quando imbróglio do mensalão avolumou-se como pizza no forno do legislativo, escrevemos primeiro de uma série de posts e um artigo – quem não for um marcos valério que atire a primeira pedra - sobre a questão inidônea do BV, entre outras facetas.
muita gente que não fala palavras, mas que pratica telepatia em sua forma evoluida, incluindo silvos emissores de venenos e desdéns*, mirou-se contra. para os publicitários e, principalmente, para os donos de agência, cuja maioria, ainda hoje, nem publicitário é** , exercer a opinião e a crítica pública dura em relação a atividadade é algo inadimissível e imperdoável, zelando pelo esprit du corps da forma mais bolorenta que se conhece.
a cada dia mais e mais nomes de agências, que não são as do marcos valério, mas que usam perucas na hora do BV, são relacionadas como mãos grandes das verbas do cliente. embolsando aquilo que deveria retornar ou ser reempregado em benefício da comunicação de marketing de marca das contas que lhe são confiadas. confiança, piêce de résistance. mas qual o quê. toda agência precisa reformar a recepção, não é mesmo? e isto custa caro.
verdadeiro mercado de pulgas, a relação agência-cliente não só desmoronou, empenando a palavra parceria, como desfigurou totalmente a relação custo-benefício. como esperar que parceiros em um projeto possam fazê-lo ir avante, se para um deles o outro é ladrão? e para o outro, ladrão do ladrão ?
não se consegue conceber que uma agência trabalhe de graça. mesmo empregando estagiotários como maioria de sua mão de obra. pas de deux de cinismo e estupidez a maioria de clientes-agências dizem que sim, a julgar pelos acordos de remuneração.
não se concebe que um determinado serviço, como um filme, seja apresentado com um orçamento, por exemplo, de 47 mil reais, e cabe custando 27, se for a agência que o faça, e 17 se for feito direto com a produtora.
obviamente, a partir disto, todos os números passam a ser representativos daquilo que não são ou o que são no lado negro da verdade: nada corresponde aquilo que é, incluindo a eficácia e pertinência da comunicação que impassível assiste a sua auto-destruição em nome da “salvação do negócio”.
a criatividade, pelo menos um certo tipo assim anunciado, tornou-se commodity. E mais,do que isso, artigo em liquidação.
se “vender-se” barato tornou-se a meca da gestão, que mira na quantidade de produção e não na qualidade, e portanto o único caminho da sua salvação, então o negócio da propaganda está acabado.
porque aí, diferenciação, já não mais importa. a não ser a diferenciação de preço. Vertiginosamente copulado abaixo do even break point. e de forma tão estardalhosamente consentida que jamais creditada ou acreditada. afinal, ninguém vem ao mundo para comprar por cem e revender por noventa. nem o papa. assim, o que não se cobra aqui em fee, comissão, custos internos, ou que forma de remuneração acordada seja, estorna-se alí, em estratagema qualquer de compensação, onde o BV é preferida artimanha.
estabelecer como verdade persecutória de que permanece no negócio quem tem competência para oferecer o melhor pelo melhor preço é falácia sem tamanho que, de novo, a falta de diferenciação, de idéias, de meios de produção, de veiculação, corrobora.
uma coisa é evitar, com senso profissional, o desperdício, a esbórnia, com dinheiro alheio, como muita gente já o fez, como por exemplo ao propor filmagens, no exterior, porque estáva a fim de viajar. e isto no tempo que qualquer publicitário ganhava o suficiente para pagar sua passagem. e à vista. outra, garantir que a criatividade, falsa ou verdadeira, forneça o combustível para que teco-tecos alcançem a lua.
não fornece. em Comunicação de Marketing de Marcas, nem fusca roda com combustível barato. E quando roda, roda e apita, tem sempre giclê entupido e mecânico intoxicado. esquecemos o óbvio? de que é o somatório de qualidade de idéia, produção e veiculação, que leva o módulo da marca a estratosfera da visibilidade ? e que isto tem um preço ?
ou nós acabamos com o mercado de pulgas em que a atividade está se tornando ou o mercado de pulgas acaba com a gente.
neste momento, as pulgas estão ganhando mercado. muito mercado.
* jakob nielsen, guru da usabilidade na Web, aconselha blogueiros a não publicar aquilo que possa vir a prejudicá-los no futuro, possíveis empregadores, por exemplo. neste item, no momento em que estou de mudança para florianópolis, estaria cavando a minha sepultura? na lagoa da conceição ?
**não é o fato de ser publicitário ou não que determina o caráter de gestão de uma agência. a questão é esta mesma: caráter. e nem sempre tem-se a vida facilitada em agências geridas por publicitários.
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