arremate de descaso do publicitário que não garimpa texto. além do esgarçamento do termo, a polêmica morreu com carlos lacerda. duvidamos que a polêmica contida em tal romance ultrapasse o prefácio, quando muito o teaser.

off topic, não basta pensar em jorro de palavras para se obter ritmo e invenção – para não falar que dezenas de livros de publicitários, seniores inclusive, já inventariaram o universo da publicidade com causticidade comprovadamente mais devastadora, ainda assim não literatura.

a facilidade de costurar textos é o grande feitiço de áquila dos publicitários que servem de mote ao emplastro de escritor frustado. escrever bem publicitariamente não é a mesma coisa que escrever literatura e vice-versa. não se conheceçem muitos que tenham feitos as duas coisas convincentemente. pessoa, era amanuense da publicidade. e, lessa, escritor de asas curtas, também não deixou nenhum slogan “para a posteridade” na jwt, apesar de grandes ensinamentos humanos.

mas salvação há no reino dos céus, para quem se arrisca no inferno das letras, sendo publicitário. andré sant´anna, mineiro de belo horizonte, nascido aos 64, que morou no rio, tocou no grupo tao e qual de 80 a 90, não sei se ainda morando em são paulo? trabalhando como redator de publicidade. publicou amor, 1998
sexo, 2000, do qual já publicamos excerto, tendo conto seu incluído na edição “os cem melhores contos brasileiros do século”, publicado pela objetiva. curiosamente, sexo, quase best-seller em portugal, editado pela cotovia, que reuniu até então toda obra do editor é um exemplo da não literatura de spa. que muita gente pratica, ainda que também adjetivada de polêmica, crua e indigesta. e se listar meia dúzia de palavrões nos transforma em literatos, publiquemos então as putas e travecos da madrugada com seus sotaques, vocabularios e linguagem bem mais trabalhados dentro e fora do metiér.

como diria henrique szklo, autor do título* que nomeia este post, editado pela negócio editora, já na segunda tentativa, sobre seu própio livro: “eis o melhor livro do ano, para se meter o pau”.

mesmo para isso, vai descobrir o patrício junior, não é nada fácil. concorrência igual ou maior do que a que enfrentamos em nosso ofício. muita cabeça batendo. muita gente mais habilitada por e para isso do que nós, independentemente das nossas ansiedades, vontades e reais possibilidades.

sim, henrique também é mineiro. o que é ainda mais azar quando se tem o andré como não patrício.

**alguns dos nomes da net generation revelados pelo digestivo:
Alexandre Inagaki, Alexandre Petillo, Alexandre Soares Silva, Ana Elisa Ribeiro, Andréa Trompczynski, Bruno Garschagen, Daniela Castilho, Daniela Sandler, Debora Batello, Denis Zanini Lima, Eduardo Carvalho, Fabio Danesi Rossi, Fabrício Carpinejar, Gian Danton, Hernani Dimantas, Jardel Dias Cavalcanti, Lisandro Gaertner, Luis Eduardo Matta, Marcelo Barbão, Mario AV, Nemo Nox,

4 comentários:

Anônimo disse...

O Luis Eduardo Matta já era escritor de livros policiais quando começou a escrever para o Digestivo Cultural. Ele não foi revelado pelo site.
Abs.

celso muniz disse...

júlio obrigado pela participação.
reproduzimos ipsis literis a lista de autores que consta em editorial no digestivo cultural.
não seria mais um daqueles célebres casos de " revelação" que já andam no mercado há séculos ?

Anônimo disse...

Talvez, Celso. O Digestivo Cultural poderia dizer que revelou o Luis Eduardo Matta para a internet. A partir do Digestivo, ele que ja era escritor de livros passou a fazer parte da tal net generation, escrevendo artigos, ensaios e coisa e tal para publicar na web.
Abs.

celso muniz disse...

mas é isto que o digestivo diz, apesar de não explicitar neste editorial, caso por caso, a evolução e ou trajeto dos nomes da lista.

o " net generation " é redação minha para o que foi dito em bom português. acrescente-se que o mesmo digestivo referenciou o luis eduardo matta noutros materiais e de forma prestigiante.