sábado, março 18, 2006

idiotas e imbecis: ontem, hoje e sempre

Os idiotas de hoje não são como os idiotas de antigamente. De certa forma o termo nada tinha de pejorativo – vem do grego idiots, por meio do latim idiota, que designava quemtinha os seus valores próprios, era uma pessoa “privada”, em oposição a pessoa “pública” , “ de Estado”.
O elemento de composição grego idi(o)-, proveniente de idios, quer dizer exatamente “próprios, pessoal e entra na composição de palavras como “idioma”, que significa “ lingual própria de uma região ou de uma nação”. Com o tempo, na própria lingua grega o termo passou a designar a maioria da população, falando-se, por exemplo, em “povo idiota”, isto é leigos, parcela da população não-letrada, alheia à república e o governo.
Ao latim, o termo já chegou carregado de fluidos negativos, significando “ ignorante, pessoa sem instrução, pateta, parvo, tolo “. A conotação pejorativa pode ter surgido porque quem não participava da vida política ficava alienadao, desinformado. Ou então um preconceito de quem tinha cargos ou encargos no governo, contra à maioria, sem acesso à educação e que ficava alheia às decisões políticas. Mas em Portugal, o termo foi usado no sentido de “leigo” durante muito tempo. Havia, por exemplo, os “ medicos idiotas”, que eram os práticos não-formados e, em várias aldeias existiam os “juizes idiotas”, magistrados dequem se exigiam apenas bons costumes, experiência e moralidade.

Já imbecil, vem do latim, imbecilis e não tinha carga pejorativa. O termo significava “débil, frágil”, podendo ser usado para homens, animais ou para a terra. Por exemplo, uma terra pouco produtiva, ou estéril, era chamada de imbecilis. Significava também “doente” e por essa razão alguns autores consideram a hipótese de que o termo tenha sido formado por in e bacillus, ou bacillum. O dicionário de Morais Silva, de 1813, não registra “imbecil”, apenas “imbecilidade”, definida como “fraqueza do corpo”, mas pondendo ser usada também a forma “imbecilidade da razão”. Foi o uso dessa expressão, no sentido de “fraqueza da razão, do entendimento”, e também por influência do significado na lingua francesa, que “imbecil” adquiriu os sentidos de “idiota, tolo, estúpido”.

márcio bueno no seu a origem curiosa das palavras, josé olympio editora, 2002.

fica-se a saber, portanto, porque temos tantos “publicitários idiotas e imbecis aos montes”, em todas as acepções do termo, na aldeia e nas capitais.

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