terça-feira, maio 31, 2005

atestado de saúde ou sirva a deus ou ao diabo

um bom anúncio ainda me faz feliz. mesmo após todos estes anos. traz-me ar aos pulmões e ilusão de que até melhora minha pele. não é isto que faz um bom anúncio? ou deveria? suscitar ao menos possibilidade de ilusões credíveis ?

um mau anúncio, uma idéia de merda, estraga-me o dia, a semana, se descuidar, o mês.
mas já fui mais idiota. estragava-me meses à fio. tempos em que corria riscos do apodrecer de ansiedade, cuspindo gelo e lava. concomitantemente. de úlceras, estomatites, escapei incólume. hoje, estou mais cool, quase zen, faço chiste. se não fossem ainda meus acessos de fúria, contra a mediocridade, e todos achariam-me adorável, o que colocaria-me em terreno por demais movediço. do jeito que sou, sei quem são os animais do pântano. por isso mesmo, sentencio-me a nunca alcancar o tal equilíbrio da maturidade, consentido pelas tapas nas costas no corredor.

o tempo passa e prefiro levar na cabeça. mas não no cú, mesmo com propostas vaselinada$. não me peçam para abrir as pernas em nome do negócio, sempre a mesma estória. isto incomoda demais big boss. — "porra mas você só briga com a gente ". bem, levar no cú me incomodaria muito mais. antes nos deles do que no meu. e ficamos quites com despedimentos e suas consequências. sinto que estou mais saudável do que nunca para a publicidade, apesar dos pesares. mas tenho a consciência de que mais ou menos dias começarão adormecer-me extremidades. antes que chegue altura dos antebraços e coxas, faço amputação. nem sei se saberei fazer outra coisa. porque apesar de todas as contradições gosto imensamente de ser redator publicitário. mas não vou querer permanecer no ambiente de trabalho como fazem estes jovens desmembrados de hoje, apesar de aparentemente os terem no local. inclusive o dito cujo, membro. alma e caráter que não saem do mau rough. nem sombra do que pensam ser conseguem. excesso de fantasmas ? não o serei eu no bolor. as ruas tem infindas possibilidades ainda mais quando não se tem hora marcada com os clientes. se tiver que ir para o inferno, que seja. vou fazer uma campanha dos diabos. e aí, a concorrência vai ser crucificada por não me ter contratado. afinal, publicidade não é para tantos uma religião ?

4 comentários:

Anônimo disse...

Sabe, às vezes eu penso em abandonar a profissão com a justificativa de que já ganhei tudo o que tinha pra ganhar na publicidade:

incomodação que baste, os primeiros fios de cabelos brancos, uma leve miopia por causa do computador, um padrão de vida sempre acima das minhas posses, excesso de sorrisinhos cínicos, milhares de puxadas de tapete e pode acrescentar muitos etceteras aí.

celso muniz disse...

é o que vc pensa paulo. ainda faltam o infarto, o avc, o cancer, a miopia ou presbiopia, a impotência literal. ao que parece vc e eu ainda somos júniores. espero escapar da sarjeta. mas pelo sim pelo não, flerto com ela todos os dias.

Anônimo disse...

Ops, então vamos lançar a moda do: saí da profissão antes que ganhasse tudo o que tinha para ganhar na publicidade.

Curiosidade: em 98, quando resolvi ser mais um a bater cabeça em SP, encontrei o Miranda (que já estava ajudando a Trama a dar os primeiros passos). Surpreso com a minha decisão de deixar a música em segundo plano, ele me deu uns conselhos e disse que ser publicitário em São Paulo era profissão para quem quer ser corno.

Não sei se foi inconsciente, mas um mês depois voltei para Porto Alegre.

celso muniz disse...

bom eu fui músico de bandas de baile, tão vagabundas que não fazia diferença se eu apenas carregasse os instrumentos. ultimamente também tenho estado em agências onde também não faz diferença entre quem toca e quem carrega o botão do elevador apenas pensando em ir embora.