segunda-feira, maio 16, 2005

auto-biográfico

são os projetos que me importam.
e isto tem um preço que pode alcançar as raias do terrível.
ganha-se todas as oportunidades de ser empalado:quer pelos poderosos, quer pelos medíocres.
tem-se de conviver com todo tipo de questão e não-questão. daquelas do tipo ah! mas se você é tão bom assim - bom quer dizer lúcido ou no popular não ser maria vai com as outras ou lambe-botas - porquê não isto ou aquilo ? isto ou aquilo que podem ser, desde adquirir a calça da moda ao carro importado ou os prêmios que você não fanou ou a volta para o lugar de origem. mesmo que ele não seja de origem o responsável pelos atalhos ou veias abertas.
se a questão é apenas sobreviver, você pode fazer disto outro meio de vida que não numa agência de propaganda. pode abrir uma mortuária, por exemplo, ou uma locadora de filme pornô, como fez o talentoso andrey ohama, lá em fortaleza - tudo bem que ele capitulou depois de uns dois anos. deve ter ficado de pau duro demais e voltou-lhe o tesão pela publicidade?
mas cuidadinho. não use a lucidez como excesso para desculpar os seus fracassos enquanto gestor de projetos. assuma que se você não fez é porque não sabia fazer mesmo. não teve capacidade para domar a tempestade e ficou jangada à deriva praguejando contra as ondas dos transatlânticos. afinal, as melhores contas, o melhor ambiente de trabalho, os melhores salários que você não pode sequer imaginar costumam não conviver juntos, se é que você os vai encontrar algum dia. sempre faltará um dia destes, quando não mais. portanto:se você tem projetos como leit-motiv existencial, pule fora enquanto é tempo. ou faça algo para mudar as coisas já. caso contrário não passará de um verrugão.

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