segunda-feira, outubro 10, 2005

de internacional, nem bienal, nem propaganda, quanto mais livro

micro(mega)fone berra chamados de aproximação a professores: agarrem seu brinde, intercalado com a oferta do stand: sítio do picapau amarelo de 120 por 50. noutro, é um real, é um real. digo que livro tão barato assim até pode fazer mal.

estratagema repete-se em variados stands que se repetem. caçam compradores de livro didáticos e não leitores um primeiro sinal destoante. tá explicada a abordagem grosseira e o assédio corporal, até em sotaque castelhano, com muita inflexão malandra na prosódia: vendedor de assinatura da caras, que te oferece brindes com a suspeição de que você vai de cara abocanhar pacote de assinatura de revistas.

mal começo de entrada na bienal internacional do livro que aconteceu no centro(decadente)de convenções de pernambuco, que fica no desperezado bairro de salgadinho, pertença de olinda, cidade patrimônio da humanidade.

não se espera por afetação que uma bienal internacional do livro acontecida aqui lembre frankfurt, são paulo ou mesmo rio. mas deveria ser um acontecimento a altura do que promete: em forma e conteúdo.

livro é produto, mas cultural, e corresponde a mercado. mas não se vende livro como se vende tijolo. por isso mesmo espera-se um ambiente e – acima de tudo – gente, profissionais, com o devido preparo para produzir a imersão de velhos e novos leitores na magia real do mundo dos livros dentro de um conceito de bienal, e do livro. bienais, ainda mais em mercados onde a entrada é franca, fazem parte, ou deveriam, de estratégias de formação e fortalecimento de mercado.

nenhuma envoltório sensorial. nenhuma sensibilização, quer argumental, quer por figurinos, cenografia, arquitetura diferenciada. dentro e fora dos stands, nada de atrações. principalmente para crianças e adolescentes. nenhum contador de histórias, nenhuma manifestação cultural afim com editoras locais.

salvo por parcas tvs de 14 polegadas a contar com baixa qualidade de produção(ao vivo seria bem melhor) historietas infantis aqui, documentários ali, o que não faz nem cosquinhas num mundo onde os leitores em potenciais tem índices de leituras digitais de última geração.

dentro e fora dos stands, para além do despreparo de vendedores que portam-se como se estivessem em livrarias, vendendo best-sellers de sovaco ou atendendo listas de escolas, “livreiros” saiam-se mal quer na recepção, quer no estado de vigilância ostensiva em ambientes não pensados para o evento. standartização de espaços não combina com conceito de bienal internacional. poucos suportes eletrônicos para consulta de preços e ou apresentação de resenhas.
qualquer conveção de vendedores de sapatos, produto que não vai a cabeça, miseravelmente teria um tema e decoração e atrações especiais linkados a razão de ser do evento. mas na bienal internacional do livro não.

musica ambiente às alturas, de nenhuma qualidade, nem nacional, nem internacional, em nada sinérgicas com os standes, assim como a comida. aliás se ser internacional é fazer tapioca com formato de hamburguer e ter um stande do consulado da frança e mais dois ou três representantes de editoras estrangeiras, então o objetivo foi atingido.


o problema é que o cheiro dos banheiros que empestava o ar conforme a direção do vento era bem nacional, com típico sotaque local. e que os livros que lá estavam são encontrados com ainda maior generosidade de títulos e instalações em megas e médias livrarias que existem na cidade.

fim de tour, nenhum nome realmente de peso significativo em oficinas ou círculos criativos de debates com autores. raimundo carrero estava às moscas.

depois a grita de que não há publico para os livros e ou eventos assim.

pudera. fatalmente organizadores não leram livros que documentam e sistematizam como se faz um evento assim. ter ido a outros só não basta se não se tem o instrumento para estudar e reestudar a lição.

neste caso bienal foi uma ficção que ficou devendo à realidade.

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