segunda-feira, março 06, 2006

afinal, a desculpa da entrevista da playboy para pinicar o resto tem a sua validade

Ruy Castro, entrevistado no Roda Vida da TV Cultura na segunda-feira passada (27/2), descreve a boa técnica aprimorada em importantes entrevistas feitas para a Playboy (faz algum tempo...):

- A Playboy me ensinou certas coisas. Por exemplo, não fazer mais de uma pergunta de cada vez. Se você fizer mais de uma, fizer duas, o cara só responde à segunda ou responde à que for mais conveniente. Outra coisa é, quando dá aquele “branco” entre entrevistador e entrevistado, o entrevistador não tentar preencher o branco. Deixa o branco, deixa o silêncio. O entrevistado vai sempre dizer alguma coisa que ele não queria dizer.

O mais importante que eu aprendi foi a preparação para a entrevista. Eu nunca fui para uma entrevista da Playboy com menos de 150 perguntas no papel, com todas as alternativas possíveis. As primeiras 25 perguntas, só pergunta boa, que ele vai gostar de responder. As perguntas mais importantes, mais incisivas, só a partir do número 40 ou 50, por aí, quando ele já estiver mais relaxado. E com alternativas. Pergunta 49: se ele respondeu “x”, a pergunta seguinte é tal, se responder “y”, a pergunta seguinte é outra. Ir muito preparado para qualquer eventualidade. E muitas vezes já saber a resposta de antemão e perguntar de propósito. Quando eu comecei a trabalhar nos livros, nas biografias, eu usei toda essa tarimba de entrevistador. Inclusive voltar ao entrevistado depois de seis meses e fazer as mesmas perguntas para ver se respondia igual...

Dicas tecnicamente preciosas. Mas diga, leitor, se não é uma confirmação da tese do saudoso João Rath segundo a qual não existe nada mais parecido com um policial do que um jornalista, e vice-versa. Mas quem dera todo policial fizesse o dever de casa como Ruy Castro. E fosse bom-caráter, como Ruy Castro.

em cima da mídia, no observatório, técnica da entrevista.

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