sexta-feira, março 31, 2006

chiquititas pero cumplidoras de su dever

Elas não estão nos anuários. Elas não estão em Cannes. Elas não estão nos rankings. Elas não estão nem aí. Elas são as menores agências de propaganda do mundo! Pela primeira vez, uma série inédita revela os bastidores marginais do nosso mercado. Um relato corajoso e imparcial da vida além das grandes corporações. Aproveite a leitura e, quando reclamar da sua vida de publicitário lambendo o filé de um grande cliente, lembre-se de que há milhares de garimpeiros roendo o osso de oficinas mecânicas, indústrias de broca, casas de tolerância e toda sorte de fregueses dispostos a pagar nada para ter tudo.

Neste mercado de dimensões continentais, para cada Jacques Lewcowicz há centenas de Charles Abobrinha. Em cada Nizan Guanaes se inspira um milhão de Demétrius Surucucu. Na estante de todo Chiquinho Mengele há um livro de Francesc Petit. Em cada canto desse mundo de meu Deus, todos querem ser Washington Olivetto!

Inclusive o famoso Roosevelt Magali, dono da agência mais antiga da Serra Pelada e tema do primeiro capítulo desta série: a Circo de Pulga.

Atraído pela febre do ouro no século passado, Roosevelt da Silva deixou a obra civil em que trabalhava e partiu para o garimpo de Serra Pelada.
Dourado pela sorte, encontrou uma pepita de ouro do tamanho de sua cabeça e enriqueceu. Roosevelt da Silva era esperto e decidiu aplicar o dinheiro em novos negócios.

Montou um cassino, adotou o sobrenome Magali e passou a apresentar todas as noites seu espetáculo solo "Descobri que papai é japonês" para os garimpeiros locais. O negócio cresceu rapidamente. Roosevelt contratou dançarinas do circuito de shows penitenciários e importou uma cozinheira de motel para fritar as pombas fresquinhas que ele comprava dos estilingueiros.

Em pouco tempo, Serra Pelada se transformou em um grande centro de consumo. Comerciantes de todos os lugares desembarcavam na terra dourada para brigar por um farelo do ouro dos consumidores garimpeiros. Era preciso organizar aquela bagunça. Construir uma ponte para quem vende se comunicar com quem compra. Foi assim que o visionário Magali fundou a Circo de Pulga.

Nos tempos de ouro, a agência chegou a faturar mais do que os alambiques da região. Anúncios de pás, picaretas e bananas de dinamite inundavam o tráfego da Circo de Pulga. Que também foi a primeira a receber o prêmio Piriri de Urubu. Suas campanhas para divulgar a ponte-arara Serra Pelada-Sobral se tornaram célebres.

Até que a região encheu demais, o ouro rareou, o dinheiro foi embora e a Circo de Pulga fechou as portinholas. Roosevelt Magali perdeu o dinheiro no jogo do bicho e não pagou nenhum de seus funcionários.

Durante uma fuga espetacular a bordo de uma asa delta, Magali caiu na floresta amazônica e desapareceu para sempre.

Semana que vem tem mais um capítulo da série "As menores agências do mundo".

André Gomes é jornalista e redator publicitário em São Paulo. Em 1993, iniciou sua carreira na Petrobrás, de onde seguiu para agências de propaganda e assessorias de comunicação. Já criou campanhas, planejamentos e casos em pequenas, médias e grandes empresas. É o único torcedor da Ferroviária de Araraquara de que se tem notícia na capital.

o andré, publica seus textos no portal da propaganda, ccsp, acontecendoaqui, etc. mas se há uma coisa que me deixa encafifado é quando nos créditos aparecem coisas como "ja ganhou grandes prêmios", já fez isso e aquilo para pequenas, medias e grandes. ora! quem tem pau grande não esconde. mostra, mesmo quando esta murcho. caso contrário deixa a obra falar por si só que já nos basta.

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