quarta-feira, maio 11, 2005

bom menino

Senhor Gabriel Dreyfus
Li a sua crónica "El gran premio de gráfica del FIAP", que me chegou às
mãos através de um amigo argentino.
Escrevo-lhe para lhe dizer que me sinto muito honrado pela grande
atenção e dispêndio de tempo que prestou ao nosso trabalho. Muito
obrigado (nós não merecemos).
Peço-lhe, no entanto, que não generalize a sua opinião em relação aos
europeus por causa de um par de publicitários portugueses e um
brasileiro. O resto do continente está cheio de boa gente que nada tem
a ver com os crimes que refere (sobretudo os que têm menos de 200
anos). Garanto-lhe que se o Gabriel fosse a única pessoa na terra, nós
nunca teríamos feito esta campanha (provavelmente devido ao facto de
nesse caso também não existirmos). E que a única razão pela qual ela
foi feita foram todas as outras pessoas do mundo, as suas opiniões e os
seus muitos e diferentes pontos de vista.
Por falar em pontos de vista, não resisto a expor o meu:
Esta é uma excelente campanha. Vende uma excelente revista cujo
principal âmbito é trazer o mundo às nossas mãos (sobretudo aquele
mundo que nós hipócritas europeus às vezes nos esforçamos por
esquecer). Isto é, dar a informação realmente relevante para os males
do mundo. É com essa informação que as pessoas constroem a sua
consciência e que, por consequência desta, agem. Tomam partidos, fazem
escolhas, pressionam os poderes instalados. E provocam mudanças. Como
aquelas que aconteceram entre 1500 e 2005, em Portugal e no Mundo.
Quando há problemas, estes devem ser falados, muito falados e, por fim,
solucionados. Se ninguém o fizesse, ainda hoje seriamos todos romanos.
Romanos da Argentina, romanos do Brasil, dos Estados Unidos (ex-colónia
inglesa que também era um tema da campanha) e romanos de Portugal. E,
se assim fosse, só teríamos a nós próprios para acusar pelos nossos
problemas. E isso também seria um grande problema. Se assim fosse até
teríamos de olhar para a frente. Para o futuro e para as soluções. Com
a devida importância da palavra, mas com total dedicação à acção. É o
fazer que conta e é o fazer que é importante.
Nós fizemos uma campanha publicitária, a Grande Reportagem faz algum do
melhor e mais reconhecido jornalismo do mundo e, queira Deus, ambos
vamos continuar a 'fazer'. Com transparência, distanciamento,
pluralidade, muita actualidade e a maior abertura possível.
Quanto à dignidade dos países referidos na campanha é importante
referir que, no nosso entender, esta é intocável e está acima de
qualquer generalização ou análise redutora que simples indivíduos (como
eu, por exemplo) possam fazer.
Agradeço-lhe por fim o importante tempo que lhe tomei e a oportunidade
de melhor enquadrar a nossa hipocrisia.
Um abraço e um sorriso (sinceros).

Luís Silva Dias
Director Criativo Executivo
Foote Cone & Belding
Portugal

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu pensando que a campanha (com o merecido prêmio) já falava por si.