terça-feira, outubro 11, 2005

má escrita, literatura igual ?

stand 28 da V bienal internacional do livro, sôfrego e putisofrido com ar rarefeito de títulos, ressaltados por prateleiras que suplicam nem que seja poeira. moçoila com aparência de terceira capa me imputa assinatura de manifesto.

- que manifesto ?
- dos escritores de pernambuco …
- por que, onde, como ?

abre-se o que mais parece livro de contabilidade. estampa-me à caixa dos peitos xerox A4 com texto que transcrevo:

“ Caro Leitor/a,você já conhece o movimento em defesa do livro pernambucano ?

Visite o estande 28! (nem vou entrar nos detalhes da diagramação, pois seria bater no ceguinho)

Externamos nossa insatisfação contra a atitude discriminatória de algumas livrarias em relação ao autor pernambucano.
Algumas matrizes situadas no eixo Rio/São Paulo – com raras exceções – aleam estar proibidas de adquirir, mesmo em consignação, livros editados em nosso estado, anda que sejam de comprovado exito comercial. Seu interesse concentra-se quase que exclusivamente em autores do Sul e Sudeste.

NÓS, ESCRITORES E LEITORES PERNAMBUCANOS E NORDESTINOS EXIGIMOS RESPEITO E RECIPROCIDADE!

Entendemos que o livro é o mais completo e democrático instrumento de preservação e difusão da cultura regional.
Esta é a razão das nossas preocupações. O Nordeste abriga considerável número de escritores, editores e livreiros de escol, que , não obstante necessitam de espaço e apoio para a comercialização de suas obras.
Por isto conclamamos todos a envidar esforços para que o livro pernambucano e nordestino ocupe o merecido destaque nas livrarias, na mídia, e no gosto do público em geral, engajando-se na constituição deste amplo Movimento “.

seguem assinaturas de figuras ilustremente desconhecidas dos leitores mas certamente carimbadas em igrejinhas locais.

que dizer resta, de manifesto de tal teor ? conclamar aos escritores pernambucanos que não se permitam mais a tal besteira. porque santa inocência costuma defenestrar às teias tais amadorismos gentílicos.

e claro, conclamá-los, antes de tudo - surfar regras do jogo editorial, do marketing cultural, de ações de divulgação, até de manifestos - a escrever bem.

vale para jovens escritores e aqueloutros tidos como revelações trôpegas entradas de decanos.

a julgar pelo manifesto, missão quase impossível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, Pernambuco não pode aceitar que imortalizem escritores do Sul como Ariano Suassuna, ou Gilberto Freyre. O Nordeste não pode calar para esta gente imposta pelo Sudeste como: Jorge Amado, Clarice Lispector, ou João Ubaldo Ribeiro. Não se pode permitir que considerem como um grande poeta brasileiro este sulista chamado Augusto dos Anjos. Só para provar como esta discriminação é histórica.

Sem falar no roteirista e dramaturgo João Falcão que, com tanto sucesso, só pode ser lá da ponta de baixo do Brasil.

Impressionante, quando vejo manifestada esta cultura do "coitadinho de mim" é que percebo o quanto a influência portuguesa ainda é forte em terras tupiniquins.