quarta-feira, maio 18, 2005

quarta à portuguesa. tchin,tchin à sua indiferença.uma história de quase ficção

prêmios à baila novamente. última grande zaragata de que tenho notícia foi o grand prix português "conquistado" por okada e cia. como ninguém queria que alexandre se tornasse ainda mais conquistador - o que desequilibraria aquela tabelinha idiota de prêmios conquistados por lusos ou brasilusos que o briefing adora publicar - infundaram o prêmio. portugal, por uma das mais mesquinhas estupidezes, deixou de ter no seu panteão um grand-prix em cannes. objetivo impensável para quase ou mais dezenas de leões também urdidos fantamasgoricamente, ainda que sem esta pretensão - a de grand-prix - sendo justo para com todos. e que fazem a galeria da fama de muito criativo no país. uns talentosos com ou sem. outros, nem tanto, ainda que com, que hoje amanheci eufemista e não vou carregar nos têrmos.

o certo é que há uma indústria de geração de leões em portugal, como de resto na maioria dos países, principalmente sub-desenvolvidos, onde o brasil destaca-se lindamente. mas a indústria portuguesa sofre concorrência desleal, canalha mesmo, dentro da própria linha de montagem, o que complica ainda mais a vida de quem tem mercado melhor de idéias do que de verba. não queiramos ser mais realistas do que os reis num reinado onde quase todos tem rabos presos, ainda que alguns não tivessem a menor intenção de fazer batota.

isto posto, matutando cá com meus botões - sim eu não tenho leões - imaginei uma estória que já passou à história. passa-se em portugal, há quase uma década. afinal, hoje a quarta é à portuguêsa. e a moral da estória é amoral ou que importância teria o grand-prix ser ou não fantasma só porque foi pró-activo e pró-bono? e de borla ? ser ou não de brasileiros e ou portugueses para portugal? nenhuma no frigir dos ovos. excetuando-se à canhestra disputa pela visão de supremacia que os prêmios impregnaram à profissão na pele de alguns mal-caráteres embevecidos. para além do direito a alguns trocos a mais, a uns não tão poucos cujas idéias não subsistem aos galardões como se vê no dia-à-dia. passemos à estória :

noite qualquer daquelas em que casais perpetram jantaradas. noite de bontempo. retardatário à mesa chega com leiaute onde vê-se foto paroxística de desnutrido de olhos única coisa esbugalhada em corpo tênue saco de pele e ossos à mostra. diz que é assim que imagina anúncio para concurso de young creatives. títulos mostra. nenhum impactante. na verdade indecisão entre frases que sequer perpretam conceito. redator não consegue falar da miséria e indiferença com pano de fundo para mensagem, que tem como frontispício foto ainda mais chocante, graças a aplicação de uma garrafa de champagne à imagem. títulos à diogo, pergunta-me o que acho. acho que não é nada disto respondo. imagino que para foto - neste caso pulso do anúncio - uma porrada! mas que não tem mil nem 5 palavras, ao contrário do que se diz, para traduzir a intenção, deva ser algo de uma ironia cortante, respondo. tipo tchin-tchin à sua indiferença. idéia agarrada de imediato, esvaziamos os copos de volta à ementa, o que não deixa de ser ironia, dada a abastada mesa. fim de noite diz-me que pra seu dupla não revela autoria. serão comentários da família. dito e feito. passaporte carimbado para youngs, vitória portuguêsa e bronze para a peça; que chegaria a croisette alterada para "um brinde à sua indiferença", para alguns arredondado, para mim diminuido em punch. questão de estilo, maybe. ficção também em entrevista que desvela como intentada a ironia do título. clap-clap-clap. a terra gira, a lusitânia roda. não existem campeões morais em publicidade. mais um leão para os criadores portugueses - briefing contabilizou - inclusive também para d.pedrito de bidarrra. e viva a epg.

sim, moral-amoral da história: não há jantares grátis. ainda mais com sobremesa. ou, se assim o quiserem: a noite alguns leões são pardos. mas não deixam de ser leão - e com todo mérito, português - quando a matança é para comer e não para o prazer.

5 comentários:

Anônimo disse...

Esta é a minha eterna (e perdida) briga em Portugal. Por que raios temos que ser identificados como "redator brasileiro", redator português", "diretor de arte brasileiro", "diretor de arte português"?

estamos todos no mercado português, é assim que isto é visto de fora. Somos todos profissionais, sem a necessidade da discriminação.

Outro dia, reclamava eu da burocracia numa repartição pública. Um senhor na fila me pergunta se "no meu país" não há burocracia. Ora, que eu saiba, temporariamente este aqui é o meu país. É aqui que eu vivo, é aqui que eu pago os impostos, é aqui que eu entro para as estatísticas.

Quando reclamo ou critico, não é como um estrangeiro que compara, mas como mais um cidadão desta cidade de Lisboa.

Por mais brasilidade que eu mantenha, tudo o que fizer aqui será eternamente lusitano, inclusive o meu filho.

Será que, um dia, o mercado vai entender isso?

Anônimo disse...

Vitória moral, nem no futebol. O que conta é a taça no armário e a faixa no peito. Ver exemplo do Sporting, muito futebol, nenhum título.

Anônimo disse...

O caso do GP do Okada foi lindo de ver. Um português suando a camiseta, investigando, colhendo provas e bradando contra o trabalho.

Se Portugal ainda não tem Grand Prix em Cannes, deve muito a este exemplar cidadão, guardião da moral e dos bons costumes publicitários.

Anônimo disse...

Mas esta história - a do tchin tchin - é daquelas que não tem vaselina que faça passar.

Eu sempre duvido de quem me diz que não guarda ressentimentos.

celso muniz disse...

ressentimentos? que nada. na essência, isto não muda a vida de ninguém. salvo o risinho maquiavélico na escuridão do gargarejo, quando assistimos certas personalidades vir à cena cagar regras e ou olhar-te de soslaio porque não és da galeria(prazer impagável).aliás, zé luis, da opal, pode falar muito bem sobre isto. ganhou seu leão, jogando as regras do jogo, e ainda assim é excluido do time dos pseudo- bronze.
agora, se fosse o grand-prix, aí sim. ia caçar este filho da puta até debaixo do cobertor. quer dizer: valeria mesmo a pena? afinal, alexandre é mais ou menos okada por isso ? ou como diríamos: deixou de ser o rei da cocada preta mesmo assim? o imbróglio deu-lhe ou não mais aplombe e a denúncia, tiro no pé ?
faz-me lembrar o wanderley cordeiro - de deus? já que o padre o segurou ? sem agregados obviamente.
mas deixa eu brincar com meus cachorros. leões? novamente? só na próxima quarta à portuguesa. agora todo mundo de volta para à jaula.