quarta-feira, outubro 12, 2005

quarta ah portuguesa: para os que ainda pensam que a lua é queijo

de portugal mais longa. do brasil mais curta. mas não menos danosa.
ditaduras, que borbulharam mortos e feridos aos milhares de milhões se considerar-mos estragos a longo prazo que sempre acontecem.

na guerra militar-civil contra o enforcamento da liberdade centenas não enterrados ainda perambulam sob a tortura de destino incerto em lugarejos urbanos e não urbanos do país tropical.

das mutilações produzidas em pouco mais de uma década, brasil não se recuperou até hoje. maior delas o esmigalhamento pelo sistema do projeto educacional brasileiro que esfarelou-se até nunca mais conserto.

geração shopping center e photoshop traz esta sífilis no sangue mas nem desconfia.

por isto mesmo, programa da hora, neste dia das crianças, é ribombar o lançamento do documentário vlado - trinta anos depois, no próximo dia 14 no rio de janeiro, para que nunca mais sejamos como nossos pais.

para quem não sabe desta martirização, segue a sinopse, que acompanha o material de divulgação:

" No dia 25 de Outubro de 1975, Vlado (o jornalista Vladmir Herzog) acorda de manhã e se despede da mulher, Clarice, antes de se apresentar ao DOI-CODI, órgão da repressão política do regime militar, para um depoimento. Conversam, Clarice ainda expõe suas dúvidas se ele deve se apresentar: vários amigos, jornalistas estão presos e sabe-se que são torturados. Mas Vlado se recusa a fugir, considerando que é um homem transparente, alheio à clandestinidade e que nada deve temer. No entanto, no fim da tarde do mesmo dia, a família e amigos de Vlado recebem a terrível notícia: Vlado estava morto e, segundo fonte oficial, teria se suicidado na prisão.

A morte de Vlado se dá num momento particularmente tenso da vida brasileira, com o acirramento das lutas internas entre os próprios militares, opondo, de um lado, os generais Geisel e Golbery, no poder, e, de outro, os setores militares comprometidos com a repressão e que se opunham a toda idéia de uma abertura política. No meio dessa guerra interna, os “duros” agem com truculência sobre a sociedade. E como já não há mais a guerrilha, derrotada militarmente, voltam-se agora para aqueles que acreditavam num processo democrático de derrota da ditadura. Centenas de pessoas são presas e torturadas, quando a sociedade julgava que a abertura política havia começado e nada a deteria. Entre os prisioneiros, muitos jornalistas, onde se buscava denunciar a conivência do Governo Federal com a subversão. E entre os jornalistas, Vladmir Herzog.

Entre o momento da apresentação de Vlado e sua morte, o filme revela, a partir de depoimentos de amigos, familiares, colegas que viveram com ele a história, a amplitude das perseguições daqueles momentos, a trajetória do jornalista, desde sua infância, na Yuguslávia, com sua família de origem judaica, fugindo da perseguição nazista, suas idéias políticas, sua militância, seu senso de ética, até sua posse como Diretor de Jornalismo na TV Cultura de São Paulo e a perseguição a ele iniciada naquele momento. E o horror dos porões do regime militar, onde imperava a tortura e os assassinatos políticos.

Diante da notícia da morte de Vlado, a reação é imediata, primeiro da própria Clarice, dos amigos e depois da sociedade, exigindo a apuração e recusando a farsa montada para a morte do jornalista. Essa reação, unindo forças sociais diversas e instituições importantes como a Imprensa, a Igreja e a própria Justiça, fez da morte de Vlado um marco na luta pela redemocratização do país.

90 minutos que valem por uma década ou mais

Para quem viveu ou mesmo para quem não tem a menor idéia dos tempos de violência e tensão da ditadura militar, o filme Vlado – 30 Anos Depois emociona e traz uma compreensão melhor da nossa história. O caráter extremamente pessoal e confessional dos depoimentos do documentário longa-metragem de João Batista de Andrade revela a história do jornalista Vladimir Herzog assassinado na prisão em 1975. A produção é da Oeste Filmes e TAO Produções.

Em um longa-metragem de 90 minutos, o cineasta João Batista de Andrade conta a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão em 1975, durante o regime militar. Os depoimentos trazem as lembranças da viúva, Clarice Herzog, e de pessoas que conviveram com Vlado. Em outubro também serão realizadas várias atividades para marcar os 30 anos da morte de Vlado, inclusive um ato inter-religioso na Catedral da Sé, com a participação de um Coral de mil vozes.

O filme entra em cartaz dia 14 de outubro no Rio de Janeiro. O drama dos presos, os choques elétricos, os gritos que vêm das entranhas, o temido capuz preto, a “cadeira do Dragão”, as imagens terríveis do DOI-CODI que ficarão para sempre. Cheiros, sensações e sons que acompanham e acompanharão para sempre pessoas que viveram a dura realidade da repressão militar. Tudo isso está no filme ao lado de imagens do culto ecumênico realizado em memória de Vlado na Catedral da Sé (dia 31 de outubro de 1975, com a participação de 8 mil pessoas, num protesto silencioso contra o regime), de depoimentos importantes como as lembranças da mulher, Clarice Herzog, no dia em que ele foi levado, ou o de José Mindlin, explicando que o próprio SNI analisou o currículo de Vlado antes de sua contratação como diretor de Jornalismo da TV Cultura.

João Batista de Andrade diz que o filme é o resgate do que ele não conseguiu filmar na época, além de revelar com mais profundidade porque tudo o que aconteceu continua repercutindo até hoje: “Eu nunca me recuperei do impacto dessa perda. Nós éramos amigos, nossos filhos brincavam juntos. Eu me sentia desarvorado, assustado. Eu que filmava tudo, não filmei nada naquele momento. O clima político era quase irrespirável e eu me sentia impotente, vendo, mais uma vez, a história desabar sobre nós com a sua força destruidora.”

Os depoimentos são fortes, surpreendem e envolvem. No documentário falam, entre outros, Clarice Herzog e o filho Ivo, D. Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel, Fernando Morais, José Mindlin, Ruy Ohtake, Clara Sharf, Paulo Markun, Alberto Dines, Sérgio Gomes, Diléia Frate, Mino Carta, João Bosco, Aldir Blanc e Rose Nogueira, entre muitos que compartilham as lembranças embaladas pela dor e pelo medo."

a distribuição de dvds é da europa films. clarice herzog, para quem também não sabe foi brilhante prifissional de pesquisa da jwt são paulo.

raro material sobre a história do brasil, que como estes deveriam ser materiais presentes em sala de aula, registre-se que documentários acerca de todos os estragos da ditadura de salazar em portugal também os há, quero ter certeza. mais quase nunca divulgados e vistos no brasil. e bundas pra lá, pastéis de belém pra cá, deixamos a nossa história virar piada. de profundo mau gosto se quer que lhes diga, digo abafado pelas hienas de plantão.

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