o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
sábado, dezembro 31, 2005
hollywood! - ou já agora balanço de final de ano
a última crônica do ano será a primeira para os leitores do amanhã.
jornal tem destas coisas. efeitos banais, frases comuns, otimista ou pessimista, dentro do que já não mais sou, o que devo escrever ?
31 ou 1? a preocupação me acompanha com a fidelidade de um animal de caça. preencher espaços, atravessar interstítcios entre palavras e emoções não absorvendo sua ferrugem eis a minha profissão. otimista ou pessimista, calendários e relógios avisam-me de já não disponho de tanto tempo.
sorvo o café apressado. mastigo as idéias,mas não tão apressadamente quanto o alimento que, tento convencer-me, será útil para o corpo. acostumar-me com a velocidade dos sabores agradáveis e desagradáveis, é outro dos ossos do ofício. nada mais velho do que um jornal de ontem. eis o princípio do verbo.
quanto as idéias, sei que elas virão. breve, ou na angústia das últimas horas do expediente. paradoxo cotidiano de acender a idéia enquanto apagam-se quase todas as luzes do prédio. a solidão é criativa quando tateia e tagarela no escuro e nas dores. talvez, se for o caso, elas-as idéias- me apareçam dentro do ônibus. eu sou tal qual estes cronistas velhos espécimens abandonados, eles envelheceram no ofício de andar de ônibus.
aparecerão as idéias, tal qual uma mulher bonita subindo o desejo dos homens com um perfume de cio, ou tal qual um grito de moleque anunciando qualquer brebote a venda para ajudar a famíia. ou ainda, tal qual uma cusparada que errou o espaço da janela e explodiu no vidro a vida que os homens recusam-se a ver. por certo, autor já calejado no ofício, eu a encaixarei na crônica, tais dejetos humanos. tal qual eles se encaixam no ônibus, com suas mágoas e alegrias, cansaços e ilusões, ódios e desditas, em borboletas onomatopaicas que registram homens e mulheres, crianças e velhos, tal como o tempo, indistintamente. salvo quando algum lhe foge a atenção e escapa de pagar, por hora, seu preço. CR$4,00, é um preço tão barato e ao mesmo tempo tão caro para os homens. é forçoso dizer que o homem, numa era de tantos múltiplos e dividendos, não passa de um artigo em liquidação.
meu maior segredo, presumo, é não ser tão preciso nas observações. faz parte do negócio manter o mistério, pela técnica ou pela incompetência, eu vou arvorando-me conhecedor do gênero humano escrevendo a cada dia que passa, suas vidas em 45 linhas. citadinos, amargurados e extasiantes, mal-cheirosos e perfumados, subservientes e ididotas, orgulhosos e desprezados pelo meu narigueto de cronista, vou por entre exatamente 45 passageiros sentados sob a ótica de minha caneta.
da caneta às máquinas mantendo o raciocínio visivelmente desbotado pelo romantismo, que todos nós que habitamos o ônibus naquel trecho da praia, não temos hoje, 31 ou 1, absolutamente conhecimento e tampouco ressistência para coisas que de há muito fazem chiantes as batidas do nosso coração. para mim, perto do mar,os homens são todos coisas que se quedarão roídas pela maresia, para além da crônica, em qualquer parágrafo, em qualquer ponto de encanto ou alucinação que o cronista tenta fazer boiar numa marola de frases pensadas com inúmeras bolhas.
sacolejante é o mar, sacolejante é a vida. sacoleja o cronista em tolas construções e desapercebe-se que de há muito inúmeros passageiros ficaram no caminho das emoções nos labirintos de tempo e espaço. eu, entreti-me aquecendo uma inútil crônica de esperanças arquejantes para essas viagens que inciam-se vazias e assim terminam, porque estão vazios os corpos, o coração e a vida.
mas não é o vazio o pensamento — como se isso adiantasse alguma coisa. dirijo-me ao mercado central que abriga compradores e vendedores. persiste o que deverei escrever, quando um recado mais insistente dos editores, lembra-me que sou um desse que “ todo dia indo para o mercado onde se compram mentiras, coloco-me na fila dos vendedores “.
apagar as luzes. final por hoje. hollywood.
ah! o ínútil ofício de costurar palavras.
publicado na capa do caderno 2 de o norte, na terça feira 01 de Janeiro de 1980.
* ao meio-dia do sábado oferecem-me o jornal do domingo** que por sua vez já está ainda mais velho do que o jornal do sabádo. questões que serao abordadas para fora da crônica ano que vem. por hora, digo hoje que a crônica poderia ter se entitulado pelo número de uma das linhas do ônibus da praia de manaíra. 511, e tava feito.
jornal tem destas coisas. efeitos banais, frases comuns, otimista ou pessimista, dentro do que já não mais sou, o que devo escrever ?
31 ou 1? a preocupação me acompanha com a fidelidade de um animal de caça. preencher espaços, atravessar interstítcios entre palavras e emoções não absorvendo sua ferrugem eis a minha profissão. otimista ou pessimista, calendários e relógios avisam-me de já não disponho de tanto tempo.
sorvo o café apressado. mastigo as idéias,mas não tão apressadamente quanto o alimento que, tento convencer-me, será útil para o corpo. acostumar-me com a velocidade dos sabores agradáveis e desagradáveis, é outro dos ossos do ofício. nada mais velho do que um jornal de ontem. eis o princípio do verbo.
quanto as idéias, sei que elas virão. breve, ou na angústia das últimas horas do expediente. paradoxo cotidiano de acender a idéia enquanto apagam-se quase todas as luzes do prédio. a solidão é criativa quando tateia e tagarela no escuro e nas dores. talvez, se for o caso, elas-as idéias- me apareçam dentro do ônibus. eu sou tal qual estes cronistas velhos espécimens abandonados, eles envelheceram no ofício de andar de ônibus.
aparecerão as idéias, tal qual uma mulher bonita subindo o desejo dos homens com um perfume de cio, ou tal qual um grito de moleque anunciando qualquer brebote a venda para ajudar a famíia. ou ainda, tal qual uma cusparada que errou o espaço da janela e explodiu no vidro a vida que os homens recusam-se a ver. por certo, autor já calejado no ofício, eu a encaixarei na crônica, tais dejetos humanos. tal qual eles se encaixam no ônibus, com suas mágoas e alegrias, cansaços e ilusões, ódios e desditas, em borboletas onomatopaicas que registram homens e mulheres, crianças e velhos, tal como o tempo, indistintamente. salvo quando algum lhe foge a atenção e escapa de pagar, por hora, seu preço. CR$4,00, é um preço tão barato e ao mesmo tempo tão caro para os homens. é forçoso dizer que o homem, numa era de tantos múltiplos e dividendos, não passa de um artigo em liquidação.
meu maior segredo, presumo, é não ser tão preciso nas observações. faz parte do negócio manter o mistério, pela técnica ou pela incompetência, eu vou arvorando-me conhecedor do gênero humano escrevendo a cada dia que passa, suas vidas em 45 linhas. citadinos, amargurados e extasiantes, mal-cheirosos e perfumados, subservientes e ididotas, orgulhosos e desprezados pelo meu narigueto de cronista, vou por entre exatamente 45 passageiros sentados sob a ótica de minha caneta.
da caneta às máquinas mantendo o raciocínio visivelmente desbotado pelo romantismo, que todos nós que habitamos o ônibus naquel trecho da praia, não temos hoje, 31 ou 1, absolutamente conhecimento e tampouco ressistência para coisas que de há muito fazem chiantes as batidas do nosso coração. para mim, perto do mar,os homens são todos coisas que se quedarão roídas pela maresia, para além da crônica, em qualquer parágrafo, em qualquer ponto de encanto ou alucinação que o cronista tenta fazer boiar numa marola de frases pensadas com inúmeras bolhas.
sacolejante é o mar, sacolejante é a vida. sacoleja o cronista em tolas construções e desapercebe-se que de há muito inúmeros passageiros ficaram no caminho das emoções nos labirintos de tempo e espaço. eu, entreti-me aquecendo uma inútil crônica de esperanças arquejantes para essas viagens que inciam-se vazias e assim terminam, porque estão vazios os corpos, o coração e a vida.
mas não é o vazio o pensamento — como se isso adiantasse alguma coisa. dirijo-me ao mercado central que abriga compradores e vendedores. persiste o que deverei escrever, quando um recado mais insistente dos editores, lembra-me que sou um desse que “ todo dia indo para o mercado onde se compram mentiras, coloco-me na fila dos vendedores “.
apagar as luzes. final por hoje. hollywood.
ah! o ínútil ofício de costurar palavras.
publicado na capa do caderno 2 de o norte, na terça feira 01 de Janeiro de 1980.
* ao meio-dia do sábado oferecem-me o jornal do domingo** que por sua vez já está ainda mais velho do que o jornal do sabádo. questões que serao abordadas para fora da crônica ano que vem. por hora, digo hoje que a crônica poderia ter se entitulado pelo número de uma das linhas do ônibus da praia de manaíra. 511, e tava feito.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
qual é a música ?
.... uns quilos de carne, o resto é água
uma carga d´ossos, músculos e mágoa
coberta de pelos a sobrar cabelos....
da banda portuense gnr
uma carga d´ossos, músculos e mágoa
coberta de pelos a sobrar cabelos....
da banda portuense gnr
joão bobo
a violência no recife intra e extra muros, ou seja: periferia, desinteria e intrateria, nos confere o grau de metrópole aos níveis de rio, são paulo, cochambamba e washington dos bons tempos. pra quem não sabe washington já assinalou registros alarmantes de violência, a tal ponto de se dizer que o iraque hoje, mal comparando, seria pátio de convento.
a violência é tal qual marca de bala na parede e cicatriz de arma branca no bucho da incompetência dos governos federal, estadual e municipal de fazer o mais rastaqueiro policiamento, preventivo ou desinfetativo neste país. as únicas inciativas de montra são as transferências do fernandinho beira mar que anda colecionando souvenirs das carceiragens das policias federal estados a fora. se ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão qual seria a pena pra polícia que rouba polícia que roubava ladrão ?
no recife, ser assaltado é algo tão corriqueiro como cuspir na calçada. levar um tiro no semáforo,sinal ou farol, como queiram, já deixa em dúvida editores se vale quarto de primeira página, ainda mais agora facilitado pelas lombadas eletrônicas que chegam a chatear os assaltantes com o esforço mínimo necessário a abordagem: “ pô! num dá nem pra squentar os músculos, é só pulegar nos tresoitão e tá feito. interceptação já vem desacelerada, nem precisa celerar com xutão na veia(traficantes andam chateados com isso também, excitings a menos neste segmento).
estupro? fascínoras andam colocando em prática o humor negro daquela piada do cúmulo da coincidencia: comer mulher grávida e acertar no cu do menino é praxe.
pernambucanidades à parte, a política de polícia no estado tem como chiado de microfones a ação de interlocução via secretário da defesa social que defende-se mais a sí do que aos cidadãos. o problema é que sua defesa seria cômica se não fosse trágica para a população. cada vez que joão braga, sim, o secretário, aparece para dar justificativas, o remédio traz tal quantidade de pacientes mortos que a bula da receita chega ao escárnio do cidadâo. e isto é ainda mais basófilia via cara do joão que trespassa o mais ralo senso comum com costuras que não seguram o coldre.
a última do braguinha foi alardear com mal um mês de implantação da lei sêca, fechamento de bares, “budegas” e biroscas em istmos de miséria no recife e olinda, das 23 as 6 horas. com aquela cara enfadonha e pouco afeita a intimidades com a câmara, joão diz que a lei já diz a que veio, atribuindo a queda de X9 para X4 homicídios o sucesso da iniciativa.
somadas a tiradas anteriores, a desconsideração do braga para com as variáveis diretas e indiretas é identica as suas costumeiras declarações onde destaca-se sua capacidade de negacear a realidade dos fatos com versões contra-balançadas pelo peso do cargo que ocupa, mais parecendo o joão bobo que pra frente pra trás oscila ao sabor dos vetores da força bruta da violência paroxística em que vivemos. e nisto não difere muito das demais autoridades responsáveis pela segurança pública no brasil quando tentar colocar cadeado em portão arrombado. gagueja tanto quanto gaguejava o garotinho, por exemplo quando ocupava o cargo, diante do indefensável estampido da realidade. só que garotinho tinha a rosinha, riso sem espinhas. joão, só o jarbas, cujas caras não adubam.
fosso outro o governo, e joão braga já teria sido exonerado. como não o foi, no caso, os joões bobos somos nós, cada vez que o vemos a dar explicações sobre as trapalhadas da inseguridade local. o pequeno probleminha é que quando levamos tiro decidamente não levantamos mais tal como aqueles” joaõs-bobos” vagabundinhos que quando furados não pegam mais remendos, cena muito parecida com a que se vê no hospital da restauração.
a política de segurança social no brasil não passa disso: de um grande e disforme remendo que as autoridades ficam remoendo, remoendo até não poder mais.
a coisa fede e já estoura em pus, diz o vento soprando os presuntos de quem já foi boneco.
a violência é tal qual marca de bala na parede e cicatriz de arma branca no bucho da incompetência dos governos federal, estadual e municipal de fazer o mais rastaqueiro policiamento, preventivo ou desinfetativo neste país. as únicas inciativas de montra são as transferências do fernandinho beira mar que anda colecionando souvenirs das carceiragens das policias federal estados a fora. se ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão qual seria a pena pra polícia que rouba polícia que roubava ladrão ?
no recife, ser assaltado é algo tão corriqueiro como cuspir na calçada. levar um tiro no semáforo,sinal ou farol, como queiram, já deixa em dúvida editores se vale quarto de primeira página, ainda mais agora facilitado pelas lombadas eletrônicas que chegam a chatear os assaltantes com o esforço mínimo necessário a abordagem: “ pô! num dá nem pra squentar os músculos, é só pulegar nos tresoitão e tá feito. interceptação já vem desacelerada, nem precisa celerar com xutão na veia(traficantes andam chateados com isso também, excitings a menos neste segmento).
estupro? fascínoras andam colocando em prática o humor negro daquela piada do cúmulo da coincidencia: comer mulher grávida e acertar no cu do menino é praxe.
pernambucanidades à parte, a política de polícia no estado tem como chiado de microfones a ação de interlocução via secretário da defesa social que defende-se mais a sí do que aos cidadãos. o problema é que sua defesa seria cômica se não fosse trágica para a população. cada vez que joão braga, sim, o secretário, aparece para dar justificativas, o remédio traz tal quantidade de pacientes mortos que a bula da receita chega ao escárnio do cidadâo. e isto é ainda mais basófilia via cara do joão que trespassa o mais ralo senso comum com costuras que não seguram o coldre.
a última do braguinha foi alardear com mal um mês de implantação da lei sêca, fechamento de bares, “budegas” e biroscas em istmos de miséria no recife e olinda, das 23 as 6 horas. com aquela cara enfadonha e pouco afeita a intimidades com a câmara, joão diz que a lei já diz a que veio, atribuindo a queda de X9 para X4 homicídios o sucesso da iniciativa.
somadas a tiradas anteriores, a desconsideração do braga para com as variáveis diretas e indiretas é identica as suas costumeiras declarações onde destaca-se sua capacidade de negacear a realidade dos fatos com versões contra-balançadas pelo peso do cargo que ocupa, mais parecendo o joão bobo que pra frente pra trás oscila ao sabor dos vetores da força bruta da violência paroxística em que vivemos. e nisto não difere muito das demais autoridades responsáveis pela segurança pública no brasil quando tentar colocar cadeado em portão arrombado. gagueja tanto quanto gaguejava o garotinho, por exemplo quando ocupava o cargo, diante do indefensável estampido da realidade. só que garotinho tinha a rosinha, riso sem espinhas. joão, só o jarbas, cujas caras não adubam.
fosso outro o governo, e joão braga já teria sido exonerado. como não o foi, no caso, os joões bobos somos nós, cada vez que o vemos a dar explicações sobre as trapalhadas da inseguridade local. o pequeno probleminha é que quando levamos tiro decidamente não levantamos mais tal como aqueles” joaõs-bobos” vagabundinhos que quando furados não pegam mais remendos, cena muito parecida com a que se vê no hospital da restauração.
a política de segurança social no brasil não passa disso: de um grande e disforme remendo que as autoridades ficam remoendo, remoendo até não poder mais.
a coisa fede e já estoura em pus, diz o vento soprando os presuntos de quem já foi boneco.
pedra que rola não cria limo
mesmo com bolor nos ossos do orificio, a bigger bang, dos rolling stones ficou em segundo lugar na escolha dos 50 melhores álbuns de 2005 pela rolling stone(primeiro lugar foi o late registration, R&B do kayne kest, white stripes em terceiro, get me behind satan).
depois de uma fase de produções a la luciana gimenez, temos o bom e velho rock ´n´roll de volta.
enquanto isto pink floyd é eleita a melhor banda de rock de todos os tempos com led zeppelin nos calcanhares.
realmente leva-se muito tempo pra se ser jovem.
depois de uma fase de produções a la luciana gimenez, temos o bom e velho rock ´n´roll de volta.
enquanto isto pink floyd é eleita a melhor banda de rock de todos os tempos com led zeppelin nos calcanhares.
realmente leva-se muito tempo pra se ser jovem.
espirito de herodes às avessas ?
Quando eu iniciava os primeiros passos em propaganda - em meados do século passado - havia um chavão, importado dos EUA (que era, ainda, onde tudo acontecia), que dizia o seguinte: quando você não tiver uma boa idéia para um anúncio, utilize uma foto - de criança, cachorro ou mulher bonita, nessa ordem.
Tenho assistido à nossa TV aberta, com alguma regularidade e, pelo menos nos horários em que estou diante da telinha, há uma epidemia - ou inflação - de comerciais que se utilizam de crianças, como artifício para chamar a atenção ou despertar a simpatia do público espectador. As crianças brasileiras que aparecem em filmes - tanto comerciais como longas - são terrivelmente antipáticas. É menos culpa delas, do que dos nossos diretores, que são sofríveis - e é também função da inexistência de bons atores, no país. As novelas da Globo nos condicionaram a um baixo nível de representação - de teatro ginasiano - que é disfarçado pelos artifícios tecnológicos. Mas somos péssimos, nessa área, em especial quando nos comparamos aos sofisticadas padrões ingleses e americanos.
Mas - voltando ao aspecto criativo - imagino que esteja, mesmo, muito difícil, atualmente, conseguir que os timoratos rapazes e moças que ocupam a maioria dos cargos de marketing nas empresas aprovem boas idéias, altamente criativas. É mais prudente levar o arroz-com-feijão, mesmo: gracinhas, trocadilhos... e crianças.
Se é esse, mesmo, o problema, confesso que gostaria de ver mais cachorros e mulheres bonitas. As crianças estão cansando; são tão chatas e ardidas.
E há uma outra questão, que nunca vi levantada, nem aqui no Brasil, nem em outros países, e que é a seguinte: será que é legal usar crianças na propaganda? Não falo de "legal", mas legal mesmo.
A lei brasileira proibe o trabalho infantil. Quando eu jogava tênis regularmente, tínhamos - no clube - uns meninos que defendiam uns trocados pegando as bolas e, um dia, bateu lá uma brigada do Ministério do Trabalho e quase encanou todo mundo. Passamos a pegar as próprias bolas e os meninos perderam as chances de se tornarem novos Gugas.
Mas o Código Civil é claro. No artigo 3, livro I, está escrito: "são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil (...) os menores de 16 anos". E, mais adiante: (art. 5, parágrafo único) "Cessará para os menores, a incapacidade, I - pela concessão dos pais (...) se o menor tiver 16 anos completos". Então, é claro que os menores de 16 anos não podem exercer funções profissionais remuneradas, em nenhuma hipótese, nem dar qualquer testemunho público a respeito das qualidades de bancos comerciais, seguros, refrigerantes, lojas de varejo ou automóveis.
Acho curioso que ninguém ainda se tenha dado conta disso. Talvez porque a pieguice nacional é tanta, que o encanto geral por essas criancinhas comercialmente manipuladas sufoque a justa indignação que nós todos deveríamos estar sentindo. Mas começo a desenvolver a certeza de que crianças na propaganda são ilegais e deveriam ser proibidas.
crianças ilegais do J. Roberto Whitaker Penteado. mais do mesmo no www.jrwp.com.br
Tenho assistido à nossa TV aberta, com alguma regularidade e, pelo menos nos horários em que estou diante da telinha, há uma epidemia - ou inflação - de comerciais que se utilizam de crianças, como artifício para chamar a atenção ou despertar a simpatia do público espectador. As crianças brasileiras que aparecem em filmes - tanto comerciais como longas - são terrivelmente antipáticas. É menos culpa delas, do que dos nossos diretores, que são sofríveis - e é também função da inexistência de bons atores, no país. As novelas da Globo nos condicionaram a um baixo nível de representação - de teatro ginasiano - que é disfarçado pelos artifícios tecnológicos. Mas somos péssimos, nessa área, em especial quando nos comparamos aos sofisticadas padrões ingleses e americanos.
Mas - voltando ao aspecto criativo - imagino que esteja, mesmo, muito difícil, atualmente, conseguir que os timoratos rapazes e moças que ocupam a maioria dos cargos de marketing nas empresas aprovem boas idéias, altamente criativas. É mais prudente levar o arroz-com-feijão, mesmo: gracinhas, trocadilhos... e crianças.
Se é esse, mesmo, o problema, confesso que gostaria de ver mais cachorros e mulheres bonitas. As crianças estão cansando; são tão chatas e ardidas.
E há uma outra questão, que nunca vi levantada, nem aqui no Brasil, nem em outros países, e que é a seguinte: será que é legal usar crianças na propaganda? Não falo de "legal", mas legal mesmo.
A lei brasileira proibe o trabalho infantil. Quando eu jogava tênis regularmente, tínhamos - no clube - uns meninos que defendiam uns trocados pegando as bolas e, um dia, bateu lá uma brigada do Ministério do Trabalho e quase encanou todo mundo. Passamos a pegar as próprias bolas e os meninos perderam as chances de se tornarem novos Gugas.
Mas o Código Civil é claro. No artigo 3, livro I, está escrito: "são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil (...) os menores de 16 anos". E, mais adiante: (art. 5, parágrafo único) "Cessará para os menores, a incapacidade, I - pela concessão dos pais (...) se o menor tiver 16 anos completos". Então, é claro que os menores de 16 anos não podem exercer funções profissionais remuneradas, em nenhuma hipótese, nem dar qualquer testemunho público a respeito das qualidades de bancos comerciais, seguros, refrigerantes, lojas de varejo ou automóveis.
Acho curioso que ninguém ainda se tenha dado conta disso. Talvez porque a pieguice nacional é tanta, que o encanto geral por essas criancinhas comercialmente manipuladas sufoque a justa indignação que nós todos deveríamos estar sentindo. Mas começo a desenvolver a certeza de que crianças na propaganda são ilegais e deveriam ser proibidas.
crianças ilegais do J. Roberto Whitaker Penteado. mais do mesmo no www.jrwp.com.br
quinta-feira, dezembro 29, 2005
padrôes
só os melhores servem. mas, dados os constrangimentos de tempo, a falta de financiamento, a escassez de mão de obra, a qualidade incrivelmente elevada dos produtos da concorrência, a proximidade do fim de semana, a dor dos meus pés, o nosso historial, o dinheiro envolvido e os nossos baixos padrôes, acho que não vale a pena. no livro do stuart crainer, as melhores citações de gestão.
padrões? não seria patrôes ?
padrões? não seria patrôes ?
aula de redação
a se confirmarem impedimentos legais para utilização de imagens nas campanhas políticas do ano vindouro - para presidente, renovação de 1/3 do senado, deputados federais e estaduais? — mas que grande esbórnia não? teremos fundalmentalmente uma campanha de copies. com nequinhas de pititibiribas de imagens externas. clips, utillização de computação gráfica, etcs, que não poderão ser usados. é o que eles, eles quem cara pálida? estão dizendo(querendo é outra estória).
cá entre nós, tenho dúvidas galopantes de que vá acontecer. seria um retornê ao tempo da capanha 3x4, que ditaduramente já tivemos. e que só fez piorar a imagem, mesmo em tvs a cabo.
aliás, não se renova ou limpa a imagem de caixa dois suprimindo as imagens de uma campanha. o buraco da urna é outro. urna eletrônica também tem buraco. não se engane que tudo nesta vida tem buraco: mesmo que você não veja, entre ou saia dele.
mas voltando a supressão das imagens, sabe como é este povinho(os da política e justiça)gostam de complicar criando leis, atalhos, veredas, deixando avenida larga o principal: lei deve ser feita para ser cumprida. e não comprida por desuso ou tal qual nossas estradas: buraco pra de todo tipo e tamanho pra tudo que se pensar.
como sou copy, deveria estar torcendo pra isto. mas não o torço. pode-se fazer uma excelente campanha de copy, sem ter que se fazer supressão de imagens ou adulteração, o que é bem pior. basta apenas dar as imagens o espaço que elas merecem: suficientes para reforçar, corroborar um discurso e nunca sub-trato energético onde se asperge inverdades como adubos de promessas, pouco plausíveis, que plantadas com estercos outros não vingarão jamais. mesmo assim o povo fica a dever a sí próprio a vingança sobre os pinocchios destas falanges de letras combinadas, partidos de todos metida mão do mesmo saco, salvo honrosas exceções que,coisas da dialética sem síntese,perdem o crédito por conta dos contumazes devedores de sempre.
e já que estamos falando de copies, mais uma vez, alguém precisa dar um peteleco no juízo do atual presidente do psb, eduardo campos, o bom rapaz. com cara de precatório redundante nos quer levar ao desatino de inserir uma mensagem natalina, repetida 3,4,5 vezes num mesmo break, com um copy que o pequeno principe não desejaria a nenhuma miss, mesmo venezuelana — qualquer camelô o faria cem mil vezes melhor sob a promessa de compra de duas garrafadas - e nada impactante ou sensibilizador, política e emocionalmente, se é o que pretendia junto ao eleitorado. muito pelo contrario, só faz acentuar-lhe a imagem fake de de sí mesmo, clone de politico com uma testa bunda de bebe que não tem o franzimento da verdade ou da responsabilidade ou ainda dos augúrios que pensa transmitir, via clima do discurso em pré-tempos de urna eletrônica bell. santa sineta! político desejando feliz natal em fim de ano, inda mais ano como este, tenha paciência - olha o porquê da importância do copy - o que somado as orelhas de abano e os olhos azuis que saltam-lhe como adornos brincantes por sobre boca mole, que ainda por cima tem acima pomba, o símbolo do partido, e temos uma construção nada exemplar, flacidamente deteriorida pelo copy frouxo.
copy outro e teria sua imagem cavalheirescamente andante. sobreporia sobre sí o espírito do avô que não jogava palavra fora.
cá entre nós, tenho dúvidas galopantes de que vá acontecer. seria um retornê ao tempo da capanha 3x4, que ditaduramente já tivemos. e que só fez piorar a imagem, mesmo em tvs a cabo.
aliás, não se renova ou limpa a imagem de caixa dois suprimindo as imagens de uma campanha. o buraco da urna é outro. urna eletrônica também tem buraco. não se engane que tudo nesta vida tem buraco: mesmo que você não veja, entre ou saia dele.
mas voltando a supressão das imagens, sabe como é este povinho(os da política e justiça)gostam de complicar criando leis, atalhos, veredas, deixando avenida larga o principal: lei deve ser feita para ser cumprida. e não comprida por desuso ou tal qual nossas estradas: buraco pra de todo tipo e tamanho pra tudo que se pensar.
como sou copy, deveria estar torcendo pra isto. mas não o torço. pode-se fazer uma excelente campanha de copy, sem ter que se fazer supressão de imagens ou adulteração, o que é bem pior. basta apenas dar as imagens o espaço que elas merecem: suficientes para reforçar, corroborar um discurso e nunca sub-trato energético onde se asperge inverdades como adubos de promessas, pouco plausíveis, que plantadas com estercos outros não vingarão jamais. mesmo assim o povo fica a dever a sí próprio a vingança sobre os pinocchios destas falanges de letras combinadas, partidos de todos metida mão do mesmo saco, salvo honrosas exceções que,coisas da dialética sem síntese,perdem o crédito por conta dos contumazes devedores de sempre.
e já que estamos falando de copies, mais uma vez, alguém precisa dar um peteleco no juízo do atual presidente do psb, eduardo campos, o bom rapaz. com cara de precatório redundante nos quer levar ao desatino de inserir uma mensagem natalina, repetida 3,4,5 vezes num mesmo break, com um copy que o pequeno principe não desejaria a nenhuma miss, mesmo venezuelana — qualquer camelô o faria cem mil vezes melhor sob a promessa de compra de duas garrafadas - e nada impactante ou sensibilizador, política e emocionalmente, se é o que pretendia junto ao eleitorado. muito pelo contrario, só faz acentuar-lhe a imagem fake de de sí mesmo, clone de politico com uma testa bunda de bebe que não tem o franzimento da verdade ou da responsabilidade ou ainda dos augúrios que pensa transmitir, via clima do discurso em pré-tempos de urna eletrônica bell. santa sineta! político desejando feliz natal em fim de ano, inda mais ano como este, tenha paciência - olha o porquê da importância do copy - o que somado as orelhas de abano e os olhos azuis que saltam-lhe como adornos brincantes por sobre boca mole, que ainda por cima tem acima pomba, o símbolo do partido, e temos uma construção nada exemplar, flacidamente deteriorida pelo copy frouxo.
copy outro e teria sua imagem cavalheirescamente andante. sobreporia sobre sí o espírito do avô que não jogava palavra fora.
quarta-feira, dezembro 28, 2005
90.
a barata - hóstia da naúsea metafísica que se oferece às três da manhã na tua missa negra da insônia.
111 ais, dalton trevisan, l&pm pocket, lido as três, de vez, para não comungar com a barata meus pensamentos de centopéia.
mais baratas em clarice lispector- paixao segundo gh. a ucraniana que era vista como barata no recife, e que por passar a infância na cidade, agora torna-se estátua a buscar inspiração na visão de de um projeto barateiro de cultura que espalha estátuas de poetas e escritores pela cidades das gentes nauseabundas como hóstias de sí mesmo.
111 ais, dalton trevisan, l&pm pocket, lido as três, de vez, para não comungar com a barata meus pensamentos de centopéia.
mais baratas em clarice lispector- paixao segundo gh. a ucraniana que era vista como barata no recife, e que por passar a infância na cidade, agora torna-se estátua a buscar inspiração na visão de de um projeto barateiro de cultura que espalha estátuas de poetas e escritores pela cidades das gentes nauseabundas como hóstias de sí mesmo.
camada fina demais
polônia foi arrasada segunda guerra. vejam como está hoje. incluindo os guetos onde judeus foram arrasados muito antes.
londres idem, berlim também, japão outro.
cidades reluzem, exemplificam, auto-constroem-se a si e seus povos. suas mazelas, concreto cimento de novas gerações.
brasil? não consegue construir-se estrada sem buracos.
o nosso tão famoso jeitinho só deu pra isso mesmo: vivemos emergencialmente numa cultura de remendos. em tudo somos crateras afundando-nos em abismos de ismos e estrabismos. agraciando e agraciados como povo gentil de destino líquido e lindo, findo à fundo das alturas que gerações não conseguirão alcançar. fervem nosso destino;empregado como servente, sub-serviente, de tantas e tantas operações tapa-buracos. nosso ambar da superação é a busca à perfeição da construção da maquiagem no estrupiar das hemorragias das verbas nosso suor em sangue cozido em piche.
e mal amanhece de novo um novo brasil e um caminhão nos afunda o asfalto com o próprio peso dos tonéis que vieram tapar. aí, damos logo um jeitinho de dizer que de tão grande estrago a fundo, que dos brasileiros esta é a pegada da nossa grandeza.
londres idem, berlim também, japão outro.
cidades reluzem, exemplificam, auto-constroem-se a si e seus povos. suas mazelas, concreto cimento de novas gerações.
brasil? não consegue construir-se estrada sem buracos.
o nosso tão famoso jeitinho só deu pra isso mesmo: vivemos emergencialmente numa cultura de remendos. em tudo somos crateras afundando-nos em abismos de ismos e estrabismos. agraciando e agraciados como povo gentil de destino líquido e lindo, findo à fundo das alturas que gerações não conseguirão alcançar. fervem nosso destino;empregado como servente, sub-serviente, de tantas e tantas operações tapa-buracos. nosso ambar da superação é a busca à perfeição da construção da maquiagem no estrupiar das hemorragias das verbas nosso suor em sangue cozido em piche.
e mal amanhece de novo um novo brasil e um caminhão nos afunda o asfalto com o próprio peso dos tonéis que vieram tapar. aí, damos logo um jeitinho de dizer que de tão grande estrago a fundo, que dos brasileiros esta é a pegada da nossa grandeza.
visto de entrada
eamos ad monteum foedere putas cum picam nostra.
(vamos a montanha colher batatas com as nossas enxadas).
zeca martins no seu redaçao publicitaria pra você fazer sucesso no elefante branco.
(vamos a montanha colher batatas com as nossas enxadas).
zeca martins no seu redaçao publicitaria pra você fazer sucesso no elefante branco.
quarta ah portuguesa I quem não arrisca não peitica
risco. o ânima da propaganda que foi riscado do mapa.
a busca da segurança ocupa agora todas as cabeças de uma agência. mais parecendo que agências de propaganda ou comunicação, como queiram, são agências de vigilância(o sindicato delas devia protestar). toda a gente agora é big brother, no melhor estilo idéia killers. equipas de prontidão, ávidas a extirpar a menor centelha de vivacidade em qualquer peça ou campanha que seja, devidamente escudados pela panacéica palavra de ordem do momento: planejamento. estratégico ou não. o primeiro consegue ser menos fake. esquecendo outra palavra usada como um pé de cabra na observação de um especialista em segurança, ela própria. segurança completa não existe. se não existe na vida, como querer do negócio da propaganda as rédeas do não coice? na tentativa mata-se o galope e o salto. e todos giram em círculos como cavalinhos de carrocel.
júlio ribeiro costumava dizer que o cliente é parceiro da agência no risco e tem a sua cota de responsabilidade.parece que o mundo anda muito irresponsável. ninguém arrisca nada. aliás tem gente que nem joga.
o mundo vive a era dos macdonald´s como a propaganda re-vira a era mccann. que de mccann não tem nada, são piores. sem nem ao menos as exceções feita a alguns maluquinhos das filiais da ásia e do oriente que ainda conseguem realizar idéias de deixar os olhos em bico. e tome aquela propaganda asséptica, inodora,anti-suspiro. mais politicamente correta impossível. nem piada de gago pode mais. gerando uma anomalia dos dedos que buscam no zap o que encontravam nos intervalos comerciais e nos anúncios que compensavam os box e as cozinhas das notícias. agora em tempo de internet como vão se suster os jornais que já rodam velhos ante a diversidade e multiplicidade da velocidade dos on-line?
portugal fez-se senhor do mundo porque apostou na palavra risco. homens com tomates e não burocratas eunucos, fizeram-se ao mar mandando, por lucidez ou loucura, planejamentos literalmente ao caralho, e assim, porra-loucas ou não, mais do que desenhando, construindo um novo mundo, apesar de alguns evidentes históricos jurarem de pés juntos que cabral não quedou-se em calmarias para descobrir o brasil pois sabia muito bem o que estava fazendo e onde ir por ordem de certo rei que de besta de planejamento não tinha nada.
sendo cabral ou não vasco, caminhos das índias, da propaganda onde estão ?
não há mapas para os portos seguros. não há espíritos indômitos a desafiar as ondas, destinos e recompensas. apenas fantasmas sobre os convezes. é disso que é feita hoje a propaganda portuguesa. ode ou onde a nau dos insensatos ?
a busca da segurança ocupa agora todas as cabeças de uma agência. mais parecendo que agências de propaganda ou comunicação, como queiram, são agências de vigilância(o sindicato delas devia protestar). toda a gente agora é big brother, no melhor estilo idéia killers. equipas de prontidão, ávidas a extirpar a menor centelha de vivacidade em qualquer peça ou campanha que seja, devidamente escudados pela panacéica palavra de ordem do momento: planejamento. estratégico ou não. o primeiro consegue ser menos fake. esquecendo outra palavra usada como um pé de cabra na observação de um especialista em segurança, ela própria. segurança completa não existe. se não existe na vida, como querer do negócio da propaganda as rédeas do não coice? na tentativa mata-se o galope e o salto. e todos giram em círculos como cavalinhos de carrocel.
júlio ribeiro costumava dizer que o cliente é parceiro da agência no risco e tem a sua cota de responsabilidade.parece que o mundo anda muito irresponsável. ninguém arrisca nada. aliás tem gente que nem joga.
o mundo vive a era dos macdonald´s como a propaganda re-vira a era mccann. que de mccann não tem nada, são piores. sem nem ao menos as exceções feita a alguns maluquinhos das filiais da ásia e do oriente que ainda conseguem realizar idéias de deixar os olhos em bico. e tome aquela propaganda asséptica, inodora,anti-suspiro. mais politicamente correta impossível. nem piada de gago pode mais. gerando uma anomalia dos dedos que buscam no zap o que encontravam nos intervalos comerciais e nos anúncios que compensavam os box e as cozinhas das notícias. agora em tempo de internet como vão se suster os jornais que já rodam velhos ante a diversidade e multiplicidade da velocidade dos on-line?
portugal fez-se senhor do mundo porque apostou na palavra risco. homens com tomates e não burocratas eunucos, fizeram-se ao mar mandando, por lucidez ou loucura, planejamentos literalmente ao caralho, e assim, porra-loucas ou não, mais do que desenhando, construindo um novo mundo, apesar de alguns evidentes históricos jurarem de pés juntos que cabral não quedou-se em calmarias para descobrir o brasil pois sabia muito bem o que estava fazendo e onde ir por ordem de certo rei que de besta de planejamento não tinha nada.
sendo cabral ou não vasco, caminhos das índias, da propaganda onde estão ?
não há mapas para os portos seguros. não há espíritos indômitos a desafiar as ondas, destinos e recompensas. apenas fantasmas sobre os convezes. é disso que é feita hoje a propaganda portuguesa. ode ou onde a nau dos insensatos ?
quarta ah portugêsa II : crescer é risco
marcelo serpa é o queridinho da mídia. almap idem. alexandre gama não, até então. mas a sua neogama vem fazendo juzes ao neo e ao gama. em recente entrevista gama expôe questões que completam com brilho, e obra feita, perdoem-me o cabotinismo, o raciocínio desenvolvido na parteI do quarta ah portuguêsa. o núcleo da entrevista deveria fazer pensar os empresários portugueses da publicidade- e os que procuram seus serviços - que esbanjando perspicácia ajem como se propaganda fosse um negócio a tratar-se de sardinhas: prensadas em molho, sem cabeça, a despachar o mais que se possa , e claro, a preço de piaba ou seria piada ?
Prestes a fechar 2005 com crescimento de 85%, mantendo uma equipe com 120 funcionários e somando a conquista de 13 novas contas, desde agosto de 2004, entre as quais Bradesco (que vinha sendo atendido pela Salles, atual Publicis Brasil, há 29 anos), Smirnoff Ice e Vasenol, a paulistana NeogamaBBH encerra este ano satisfeita com sua performance mercadológica, conferindo ao seu fundador, Alexandre Gama, um sorriso pouco comum na atualidade aos dirigentes de agências. Nem mesmo a única perda do período, a conta da Mitsubishi para a Africa, abalou o bom desempenho da agência e seu destaque perante a rede BBH, à qual está ligada desde 2002. Nem é para menos. Foi com uma idéia criativa nascida na Neogama que a BBH comemorou sua maior conquista do ano: a vitória na concorrência global de Omo.
Formado em publicidade pela Faap, Gama acumula, em seus mais de vinte anos de profissão, passagem por Ogilvy, DM9, AlmapBBDO (da qual foi sócio e vice-presidente) e Y&R (que presidiu). Desde 1999, está à frente da Neogama, transformando-a, em seis anos, em um dos nomes mais fortes da publicidade brasileira contemporânea. Em sua sala com paredes de vidro, situada exatamente no centro da agência, cuja arquitetura chama a atenção pela praticidade e, principalmente, pelo design excepcional, Gama recebeu a reportagem de About para uma franca entrevista, cujos principais trechos estão reproduzidos a seguir.
ABOUT – Com a sociedade limitando o conteúdo da publicidade, tanto com leis como pela própria postura corporativista de muitos grupos sociais cada vez mais organizados — que acabam inibindo os anunciantes —, quais serão as armas dos criativos para conseguirem empolgar determinados nichos do público sem desagradar a outros?
ALEXANDRE GAMA – Criar é superar limitações. Quanto mais criativo, mais obstáculos se consegue superar. É natural da criação trabalhar com limitações, e a tendência é que elas sejam cada vez mais numerosas. À medida que a sociedade se organiza, ela pensa mais e se expressa mais. A partir daí, a comunicação de massa deixa de ser uma via de mão única e passa a gerar mais feedback. Lidar com isto é uma obrigação do criativo. Sempre digo o seguinte: não me dê liberdade, me dê foco. Este é o mote. As limitações ajudam o criativo a ter foco — e são a prova de que a sociedade está ficando melhor.
Por outro lado, às vezes há alguns enganos, fruto da imaturidade da sociedade, tal qual a tendência de interpretar uma opinião minoritária como sendo a da sociedade como um todo. É preciso manter o bom senso para entender que uma, duas ou três opiniões contrárias não significam que a maioria ache ruim. Até porque, geralmente, as pessoas que não vêem problemas não se manifestam. Só reclama quem vê problemas. É preciso quantificar essas opiniões. O anunciante e a agência precisam interpretar as reações negativas do público. Todavia, não podem se esquecer que toda idéia nova também se mede pela sua capacidade de gerar resistências. Ela é tão mais inovadora quanto tocar em assuntos mais controversos. A boa criatividade tem de administrar bem esta controvérsia e saber até que ponto ela gera dificuldades para a marca.
ABOUT – Além deste autocontrole, há os mecanismos de fiscalização do próprio mercado publicitário. Eles estão funcionando bem?
GAMA – Sim. Para mim, o Conar é exemplar. Tem-se provado de bom senso, é aceito por todos os membros do mercado de comunicações e tornou-se um exemplo para outros países que não têm a capacidade de auto-regular-se.
Já o Cenp ainda não é. No Cenp existe um conflito de interesses não resolvido e também uma fraqueza na atuação da entidade, que precisa provocar mais respeito. Talvez o Cenp necessite de lideranças mais capazes de aglutinar as vontades dos profissionais e empresas envolvidos naquilo que ele representa.
ABOUT – Está muito difícil convencer os anunciantes a fazer "zag" quando o mundo inteiro parece estar fazendo "zig"?
GAMA – A propaganda brasileira está mais conservadora por conseqüência da dificuldade das empresas em identificar idéias que realmente sejam mais inovadoras. A maioria das empresas está renovando suas áreas de marketing com gerações muito jovens, sem histórico. É importante conhecer o passado, nem que seja para esquecer dele, se for o caso. Tudo que aprendemos nos faz melhor no futuro. E talvez falte treinamento para esta nova geração de profissionais de marketing sobre o que a comunicação sempre representou e pode representar para os anunciantes. Vejo a geração atual mais conservadora, em todos os sentidos, até no que se refere a valores morais, mas, principalmente, no medo que tem de assumir o risco. Parece que se quer eliminar a palavra risco do vocabulário das empresas. E isso, além de ser impossível, uma ingenuidade, vai na contramão do que fizeram as grandes empresas da sociedade capitalista industrial no mundo. Crescimento é risco. São duas coisas que sempre andaram juntas. O que deve existir é uma capacidade estudada de administrar o risco. No entanto, há toda uma geração que não foi treinada para fazer isso, e acha que o risco deve ser eliminado. Esta postura tem tornado a aprovação de idéias muito mais conservadora.
No momento que se apresenta uma campanha com uma idéia inovadora, a primeira sensação que ela deve causar ao ser humano é de arrepio. Se não arrepiar, talvez falte o importante componente da novidade.
É lógico que a criação da agência não pode perseguir a inovação somente para que o publicitário seja considerado mais original ou artisticamente admirado. Entretanto, o pessoal que aprova campanhas talvez desconheça que o ser humano tem um mecanismo cerebral de apreensão de idéias que funciona assim: quando uma idéia é nova, o seu nível de atenção é total. Quando é vista pela segunda vez, o nível de atenção é proporcionalmente mais baixo. Na quinta vez, já baixou muito. Ou seja, quando dizemos que é preciso uma idéia nova não o fazemos somente para ser diferente dos outros, mas porque a capacidade de colocar o produto na cabeça do consumidor é maior quando a comunicação é inovadora.
Essa lição não foi aprendida pela nova geração que atua nas áreas de marketing. Existe a necessidade de valorizar e treinar o profissional que aprova a comunicação dos anunciantes, para que ele saiba que está sendo responsável pela voz da empresa. A profissionalização das áreas de comunicação, no marketing dos anunciantes, deveria ser mais intensa. Por outro lado, as agências também têm sua parcela de responsabilidade, ao se submeterem ao cliente, no sentido mais subserviente da palavra.
ABOUT – Um dos principais movimentos de contas globais em 2005 foi a conquista de parte significativa da verba de Omo pela BBH, em concorrência cuja idéia criativa surgiu dentro da Neogama. A participação brasileira em concorrências globais nas quais a BBH se envolve é regra ou exceção?
GAMA – Olha, eu já fui sócio de três redes mundiais: BBDO, Y&R e, agora, BBH. Não existe nada como a maneira de trabalhar dos ingleses da BBH. Primeiro porque a rede mundial deles é composta por apenas seis escritórios, em decorrência do fato de a BBH ter começado tardiamente o seu processo de globalização, já que, estando em Londres, seus sócios não tinham aquela fome americana.
Além disso, como a qualidade é o seu grande mantra, eles têm medo de baixar o nível do trabalho criativo. Para que isto não aconteça, eles nunca compraram uma agência, sempre foram até o local e montaram um escritório do zero, o que é extremamente trabalhoso — e talvez seja o modo mais difícil de se globalizar. Na verdade, o único lugar onde a BBH não começou uma agência do zero foi no Brasil, onde eles têm 40% de participação acionária da Neogama. Eles sabem que se tiverem 70 escritórios não vão conseguir controlar a qualidade. É uma questão matemática. A cobertura mundial das grandes redes não está focada na qualidade, mas sim no operacional. A BBH não quis isto, então optou pelo esquema de "hubs", com uma agência por região e um modelo móvel que prevê profissionais que viajem constantemente para atender às necessidades locais de produção e mídia, entre outras, dos países incluídos naquela área. Em vez de investir em abertura de vários escritórios, a BBH estruturou pouquíssimas agências, estrategicamente localizadas em mercados a partir dos quais é possível atender todos os países da região.
Este modelo, que custou a convencer clientes acostumados com outras redes, pede que quando houver uma campanha global, as melhores cabeças dos seis escritórios da BBH se juntem. Na prática, descobrimos que isso é muito fácil, muito rápido e não envolve a política de choque entre escritórios que há nas redes com 70 agências.
Para a concorrência de Omo, por exemplo, todos os escritórios levaram idéias até Londres. Lá, houve uma decisão unânime a favor de uma das idéias nascidas no Brasil, era a que tinha mais chances de vencer a concorrência. Depois disso, todos os escritórios desenvolveram peças em cima da idéia levada pela Neogama. Esta capacidade de coesão e de times realmente globais trabalharem uma mesma idéia, até hoje, eu só vi na BBH.
Estamos replicando a experiência em outra marca da Unilever, a Surf, cujo atendimento na Argentina e na Bolívia já é coordenado pela Neogama. Temos profissionais móveis de criação, atendimento e produção que viajam para acompanhar os projetos nesses países. Sem o peso e os problemas de se estar fisicamente instalado em cada um dos outros mercados.
No caso de Omo, atenderemos, a partir de São Paulo, a conta no Uruguai, Argentina, Chile, Equador e na América Central. A direção estratégica e criativa global da comunicação de Omo é da BBH, que a estará implementando na maioria dos países. E nos mercados onde a conta será atendida por outras agências, como a Lowe no Brasil, elas seguirão o direcionamento proposto pela BBH.
ABOUT – Como você vê o futuro de uma rede como a BBH, com poucos escritórios e foco claro na excelência criativa, diante de um mercado globalizado e dominado cada vez mais por grandes corporações multinacionais de comunicação, com musculatura operacional mais abrangente?
GAMA – Este é o modelo. Dos que já vi, é o único capaz de manter qualidade com alcance. O outro consegue ter alcance, mas com uma qualidade muito heterogênea e difícil de se coordenar, que gera vários problemas humanos de liderança e tem um custo enorme que é repassado ao cliente. A ovelha negra (símbolo da BBH) é a nova predadora. É pequenina e inocente, mas morde (risos).
ABOUT – Recentemente, a BBH inaugurou mais uma área de planejamento, denominada "engagement planning", ou planejamento envolvente. Como ela funciona?
GAMA – Eles a consideram como uma quarta disciplina. Assim, temos criação, planejamento, atendimento e "engagement planning", que auxilia na análise do comportamento do consumidor perante a fragmentação da mídia.
Os ingleses desenvolveram esta nova área até porque o planejamento de mídia, em Londres, é realizado pelos bureaus, fora das agências. Eles vêem isto como um problema. Quando eu expliquei ao John Hegarty que no Brasil a mídia ainda estava dentro das agências, ele me respondeu: "nunca deixe que ela saia, nós estamos tentando fazê-la voltar, mas agora já é muito difícil".
ABOUT – Pensando nessas quatro áreas com as quais vocês trabalham, e na já citada fragmentação da mídia, qual deve ser o comportamento do profissional de criação do futuro?
GAMA – O perfil do novo profissional de criação exige que ele lide com todos esses elementos. De fato, a mídia se fragmentou, e todos têm de aprender a abrir mais o leque criativo. Aqui na agência, por exemplo, nós não passamos um briefing de propaganda, mas sim um briefing de idéia. Dentro da BBH, chamamos de "big idea", o que prevê uma idéia capaz de permear todas as ferramentas. Não queremos mais uma idéia que seja boa apenas na TV, ela precisa ter abrangência suficiente para se reproduzir de maneira extremamente criativa desde a TV até o ponto-de-venda.
O anunciante quer, cada vez mais, controlar mais e pagar menos. Isso nos leva a um modelo que não só incha as agências com mais profissionais como também exige que o perfil desses profissionais mude. A tendência é termos mais pessoas capazes de fazer mais coisas. O especialista é o cara que faz menos e melhor. Entretanto, o modelo do futuro não passa por aí, mas sim pela mudança radical no perfil dos profissionais de criação, que devem ampliar sua capacidade de desenvolver idéias para todas as ferramentas. Este é um meio-termo entre agências full service e as empresas satélites, em que uma faz propaganda, outra marketing direto, outra promoção, outra ponto-de-venda...
ABOUT – O ano de 2005 parece ter deixado as agências muito acuadas, seja pelo questionamento do seu modelo de remuneração, seja pelo envolvimento de empresas do setor na crise política. Como você analisa os fatos ocorridos e como acredita que as agências devam se comportar no futuro próximo?
GAMA – O grande dano deste ano foi a promiscuidade entre o público e o privado, com as agências de propaganda se envolvendo num menage a trois, se posicionando entre o governo e empresas que querem se aproveitar da proximidade com o poder daquelas que atendem contas públicas. Foi algo que fez muito mal para o mercado publicitário. Entretanto, com certeza, as agências envolvidas não são somente as duas mais citadas. Para o bem do mercado, o nome de todas deveria ser exposto, até em benefício das agências que não se envolvem e para que todos tenhamos uma noção melhor entre o joio e o trigo. Quem tem coragem de se envolver no esquema de corrupção, que sabemos existir entre o governo e as agências de propaganda, não pode querer que, caso esta bolha estoure, o seu nome não apareça.
É muito confortável olhar o sistema e dizer que esta é a única regra para trabalhar com o governo. Se é assim, então não trabalhe para o governo. A Neogama chegou a participar de algumas concorrências públicas, mas da maneira mais ingênua possível, acreditando que bastava pegar o edital, desenvolver a campanha e levá-la para avaliação. Na terceira participação, concluímos que era melhor parar de gastar dinheiro com isso, porque essas concorrências precisam dos laranjas, como nós, para deixar transparecer que o processo é honesto. A Neogama não participa mais.
A palavra ética deveria fazer parte dos critérios de avaliação de uma agência. Isso melhoraria a qualidade dos negócios e promoveria um ambiente mais saudável economicamente. Infelizmente, existem anunciantes que se aproveitam desse sistema, ao entregar suas contas para agências próximas ao governo na esperança de conseguir benefícios para sua empresa. Neste ambiente, a conta de propaganda deixa de ser uma necessidade técnica do anunciante e passa a ser uma moeda de troca. Na verdade, este anunciante é um agente corruptor.
por Alexandre Zaghi Lemos e Mel Mansur
Prestes a fechar 2005 com crescimento de 85%, mantendo uma equipe com 120 funcionários e somando a conquista de 13 novas contas, desde agosto de 2004, entre as quais Bradesco (que vinha sendo atendido pela Salles, atual Publicis Brasil, há 29 anos), Smirnoff Ice e Vasenol, a paulistana NeogamaBBH encerra este ano satisfeita com sua performance mercadológica, conferindo ao seu fundador, Alexandre Gama, um sorriso pouco comum na atualidade aos dirigentes de agências. Nem mesmo a única perda do período, a conta da Mitsubishi para a Africa, abalou o bom desempenho da agência e seu destaque perante a rede BBH, à qual está ligada desde 2002. Nem é para menos. Foi com uma idéia criativa nascida na Neogama que a BBH comemorou sua maior conquista do ano: a vitória na concorrência global de Omo.
Formado em publicidade pela Faap, Gama acumula, em seus mais de vinte anos de profissão, passagem por Ogilvy, DM9, AlmapBBDO (da qual foi sócio e vice-presidente) e Y&R (que presidiu). Desde 1999, está à frente da Neogama, transformando-a, em seis anos, em um dos nomes mais fortes da publicidade brasileira contemporânea. Em sua sala com paredes de vidro, situada exatamente no centro da agência, cuja arquitetura chama a atenção pela praticidade e, principalmente, pelo design excepcional, Gama recebeu a reportagem de About para uma franca entrevista, cujos principais trechos estão reproduzidos a seguir.
ABOUT – Com a sociedade limitando o conteúdo da publicidade, tanto com leis como pela própria postura corporativista de muitos grupos sociais cada vez mais organizados — que acabam inibindo os anunciantes —, quais serão as armas dos criativos para conseguirem empolgar determinados nichos do público sem desagradar a outros?
ALEXANDRE GAMA – Criar é superar limitações. Quanto mais criativo, mais obstáculos se consegue superar. É natural da criação trabalhar com limitações, e a tendência é que elas sejam cada vez mais numerosas. À medida que a sociedade se organiza, ela pensa mais e se expressa mais. A partir daí, a comunicação de massa deixa de ser uma via de mão única e passa a gerar mais feedback. Lidar com isto é uma obrigação do criativo. Sempre digo o seguinte: não me dê liberdade, me dê foco. Este é o mote. As limitações ajudam o criativo a ter foco — e são a prova de que a sociedade está ficando melhor.
Por outro lado, às vezes há alguns enganos, fruto da imaturidade da sociedade, tal qual a tendência de interpretar uma opinião minoritária como sendo a da sociedade como um todo. É preciso manter o bom senso para entender que uma, duas ou três opiniões contrárias não significam que a maioria ache ruim. Até porque, geralmente, as pessoas que não vêem problemas não se manifestam. Só reclama quem vê problemas. É preciso quantificar essas opiniões. O anunciante e a agência precisam interpretar as reações negativas do público. Todavia, não podem se esquecer que toda idéia nova também se mede pela sua capacidade de gerar resistências. Ela é tão mais inovadora quanto tocar em assuntos mais controversos. A boa criatividade tem de administrar bem esta controvérsia e saber até que ponto ela gera dificuldades para a marca.
ABOUT – Além deste autocontrole, há os mecanismos de fiscalização do próprio mercado publicitário. Eles estão funcionando bem?
GAMA – Sim. Para mim, o Conar é exemplar. Tem-se provado de bom senso, é aceito por todos os membros do mercado de comunicações e tornou-se um exemplo para outros países que não têm a capacidade de auto-regular-se.
Já o Cenp ainda não é. No Cenp existe um conflito de interesses não resolvido e também uma fraqueza na atuação da entidade, que precisa provocar mais respeito. Talvez o Cenp necessite de lideranças mais capazes de aglutinar as vontades dos profissionais e empresas envolvidos naquilo que ele representa.
ABOUT – Está muito difícil convencer os anunciantes a fazer "zag" quando o mundo inteiro parece estar fazendo "zig"?
GAMA – A propaganda brasileira está mais conservadora por conseqüência da dificuldade das empresas em identificar idéias que realmente sejam mais inovadoras. A maioria das empresas está renovando suas áreas de marketing com gerações muito jovens, sem histórico. É importante conhecer o passado, nem que seja para esquecer dele, se for o caso. Tudo que aprendemos nos faz melhor no futuro. E talvez falte treinamento para esta nova geração de profissionais de marketing sobre o que a comunicação sempre representou e pode representar para os anunciantes. Vejo a geração atual mais conservadora, em todos os sentidos, até no que se refere a valores morais, mas, principalmente, no medo que tem de assumir o risco. Parece que se quer eliminar a palavra risco do vocabulário das empresas. E isso, além de ser impossível, uma ingenuidade, vai na contramão do que fizeram as grandes empresas da sociedade capitalista industrial no mundo. Crescimento é risco. São duas coisas que sempre andaram juntas. O que deve existir é uma capacidade estudada de administrar o risco. No entanto, há toda uma geração que não foi treinada para fazer isso, e acha que o risco deve ser eliminado. Esta postura tem tornado a aprovação de idéias muito mais conservadora.
No momento que se apresenta uma campanha com uma idéia inovadora, a primeira sensação que ela deve causar ao ser humano é de arrepio. Se não arrepiar, talvez falte o importante componente da novidade.
É lógico que a criação da agência não pode perseguir a inovação somente para que o publicitário seja considerado mais original ou artisticamente admirado. Entretanto, o pessoal que aprova campanhas talvez desconheça que o ser humano tem um mecanismo cerebral de apreensão de idéias que funciona assim: quando uma idéia é nova, o seu nível de atenção é total. Quando é vista pela segunda vez, o nível de atenção é proporcionalmente mais baixo. Na quinta vez, já baixou muito. Ou seja, quando dizemos que é preciso uma idéia nova não o fazemos somente para ser diferente dos outros, mas porque a capacidade de colocar o produto na cabeça do consumidor é maior quando a comunicação é inovadora.
Essa lição não foi aprendida pela nova geração que atua nas áreas de marketing. Existe a necessidade de valorizar e treinar o profissional que aprova a comunicação dos anunciantes, para que ele saiba que está sendo responsável pela voz da empresa. A profissionalização das áreas de comunicação, no marketing dos anunciantes, deveria ser mais intensa. Por outro lado, as agências também têm sua parcela de responsabilidade, ao se submeterem ao cliente, no sentido mais subserviente da palavra.
ABOUT – Um dos principais movimentos de contas globais em 2005 foi a conquista de parte significativa da verba de Omo pela BBH, em concorrência cuja idéia criativa surgiu dentro da Neogama. A participação brasileira em concorrências globais nas quais a BBH se envolve é regra ou exceção?
GAMA – Olha, eu já fui sócio de três redes mundiais: BBDO, Y&R e, agora, BBH. Não existe nada como a maneira de trabalhar dos ingleses da BBH. Primeiro porque a rede mundial deles é composta por apenas seis escritórios, em decorrência do fato de a BBH ter começado tardiamente o seu processo de globalização, já que, estando em Londres, seus sócios não tinham aquela fome americana.
Além disso, como a qualidade é o seu grande mantra, eles têm medo de baixar o nível do trabalho criativo. Para que isto não aconteça, eles nunca compraram uma agência, sempre foram até o local e montaram um escritório do zero, o que é extremamente trabalhoso — e talvez seja o modo mais difícil de se globalizar. Na verdade, o único lugar onde a BBH não começou uma agência do zero foi no Brasil, onde eles têm 40% de participação acionária da Neogama. Eles sabem que se tiverem 70 escritórios não vão conseguir controlar a qualidade. É uma questão matemática. A cobertura mundial das grandes redes não está focada na qualidade, mas sim no operacional. A BBH não quis isto, então optou pelo esquema de "hubs", com uma agência por região e um modelo móvel que prevê profissionais que viajem constantemente para atender às necessidades locais de produção e mídia, entre outras, dos países incluídos naquela área. Em vez de investir em abertura de vários escritórios, a BBH estruturou pouquíssimas agências, estrategicamente localizadas em mercados a partir dos quais é possível atender todos os países da região.
Este modelo, que custou a convencer clientes acostumados com outras redes, pede que quando houver uma campanha global, as melhores cabeças dos seis escritórios da BBH se juntem. Na prática, descobrimos que isso é muito fácil, muito rápido e não envolve a política de choque entre escritórios que há nas redes com 70 agências.
Para a concorrência de Omo, por exemplo, todos os escritórios levaram idéias até Londres. Lá, houve uma decisão unânime a favor de uma das idéias nascidas no Brasil, era a que tinha mais chances de vencer a concorrência. Depois disso, todos os escritórios desenvolveram peças em cima da idéia levada pela Neogama. Esta capacidade de coesão e de times realmente globais trabalharem uma mesma idéia, até hoje, eu só vi na BBH.
Estamos replicando a experiência em outra marca da Unilever, a Surf, cujo atendimento na Argentina e na Bolívia já é coordenado pela Neogama. Temos profissionais móveis de criação, atendimento e produção que viajam para acompanhar os projetos nesses países. Sem o peso e os problemas de se estar fisicamente instalado em cada um dos outros mercados.
No caso de Omo, atenderemos, a partir de São Paulo, a conta no Uruguai, Argentina, Chile, Equador e na América Central. A direção estratégica e criativa global da comunicação de Omo é da BBH, que a estará implementando na maioria dos países. E nos mercados onde a conta será atendida por outras agências, como a Lowe no Brasil, elas seguirão o direcionamento proposto pela BBH.
ABOUT – Como você vê o futuro de uma rede como a BBH, com poucos escritórios e foco claro na excelência criativa, diante de um mercado globalizado e dominado cada vez mais por grandes corporações multinacionais de comunicação, com musculatura operacional mais abrangente?
GAMA – Este é o modelo. Dos que já vi, é o único capaz de manter qualidade com alcance. O outro consegue ter alcance, mas com uma qualidade muito heterogênea e difícil de se coordenar, que gera vários problemas humanos de liderança e tem um custo enorme que é repassado ao cliente. A ovelha negra (símbolo da BBH) é a nova predadora. É pequenina e inocente, mas morde (risos).
ABOUT – Recentemente, a BBH inaugurou mais uma área de planejamento, denominada "engagement planning", ou planejamento envolvente. Como ela funciona?
GAMA – Eles a consideram como uma quarta disciplina. Assim, temos criação, planejamento, atendimento e "engagement planning", que auxilia na análise do comportamento do consumidor perante a fragmentação da mídia.
Os ingleses desenvolveram esta nova área até porque o planejamento de mídia, em Londres, é realizado pelos bureaus, fora das agências. Eles vêem isto como um problema. Quando eu expliquei ao John Hegarty que no Brasil a mídia ainda estava dentro das agências, ele me respondeu: "nunca deixe que ela saia, nós estamos tentando fazê-la voltar, mas agora já é muito difícil".
ABOUT – Pensando nessas quatro áreas com as quais vocês trabalham, e na já citada fragmentação da mídia, qual deve ser o comportamento do profissional de criação do futuro?
GAMA – O perfil do novo profissional de criação exige que ele lide com todos esses elementos. De fato, a mídia se fragmentou, e todos têm de aprender a abrir mais o leque criativo. Aqui na agência, por exemplo, nós não passamos um briefing de propaganda, mas sim um briefing de idéia. Dentro da BBH, chamamos de "big idea", o que prevê uma idéia capaz de permear todas as ferramentas. Não queremos mais uma idéia que seja boa apenas na TV, ela precisa ter abrangência suficiente para se reproduzir de maneira extremamente criativa desde a TV até o ponto-de-venda.
O anunciante quer, cada vez mais, controlar mais e pagar menos. Isso nos leva a um modelo que não só incha as agências com mais profissionais como também exige que o perfil desses profissionais mude. A tendência é termos mais pessoas capazes de fazer mais coisas. O especialista é o cara que faz menos e melhor. Entretanto, o modelo do futuro não passa por aí, mas sim pela mudança radical no perfil dos profissionais de criação, que devem ampliar sua capacidade de desenvolver idéias para todas as ferramentas. Este é um meio-termo entre agências full service e as empresas satélites, em que uma faz propaganda, outra marketing direto, outra promoção, outra ponto-de-venda...
ABOUT – O ano de 2005 parece ter deixado as agências muito acuadas, seja pelo questionamento do seu modelo de remuneração, seja pelo envolvimento de empresas do setor na crise política. Como você analisa os fatos ocorridos e como acredita que as agências devam se comportar no futuro próximo?
GAMA – O grande dano deste ano foi a promiscuidade entre o público e o privado, com as agências de propaganda se envolvendo num menage a trois, se posicionando entre o governo e empresas que querem se aproveitar da proximidade com o poder daquelas que atendem contas públicas. Foi algo que fez muito mal para o mercado publicitário. Entretanto, com certeza, as agências envolvidas não são somente as duas mais citadas. Para o bem do mercado, o nome de todas deveria ser exposto, até em benefício das agências que não se envolvem e para que todos tenhamos uma noção melhor entre o joio e o trigo. Quem tem coragem de se envolver no esquema de corrupção, que sabemos existir entre o governo e as agências de propaganda, não pode querer que, caso esta bolha estoure, o seu nome não apareça.
É muito confortável olhar o sistema e dizer que esta é a única regra para trabalhar com o governo. Se é assim, então não trabalhe para o governo. A Neogama chegou a participar de algumas concorrências públicas, mas da maneira mais ingênua possível, acreditando que bastava pegar o edital, desenvolver a campanha e levá-la para avaliação. Na terceira participação, concluímos que era melhor parar de gastar dinheiro com isso, porque essas concorrências precisam dos laranjas, como nós, para deixar transparecer que o processo é honesto. A Neogama não participa mais.
A palavra ética deveria fazer parte dos critérios de avaliação de uma agência. Isso melhoraria a qualidade dos negócios e promoveria um ambiente mais saudável economicamente. Infelizmente, existem anunciantes que se aproveitam desse sistema, ao entregar suas contas para agências próximas ao governo na esperança de conseguir benefícios para sua empresa. Neste ambiente, a conta de propaganda deixa de ser uma necessidade técnica do anunciante e passa a ser uma moeda de troca. Na verdade, este anunciante é um agente corruptor.
por Alexandre Zaghi Lemos e Mel Mansur
dichionário
peitica: birra, implicância,
equipas: equipes
olhos em bico: olhos arregalados
tomates: culhões
jurar de pés juntos: jurar até a morte
porra-louca: pancada ou pior que isso
piaba: pequeníssimo peixe ou filhotes, que se vê tanto no mar, como nos rios e canais e que fazem a festa dos putos
putos: míúdos, crianças, guri, piá, pirralho, menino
equipas: equipes
olhos em bico: olhos arregalados
tomates: culhões
jurar de pés juntos: jurar até a morte
porra-louca: pancada ou pior que isso
piaba: pequeníssimo peixe ou filhotes, que se vê tanto no mar, como nos rios e canais e que fazem a festa dos putos
putos: míúdos, crianças, guri, piá, pirralho, menino
terça-feira, dezembro 27, 2005
demasiadamente humano
a humanidade parece não saber situar, suportar ou enfrentar o que não seja comum,igual ou mediano. eles são,por isso, tratados mal ou bem demais, o que revela escárnio ou complacência, duas formas ofensivas de relacionamento.
arthur da távola
arthur da távola
5 previsôes ou seriam provisões ?
1. Os salários dos publicitários com conhecimento de internet vão inflacionar. Nas grandes agências, estes salários irão se equiparar ou passar os salários dos publicitários 'tradicionais'.
2. Veremos um movimento migratório de contas online indo para agências especializadas. Grandes clientes, deixando grandes agências tradicionais sem expertise em interactive, buscando agências focadas neste ferramental.
3. Até o final de 2006, 2 ou 3 novas agências especializadas em online ganharão grande destaque no mercado brasileiro. Se transformarão em 'hot shops' queridinhos do mercado, num movimento parecido com o que já acontece nos Estados Unidos e Europa.
4. As principais agências 'tradicionais' brasileiras que ainda não estão posicionadas, anunciarão estratégias para a mídia interativa. A maioria destas estratégias, não terá 'estofo' para ir adiante, por falta de profissionais especializados experientes no mercado para liderar estas estratégias.
5. O custo para se anunciar nos principais portais vai dobrar. Ao menos 4 ou 5 novos sites verticais aparecerão ao longo do ano, rapidamente se viabilizando com receita publicitária. Faltará espaço de qualidade para se anunciar na internet brasileira em 2006. Como conseqüência, maior verba precisará ser destinada para o online ainda em 2006, obrigando as empresas a mudar a divisão de verbas no meio do caminho.
do Michel Lent no seu viu isso em dezembro 23.
publicitário e bola de cristal não costumam ser boa mistura a menos que você goste de comer caco de vidro.
enquanto isto, a realidade mostra a PA, house do pão de açúcar, contratando no atacado salarios pesos pesados para atuar no varejo, como o kelio rodrigues, newton pacheco, entre outros. ou estes estariam fazendo trabalho a preço de banana ?
2. Veremos um movimento migratório de contas online indo para agências especializadas. Grandes clientes, deixando grandes agências tradicionais sem expertise em interactive, buscando agências focadas neste ferramental.
3. Até o final de 2006, 2 ou 3 novas agências especializadas em online ganharão grande destaque no mercado brasileiro. Se transformarão em 'hot shops' queridinhos do mercado, num movimento parecido com o que já acontece nos Estados Unidos e Europa.
4. As principais agências 'tradicionais' brasileiras que ainda não estão posicionadas, anunciarão estratégias para a mídia interativa. A maioria destas estratégias, não terá 'estofo' para ir adiante, por falta de profissionais especializados experientes no mercado para liderar estas estratégias.
5. O custo para se anunciar nos principais portais vai dobrar. Ao menos 4 ou 5 novos sites verticais aparecerão ao longo do ano, rapidamente se viabilizando com receita publicitária. Faltará espaço de qualidade para se anunciar na internet brasileira em 2006. Como conseqüência, maior verba precisará ser destinada para o online ainda em 2006, obrigando as empresas a mudar a divisão de verbas no meio do caminho.
do Michel Lent no seu viu isso em dezembro 23.
publicitário e bola de cristal não costumam ser boa mistura a menos que você goste de comer caco de vidro.
enquanto isto, a realidade mostra a PA, house do pão de açúcar, contratando no atacado salarios pesos pesados para atuar no varejo, como o kelio rodrigues, newton pacheco, entre outros. ou estes estariam fazendo trabalho a preço de banana ?
do jabá ou estão charqueando a MPB
A música brasileira entrou num impressionante processo de decadência. Errado. A música brasileira continua boa como sempre. Há grandes compositores, cantores, instrumentistas. Mas não é possível dizer que estejam em atuação. Tentam atuar. Não têm onde. Tentam viver da arte – tolice. São dentistas, fiscais do INSS, professores, motoristas de táxi, balconistas, colunistas de jornais – essas atividades garantem a sobrevivência. Tomam tempo – a criação artística, que é a atividade principal (estamos falando de artistas) acaba sendo deixada para as horas possíveis. A música brasileira que toca nos rádios, na televisão, nos grandes palcos, nos estádios, nas festas de São João, no carnaval, nas convenções de criadores de gado é que está em decadência. E só ela que aparece. A outra música, a boa, existe, mas não aparece. A culpa é dos radialistas, dos que montam trilhas sonoras de televisão, dos executivos das gravadoras, dos produtores de discos e espetáculos, dos marqueteiros da indústria de entretenimento. Essa gente criminosa está transformando, conscientemente, coração em tripa. É responsável pela seleção do que você ouve e deixa de ouvir. Essa gente está assassinando o que há de mais rico em nossa produção cultural. E ganhando muito, muito, muito dinheiro.
É essa a idéia. Ganhar dinheiro, e dane-se o resto. Um disco, na indústria, não é chamado de disco, mas de "produto". O produto precisa vender. Para que o produto venda, precisa ser exibido. Até agora, apenas regra de mercado, nada demais. No entanto, para que seja exibido, paga-se ao exibidor – ao programador de rádio, ao apresentador de programa de auditório televisivo. Como são muitos, os produtos, sobe o cachê do exibidor. É uma prática antiga, tem até nome: jabá.
Paga-se o jabá para que a música toque, sempre foi assim. Mas o mecanismo perverso foi ficando mais perverso. Quem pode pagar mais, consegue maior número de execuções. Isso é reproduzido no País inteiro. Quem pode pagar mais, escolhe o que você vai ouvir. E você fica achando que é só aquilo que se produz de música. Porque é só aquilo que está ao seu alcance. Quem não paga, não toca. Não existe.
Há alguns anos, uma igreja evangélica comprou a rádio FM Musical, de São Paulo, capital. Era uma rádio que só tocava música brasileira. Praticava o jabá, como todas, mas como a audiência era menor, o preço era menor. O que permitia o acesso às ondas sonoras a alguns artistas menos conhecidos – os tais que são dentistas ou fiscais do INSS. Às vezes, até sem pagamento de jabá programava a execução deles. Misturava um pouco de "música de mercado" e de música de verdade. Talvez por isso não tenha resistido. Há práticas alternativas de jabá. Um famoso letrista fez um disco independente, comemorativo de tantos anos de idade e de carreira. Armou pequeno esquema, alternativo, de distribuição do disco. Fiou-se, talvez, no nome famoso. Ouviu dos intermediários dos programadores de várias rádios: "Dá um aparelho de fax para ele que ele toca seu disco."
O retorno do investimento dos que pagam mesmo o jabá, o dinheiro alto, sai da venda de discos e shows , da venda de bonecos, camisetas, roupinhas para crianças, sorvetes, biscoitos, bicicletas, sandálias, lancheirinhas, pegadores de cabelo, batons, perfumes, roupas de cama e banho, coleções de lápis de cor ou o que se possa imaginar que possa ter estampada a marca do "ídolo". O "ídolo", por seu turno, cumpre a maratona de estar presente em todos os programas televisivos de auditório, garantindo audiência que vende os anúncios que sustentam os programas e fazendo a roda rodar, o preço subir. A presença do "ídolo" pode mesmo ser indireta: o apresentador Raul Gil, da TV Record, prepara novos consumidores da bunda-music promovendo concurso de imitação do rebolado da Carla Perez, ex-É o Tchan. As candidatas têm 5, 6, 7 anos de idade.
Não há questão moral a ser considerada. O negócio é dinheiro. Um bom compositor, cantor, instrumentista vai ter de se submeter a determinados imperativos (ditados pelos que pagam a execução) ou fica de fora. Quem não entrar no esquema não aparece. Quem quer entrar no sistema precisa ter muito dinheiro – precisa pagar mais ainda, porque as "vagas" são limitadas. Se entra um, sai outro. Por isso existem as vogas, as ondas – um ano de música sertaneja, um ano de axé music, um ano de falsas louras bundudas, um ano de pagodeiros de butique, um ano de forró deformado, desforrozado (é o que se anuncia: preparem-se). E o preço vai subindo, a cada nova etapa da substituição.
Só quem entra no esquema, claro, é a grande indústria, que tem o dinheiro – e que inventou o esquema, afinal. No início da década de 90, o compositor Ivan Lins, com seu parceiro Vítor Martins, fundaram a gravadora Velas, para dar voz a uma quantidade imensa de músicos que eles conheciam, mas que estavam fora do mercado. Nomes como os de Edu Lobo, Fátima Guedes, Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Guinga. Aliás, o primeiro disco da gravadora foi o primeiro disco de Guinga. A Velas tinha uma proposta musical alternativa ao padrão imposto pela grande indústria. Montou estrutura, divulgação e distribuição nacionais. O vendedor da Velas ia ao lojista oferecer o produto. Ouvia: "Quero, mas não vou pagar agora, pago se vender." Três meses depois, voltava o vendedor, para oferecer novo produto e cobrar o outro – que havia sido vendido. Ouvia: "Quero o novo, mas não pago o antigo, porque tenho de pagar à multinacional Tal, ou ela não me entrega a dupla sertaneja Qual & Pau."
Acontece que a dupla sertaneja Qual & Pau (pense na que quiser: Leonardos, Chitãozinhos, ou substitua dupla sertaneja por grupo de pagode ou por banda de axé) tem música na trilha da novela, paga para tocar em todos os programas de auditório e em todas as rádios – como o lojista pode ficar sem a dupla? Então, o lojista paga a gravadora que tem sob contrato a dupla sertaneja e não paga nunca a Velas, que tem o Edu Lobo (que infelizmente não tem música em novela nem toca em programa de auditório, muito menos no rádio). Perda por perda, o vendedor da Velas deixa o novo disco, sem receber pelo antigo – e assim a coisa seguiu. Em algum tempo, a Velas faliu. Está, no momento, porque os sócios são loucos idealistas, tentando voltar ao mercado.
Ou seja, estamos falando de economia, de lobbys , de pressões, não de música. Disco é negócio, todos sabemos. Precisa pagar-se, dar lucro. A questão é que os executivos do mundo do disco concluíram que o povo é burro e só vai consumir música burra. Então, o executivo da fábrica X inventa um grupo de pagode, paga para que ele apareça muito, etc. O da fábrica Y diz: "Este filão dá certo, vou nele", e inventa um grupo de pagode que imita aquele primeiro. É só o que eles fazem. Clonam-se uns aos outros. Se o Chico Buarque fosse bater à porta de uma gravadora hoje (Chico sabe disso, já disse que sabe disso) ouviria que sua música é "difícil" e não se enquadra nos "padrões da companhia". O mesmo com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Tom Jobim, Noel Rosa, Zeca Pagodinho, Cartola, Nélson Cavaquinho, Wagner Tiso: todos "difíceis", fora do padrão.
Claro: é preciso contratar o pagodeiro barato porque ele é orientável. Faça isso, faça aquilo, cante assim, vista-se assado, vá ao programa tal, diga tal coisa, mexa as cadeiras desse modo – e, sobretudo, não faça música. Ninguém trataria assim o Chico Barque – e já que ele não pode ser tratado assim, como coisa, como objeto, como ponta-de-lança de uma campanha de vendas, então afaste-se o Chico Buarque. Ele é "difícil".
Enquanto isso, o ouvinte vai acostumando o ouvido com as barbaridades criadas nos laboratórios de marketing das companhias de disco – padres cantores, traseiros cantores, sadomasoquistas cantores, falsas louras cantoras, negões vitaminados cantores. E perde a capacidade de comparar – comparar com o quê? O padre cantor com o traseiro cantor? Não há diferença. O ouvinte fica sem possibilidade de julgar (na verdade ele pensa que está escolhendo o grupo pagodeiro tal, quando, de fato, só sobrou para ele o grupo pagodeiro tal).
E os criadores... Bem, os criadores, os artistas verdadeiros, que existem, quase ninguém sabe, vão resistindo o quanto podem. Um dia, desistem – os novos Chicos e Caetanos, as novas Elis Reginas e Nanas Caymmis, os novos Jobins e Fátimas Guedes um dia desistirão. Precisam comer, vestir-se, sustentar filhos. A ganância dos executivos está promovendo um massacre da cultura brasileira que talvez não tenha similar na história da humanidade. Estão matando de fome o que temos de mais rico – nossa música. Matando de fome a inteligência e a sensibilidade.
do mauro dias,publicado originalmente no estadão em junho de 1999. republicado esta semana no digestivo cultural.
de certa maneira é o que estão fazendo com a publicidade criativa, comigo, com voçê ?
É essa a idéia. Ganhar dinheiro, e dane-se o resto. Um disco, na indústria, não é chamado de disco, mas de "produto". O produto precisa vender. Para que o produto venda, precisa ser exibido. Até agora, apenas regra de mercado, nada demais. No entanto, para que seja exibido, paga-se ao exibidor – ao programador de rádio, ao apresentador de programa de auditório televisivo. Como são muitos, os produtos, sobe o cachê do exibidor. É uma prática antiga, tem até nome: jabá.
Paga-se o jabá para que a música toque, sempre foi assim. Mas o mecanismo perverso foi ficando mais perverso. Quem pode pagar mais, consegue maior número de execuções. Isso é reproduzido no País inteiro. Quem pode pagar mais, escolhe o que você vai ouvir. E você fica achando que é só aquilo que se produz de música. Porque é só aquilo que está ao seu alcance. Quem não paga, não toca. Não existe.
Há alguns anos, uma igreja evangélica comprou a rádio FM Musical, de São Paulo, capital. Era uma rádio que só tocava música brasileira. Praticava o jabá, como todas, mas como a audiência era menor, o preço era menor. O que permitia o acesso às ondas sonoras a alguns artistas menos conhecidos – os tais que são dentistas ou fiscais do INSS. Às vezes, até sem pagamento de jabá programava a execução deles. Misturava um pouco de "música de mercado" e de música de verdade. Talvez por isso não tenha resistido. Há práticas alternativas de jabá. Um famoso letrista fez um disco independente, comemorativo de tantos anos de idade e de carreira. Armou pequeno esquema, alternativo, de distribuição do disco. Fiou-se, talvez, no nome famoso. Ouviu dos intermediários dos programadores de várias rádios: "Dá um aparelho de fax para ele que ele toca seu disco."
O retorno do investimento dos que pagam mesmo o jabá, o dinheiro alto, sai da venda de discos e shows , da venda de bonecos, camisetas, roupinhas para crianças, sorvetes, biscoitos, bicicletas, sandálias, lancheirinhas, pegadores de cabelo, batons, perfumes, roupas de cama e banho, coleções de lápis de cor ou o que se possa imaginar que possa ter estampada a marca do "ídolo". O "ídolo", por seu turno, cumpre a maratona de estar presente em todos os programas televisivos de auditório, garantindo audiência que vende os anúncios que sustentam os programas e fazendo a roda rodar, o preço subir. A presença do "ídolo" pode mesmo ser indireta: o apresentador Raul Gil, da TV Record, prepara novos consumidores da bunda-music promovendo concurso de imitação do rebolado da Carla Perez, ex-É o Tchan. As candidatas têm 5, 6, 7 anos de idade.
Não há questão moral a ser considerada. O negócio é dinheiro. Um bom compositor, cantor, instrumentista vai ter de se submeter a determinados imperativos (ditados pelos que pagam a execução) ou fica de fora. Quem não entrar no esquema não aparece. Quem quer entrar no sistema precisa ter muito dinheiro – precisa pagar mais ainda, porque as "vagas" são limitadas. Se entra um, sai outro. Por isso existem as vogas, as ondas – um ano de música sertaneja, um ano de axé music, um ano de falsas louras bundudas, um ano de pagodeiros de butique, um ano de forró deformado, desforrozado (é o que se anuncia: preparem-se). E o preço vai subindo, a cada nova etapa da substituição.
Só quem entra no esquema, claro, é a grande indústria, que tem o dinheiro – e que inventou o esquema, afinal. No início da década de 90, o compositor Ivan Lins, com seu parceiro Vítor Martins, fundaram a gravadora Velas, para dar voz a uma quantidade imensa de músicos que eles conheciam, mas que estavam fora do mercado. Nomes como os de Edu Lobo, Fátima Guedes, Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Guinga. Aliás, o primeiro disco da gravadora foi o primeiro disco de Guinga. A Velas tinha uma proposta musical alternativa ao padrão imposto pela grande indústria. Montou estrutura, divulgação e distribuição nacionais. O vendedor da Velas ia ao lojista oferecer o produto. Ouvia: "Quero, mas não vou pagar agora, pago se vender." Três meses depois, voltava o vendedor, para oferecer novo produto e cobrar o outro – que havia sido vendido. Ouvia: "Quero o novo, mas não pago o antigo, porque tenho de pagar à multinacional Tal, ou ela não me entrega a dupla sertaneja Qual & Pau."
Acontece que a dupla sertaneja Qual & Pau (pense na que quiser: Leonardos, Chitãozinhos, ou substitua dupla sertaneja por grupo de pagode ou por banda de axé) tem música na trilha da novela, paga para tocar em todos os programas de auditório e em todas as rádios – como o lojista pode ficar sem a dupla? Então, o lojista paga a gravadora que tem sob contrato a dupla sertaneja e não paga nunca a Velas, que tem o Edu Lobo (que infelizmente não tem música em novela nem toca em programa de auditório, muito menos no rádio). Perda por perda, o vendedor da Velas deixa o novo disco, sem receber pelo antigo – e assim a coisa seguiu. Em algum tempo, a Velas faliu. Está, no momento, porque os sócios são loucos idealistas, tentando voltar ao mercado.
Ou seja, estamos falando de economia, de lobbys , de pressões, não de música. Disco é negócio, todos sabemos. Precisa pagar-se, dar lucro. A questão é que os executivos do mundo do disco concluíram que o povo é burro e só vai consumir música burra. Então, o executivo da fábrica X inventa um grupo de pagode, paga para que ele apareça muito, etc. O da fábrica Y diz: "Este filão dá certo, vou nele", e inventa um grupo de pagode que imita aquele primeiro. É só o que eles fazem. Clonam-se uns aos outros. Se o Chico Buarque fosse bater à porta de uma gravadora hoje (Chico sabe disso, já disse que sabe disso) ouviria que sua música é "difícil" e não se enquadra nos "padrões da companhia". O mesmo com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Tom Jobim, Noel Rosa, Zeca Pagodinho, Cartola, Nélson Cavaquinho, Wagner Tiso: todos "difíceis", fora do padrão.
Claro: é preciso contratar o pagodeiro barato porque ele é orientável. Faça isso, faça aquilo, cante assim, vista-se assado, vá ao programa tal, diga tal coisa, mexa as cadeiras desse modo – e, sobretudo, não faça música. Ninguém trataria assim o Chico Barque – e já que ele não pode ser tratado assim, como coisa, como objeto, como ponta-de-lança de uma campanha de vendas, então afaste-se o Chico Buarque. Ele é "difícil".
Enquanto isso, o ouvinte vai acostumando o ouvido com as barbaridades criadas nos laboratórios de marketing das companhias de disco – padres cantores, traseiros cantores, sadomasoquistas cantores, falsas louras cantoras, negões vitaminados cantores. E perde a capacidade de comparar – comparar com o quê? O padre cantor com o traseiro cantor? Não há diferença. O ouvinte fica sem possibilidade de julgar (na verdade ele pensa que está escolhendo o grupo pagodeiro tal, quando, de fato, só sobrou para ele o grupo pagodeiro tal).
E os criadores... Bem, os criadores, os artistas verdadeiros, que existem, quase ninguém sabe, vão resistindo o quanto podem. Um dia, desistem – os novos Chicos e Caetanos, as novas Elis Reginas e Nanas Caymmis, os novos Jobins e Fátimas Guedes um dia desistirão. Precisam comer, vestir-se, sustentar filhos. A ganância dos executivos está promovendo um massacre da cultura brasileira que talvez não tenha similar na história da humanidade. Estão matando de fome o que temos de mais rico – nossa música. Matando de fome a inteligência e a sensibilidade.
do mauro dias,publicado originalmente no estadão em junho de 1999. republicado esta semana no digestivo cultural.
de certa maneira é o que estão fazendo com a publicidade criativa, comigo, com voçê ?
segunda-feira, dezembro 26, 2005
até tu TV U ?
a televisão universitária completa 37 anos na mais completa ilegalidade.
dá vistas a frente da emissôra, no endereço da avenida norte, estacionamento sobre a calçada, devidamente demarcado por faixa amarela, com correntinhas e seus suportes, além do indefectível flanelinha.
dá o exemplo cultural? ou apenas copiou. ?
estacionamento também é cultura ou não ?
e haja festa de aniversário nas calçadas do recífilis cuja cultura esborra calçadas a fora.
dá vistas a frente da emissôra, no endereço da avenida norte, estacionamento sobre a calçada, devidamente demarcado por faixa amarela, com correntinhas e seus suportes, além do indefectível flanelinha.
dá o exemplo cultural? ou apenas copiou. ?
estacionamento também é cultura ou não ?
e haja festa de aniversário nas calçadas do recífilis cuja cultura esborra calçadas a fora.
psicotécnico
o comentário é d´uma profissional de psicologia que alerta en passant para a má ou deformação na construção do perfil dos personagens do bem, notadamente nas novelas, o que tem sua dose de doutrinação teleguiada.
o ser bom, é ser tôlo, otário, tapado, deficiente,ignorante,miserável. em suma: não enxergar um palmo à frente do nariz e ter discernimento abaixo da linha de pobreza. o maniqueísmo resolve também os problemas de falta de inspiração ou segue breviário do entranhamento da dominação. basta ver o rafael de alma gêmea ou o jamanta de belíssima, para além do discurso pedagógico do tempo das normalistas da serena.
se conservar bons valores já está pra lá de difícil nos tempos vividos, o impingimento de bons estereótipos desses nos faz cada vez mais admirar e perseguir, o exemplo, dos calhordas e maus. sempre tão elegantes, perspicazes, matreiros,envolventes,inteligentes e ricos. em tentações e citações. e claro, cheios de charme. alguém já viu algum canalha autêntico verdadeiramente detestável ?
o ser bom, é ser tôlo, otário, tapado, deficiente,ignorante,miserável. em suma: não enxergar um palmo à frente do nariz e ter discernimento abaixo da linha de pobreza. o maniqueísmo resolve também os problemas de falta de inspiração ou segue breviário do entranhamento da dominação. basta ver o rafael de alma gêmea ou o jamanta de belíssima, para além do discurso pedagógico do tempo das normalistas da serena.
se conservar bons valores já está pra lá de difícil nos tempos vividos, o impingimento de bons estereótipos desses nos faz cada vez mais admirar e perseguir, o exemplo, dos calhordas e maus. sempre tão elegantes, perspicazes, matreiros,envolventes,inteligentes e ricos. em tentações e citações. e claro, cheios de charme. alguém já viu algum canalha autêntico verdadeiramente detestável ?
de boner para hommer
O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional
Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.
Perfil.
Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.
Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.
A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático “bom-dia”, Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.
A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. “Essa o Homer não vai entender”, diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.
Pauta.
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar.
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos – atender ao Homer –, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.
Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas “praças” (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.
A primeira reportagem oferecida pela “praça” de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da “oferta” jornalística informa que a empresa venezuelana, “que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível” para serem “vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano”. Uma notícia de impacto social e político.
O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.
Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela “praça” de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. “Esse juiz é um louco”, chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.
Notícia.
A decisão do juiz Livingsthon M achado, de soltar presos, é considerada coisa de “louco”
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês – matéria oferecida por São Paulo –, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. “Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS”, ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.
De Brasília é oferecida uma reportagem sobre “a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública”. Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.
Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.
E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.
Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac – o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá – os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.
Por Laurindo Lalo Leal Filho. Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.
proponho aumentar o nivel da audiência. mudemos todos de canal, a bebida pode continuar a ser a mesma.
a visão de mundo do sujeito que lê a veja e assiste o telejornalismo da globo, concluo, dá-se pelo buraco da rosquinha.
quanto ao casal de hommers que apresentam o tele-jornal, não da para confiar em quem tão certinho está preocupado com a boa imagem, e os cabelos, os cabelos, até na hora do orgasmo.
in tempo: mrs. hommer´s ganhou ontem o troféu mário lago de melhor apresentadora de tele-jornal, por ser a amélia da notícia ou coisa parecida, iniciativa do programa do faustão. como seria esta notícia editada, desde o começo ?
Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.
Perfil.
Ele é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.
Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.
A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático “bom-dia”, Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.
A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. “Essa o Homer não vai entender”, diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.
Pauta.
Na reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar.
Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos – atender ao Homer –, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.
Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas “praças” (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.
A primeira reportagem oferecida pela “praça” de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da “oferta” jornalística informa que a empresa venezuelana, “que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível” para serem “vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano”. Uma notícia de impacto social e político.
O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.
Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela “praça” de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. “Esse juiz é um louco”, chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.
Notícia.
A decisão do juiz Livingsthon M achado, de soltar presos, é considerada coisa de “louco”
Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês – matéria oferecida por São Paulo –, o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. “Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS”, ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.
De Brasília é oferecida uma reportagem sobre “a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública”. Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.
Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.
E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.
Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac – o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá – os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.
Por Laurindo Lalo Leal Filho. Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.
proponho aumentar o nivel da audiência. mudemos todos de canal, a bebida pode continuar a ser a mesma.
a visão de mundo do sujeito que lê a veja e assiste o telejornalismo da globo, concluo, dá-se pelo buraco da rosquinha.
quanto ao casal de hommers que apresentam o tele-jornal, não da para confiar em quem tão certinho está preocupado com a boa imagem, e os cabelos, os cabelos, até na hora do orgasmo.
in tempo: mrs. hommer´s ganhou ontem o troféu mário lago de melhor apresentadora de tele-jornal, por ser a amélia da notícia ou coisa parecida, iniciativa do programa do faustão. como seria esta notícia editada, desde o começo ?
domingo, dezembro 25, 2005
incidente no gulliver. manchete à sua altura ?
o conteúdo deste post,artigo publicado em o norte, sobre a tentativa de assassinato intentada por ronaldo cunha lima contra o então governador da paraíba tarcisio burity foi transferido para o hayquetenercojones.blogspot.com
o blog do jornalismo que sempre andou pela bola sete.
o blog do jornalismo que sempre andou pela bola sete.
sábado, dezembro 24, 2005
qual é mesmo o tamanho do seu peru ?
seis milhões de crianças morrem de fome por ano no mundo - trincho a coxa ou prefere o peito?
na razão matemática é algo igual a uma criança a cada dois minutos, tempo que não conferi estatísticamente, mas dá de sobra para você colocar mais uma garfada da boca— vai uma cerejinha ?.
todo mundo solidariza-se com o holocausto, menos o presidente do irã, é claro. — pode tomar tinto ou branco, não se preocupe que com peru não tem gafe.
então temos um holocausto a cada ano. e ninguém, para além de uns aqui outros ali, tá minimamente preocupado com isto - incluindo os israelis, por princípio quem mais deveria ser solidário. mas quem quer saber de morte de preto no branco ? é claro que a maioria da cifra é de negrinhos do pastoreio. aqueles cujas órbitas são comidas em vida por môscas e nossa indiferença branca às suas costeletas que furam a pele — este arroz com lentilhas é receita de família, não me venha com farofas.
na noite de natal, o mundo inteiro, que pode, empanturra-se e peida até não poder mais; enquanto quem não pode, se fode por não mais comer. um recorde de gente que resiste o que não pode mas que até o guiness ignora — não obrigado: vou me guardar para a fatia parida, como chamam a rabanada no nordeste, e o profiterole. eu adoro profiterole.
familias de todas as religiões abastecem a fé abastecendo a pança num desperdicio que alimenta sobras a semana inteira — nós somos muito solidários nesta casa, guardamos sempre o sobre-cu do peru para o filho de maria, a faxineira.
presentes,comilança,luxuria,bolas,muitas bolas e até neve onde nunca houve. e nem um pouquinho de solidariedade. ao menos com os princípios do aniversariante que certamente trocaria a festa por um dia de jejum onde todos contritos, por um dia que fosse, alimentassem as seis milhões de crianças que vão morrer de fome — cuidado para não se engasgar com as tamâras e as nozes. você sabia que tem gente que morre entalada na noite de natal ?
não, dezembro não é o mês de lennon. é o mês de chapmam. e jesus ? bem, este já foi crucificado faz tempo.
na razão matemática é algo igual a uma criança a cada dois minutos, tempo que não conferi estatísticamente, mas dá de sobra para você colocar mais uma garfada da boca— vai uma cerejinha ?.
todo mundo solidariza-se com o holocausto, menos o presidente do irã, é claro. — pode tomar tinto ou branco, não se preocupe que com peru não tem gafe.
então temos um holocausto a cada ano. e ninguém, para além de uns aqui outros ali, tá minimamente preocupado com isto - incluindo os israelis, por princípio quem mais deveria ser solidário. mas quem quer saber de morte de preto no branco ? é claro que a maioria da cifra é de negrinhos do pastoreio. aqueles cujas órbitas são comidas em vida por môscas e nossa indiferença branca às suas costeletas que furam a pele — este arroz com lentilhas é receita de família, não me venha com farofas.
na noite de natal, o mundo inteiro, que pode, empanturra-se e peida até não poder mais; enquanto quem não pode, se fode por não mais comer. um recorde de gente que resiste o que não pode mas que até o guiness ignora — não obrigado: vou me guardar para a fatia parida, como chamam a rabanada no nordeste, e o profiterole. eu adoro profiterole.
familias de todas as religiões abastecem a fé abastecendo a pança num desperdicio que alimenta sobras a semana inteira — nós somos muito solidários nesta casa, guardamos sempre o sobre-cu do peru para o filho de maria, a faxineira.
presentes,comilança,luxuria,bolas,muitas bolas e até neve onde nunca houve. e nem um pouquinho de solidariedade. ao menos com os princípios do aniversariante que certamente trocaria a festa por um dia de jejum onde todos contritos, por um dia que fosse, alimentassem as seis milhões de crianças que vão morrer de fome — cuidado para não se engasgar com as tamâras e as nozes. você sabia que tem gente que morre entalada na noite de natal ?
não, dezembro não é o mês de lennon. é o mês de chapmam. e jesus ? bem, este já foi crucificado faz tempo.
jingle bells
para escapar da truculência do natal e ficar em paz, absurdamente, absolutamente, simplesmente em paz, é preciso matar a familia. e não ir ao cinema.
mas poupe o cachorro. único rabo sincero desta festa.
mas poupe o cachorro. único rabo sincero desta festa.
sexta-feira, dezembro 23, 2005
sonolentos
é muito fácil escrever dez sonetos passáveis(....) que um único anúncio eficaz. aldouls huxley.
como tem publicitário escrevendo sonetos, heim ?
como tem publicitário escrevendo sonetos, heim ?
compromisso com o leitor
todas as publicações importantes, sites, blogs, afins com a publicidade entraram em recesso já a partir de ontem.
nós vamos continuar aqui, todos os dias, oxalá para o gáudio ou desespero ainda que de alguns poucos.
não há festas para quem está em concorrências.
amanhã uma mensagem muito especial para todos os nossos detratores, opps, leitores.
nós vamos continuar aqui, todos os dias, oxalá para o gáudio ou desespero ainda que de alguns poucos.
não há festas para quem está em concorrências.
amanhã uma mensagem muito especial para todos os nossos detratores, opps, leitores.
desafinando o diapasão
nizam afirma com veemência em colóquio internacional de publicidade que” a publicidade não pode se valer de “sacadinhas” inteligentes, de bons anúncios que não tem um elo com um conceito de campanha pois “não somos repentistas e sim publicitários”.
guanaes vai ter que enfiar a viola no saco, já que o conselho de ética do conar, decidiu suspender a veiculaçao dos anúncios da brahma que utilizam a expressao 'entre de cabeça no olé', pois a nova schin havia lançado em meados de novembro em mídia impressa e embalagens temáticas, campanha com o conceito 'de cabeça no verao',
além da suspensao dos anúncios, a relatora do processo, mariângela vassallo, recomendou uma advertência à africa pelo nao cumprimento da medida liminar que ordenava a supresssão de sua campanha da expressao 'entre de cabeça.
cabeça do nizam já foi mais afinada pois não ?
guanaes vai ter que enfiar a viola no saco, já que o conselho de ética do conar, decidiu suspender a veiculaçao dos anúncios da brahma que utilizam a expressao 'entre de cabeça no olé', pois a nova schin havia lançado em meados de novembro em mídia impressa e embalagens temáticas, campanha com o conceito 'de cabeça no verao',
além da suspensao dos anúncios, a relatora do processo, mariângela vassallo, recomendou uma advertência à africa pelo nao cumprimento da medida liminar que ordenava a supresssão de sua campanha da expressao 'entre de cabeça.
cabeça do nizam já foi mais afinada pois não ?
sereno incesto
em pleno decorrer de alma gêmea, serena, personagem da priscila fantin, diz que não pode fazer qualquer coisa para que foi chamada porque tem que dar banho no terê, arrematando com o "eu gosto disso". o terê, mal cabe na tina, por isso mesmo já grandinho o suficiente, ao menos para botar-lhe nas coxas e vice-versa. tudo isso na novela das seis ?! passada nos anos 30-40?!
enquanto isto conar suspende, por decisao unânime, anúncio do forum ipanema, no rio, no qual adolescente aparece pelo buraco da fechadura trocando de roupa, debaixo da sugestao - “mostre para o seu pai o que os outros homens já perceberam faz tempo - que você cresceu”. foi considerada inadequada, “vez que se baseia no olhar incestuoso, do pai que cobiça a filha”, concluiu o relatorio. além da suspensao da peça, 100% Propaganda, agência que criou o comercial e o anunciante receberam avertência,
incesto continua tabu, mesmo light, entranhado no pensamento decisório da sociedade. no dia-a-dia, pai que come filha, só perde pra tio, resgistram estatísticas das ocorrências. deve ser por isso que conar é tão zeloso. sabe como é: a propaganda é a responsável pelas mazelas da nossa sociedade contribuindo para a decadencia dos costumes, sempre que podem advertem-nos os benfeitores de plantão.
enquanto isto conar suspende, por decisao unânime, anúncio do forum ipanema, no rio, no qual adolescente aparece pelo buraco da fechadura trocando de roupa, debaixo da sugestao - “mostre para o seu pai o que os outros homens já perceberam faz tempo - que você cresceu”. foi considerada inadequada, “vez que se baseia no olhar incestuoso, do pai que cobiça a filha”, concluiu o relatorio. além da suspensao da peça, 100% Propaganda, agência que criou o comercial e o anunciante receberam avertência,
incesto continua tabu, mesmo light, entranhado no pensamento decisório da sociedade. no dia-a-dia, pai que come filha, só perde pra tio, resgistram estatísticas das ocorrências. deve ser por isso que conar é tão zeloso. sabe como é: a propaganda é a responsável pelas mazelas da nossa sociedade contribuindo para a decadencia dos costumes, sempre que podem advertem-nos os benfeitores de plantão.
finalmente juntos
quem foi que disse que o natal tem que ter aquele bolor de sessão da tarde ?
excetuando-se o patropi, onde continua recorrente a decaente pedofilia de papais noéis a sentarem ao colos crianças idiotizadas pelos pais, com coreografia cada vez mais relaxada e nenhum papai noel negro, nova safra de papais noéis ou pai natais bebados, tarados e ladrões tornam a época natalina menos maçante,
mistos assumidos de billy bob thornton e grinch, vide material do bluebus de ontem, destaca destacam-se, dos 40 papais nóeis bebados que causaram tumulto num shopping na nova zelândia – que presente! –roubando e atacando os seguranças, ao bom velhinho tarado que abre a rouba e balança o sino para as mulheres, na inglaterra, e por aí vai com mais casos na alemanha,
agora papais noeis vestidos de azuis a perguntar o que é que as pessoas querem em 2006, tem nada de novo não, liquidação azul do shopping rio sul já fez isso no tempo em que mesmo não se acreditando em papai noel acreditava-se – e fazia-se – boa propaganda.
depois disso,, é só meia vazia na janelinha de 14 a 32 polegadas.
plasma mais além?
excetuando-se o patropi, onde continua recorrente a decaente pedofilia de papais noéis a sentarem ao colos crianças idiotizadas pelos pais, com coreografia cada vez mais relaxada e nenhum papai noel negro, nova safra de papais noéis ou pai natais bebados, tarados e ladrões tornam a época natalina menos maçante,
mistos assumidos de billy bob thornton e grinch, vide material do bluebus de ontem, destaca destacam-se, dos 40 papais nóeis bebados que causaram tumulto num shopping na nova zelândia – que presente! –roubando e atacando os seguranças, ao bom velhinho tarado que abre a rouba e balança o sino para as mulheres, na inglaterra, e por aí vai com mais casos na alemanha,
agora papais noeis vestidos de azuis a perguntar o que é que as pessoas querem em 2006, tem nada de novo não, liquidação azul do shopping rio sul já fez isso no tempo em que mesmo não se acreditando em papai noel acreditava-se – e fazia-se – boa propaganda.
depois disso,, é só meia vazia na janelinha de 14 a 32 polegadas.
plasma mais além?
presentinho de natal
não precisavam se incomodar. mas já que vocês insistem: despachem a xuxa para o retiro dos artistas, e não esqueçam a sasha, que já nasceu anciâ.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
em tom professoral
— adoro ser enganada pela boa publicidade. de uma professora do então segundo grau.
e então? andas enganando bem ou não passas de um enganador ?
e então? andas enganando bem ou não passas de um enganador ?
mba
marketing dos camelôs de remédio ou o mundo da camelotagem, do liêdo maranhão, 2004, edições do autor,cepe. isto sim é um master businesses administration, ao contrário dos mbas que estão fazendo concorrência desleal com as organizações tabajara.
aproveita a oportunidade e leva o " comida de pobre", do mesmo liêdo, 1994, edições bagaço. inda mais você publicitário que não tem mais lugar à mesa de tâmaras, castanhas e bacalhau, que aliás no tempo da segunda guerra era comida de pobre mesmo. mas essa informação não e do livro do liêdo não. é tirada da própria pele. minha? ´magina, do bacalhau ora essa.
aproveita a oportunidade e leva o " comida de pobre", do mesmo liêdo, 1994, edições bagaço. inda mais você publicitário que não tem mais lugar à mesa de tâmaras, castanhas e bacalhau, que aliás no tempo da segunda guerra era comida de pobre mesmo. mas essa informação não e do livro do liêdo não. é tirada da própria pele. minha? ´magina, do bacalhau ora essa.
amoleça seu coração, é tempo de presentes
para os inimigos mais chegados:
vou cuspir no seu túmulo, do bóris vian, ediouro.
detalhe: o cara previu que ia morrer cedo e morreu aos 32 anos, sozinho, no cinema, vendo uma adaptação do romance.
para os amigos metidos a diretores de criação:
brasil: 100 anos de propaganda do nélson varon cadena, principalmente para aqueles que ficam esfregando shots e archive na sua cara. propaganda com a nossa fuça, feita e consumida com um sorrisinho sacana na bôca, inté nas brejeiras, coisa que hoje nao se faz mais, pois a nossa propaganda não tem mais cara e alma de brasil. e nem bunda pelo que se vê ultimamente.
depois deste livro eles vão ter vergonha de chupar os anuários até no banheiro o que explica mas não justifica certas xerox cagadas.
para atendimentos que se fantasiam de planejadores e certos donos de agência tipo agámattos:
sobre falar merda do frankfurt harry, da intrinseca. o titulo já diz tudo. mas fazer é com eles mesmo. p.s. se você frequenta a lista do CCPE auto-recomende-se enquanto é tempo.
para as mulheres que você queria mas nunca comeu :
a vida sexual da mulher feia, claudia tage, prestigio. a claudia não é nenhum monumento, mas tem um tiquezinho e cara de coelhinho que vai descascar cenoura que você fica com vontade de comer, opps, ler. e mais não fosse, é redatora publicitária que mandou bem na escrita.
e como não somos machistas, titulo paras as mulheres que não comeram o borracheiro:
eu uso galocha, porque você brocha. edições do autor, a pedidos das ditas cujas.
vou cuspir no seu túmulo, do bóris vian, ediouro.
detalhe: o cara previu que ia morrer cedo e morreu aos 32 anos, sozinho, no cinema, vendo uma adaptação do romance.
para os amigos metidos a diretores de criação:
brasil: 100 anos de propaganda do nélson varon cadena, principalmente para aqueles que ficam esfregando shots e archive na sua cara. propaganda com a nossa fuça, feita e consumida com um sorrisinho sacana na bôca, inté nas brejeiras, coisa que hoje nao se faz mais, pois a nossa propaganda não tem mais cara e alma de brasil. e nem bunda pelo que se vê ultimamente.
depois deste livro eles vão ter vergonha de chupar os anuários até no banheiro o que explica mas não justifica certas xerox cagadas.
para atendimentos que se fantasiam de planejadores e certos donos de agência tipo agámattos:
sobre falar merda do frankfurt harry, da intrinseca. o titulo já diz tudo. mas fazer é com eles mesmo. p.s. se você frequenta a lista do CCPE auto-recomende-se enquanto é tempo.
para as mulheres que você queria mas nunca comeu :
a vida sexual da mulher feia, claudia tage, prestigio. a claudia não é nenhum monumento, mas tem um tiquezinho e cara de coelhinho que vai descascar cenoura que você fica com vontade de comer, opps, ler. e mais não fosse, é redatora publicitária que mandou bem na escrita.
e como não somos machistas, titulo paras as mulheres que não comeram o borracheiro:
eu uso galocha, porque você brocha. edições do autor, a pedidos das ditas cujas.
a literatura brasileira fica me devendo
dia oito de dezembro fiz-lhe um grande favor. não fui ao lançamento de um certo livro mineral que se quis maldito e visceral. anunciado até nos fartar com titulinhos demonstrativos de que, para além de fazer má literatura, o autor, não satisfeito com o que faz na publicidade, ainda fez mais das suas alardeando o livro com diluições de conceitos fartamente usados.. orelha por orelha, fico com a de burro, então. porque só trepo a estante pelo que vale a pena.
não me venha dizer qu´ eu tenho birra contra autores novos. mas cacete!, como diria picasso, leva-se muito tempo para se ser jovem. eu, por exemplo ainda continuo velho e o mesmo ranzinza de sempre.
e por falar nisso, que tal um livro de um autor jovem? rubens fonseca, que lançou o mandrake mas não é nenhum mandrake acima está de livro jovem de novo.
"Se, como disse Keynes – citado por Eduardo Giannetti em seu novo livro sobre juros –, à medida que envelhece, o homem vai desistindo da criação e da construção, e vai se apegando mais ao dinheiro e à segurança, então Rubem Fonseca deve ser uma exceção. Um dos maiores contistas brasileiros vivos, como convém sempre lembrar, nunca produziu tanto como a partir dos seus 65 anos – época que coincide com a consolidação da editora Companhia das Letras (é sabido que o editor Luiz Schwarcz quis, desde o começo, ter em seu catálogo as obras do autor de Feliz Ano Novo ). Foram, desde 1990, quatro romances (sendo que um histórico e um biográfico), duas novelas e seis livros de contos – fora antologias, reedições e participações em coletâneas esparsas. Ao contrário de seu personagem Gustavo Flávio, o poeta que detestava ser indagado sobre o que andava escrevendo, Rubem Fonseca, dos anos 90 pra cá, poderia responder sempre positivamente à mesma questão. E desde 1997, especialmente, vem inclusive ressuscitando o próprio Gustavo Flávio e o detetive Mandrake – duas de suas criaturas mais evocadas. Do meio do mundo prostituto, só amores guardei ao meu charuto (1997) mistura, justamente, os dois; e Mandrake: a Bíblia e a bengala (2005) trouxe, evidentemente, Mandrake de volta, solo, em duas histórias policiais escritas e publicadas agora. Tendo em mente esse panorama, de produção alucinante, em uma década e meia, é possível descontar o fato de que, mesmo em grande estilo e forma (para um homem de 80 anos), Rubem Fonseca vem se repetindo um pouco. Ou será que nós – que o lemos e que o amamos tanto – fomos desvendando seus mistérios logo nas primeiras folhas com o passar dos anos? Rubem Fonseca, ainda assim (ainda que não nos surpreenda nem nos desaponte), continua dando aulas de bom português, continua levantando sobrancelhas e sobrolhos, e continua entretendo como poucos. Enfim: o que mais esperar de um autor dando as últimas pinceladas na sua obra?
o selvagem da opera, by julio daio borges sobre Mandrake: a Bíblia e a bengala - Rubem Fonseca - 200 págs. - Companhia das Letras, a dezenove e noventa pauzinhos.
não me venha dizer qu´ eu tenho birra contra autores novos. mas cacete!, como diria picasso, leva-se muito tempo para se ser jovem. eu, por exemplo ainda continuo velho e o mesmo ranzinza de sempre.
e por falar nisso, que tal um livro de um autor jovem? rubens fonseca, que lançou o mandrake mas não é nenhum mandrake acima está de livro jovem de novo.
"Se, como disse Keynes – citado por Eduardo Giannetti em seu novo livro sobre juros –, à medida que envelhece, o homem vai desistindo da criação e da construção, e vai se apegando mais ao dinheiro e à segurança, então Rubem Fonseca deve ser uma exceção. Um dos maiores contistas brasileiros vivos, como convém sempre lembrar, nunca produziu tanto como a partir dos seus 65 anos – época que coincide com a consolidação da editora Companhia das Letras (é sabido que o editor Luiz Schwarcz quis, desde o começo, ter em seu catálogo as obras do autor de Feliz Ano Novo ). Foram, desde 1990, quatro romances (sendo que um histórico e um biográfico), duas novelas e seis livros de contos – fora antologias, reedições e participações em coletâneas esparsas. Ao contrário de seu personagem Gustavo Flávio, o poeta que detestava ser indagado sobre o que andava escrevendo, Rubem Fonseca, dos anos 90 pra cá, poderia responder sempre positivamente à mesma questão. E desde 1997, especialmente, vem inclusive ressuscitando o próprio Gustavo Flávio e o detetive Mandrake – duas de suas criaturas mais evocadas. Do meio do mundo prostituto, só amores guardei ao meu charuto (1997) mistura, justamente, os dois; e Mandrake: a Bíblia e a bengala (2005) trouxe, evidentemente, Mandrake de volta, solo, em duas histórias policiais escritas e publicadas agora. Tendo em mente esse panorama, de produção alucinante, em uma década e meia, é possível descontar o fato de que, mesmo em grande estilo e forma (para um homem de 80 anos), Rubem Fonseca vem se repetindo um pouco. Ou será que nós – que o lemos e que o amamos tanto – fomos desvendando seus mistérios logo nas primeiras folhas com o passar dos anos? Rubem Fonseca, ainda assim (ainda que não nos surpreenda nem nos desaponte), continua dando aulas de bom português, continua levantando sobrancelhas e sobrolhos, e continua entretendo como poucos. Enfim: o que mais esperar de um autor dando as últimas pinceladas na sua obra?
o selvagem da opera, by julio daio borges sobre Mandrake: a Bíblia e a bengala - Rubem Fonseca - 200 págs. - Companhia das Letras, a dezenove e noventa pauzinhos.
especial de fim de ano
alguém precisa urgentemente indicar um novo cabelereiro para o roberto carlos. quem sabe assim ele deixa de pedir emprestadas as perucas do elton john.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
visto de entrada
em 92 a nike pagou 20 milhões de dólares a michael jordan, mais do que a companhia gastou com todos os seus 30 mil trabalhadores na indonésia. naomi klein, no logo, a tirania das marcas em um planeta vendido, record.
quarta ah portuguesa: sobre falar merda, o livro
"Um dos traços mais notáveis de nossa cultura é que se fale tanta bobagem. Todos sabem disso. Cada um contribui com sua parte, mas tendemos a não perceber essa situação. A maioria das pessoas confia muito em sua capacidade de reconhecer quando se está falando bobagem e de evitar se envolver. Assim, o fenômeno nunca despertou preocupações especiais nem induziu uma investigação sistemática. Por causa disso, não temos uma idéia clara do que é 'falar merda', da razão para que se fale tanta ou para que serve. "Escrito com muito humor, o livro que se aborda hoje, retrata o nosso tempo ao expor um ato que define com precisão a sociedade moderna."
Falação que consome o tempo
Numa carta de 4 de abril de 1654, o padre António Vieira faz esta advertência a D. João IV, rei de Portugal - 'Me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador. Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece. Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um'.
O trecho, de uma previdência e concisão admiráveis, torna ainda mais deprimentes pelo menos dois aspectos da atual crise política - os sinais de que a corrupção continua uma prática rotineira nos altos postos do Estado brasileiro, por um lado, e a retórica pobre e vazia dos que se dizem dedicados a combatê-la, por outro.
Quem acompanha as investigações sabe que o palavrório dos interrogadores pode ser mais enervante do que as negativas dos interrogados. Mas enquanto depoentes recorrem à Justiça para não serem obrigados a falar a verdade, ninguém precisa ir ao STF para garantir o direito de fazer discursos entediantes em vez de perguntas. Todos concordamos, afinal, que falar besteira cansa, mas não é nem de longe uma falta tão grave quanto mentir.
Best-seller nos Estados Unidos
Pois Harry G. Frankfurt discorda. Ele é o autor de Sobre falar merda , um ensaio que procura definir o significado preciso de um fenômeno tão disseminado (é uma 'ubiqüidade impublicável', nos dizeres do 'New York Times') quanto pouco estudado - 'bullshit', no original em inglês, ou o 'falar merda' na tradução. Filósofo e professor da Universidade de Princeton, Frankfurt escreveu o ensaio em 1985, mas só no início deste ano concordou em lançá-lo num volume único, embora o achasse muito curto para isso.
O livrinho foi um sucesso
Chegou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do 'New York Times' e há planos para traduzí-lo em mais de dez idiomas — o que demonstra a amplitude do fenômeno estudado - 'Um dos traços mais evidentes de nossa cultura é que se fale tanta merda. Todos sabem disso. Cada um de nós contribui com sua parte', diz o autor.
Frankfurt procura definir o 'falar merda' através de uma comparação com outras formas de desonestidade - a mentira, o blefe, a dissimulação. Sua conclusão é que ele não apenas é um fenômeno distinto de todos esses, como também é, de todos, o mais danoso à verdade, porque sua essência é uma 'falta de preocupação com a verdade', ou 'indiferença em relação ao modo como as coisas realmente são'.
Pelas definições de Frankfurt , um cônjuge infiel que diz ter ficado até mais tarde trabalhando no escritório é um mentiroso. Já um homem que discorre, num encontro, sobre a beleza dos pensamentos de Deepak Chopra está provavelmente falando besteira. O mentiroso quer enganar o outro sobre um fato (onde estava até agora), enquanto o falador de besteira quer enganar o outro a respeito de si mesmo e de suas intenções.
'O fato que o falador de merda oculta sobre si é que o valor de verdade de suas afirmações não tem um interesse fundamental para ele', escreve Frankfurt . O que interessa ao homem do encontro é convencer a mulher de que é uma pessoa sensível. O real mérito (ou falta de) da obra de Deepak Chopra é irrelevante, neste caso.
Por isso Frankfurt sente-se tão incomodado pelo ato de falar merda. Quem fala 'não rejeita a autoridade da verdade, como faz o mentiroso, e opõe-se a ela; simplesmente, não lhe dá a menor atenção. Em virtude disso, falar merda é um inimigo muito pior da verdade do que mentir'. Como ele próprio reconhece, seu livro é um novo capítulo numa velha briga - a dos filósofos contra formas de discurso que não tomam a verdade como valor fundamental.
Sobre falar merda é tanto um livro sobre o assunto anunciado no título quanto sobre a verdade (no momento, Frankfurt escreve um livro sobre a importância da verdade). O autor procura reafirmar a necessidade de um pensamento rigoroso, que busque conformidade com os fatos. Ele identifica como causas da difusão do falatório não apenas as exigências da vida pública, em que indivíduos são interpelados a manifestar-se sobre assuntos que não dominam, mas também a própria crítica pós-moderna à idéia de verdade.
Segundo ele, o ceticismo sobre a possibilidade de 'sabermos como as coisas na verdade são' faz com que o ideal de correção no pensamento seja substituído pelo ideal de sinceridade. 'É como se a pessoa percebesse que, uma vez que não faz sentido tentar ser fiel aos fatos, deve, em vez disso, esforçar-se para ser fiel a si mesma', escreve. Mas isso, argumenta, é um erro - 'Nossa natureza é enganosamente sem substância — muito menos estável que a natureza das outras coisas. E, já que o caso é esse, sinceridade nada mais é do que falar merda', diz.
O ridículo de quem afeta indignação e sinceridade
Frankfurt escreve com graça, mas alguns argumentos, como este, não são desenvolvidos com a extensão que se poderia desejar. É o que ocorre com o aspecto humorístico da 'falação de merda'. Frankfurt não deixa de reconhecer o ridículo de quem afeta indignação e sinceridade como estratégia de promoção pessoal. Mas, à maneira de Buster Keaton, prefere deixar que a comicidade da situação se manifeste sem que precise enunciá-la diretamente. Ele, afinal, está preocupado em demonstrar que talvez devêssemos ser menos tolerantes.
Miguel Bezzi Conde
sobre falar merda, harry frankfurt, no brasil publicado pela intrinseca. se não publicado em portugal, considerem-se discriminados por sua obra.
por via das dúvidas já me recomendei o livro. mantenham-no a cabeceira, publicitarios.
Falação que consome o tempo
Numa carta de 4 de abril de 1654, o padre António Vieira faz esta advertência a D. João IV, rei de Portugal - 'Me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador. Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece. Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um'.
O trecho, de uma previdência e concisão admiráveis, torna ainda mais deprimentes pelo menos dois aspectos da atual crise política - os sinais de que a corrupção continua uma prática rotineira nos altos postos do Estado brasileiro, por um lado, e a retórica pobre e vazia dos que se dizem dedicados a combatê-la, por outro.
Quem acompanha as investigações sabe que o palavrório dos interrogadores pode ser mais enervante do que as negativas dos interrogados. Mas enquanto depoentes recorrem à Justiça para não serem obrigados a falar a verdade, ninguém precisa ir ao STF para garantir o direito de fazer discursos entediantes em vez de perguntas. Todos concordamos, afinal, que falar besteira cansa, mas não é nem de longe uma falta tão grave quanto mentir.
Best-seller nos Estados Unidos
Pois Harry G. Frankfurt discorda. Ele é o autor de Sobre falar merda , um ensaio que procura definir o significado preciso de um fenômeno tão disseminado (é uma 'ubiqüidade impublicável', nos dizeres do 'New York Times') quanto pouco estudado - 'bullshit', no original em inglês, ou o 'falar merda' na tradução. Filósofo e professor da Universidade de Princeton, Frankfurt escreveu o ensaio em 1985, mas só no início deste ano concordou em lançá-lo num volume único, embora o achasse muito curto para isso.
O livrinho foi um sucesso
Chegou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do 'New York Times' e há planos para traduzí-lo em mais de dez idiomas — o que demonstra a amplitude do fenômeno estudado - 'Um dos traços mais evidentes de nossa cultura é que se fale tanta merda. Todos sabem disso. Cada um de nós contribui com sua parte', diz o autor.
Frankfurt procura definir o 'falar merda' através de uma comparação com outras formas de desonestidade - a mentira, o blefe, a dissimulação. Sua conclusão é que ele não apenas é um fenômeno distinto de todos esses, como também é, de todos, o mais danoso à verdade, porque sua essência é uma 'falta de preocupação com a verdade', ou 'indiferença em relação ao modo como as coisas realmente são'.
Pelas definições de Frankfurt , um cônjuge infiel que diz ter ficado até mais tarde trabalhando no escritório é um mentiroso. Já um homem que discorre, num encontro, sobre a beleza dos pensamentos de Deepak Chopra está provavelmente falando besteira. O mentiroso quer enganar o outro sobre um fato (onde estava até agora), enquanto o falador de besteira quer enganar o outro a respeito de si mesmo e de suas intenções.
'O fato que o falador de merda oculta sobre si é que o valor de verdade de suas afirmações não tem um interesse fundamental para ele', escreve Frankfurt . O que interessa ao homem do encontro é convencer a mulher de que é uma pessoa sensível. O real mérito (ou falta de) da obra de Deepak Chopra é irrelevante, neste caso.
Por isso Frankfurt sente-se tão incomodado pelo ato de falar merda. Quem fala 'não rejeita a autoridade da verdade, como faz o mentiroso, e opõe-se a ela; simplesmente, não lhe dá a menor atenção. Em virtude disso, falar merda é um inimigo muito pior da verdade do que mentir'. Como ele próprio reconhece, seu livro é um novo capítulo numa velha briga - a dos filósofos contra formas de discurso que não tomam a verdade como valor fundamental.
Sobre falar merda é tanto um livro sobre o assunto anunciado no título quanto sobre a verdade (no momento, Frankfurt escreve um livro sobre a importância da verdade). O autor procura reafirmar a necessidade de um pensamento rigoroso, que busque conformidade com os fatos. Ele identifica como causas da difusão do falatório não apenas as exigências da vida pública, em que indivíduos são interpelados a manifestar-se sobre assuntos que não dominam, mas também a própria crítica pós-moderna à idéia de verdade.
Segundo ele, o ceticismo sobre a possibilidade de 'sabermos como as coisas na verdade são' faz com que o ideal de correção no pensamento seja substituído pelo ideal de sinceridade. 'É como se a pessoa percebesse que, uma vez que não faz sentido tentar ser fiel aos fatos, deve, em vez disso, esforçar-se para ser fiel a si mesma', escreve. Mas isso, argumenta, é um erro - 'Nossa natureza é enganosamente sem substância — muito menos estável que a natureza das outras coisas. E, já que o caso é esse, sinceridade nada mais é do que falar merda', diz.
O ridículo de quem afeta indignação e sinceridade
Frankfurt escreve com graça, mas alguns argumentos, como este, não são desenvolvidos com a extensão que se poderia desejar. É o que ocorre com o aspecto humorístico da 'falação de merda'. Frankfurt não deixa de reconhecer o ridículo de quem afeta indignação e sinceridade como estratégia de promoção pessoal. Mas, à maneira de Buster Keaton, prefere deixar que a comicidade da situação se manifeste sem que precise enunciá-la diretamente. Ele, afinal, está preocupado em demonstrar que talvez devêssemos ser menos tolerantes.
Miguel Bezzi Conde
sobre falar merda, harry frankfurt, no brasil publicado pela intrinseca. se não publicado em portugal, considerem-se discriminados por sua obra.
por via das dúvidas já me recomendei o livro. mantenham-no a cabeceira, publicitarios.
em que somos irmãos
portugueses e brasileiros vivem ás turras entre juras de amor, publicitários então, alguns mais originais que caim e abel.
mas a despeito de tudo que acontece o que nos une mesmo é a solidariedade, sentimento contagiante, que a malta internaliza na boa terra onde estudantes de publicidade e jornalismo já podem desde já na queima das fitas ensaiando os números musicais e os malabarismos que terão de criar para sobreviver as portas do metrô. não ?
“Aproximadamente 60% dos jornalistas graduados em universidades latino-americanas ganham o diploma e vão direto para o desemprego ou para outras atividades. Esta assustadora estatística ocupou o centro de um debate no Colóquio Internacional Sobre a Sociedade da Informação, realizado em Santiago do Chile, no começo de dezembro.
"Foi impossível estabelecer números absolutos apesar de o evento contar com a participação de diretores de algumas das mais importantes faculdades de jornalismo da América Latina. Um expositor chegou a mencionar, conservadoramente, três mil recém-formados sem emprego, anualmente, em toda a região."
e então, anda melhor a malta portuguêsa ou nos dá sua amostragem de solidariedade ?
não vou nem revelar os números da publicidade cujas faculdades mais parececem colônias de ratos, a reproduzirem-se e a desempregados sem dor nem piedade.
os números do desemprego não consideram - no jornalismo e na publicidade, que não vou revelar porque este columblog é construtivo - o mal maior: o sub-emprego, que se torna ainda pior quando acontece dentro da própria atividade.
ou alguém tem dúvida que mais de 80 por cento dos publicitários e jornalistas estão sub-empregados, embrulhados em recibos verdes e outras práticas ?
que me responda o alfinete no peito.
mas a despeito de tudo que acontece o que nos une mesmo é a solidariedade, sentimento contagiante, que a malta internaliza na boa terra onde estudantes de publicidade e jornalismo já podem desde já na queima das fitas ensaiando os números musicais e os malabarismos que terão de criar para sobreviver as portas do metrô. não ?
“Aproximadamente 60% dos jornalistas graduados em universidades latino-americanas ganham o diploma e vão direto para o desemprego ou para outras atividades. Esta assustadora estatística ocupou o centro de um debate no Colóquio Internacional Sobre a Sociedade da Informação, realizado em Santiago do Chile, no começo de dezembro.
"Foi impossível estabelecer números absolutos apesar de o evento contar com a participação de diretores de algumas das mais importantes faculdades de jornalismo da América Latina. Um expositor chegou a mencionar, conservadoramente, três mil recém-formados sem emprego, anualmente, em toda a região."
e então, anda melhor a malta portuguêsa ou nos dá sua amostragem de solidariedade ?
não vou nem revelar os números da publicidade cujas faculdades mais parececem colônias de ratos, a reproduzirem-se e a desempregados sem dor nem piedade.
os números do desemprego não consideram - no jornalismo e na publicidade, que não vou revelar porque este columblog é construtivo - o mal maior: o sub-emprego, que se torna ainda pior quando acontece dentro da própria atividade.
ou alguém tem dúvida que mais de 80 por cento dos publicitários e jornalistas estão sub-empregados, embrulhados em recibos verdes e outras práticas ?
que me responda o alfinete no peito.
dichionário
queima das fitas: festa da formatura( ultimo momento de alegria, duplo com o fim do pagamento das propinas, antes do desemprego)
malta: galera, moçada, turma
propina: anuidade do curso. no brasil, malta, tem o significado de dinheiro ilicito dado ou ganho para a obtenção de favores e ou facilidades, em escala menor de valor, também chamada de bola. mas pensando bem, pagar propina para se conseguir um desemprego superior não deixa de ser ilícito.
malta: galera, moçada, turma
propina: anuidade do curso. no brasil, malta, tem o significado de dinheiro ilicito dado ou ganho para a obtenção de favores e ou facilidades, em escala menor de valor, também chamada de bola. mas pensando bem, pagar propina para se conseguir um desemprego superior não deixa de ser ilícito.
quiz
quantos publicitários portugueses teriam lido a primeira parte da teoria e prática do comércio - a essência do comércio - do alterego de publicitario fernando pessoa ? por aqui, a brasucada anda sendo ensinada ou seria incitada a fazê-lo.
visto de saída
propaganda comercial, embora deva ser executada com ética, não é guardiã de ideologias, crenças e costumes; é instrumento de vendas e como tal deve ser encarada. zeca martins.
mas se você puder agregar algum valor humanista onde houver brecha, faça-o. a sociedade, seu país, a humanidade agridoce, ou deveria.
mas se você puder agregar algum valor humanista onde houver brecha, faça-o. a sociedade, seu país, a humanidade agridoce, ou deveria.
terça-feira, dezembro 20, 2005
publicitários de carteirinha
publicitários serão agraciados com carteira de identidade em 2006.
"A partir de 2006, começa a ser emitida a Carteira de Identidade do Publicitário. O modelo já está aprovado pela Delegacia Regional do Trabalho do RS. Vale para todo o País. A carteira será exclusiva para diplomados em Publicidade e os registrados na DRT do RS. O presidente da Alap (Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade) João Firme, considera que "nos 40 anos da existência da Lei 4.680/65 esta iniciativa é uma homenagem justa a Antônio Mafuz e Petrônio Corrêa, os paladinos na criação do exercício da profissão de publicitário". O João já tá providenciando a carteira dele, olha aí”.
isto me lembra o que faziam no passado com as atrizes, dercy gonçalves que o diga, equiparadas as putas, tendo como elas que ter carteirinha. tá certo que o mercado tá uma putaria só, mas carteirinha pra quê ? pra dar desconto ?
"A partir de 2006, começa a ser emitida a Carteira de Identidade do Publicitário. O modelo já está aprovado pela Delegacia Regional do Trabalho do RS. Vale para todo o País. A carteira será exclusiva para diplomados em Publicidade e os registrados na DRT do RS. O presidente da Alap (Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade) João Firme, considera que "nos 40 anos da existência da Lei 4.680/65 esta iniciativa é uma homenagem justa a Antônio Mafuz e Petrônio Corrêa, os paladinos na criação do exercício da profissão de publicitário". O João já tá providenciando a carteira dele, olha aí”.
isto me lembra o que faziam no passado com as atrizes, dercy gonçalves que o diga, equiparadas as putas, tendo como elas que ter carteirinha. tá certo que o mercado tá uma putaria só, mas carteirinha pra quê ? pra dar desconto ?
evocando graciliano ramos ou agora é meio de vida
praga? a mutação de um velho vírus? pró-reitoria de extensão da ignorância consentida? será o benedito?
estantes da cultura não mais se aguentavam de livros de auto-ajuda. agora empenam-se de protozoários da literatura de marketing – tão apelando tanto que tem até livro com foto de cachorro na capa e título que nenhum copydesk salva: seu chefe é um cachorro ? au! que levanto a perna e mijo quando me chama atenção a displasia micada nas versões quase auto-ajuda dos manuais de redação publicitária.
tá chovendo nas estantes. o que é pior: para além do fato de serem todos caganhos de style de publicitários passados em branco - branco de nizam só na sexta gente – mesmo os mais modestos que dizem que não podem ensinar você a ser um grande redator, ou make happier copies - insinuam isto mesmo. salvo os perdidos numa estante suja de acadêmicos com sua linguagem perdulária que pretendem nos iniciar aos oxímoros e falanges aristotélicas das estruturas da escrivinhação. que pandemônio!
roberto menna barreto, que recém lancou o seu menos mal copy criativo, cópia de versões inglesas, acerta de novo quando diz que todos são de uma chatice a toda prova, abrindo exceção para o redação publicitária do zeca martins. zeca que apesar de confessar-se jeca, como todo jeca está bem espertinho no filão.
auto-recomendam-se tais livros como oficialmente adotados em cursos, seminários, workshops, círculos, saraus e os escambaus e não passam de pirulitos de artimanhas sobre redação que tem mais sabor no papel do que na bola que dão pra você chupar. mesmo que tenham o aval do duailibi, como para o livro do carrascoza, por exemplo.
de há muito que foi dito e bem dito, que para escrever bem, começe por ler bem. e vá intercalando com o exercício balde que consiste em chutá-lo toda vez que partir para redigir algo com intenções de seduzir à venda. ora, porquê ? no que consiste no negócio da propaganda, do marketing, da comunicação ? fulcralmente um negócio de palavras, ave! mrs. cozinheiro ogilvy. e ainda assim tanta gente que não sabe escrever nada aproveitável, principalmente redatores!? justamente porque estão entupindo-se de regras, a começar da malfadada não se começa título com não.
os tais livros,equalizam princípios de lugares comuns que só o deixam de ser quando justamente alçados a condição de copies por quem quebra regras. senão, santa inocência, teríamos uma safra do sempre tudo igual, como já a temos — não, não se pode culpar estes livros pela pasteurização dos textos na propaganda hodierna: é falta de culhão mesmo, muito mais do que talento, vocação, preguiça.
quer escrever bem? gaste rolos e rolos de papel higiênico. use pc, mac, bic, até máquina de escrever elétrica ou manual, até fazer dedo nos calos. até sangrar as idéias. escreva, escreva, reescreva, até copie, mas não se contente com seu produto final quando ele parecer bom. texto bom é apenas mais um texto, apesar de tanta ruindade que é veiculada e premiada por aí. e de mais um em mais um publicidade não faz serão.
não se esqueça nunca que o bom é o inimigo do ótimo.
não faça como eu que adotei como norma 30 minutos para produzir o columblog do dia — tá vendo a merda que ficou ?
não se preocupe em ser rápido. ejaculação precoce nunca deu camisa a ninguém. preocupe-se em ser absurdamente rápido no convencimento, mesmo que isso leve um anúncio de página de página inteira.
gaste suas idéias até não mais gastar. lembre-se que o bom texto publicitário, não deve se preocupar em ser o texto grand-prix e sim o texto que vendeu a peça. mas pelo amor a sua porra não justifique textos de merda com a mesma merda de sempre: tá uma merda mais vende.
parafraseie graciliano ramos: “ acho que o escritor não deve dizer as grandes verdades. e sim, as pequenas, aquelas que nos faltam no dia a dia. “.
nada mais verdadeiro para o texto de um anúncio publicitário.
e pau no keko!
estantes da cultura não mais se aguentavam de livros de auto-ajuda. agora empenam-se de protozoários da literatura de marketing – tão apelando tanto que tem até livro com foto de cachorro na capa e título que nenhum copydesk salva: seu chefe é um cachorro ? au! que levanto a perna e mijo quando me chama atenção a displasia micada nas versões quase auto-ajuda dos manuais de redação publicitária.
tá chovendo nas estantes. o que é pior: para além do fato de serem todos caganhos de style de publicitários passados em branco - branco de nizam só na sexta gente – mesmo os mais modestos que dizem que não podem ensinar você a ser um grande redator, ou make happier copies - insinuam isto mesmo. salvo os perdidos numa estante suja de acadêmicos com sua linguagem perdulária que pretendem nos iniciar aos oxímoros e falanges aristotélicas das estruturas da escrivinhação. que pandemônio!
roberto menna barreto, que recém lancou o seu menos mal copy criativo, cópia de versões inglesas, acerta de novo quando diz que todos são de uma chatice a toda prova, abrindo exceção para o redação publicitária do zeca martins. zeca que apesar de confessar-se jeca, como todo jeca está bem espertinho no filão.
auto-recomendam-se tais livros como oficialmente adotados em cursos, seminários, workshops, círculos, saraus e os escambaus e não passam de pirulitos de artimanhas sobre redação que tem mais sabor no papel do que na bola que dão pra você chupar. mesmo que tenham o aval do duailibi, como para o livro do carrascoza, por exemplo.
de há muito que foi dito e bem dito, que para escrever bem, começe por ler bem. e vá intercalando com o exercício balde que consiste em chutá-lo toda vez que partir para redigir algo com intenções de seduzir à venda. ora, porquê ? no que consiste no negócio da propaganda, do marketing, da comunicação ? fulcralmente um negócio de palavras, ave! mrs. cozinheiro ogilvy. e ainda assim tanta gente que não sabe escrever nada aproveitável, principalmente redatores!? justamente porque estão entupindo-se de regras, a começar da malfadada não se começa título com não.
os tais livros,equalizam princípios de lugares comuns que só o deixam de ser quando justamente alçados a condição de copies por quem quebra regras. senão, santa inocência, teríamos uma safra do sempre tudo igual, como já a temos — não, não se pode culpar estes livros pela pasteurização dos textos na propaganda hodierna: é falta de culhão mesmo, muito mais do que talento, vocação, preguiça.
quer escrever bem? gaste rolos e rolos de papel higiênico. use pc, mac, bic, até máquina de escrever elétrica ou manual, até fazer dedo nos calos. até sangrar as idéias. escreva, escreva, reescreva, até copie, mas não se contente com seu produto final quando ele parecer bom. texto bom é apenas mais um texto, apesar de tanta ruindade que é veiculada e premiada por aí. e de mais um em mais um publicidade não faz serão.
não se esqueça nunca que o bom é o inimigo do ótimo.
não faça como eu que adotei como norma 30 minutos para produzir o columblog do dia — tá vendo a merda que ficou ?
não se preocupe em ser rápido. ejaculação precoce nunca deu camisa a ninguém. preocupe-se em ser absurdamente rápido no convencimento, mesmo que isso leve um anúncio de página de página inteira.
gaste suas idéias até não mais gastar. lembre-se que o bom texto publicitário, não deve se preocupar em ser o texto grand-prix e sim o texto que vendeu a peça. mas pelo amor a sua porra não justifique textos de merda com a mesma merda de sempre: tá uma merda mais vende.
parafraseie graciliano ramos: “ acho que o escritor não deve dizer as grandes verdades. e sim, as pequenas, aquelas que nos faltam no dia a dia. “.
nada mais verdadeiro para o texto de um anúncio publicitário.
e pau no keko!
keko. keko? keko, peteleco e croque
formado pela ESPM; pós-graduado pela U.C.Berkley;doutorando em semiotica e comunicaçao pela USP; líder da cadeira de redação publicitaria da faculade de comunicação e artes das Mackenzie;professor de comunicação em marketing no pós graduação latu senso do Mackenzie e no curso de MBA do IMBEC.SP onde leciona comunicação integrada de marketing e marketing estratégico;pesquisador, publicitário.
eis o cartel do celso(keko) figueiredo, autor do redação publicitária, sedução pelas palavras, da thomsom.
tá,tá.tá: alguém se lembra de algum anúncio que valha a pena escrito por ele ? não? então tá bom. fica combinado assim.
o livro é normal-geral, a capa é horrível e o miolo não tem miolo. aliás o mercado editorial tá cheio de manuais de redação publicitária que começam explicando o que são oxímoros, como se você ao redigir esquematizasse o punho para: agora vou mandar um copy com oximoros pelas pontas. mais parece uma campanha para extinção dos copys.
vale tambem para o redação publicitária da tania hoff e lourdes gabrielli, doutorandas publicitárias, que tambem não souberam escolher a capa, argh!
eis o cartel do celso(keko) figueiredo, autor do redação publicitária, sedução pelas palavras, da thomsom.
tá,tá.tá: alguém se lembra de algum anúncio que valha a pena escrito por ele ? não? então tá bom. fica combinado assim.
o livro é normal-geral, a capa é horrível e o miolo não tem miolo. aliás o mercado editorial tá cheio de manuais de redação publicitária que começam explicando o que são oxímoros, como se você ao redigir esquematizasse o punho para: agora vou mandar um copy com oximoros pelas pontas. mais parece uma campanha para extinção dos copys.
vale tambem para o redação publicitária da tania hoff e lourdes gabrielli, doutorandas publicitárias, que tambem não souberam escolher a capa, argh!
segunda-feira, dezembro 19, 2005
cai o pano
o aplauso é uma marca perigosa. pois é injusta, falsa ou mentirosa. petit. que entende bem de marcas, inclusive iguais a esta.
o que dá pra rir dá pra chorar
Você que trabalha em propaganda conhece bem esse assunto e provavelmente já teve alguma de suas idéias chupadas. Eu mesmo tive várias, e confesso que já tentei chupar algumas do One Show.
O que mais me emputece nisso não é ter a idéia roubada, mas constatar a mediocridade e pobreza de espírito do ser humano. Ter idéia é um momento de brilho, uma espécie de dom. Roubar idéia é uma coisa rasteira e covarde.
Para evitar ser roubado, desenvolvi algumas técnicas que podem ser úteis.
Quando tenho alguma idéia, não falo nem com o diretor de arte. Mando um e-mail e, para evitar rastreamento, coloco no subject "Corrente". Para ser mais previdente ainda, escrevo a idéia no meio de uma poesia.
Outra tática bastante eficiente consiste no seguinte:
1- tenho a idéia;
2 - saio da agência;
3 - ligo no celular do diretor de arte e conto pra ele;
4 - volto pra agência como se tivesse ido ao banco, sento na frente do meu computador e não falo mais sobre a idéia. Nem com o diretor de arte.
Também existe outro estratagema. Na hora de passar a idéia para o diretor de arte, mais uma vez fico em silêncio. Não falo, só escrevo num post-it. Mas em letras minúsculas, bem pequenas mesmo. Ele, o diretor de arte, tem uma lupa, com a qual consegue ler o texto, e, assim, a idéia está criada.
Já o diretor de arte, para não ser copiado enquanto cria, usa sobre a tela do computador um insulfilme. Assim ninguém vê o que está sendo criado (nem ele), e quando imprimimos, é sempre uma grande surpresa.
Assim, com essas técnicas de autodefesa e guerrilha, nos livramos dos chupadores e das chupações. Já a vingança vem quando mostramos que não precisamos chupar, pois sabemos criar.
chupações e chupadores do daniel funes. texto de segunda ?
O que mais me emputece nisso não é ter a idéia roubada, mas constatar a mediocridade e pobreza de espírito do ser humano. Ter idéia é um momento de brilho, uma espécie de dom. Roubar idéia é uma coisa rasteira e covarde.
Para evitar ser roubado, desenvolvi algumas técnicas que podem ser úteis.
Quando tenho alguma idéia, não falo nem com o diretor de arte. Mando um e-mail e, para evitar rastreamento, coloco no subject "Corrente". Para ser mais previdente ainda, escrevo a idéia no meio de uma poesia.
Outra tática bastante eficiente consiste no seguinte:
1- tenho a idéia;
2 - saio da agência;
3 - ligo no celular do diretor de arte e conto pra ele;
4 - volto pra agência como se tivesse ido ao banco, sento na frente do meu computador e não falo mais sobre a idéia. Nem com o diretor de arte.
Também existe outro estratagema. Na hora de passar a idéia para o diretor de arte, mais uma vez fico em silêncio. Não falo, só escrevo num post-it. Mas em letras minúsculas, bem pequenas mesmo. Ele, o diretor de arte, tem uma lupa, com a qual consegue ler o texto, e, assim, a idéia está criada.
Já o diretor de arte, para não ser copiado enquanto cria, usa sobre a tela do computador um insulfilme. Assim ninguém vê o que está sendo criado (nem ele), e quando imprimimos, é sempre uma grande surpresa.
Assim, com essas técnicas de autodefesa e guerrilha, nos livramos dos chupadores e das chupações. Já a vingança vem quando mostramos que não precisamos chupar, pois sabemos criar.
chupações e chupadores do daniel funes. texto de segunda ?
escolha bem o tema, o lema e o trema
sthendal, plagiou haydine de giuseppe capani. capani, além de levar a culpa, pois ninguem acreditou que foi ele o plagiado, viu-se na merda por isso.
pense nisso, por isso mesmo, na hora de fazer dupla, trinca ou suruba com nomes de muito mais peso que você. convém pesar as idéias, fique na média, raiz etmológica do medíocre. não vá cair naquela conversa mole de que é melhor fazer coisas brilhantes em co-autoria do que algo medíocre só — foram os famosos que inventaram isso, washington ? pelo menos está no rodapé de uma reportagem da vogue sobre a w.
se você fizer dupla com - escolha aí um nome bem famoso - e der o pontapé inicial ou polimento mas nem fudendo vão acreditar que você pensou a favor.
afinal, tem tanta mediocridade exaltada feita em grupo que, feita sozinha, é bem capaz de dar muito mais destaque a você.
ò tempos! ò costumes!
pense nisso, por isso mesmo, na hora de fazer dupla, trinca ou suruba com nomes de muito mais peso que você. convém pesar as idéias, fique na média, raiz etmológica do medíocre. não vá cair naquela conversa mole de que é melhor fazer coisas brilhantes em co-autoria do que algo medíocre só — foram os famosos que inventaram isso, washington ? pelo menos está no rodapé de uma reportagem da vogue sobre a w.
se você fizer dupla com - escolha aí um nome bem famoso - e der o pontapé inicial ou polimento mas nem fudendo vão acreditar que você pensou a favor.
afinal, tem tanta mediocridade exaltada feita em grupo que, feita sozinha, é bem capaz de dar muito mais destaque a você.
ò tempos! ò costumes!
hip ou super photo shop derrota super homem
superman returns está dando mais trabalho do que o esperado.
remakes e continuações costumam ser a maior mala sem alça. mas desta vez, o problema é a mala – a mala e não um mala qualquer - do brandon routh. super de verdade, pelo menos no quesito pirilau, com seu volumoso órgão sexual que teima em ser protagonista em seu uniforme que agora está mais justo do que a sua justa luta pela justiça na terra.
produtores estão preocupados com o fato de que o tamanho do pênis do ator possa assustar a platéia que decididamente não espera esta superioridade do heroi ou pelo menos não estava acostumada.” o excesso é tanto, e o seu uniforme é tão justo, que eles até consideram usar tecnologia digital para suavizá-lo”.
"é uma questão importante para o estúdio, afirma um fonte. brandon é extremamente bem-dotado e não queremos isso na telona. talvez sejamos forçados a apagar o pacote com efeitos digitais, revela o tablóide inglês the sun", o que já deixou o planeta diário muito irritado pelo furo(mirian lane ainda não pronunciou-se a respeito).
filme que tinha tudo pra ser do grande caralho agora, no máximo, não passa do caralhinho. há rumores sobre versao para o mercado soft-pornô caso o a performance nas bilheterias de shopping não corresponda.
enquanto isso, evangélicos aliam-se a luthor em busca desenfreada por kriptonyta. bandidos há que já apelam aos direitos humanos de gotham city argumentando que super homem tem de manter dentro do figurino. herói sim. mas só de capa. com espada assim não vale.
remakes e continuações costumam ser a maior mala sem alça. mas desta vez, o problema é a mala – a mala e não um mala qualquer - do brandon routh. super de verdade, pelo menos no quesito pirilau, com seu volumoso órgão sexual que teima em ser protagonista em seu uniforme que agora está mais justo do que a sua justa luta pela justiça na terra.
produtores estão preocupados com o fato de que o tamanho do pênis do ator possa assustar a platéia que decididamente não espera esta superioridade do heroi ou pelo menos não estava acostumada.” o excesso é tanto, e o seu uniforme é tão justo, que eles até consideram usar tecnologia digital para suavizá-lo”.
"é uma questão importante para o estúdio, afirma um fonte. brandon é extremamente bem-dotado e não queremos isso na telona. talvez sejamos forçados a apagar o pacote com efeitos digitais, revela o tablóide inglês the sun", o que já deixou o planeta diário muito irritado pelo furo(mirian lane ainda não pronunciou-se a respeito).
filme que tinha tudo pra ser do grande caralho agora, no máximo, não passa do caralhinho. há rumores sobre versao para o mercado soft-pornô caso o a performance nas bilheterias de shopping não corresponda.
enquanto isso, evangélicos aliam-se a luthor em busca desenfreada por kriptonyta. bandidos há que já apelam aos direitos humanos de gotham city argumentando que super homem tem de manter dentro do figurino. herói sim. mas só de capa. com espada assim não vale.
nem ford nem sai de cima ou vai ter que sair do armário
ford volta atrás e volta a veicular para público gay.
a montadora havia decidido na última semana não anunciar em mídia para o target gay mas decidiu retornar à mídia com todas as suas oito marcas e ações corporativas, depois que cedeu a homofobia da ultra-conservadora American Family Association (AFA).
apesar de alegar que o fato foi motivado pela ameaça de boicote, a decisão provocou os grupos de defesa dos direitos homossexuais. a tal ponto que a ford enviou executivos até washington para dialogar com os representantes dos grupos. depois disso, a empresa reafirmou publicamente valores pela não discriminação e a volta à mídia especializada . a ford disse que sua decisão de retirar a publicidade da Jaguar e Land Rover das revistas gays foi relacionada à sua estratégia de negócios.
é a turma do AFÊ contra a turma da AFA que ainda não se manifestou de volta.
a coisa vai ficar rôxa. dois grupos de consumidores economicamente fortes - e organizados - prensam a montadora que vai ter de se virar em dois pra nâo perder consumidores de nenhum lado.
a ford torna-se-à, assumidamente bissexual ?
a montadora havia decidido na última semana não anunciar em mídia para o target gay mas decidiu retornar à mídia com todas as suas oito marcas e ações corporativas, depois que cedeu a homofobia da ultra-conservadora American Family Association (AFA).
apesar de alegar que o fato foi motivado pela ameaça de boicote, a decisão provocou os grupos de defesa dos direitos homossexuais. a tal ponto que a ford enviou executivos até washington para dialogar com os representantes dos grupos. depois disso, a empresa reafirmou publicamente valores pela não discriminação e a volta à mídia especializada . a ford disse que sua decisão de retirar a publicidade da Jaguar e Land Rover das revistas gays foi relacionada à sua estratégia de negócios.
é a turma do AFÊ contra a turma da AFA que ainda não se manifestou de volta.
a coisa vai ficar rôxa. dois grupos de consumidores economicamente fortes - e organizados - prensam a montadora que vai ter de se virar em dois pra nâo perder consumidores de nenhum lado.
a ford torna-se-à, assumidamente bissexual ?
domingo, dezembro 18, 2005
co´os diabos!
nem paciência divina aguenta: canais religiosos. com mil demônios! já que nos entortou de vez, não precisava exagerar na dose.
alegrias de um homem triste ou terapia do abraço
ganido e folks abraçam-me sempre, sempre. como se fosse para sempre. invariavelmente. mesmo que nossos encontros repitam-se num vai e vem sem fim ao longo do dia.
ganido é vira-latas. do tipo mais vulgar que se conheçe. vulgar no sentido de comum da raça. para mim, mais que nobre, é o supérfluo que se tornou superlativo do essencial. e isto basta para descrevê-lo para além da sua habilidade quase atlética de fazer barras nas grades do terraço apenas para me ver.
preto, mancha branca no peito. surgiu numa dessas épocas de cio. nós ainda moradores da enseada dos corais. surgiu e foi ficando, depois de muitos ganidos, resultantes das coças que levava dos oponentes. daí o seu nome: ganido. até que ficou de vez, como o nome
folks, pêlo castanho, olhos castanhos amarelos. ares de vivaldino e andar cambalhotado. no seu bom humor inclui a lorota do seu grunido de cachorro zangado.
cabia na palma da mão quando chegou-me. ferida que ainda assim não chorava. cuidei e não ficaram sequelas do enxotamento por água fervente. senha de entrada ao humano mundo cão, folks pagou bilhete de adulto. o que é cruel demais para quem apenas mês de idade mal tinha. tudo porque, na falta de peito da mãe, quem sabe por desgraça ainda maior fustigada, procurou guarida à porta de outra espécie tornando-se prova em carne viva de que há gente muito pior do que parece bicho.
ganido e folks, tem porte médio e coração que salta-lhes pela boca. seus abraços afetuosos são o que de mais construtivo conheço. ainda que animais sejam. tenho consciência, eles ainda bem que não, e somam-se as partes, encaixe mais-que-perfeito da amizade.
se ainda não compreende o quê de tão especial há no abraço dos dois, poupo-lhe o desinteresse de ombros que há de usar: em seus abraços, não há tapinhas nas costas. é puro abraço, sem medo de hálito ou lambidas, contatos ou exageros. cheios de tato, olfato e afeto, abraços hoje quase réstia, não mais, entre filhos e pais. saudosos, dos amigos que não mais dão em amigos. e da enorme distância que há nas proximidades dos abraços superficiais.
ainda assim, ganido e folks, vivem separados, pois costumam brigar ensadecidamente a não mais segurar.
talvez porque eles mesmo nunca tenham se abraçado nem ao menos cogitado tentar.
assim, alegro-me por ter os seus abraços. e entristeço-me, por não os ter em par. perfeitamente encaixados, como estão na minha vida, título e assinatura de um lar.
ganido é vira-latas. do tipo mais vulgar que se conheçe. vulgar no sentido de comum da raça. para mim, mais que nobre, é o supérfluo que se tornou superlativo do essencial. e isto basta para descrevê-lo para além da sua habilidade quase atlética de fazer barras nas grades do terraço apenas para me ver.
preto, mancha branca no peito. surgiu numa dessas épocas de cio. nós ainda moradores da enseada dos corais. surgiu e foi ficando, depois de muitos ganidos, resultantes das coças que levava dos oponentes. daí o seu nome: ganido. até que ficou de vez, como o nome
folks, pêlo castanho, olhos castanhos amarelos. ares de vivaldino e andar cambalhotado. no seu bom humor inclui a lorota do seu grunido de cachorro zangado.
cabia na palma da mão quando chegou-me. ferida que ainda assim não chorava. cuidei e não ficaram sequelas do enxotamento por água fervente. senha de entrada ao humano mundo cão, folks pagou bilhete de adulto. o que é cruel demais para quem apenas mês de idade mal tinha. tudo porque, na falta de peito da mãe, quem sabe por desgraça ainda maior fustigada, procurou guarida à porta de outra espécie tornando-se prova em carne viva de que há gente muito pior do que parece bicho.
ganido e folks, tem porte médio e coração que salta-lhes pela boca. seus abraços afetuosos são o que de mais construtivo conheço. ainda que animais sejam. tenho consciência, eles ainda bem que não, e somam-se as partes, encaixe mais-que-perfeito da amizade.
se ainda não compreende o quê de tão especial há no abraço dos dois, poupo-lhe o desinteresse de ombros que há de usar: em seus abraços, não há tapinhas nas costas. é puro abraço, sem medo de hálito ou lambidas, contatos ou exageros. cheios de tato, olfato e afeto, abraços hoje quase réstia, não mais, entre filhos e pais. saudosos, dos amigos que não mais dão em amigos. e da enorme distância que há nas proximidades dos abraços superficiais.
ainda assim, ganido e folks, vivem separados, pois costumam brigar ensadecidamente a não mais segurar.
talvez porque eles mesmo nunca tenham se abraçado nem ao menos cogitado tentar.
assim, alegro-me por ter os seus abraços. e entristeço-me, por não os ter em par. perfeitamente encaixados, como estão na minha vida, título e assinatura de um lar.
preletores
madrugada insone — depois não digam que nao tento me converter a alguma coisa. zap daqui, zap dacolá e plunc, plact, zum, seicho-no-iê no vídeo. duvídeo, mas vá lá. vamos assistir que é pra ver se fecho os olhinhos igual japonês.
vice-presidente da seicho(pronuncia-se como marca de relógio) chamada a comentar por preletor adjunto a pergunta desesperada de quem, há dois anos desempregada, não sabe mais o que fazer e pra quem apelar, apela. aliás que apelação mas iê,iê,iê. tique de óculos, risinho de rôbot japonês, desembainha à dragon ball livro do melhor estilo auto-ajuda para o seu desenvolvimento e segue na costura que existem mais, abrindo leque de publicações da seita. mal pisco e já remete ao site e cai matando: — não,não diga que está desempregada;pense que deus lhe deu umas férias!(sic).
ah! é,é ? pois quero dizer que deus é um péssimo empregador, respondo eu. tá me devendo o pagamento das tais férias, décimo terceiro, adicional por insalubridade e os escambau. homessa!
e não vem com essa de mediação não. não quero acôrdo, quero é meu capim. tudinho, tim-tim por tim-tim.
vice-presidente da seicho(pronuncia-se como marca de relógio) chamada a comentar por preletor adjunto a pergunta desesperada de quem, há dois anos desempregada, não sabe mais o que fazer e pra quem apelar, apela. aliás que apelação mas iê,iê,iê. tique de óculos, risinho de rôbot japonês, desembainha à dragon ball livro do melhor estilo auto-ajuda para o seu desenvolvimento e segue na costura que existem mais, abrindo leque de publicações da seita. mal pisco e já remete ao site e cai matando: — não,não diga que está desempregada;pense que deus lhe deu umas férias!(sic).
ah! é,é ? pois quero dizer que deus é um péssimo empregador, respondo eu. tá me devendo o pagamento das tais férias, décimo terceiro, adicional por insalubridade e os escambau. homessa!
e não vem com essa de mediação não. não quero acôrdo, quero é meu capim. tudinho, tim-tim por tim-tim.
façam ja suas reservas: ceia de natal ou ementa com gosto de (pi)menta
dia 24: qual é mesmo o tamanho do seu peru ?
dia 25, capítulo extra de bang-bang com o episódio integral do "tiro" dado pelo ex-governador da paraíba, que deu três tiros de verdade no então governador, que mais tarde o perdoou mas que morreu antes do agressor que nunca foi processado, protegido pela imunidade parlamentar que neste país até agora só protegeu quem não merecia proteção.
saca você ou eu vou sacar primeiro ?
dia 25, capítulo extra de bang-bang com o episódio integral do "tiro" dado pelo ex-governador da paraíba, que deu três tiros de verdade no então governador, que mais tarde o perdoou mas que morreu antes do agressor que nunca foi processado, protegido pela imunidade parlamentar que neste país até agora só protegeu quem não merecia proteção.
saca você ou eu vou sacar primeiro ?
sábado, dezembro 17, 2005
na matinê do cinema olympia
se você é publicitário tem uma razão a mais para ver o king kong que aí está: é que neste roteiro, não tiraram o macaco.
www.jesusmechicoteia.com
”Jesus me chicoteia não é blog para religiosos. Quem não se incomoda com a infâmia, no entanto, vai rolar de rir. O autor gasta seu tempo para recontar os diálogos entre Deus, Nosso Senhor, e o pobre Moisés no alto do Sinai. A saga já deve estar maior que o livro do Êxodo inteiro. Se o projeto prevê reescrever a Bíblia inteira não está claro.”
agora cá pra nós: jesus deve estar lustrando muito chicote porque todas as vezes que tentei acessar o blog, dica do ig, caía sempre numa página muito esquisita pra jesus. quem sabe vocês tenham melhor sorte do que o pecador aqui, que também dá as suas chicotadas caso prefira deixar seu masoquismo em mãos mais delicadas.
agora cá pra nós: jesus deve estar lustrando muito chicote porque todas as vezes que tentei acessar o blog, dica do ig, caía sempre numa página muito esquisita pra jesus. quem sabe vocês tenham melhor sorte do que o pecador aqui, que também dá as suas chicotadas caso prefira deixar seu masoquismo em mãos mais delicadas.
como nossos pais
volta do garoto bombril será anunciada com toda pompa e circustância semana vindoura.
vai que tem show do belchior à mesa?
vai que tem show do belchior à mesa?
filme chapa branca
Durante anos, sustentei a opinião politicamente incorreta de que nós, brasileiros -ainda que dotados de alguns talentos (ninguém duvida da nossa competência no futebol, ou na música popular)- não sabemos e jamais aprenderemos a fazer duas coisas: vinho e cinema.
Deixo o tema vinho para outra ocasião, para tratar de cinema. Em que pese termos produzido duas ou três coisas passáveis, nessa área, nos últimos cento e poucos anos (a atividade começou, aqui, em 1897), minha opinião baseia-se em algumas considerações objetivas - de cinéfilo e não de cineasta.
Tomando por base os padrões de Hollywood - que está para o cinema como a França para cozinha ou a Suiça para chocolate - um bom filme precisa ter qualidade nada menos do que ótima em: direção, som, fotografia, iluminação, cortes, casting, capacidade de
representação dos atores, trucagem e mais duas dezenas de outros aspectos. Qualquer DVD de filmeco norteamericano, depois do The End, fica muitos minutos no vídeo passando os nomes das centenas de profissionais que contribuiram para assegurar uma qualidade mínima ao produto final.
Nenhum filme nacional - mesmo consagrado e premiado -jamais passou nesse teste. Além disso, temos uma atávica dificuldade em representar; em toda a cênica brasileira são pouquíssimos os bons atores e quase nenhum realmente excepcional. As novelas da Globo disfarçam isso bastante bem, com tecnologia, mas é só tirar o som para ver que desastre.
Nesse contexto, fiquei curioso com a unanimidade aparente - nas minhas fontes de informação – sobre "2filhos de Francisco" e apressei-me a alugar o DVD para assistí-lo em casa e ver se mudava de idéia sobre a cinematografia nacional.
Trata-se de um bom filme, que pode ser incluido entre os passáveis do segundo parágrafo. Mas não passou no primeiro teste. Embora tenha muita gente nos créditos
- demonstrando que houve cuidado acima da média na sua produção - a direção é desigual; o som ruim, a ponto de se perderem palavras em momentos cruciais; a fotografia só às vezes é boa; a iluminação pobre, como de costume, e em algumas cenas de "noite" simplesmente nada se vê; alguns cortes são geniais, outros primários; a maior parte do casting é competente, mas há falhas; a capacidade de representação é baixa, na média, com a agradável exceção dos meninos músicos, que não deveriam sair de cena; há outros problemas, como o logotipo recente do Bradesco aparecendo numa cena de 20 anos atrás... Enfim, business as usual.
Mas como explicar o sucesso - e a aparente unanimidade? Em primeiro lugar, há a grande generosidade da imprensa brasileira com assuntos tais como universidades públicas, cinema nacional e Caetano Veloso com toda sua família. Há patrocinadores ricos e fortes, como o já citado Bradesco, Texaco, as lojas Marabraz e a TV Globo. A roteirista é filha do jornalista que foi assessor especial do presidente Lula; e os artistas que são tema do filme - Zézé di Camargo e Luciano - destacaram-se no apoio à eleição do candidato do PT à presidência. Talvez não explique tudo, mas ajuda a entender.
josé whitaker penteado filho, fazendo sua fita.
quanto ao vinho “brasileiro”, parece que anda melhor que o cinema nacional que tem nos roteiros seu maior problema. os diálogos dos nossos filmes são tatibates de cidra pura. e aí, haja sardinha em lata.
Deixo o tema vinho para outra ocasião, para tratar de cinema. Em que pese termos produzido duas ou três coisas passáveis, nessa área, nos últimos cento e poucos anos (a atividade começou, aqui, em 1897), minha opinião baseia-se em algumas considerações objetivas - de cinéfilo e não de cineasta.
Tomando por base os padrões de Hollywood - que está para o cinema como a França para cozinha ou a Suiça para chocolate - um bom filme precisa ter qualidade nada menos do que ótima em: direção, som, fotografia, iluminação, cortes, casting, capacidade de
representação dos atores, trucagem e mais duas dezenas de outros aspectos. Qualquer DVD de filmeco norteamericano, depois do The End, fica muitos minutos no vídeo passando os nomes das centenas de profissionais que contribuiram para assegurar uma qualidade mínima ao produto final.
Nenhum filme nacional - mesmo consagrado e premiado -jamais passou nesse teste. Além disso, temos uma atávica dificuldade em representar; em toda a cênica brasileira são pouquíssimos os bons atores e quase nenhum realmente excepcional. As novelas da Globo disfarçam isso bastante bem, com tecnologia, mas é só tirar o som para ver que desastre.
Nesse contexto, fiquei curioso com a unanimidade aparente - nas minhas fontes de informação – sobre "2filhos de Francisco" e apressei-me a alugar o DVD para assistí-lo em casa e ver se mudava de idéia sobre a cinematografia nacional.
Trata-se de um bom filme, que pode ser incluido entre os passáveis do segundo parágrafo. Mas não passou no primeiro teste. Embora tenha muita gente nos créditos
- demonstrando que houve cuidado acima da média na sua produção - a direção é desigual; o som ruim, a ponto de se perderem palavras em momentos cruciais; a fotografia só às vezes é boa; a iluminação pobre, como de costume, e em algumas cenas de "noite" simplesmente nada se vê; alguns cortes são geniais, outros primários; a maior parte do casting é competente, mas há falhas; a capacidade de representação é baixa, na média, com a agradável exceção dos meninos músicos, que não deveriam sair de cena; há outros problemas, como o logotipo recente do Bradesco aparecendo numa cena de 20 anos atrás... Enfim, business as usual.
Mas como explicar o sucesso - e a aparente unanimidade? Em primeiro lugar, há a grande generosidade da imprensa brasileira com assuntos tais como universidades públicas, cinema nacional e Caetano Veloso com toda sua família. Há patrocinadores ricos e fortes, como o já citado Bradesco, Texaco, as lojas Marabraz e a TV Globo. A roteirista é filha do jornalista que foi assessor especial do presidente Lula; e os artistas que são tema do filme - Zézé di Camargo e Luciano - destacaram-se no apoio à eleição do candidato do PT à presidência. Talvez não explique tudo, mas ajuda a entender.
josé whitaker penteado filho, fazendo sua fita.
quanto ao vinho “brasileiro”, parece que anda melhor que o cinema nacional que tem nos roteiros seu maior problema. os diálogos dos nossos filmes são tatibates de cidra pura. e aí, haja sardinha em lata.
sexta-feira, dezembro 16, 2005
break-taste
ontem, break the rules.
hoje, rules no break.
amanhã ? bem amanhã será tarde demais.
engula rápido o adoçante com sua tintura de suco de laranja e pronto.
a propaganda que vocês estão fazendo é assim.
hoje, rules no break.
amanhã ? bem amanhã será tarde demais.
engula rápido o adoçante com sua tintura de suco de laranja e pronto.
a propaganda que vocês estão fazendo é assim.
ócio criativo
tivesse você 48 leões no armário, casa em cap ferrat, seu nome marca conhecida até no japão, e o que mais lhe proporcionou uma carreira mais bem sucedida pouco provável, ficaria você 25 horas por dia esbaforindo-se atrás de idéia de prêmio ?
responde pra mim não. responde pro w. já que agora qualquer estagiotário fica dizendo que olivetto não faz mais nada que preste, ainda que não prestem a minimíssima atenção a josta que estão fazendo.
responde pra mim não. responde pro w. já que agora qualquer estagiotário fica dizendo que olivetto não faz mais nada que preste, ainda que não prestem a minimíssima atenção a josta que estão fazendo.
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