quarta-feira, janeiro 11, 2006

quarta ah portuguesa: onde faltam tomates, falta amor; onde falta felicidade, falta agência ou seria vice-versa ?

fala-se do surgimento de agências pequeno-médias no cenário do estropiado mercado português. apenas um novo ciclo, sabem-no os mais atentos.

indo mais além, a história do nosso negócio é a história de pequenas e médias agências que criativamente, ousadamente, tornaram a atividade uma indústria. indústria que infelizmente voltou-se contra sí mesmo, atirando no pé ao transformarem-se em mastondontes que ao esticarem a pele transformando-se em redes tornaram o que de mais anti-publicidade pode se cristalizar. gigantescos espécimens dignos de serem exibidos em museus de história anti-natural onde aponta-se para além dos seus ossos o tamanho de suas unhas e dentes que fossiliraram-se ao extinguir o mercado com sua voracidade pela quantidade e não pela qualidade.

as idéias que verdadeiramente mudaram o curso da propaganda – trato indistintamente publicidade e propaganda – foram concebidas em pequenas e médias agências, em muito dos casos, quando nem estrutura física havia. o que havia eram gozo, tomates e muito jorro seminal. gente de cara e dente desejosa de morder calcanhares mas nunca pedaço maior que a boca.

agora, até os ceos mais conservadores chegam a conclusão de que o tamanho, o gigantismo, muito pelo contrário, não garante performance.
longe de ser consolo para quem tem pau pequeno, olhos e desejos voltam-se para os pequenos e médios formatos, escudados nas necessidades de adaptação e agilidade, ditados pelas novas mídias.

porreiro. fica combinado assim. mas as estigmatizadas butiques de criação ou hot-shops(tem idéia, mas não tem planejamento, mídia, não são confiáveis, etc,etc, não estão presente noutros mercados) existiram muito antes do termo. ora, pela necessidade de expressão e sobrevivência de muitos talentos inadaptáveis as regras de conversão das grandes corporações da propaganda com sua falta de liberdade, ora, porque quem começa grande é filho de baleia— se bem, pelo menos no brasil, registra-se um fenônemo da associação de filhos de grandes clientes associarem-se a criativos famosos para criarem agências que já saeem cantando pneus na fórmula 1 antes de passar pelo kart. trombadas da grande, na certa.

portugal tem uma lista, não muito extensa é verdade, de pequenas e médias agências que prestaram inestimáveis serviços a seus clientes, ao mercado, e a sociedade, se bem que a maioria da classe não ache isso minimamente importante. mas é. e como. quando se olha para o dito cujo mercado e vê-se a cambada que se cria solta, esquecemo-nos que muito antes do mercado os deformar, nasceram em sociedade com valores que muito embora não caiba a publicidade determinar diretamente, cabe a quem a faz, endossar, promover avanços, mesmo nas pequenas fímbrias que uma agência cria, quando foge do lugar comum e demonstra que pode vender sim, produtos sem ter que sempre lamber botas, e portanto, dar sentido a alguns valores.

e quando se fala em agências assim, pelo menos no assim-assim dito criativo, a z vem logo à baila. pelo menos a z da primeira fase. quando era a em criação antes de se tornar zzz prisioneira da obrigação criativa para com os festivais e em nada liberta do pesadelo da perda da conta da mercedes. isso e uma história muito mal contada sobre a participação do daniel sak: afinal um bobo da corte sem fala ou desconvidado da festa por seus modos e falares ?

mas entre agências de a a z, uma me traz ótimas lembranças, apesar do nome estranho para quem chegava a portugal. abrinício.

abrinício que fez um trabalho marcante para as amoreiras que nunca mais teve par no tocante a celeuma das idéias, ainda que trabalhos profissionais tenham lhe suportado até hoje.

abrinício que alcançou seu apogeu criativo ao ousar a célebre campanha do “ alface “, - campanha que não ganhou leão, mais foi um exemplo do que é ousadia na propaganda compromissada com a realidade que não seja dos festivais e que foi retirada do ar por uma covardia vergonhosamente sem tamanho do cliente – aliás típica dos gestores de marketing portugueses, e dos aspones que enfileiram-se sobre títulos de adjuntos, supervisores, diretores sem direção e por aí vai. registre-se que a comunicação redigida para justificar a retirada da campanha é página idêntica em vergonha. vergonha do ato, vergonha na comunicação. e que deveria ser consultada para fortalecer a estirpe dos poucos que querem ir além do que aí está. e alerta para o fato de que agência e cliente tem de comungar idéias, caso contrário todo e qualquer trabalho –e dinheiro - é perdido para ambos.

a abrinício que foi vendida para a JWT ou nasceu para ser a sua segunda marca, assinalou aí,começo de sua derrocada, sob a ilusão de fortalecimento. afinal, agência que se vende ou que se permite a coleira de segunda, raramente tem destino promissor. e nisso a sábia DPZ dá um exemplo para o brasil e o mundo.

e aí dirão, muitos, nossa como são tantos! como é que o tipo usa como exemplo de qualidade uma agência que fechou as portas por não conseguir sobreviver no negócio?— mais uma, segundo estes mesmo senhores, prova de que ousadia e criatividade – de verdade e não fake, não se coaduna com sucesso financeiro, dito daquela forma, tá vendo? publicidade não é o que vocês estão pensando não. tem de fazer o que o cliente quer. é assim que vocês podem fazer aqueles fantasmas para os festivais.

talvez porque acredite, no que nem quem formulou a frase acredite mais: em publicidade dinheiro não traz felicidade, felicidade é que traz dinheiro. e para mim a idéia de felicidade tem o tamanho da sua idéia e não do seu bolso, tampouco da sua agência.

creio que depois de um tempo feliz, a abrinicio tornou-se sede da mais pura infelicidade. foi o começo do fim.


in tempo: quando a campanha foi retirada do ar, como de hábito, não se viu solidariedade do meio, o que no fundo, longe da idéia piegas, era ser solidário com o próprio bem estar da atividade. na verdade muita gente até falou mal, enquanto candidatava-se à conta. sentimento muito cristão, pois não ?

abaixo segue artigo então recusado pelo meios&publicidade. para não perder um eventual anunciante ?

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