sexta-feira, março 17, 2006

desconcertando o conceito

Conceito Post it versus Conceito Superbond?

No produto, na marca ou serviço, como é que deve grudar o seu conceito? Tipo post it, que vai de um lado para o outro deixando seus pequenos recados numa boa? Ou superbond, colando definitivamente? Com a palavra, Zeca Baleiro.
 
ZB já desejava há muito tempo gravar sua versão para o poema "Mulher Amada", de Murilo Mendes. Mas nunca via a música encaixando-se nas idéias dos discos. No quinto CD solo, o agora lançado "Baladas do Asfalto e Outros Blues", a faixa entrou à força. "Também não encaixava, mas resolvi pôr para criar um estranhamento mesmo", explica ZB, rindo. A tristeza é sempre bem-vinda. Não é um conceito prévio o que embasa seus discos. Ele diz ver mais filosofia em Nelson Cavaquinho do que em Michel Foucault. "O conceito vem depois. Desde que surgiu esse negócio de conceito, a música piorou muito. Muitas vezes o discurso do conceito é uma máscara para disfarçar a inconsistência do trabalho." (in Folha — sexta-feira, 5/8/2005.) Para Zeca Baleiro, assim é conceito.
 
 
Conceito Pitbull versus Conceito Poodle
 
Agora vejamos como explica o ex-desafiante ao título dos meios-pesados James Scott ao descrever como eram seus treinos e de como ele aproveitava a excelente chance para fortalecer o aspecto mental e checar se teria futuro no ringue. Sinto que isso vale para o momento em que estivermos nos preparando para planejar e desenvolver o conceito, fazendo os devidos aquecimentos para que as idéias possam se fortalecer. "Você deve encontrar um exercício, seja ele flexões de braço, movimentos para o pescoço ou abdominais. Você tem de achar aquele que lhe força a desistir. É justamente esse, que para você é muito duro, que robustecerá sua força de vontade. É a vontade de vencer, e a única coisa que a fortalece são os treinos", aconselha Scott. Entre um pitbull e um poodle, fique com o conceito que deixa marcas na memória do coração e menos na memória da Levi’s rasgada pelos fundilhos.
 
"Tudo é real porque tudo é inventado." – Guimarães Rosa
 
No dizer de Deepak Chopra, a nova ciência do caos está tentando prever o imprevisível por meio de intricados modelos matemáticos. No exemplo clássico, uma borboleta bate as asas no Japão e seis dias depois tem lugar um furacão em New Orleans. A conexão pode não parecer óbvia, mas existe. Toda criatividade se baseia em saltos quânticos e na incerteza. Em momentos particulares do tempo, idéias verdadeiramente originais emanam da base coletiva de informações, afirmam a ciência e a percepção de DC. Essas idéias não se originaram na pessoa afortunada, e sim na consciência coletiva. É por esse motivo que importantes descobertas científicas, com freqüência, são feitas por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. As idéias já estão prontas para traduzir essas informações. Essa é a natureza do gênio, ser capaz de captar o cognoscível mesmo quando ninguém mais reconhece que ele está presente. Num momento, a inovação ou a idéia criativa não existe e, no momento seguinte, ela faz parte do mundo consciente. A cultura oriental — indiana, chinesa, japonesa, tibetana — sustenta que toda atividade no universo é gerada pela intenção. Segundo essas tradições: "A intenção é uma força da natureza". A intenção mantém o equilíbrio de todos os elementos — fogo, terra, água e ar — e forças universais que possibilitam ao universo continuar a evoluir. Até mesmo a criatividade é organizada por meio da intenção. O que mais nos impressiona nos dizeres de Chopra é que ele está repisando antigos caminhos que nós já ouvimos, lemos e talvez não memorizamos, em tantos livros best-sellers de auto-ajuda. Acompanhando essas repisadas, percebemos que no momento da criação temos que aprender a nos entregar ao processo de sincronicidade e não nos preocuparmos com o resultado. (E tantas se dizem agências de resultados?!) Os grandes artistas, músicos de jazz, escritores e cientistas mencionam a necessidade de transcender a identidade individual para poder criar. Sabemos que músicos e compositores, se estiverem pensando nos cachês que irão receber, não vão conseguir nem um dó maior. Como diz o famoso pianista de jazz Keith Jarrett: "Minha carreira é transformar energia em algo novo." Quando criamos uma canção ou composição musical precisamos inicialmente nos entregar, deixar que ela fique em incubação, numa esfera não localizada, num lugar — e sabe lá Deus onde — virtual, espiritual, se quiser, e finalmente permitir que a música ou canção venha até nós. Todos os processos criativos dependem de uma fase de incubação e consolidação. A sincronização é um processo criativo.
 
Faça como Jarrett, esqueça os conceitos
 
O conselho e opinião de Keith Jarrett para o futuro pianista é o de escolher um professor de piano que o ensine a usar o instrumento. Só isso. Escolas não criam inovação. E acredita que se mantém inovador e criativo porque não se senta sobre conquistas passadas. Aos seus fãs já vai avisando: "Não se choquem com a ausência inicial de conteúdo — ou até motivo — melódico do meu novo trabalho, ‘Radiance’. O material parece desconectado de qualquer conceito. E isso não foi acidental nem planejado."
 
Numa das oficinas sobre criatividade no Learning About, um dos participantes me perguntou como fazer para sair do zero. Cito novamente Keith Jarrett: "Meu desafio é fazer tábula rasa de tudo o que aprendi em música, abandono os truques que aprendi e descobri, as seqüências harmônicas e rítmicas já conhecidas, as centenas de livros técnicos e abandono até mesmo a noção de tema e melodia. Como chegar ao campo das idéias — das grandes idéias — sem pensar nisso tudo de antemão? Quis que minhas mãos — especialmente a mão esquerda — me contassem coisas."
 
Em arte — e propaganda — colocar bem um problema é resolvê-lo.          
 
Conceito Manda-Chuva ou Conceito Guarda Belo?
 
Assisto aos famosos desenhos da série Manda-Chuva e passo a prestar muita atenção aos diálogos. G-e-n-i-a-i-s!! Parece que foram criados para serem eternos. Cabem em qualquer situação; novos ainda hoje, causam a sensação de frescor. Como seriam esses diálogos, ah! são super-rápidos, diga-se de passagem, se Manda-Chuva estivesse no meio da propaganda? Sinta o drama.
 
Manda-Chuva: (ensinando o Gênio a fazer um layout) "Vamos, Gênio, eu estou tentando ter dar um pouco de cultura, alguma profissão."
 
Gênio: "Isso vai doer, Manda-Chuva?"
 
Gênio: "Manda-Chuva, você quer um sorvete Kibon de pistache?"
 
Manda-Chuva: "Kibon de pistache? Claro."
 
Gênio: "Eu também, como vamos conseguir?"
 
Manda-Chuva: "Então, alguma sugestão de como conseguiremos verba para a propaganda?"
 
Espeto: "Sim, Manda-Chuva. Tipo assim, que tal arrumarmos um emprego?"
 
Manda-Chuva: "Cale-se, Espeto. Alguém tem algo sensato a propor?"
 
Guarda Belo: "Todos vocês deviam se envergonhar, são um bando de vagabundos. Nunca trabalham."
 
Manda-Chuva: "Nós estamos colaborando com o presidente. Ele foi à televisão e disse que o País estava precisando de um milhão de empregos, então doamos os nossos!"
 
Manda-Chuva: "Vou colocar o Belo na tevê Fama e tudo ficará bem."
 
Xuxu: "O que ele pode fazer na tevê Globo?"
 
Manda-Chuva: "Ele será um cantor famoso."
 
Xuxu: "Um cantor famoso? Ele desafina, não conhece música, canta mal."
 
Manda-Chuva: "Cantores famosos são todos assim."
 
Um cliente: (fazendo comentários sobre uma campanha de página dupla na revista Veja) "Ela tem um conceito, uma mensagem. Não vê o que ela diz?"
 
Manda-Chuva: "Claro. Ela diz: não beba cerveja enquanto cria para a Nova Schin."
 
Conceito Tubarão versus Conceito Lambari
 
Conta a história que um grande samurai apreciador de peixe fresco começou a sentir que os seus sushis já não tinham o mesmo sabor de outros tempos. E antes que seu sushiman mudasse o conceito do seu prato favorito, chamou os responsáveis pela pesca e perguntou o que estava acontecendo.
 
Lambarisan: "Hi! Puruquê sushi no é mais sushi?"
 
Tubaronsan: "Hi! Água de Japón muito fraca, né! Pexe garande buscar outaras águas. Japón vai atarás burusca pexe garande, longe, muito longe."
 
Lambarisan: "Hi! O que Tubaronsan tá fazendo para sushi voroltar a sushi otara veize, né?"
 
Tubaronsan: "Tubaronsan aprende muito com samurai, né? Quanto mais inteligente, persistente e  competitivo, mais gosta de um bom pobrema. Se desafios estão de tamanho certo e você consegue conquistar esses desafios, fica feliz, muito feliz. Você pensa em seus desafios e se sente com mais energia. Tubaronsan que nem Samurai, fica excitado em tentar novas soluções. Samurai se diverte, Tubaronsan se diverte. Samurai fica vivo, Tubaronsan fica vivo, né? Para pexe chega feresco no sushi, Tubaronsan coloca dentro de tanque de água do mar com os pexes vivos. Tubaronsan coloca pequeno tubaron. Pequeno tubaron come alguns pexes, mas garande maioria dos pexes chega muito vivo. Pexe num fingir de morto. Pexe é desafiado pelo tubaron, que nem samurai desafia. Assim pexe fica esperto. E sushi ganha novo conceito, né?"
 
Lambarisan: "Hi! Que conceito sushi ganha, né?"
 
Tubaronsan: "Hi! Quem é vivo morre pela boca, mas morre com a boca cheia de risada, ah!ah!ah!, dizendo: fuji do tubaron."

meu conceito tem conserto ? do cláudio corrêa de almeida , de 2005, mas bem colado.

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