terça-feira, janeiro 24, 2006

na pasta ou geléia com bosta*

Você é criativo. Você é talentoso. Você é premiado. Parabéns. Você é apenas mais um bom publicitário. Mais um bom publicitário em um mercado cheio de profissionais tão competentes quanto você. O problema é que o meu, o seu, o nosso mercado não suporta tantos profissionais assim. E, para piorar, nossos clientes também não.

Nós repetimos tanto as fórmulas de como se faz um anúncio que os clientes aprenderam. E já sabem fazer um sozinhos. Vai me dizer que você nunca esteve em uma reunião de briefing ou de apresentação de campanha em que o marketing virou para você e disse: “Essa chamada até que é boa. Mas faz o seguinte:aumenta essa foto aqui, passa o logotipo pra cá, que o anúncio vai ficar muito melhor. Ou então, você pode fazer uma chamada mais direta, que resolve.” E daí surge uma nova opção de anúncio. Talvez pior que a sua. Talvez mais eficaz. Um anúncio feito pelo marketing, uma pessoa - você sabe - responsável pela construção de marca de uma empresa. É claro que ele pode e deve opinar sobre a comunicação. Mas está errado em criar um anúncio por você. Ele paga a sua agência para isso. E cobra a sua agência por isso. Mas nós erramos ainda mais ao continuarmos pensando em fazer apenas anúncios para eles. É pouco.

O comprometimento com o negócio é hoje tão ou mais importante que a busca por um título ou layout brilhante. Comprar os anuários mais recentes e ver as referências vanguardistas vai insprtar tantos caminhos quanto conhecer profundamente o produto e seus concorrentes. O interesse nos resultados que a sua campanha trouxe para o cliente deve ser tão comemorado quanto os prêmios que ela certamente trará. Por quê? Porque criar negócios através do nosso talento faz toda a diferença. A diferença, por exemplo, de uma conta permanecer ou não em uma agência.

Quem está do outro lado do balcão sente falta desse perfil de interlocutor na criação: profissionais interessados em todas as etapas do processo, realmente participativos. São com eles que os clientes querem falar. E, justamente por isso, ouvem.

“Mas que papo careta é esse?” Você deve estar pensando aí, do outro lado do computador. “O Álvaro está escrevendo isso só porque está diretor de criação. Deve estar querendo agradar algum cliente ou pensando em um prospect.” Que nada. Eu estou pensando em você mesmo. Ou melhor: na nossa profissão. Enquanto a carreira de um criativo for pautada apenas na criação de anúncios, ela corre o risco de durar tanto quanto um um.

você faz anúncio? é pouco. do álvaro rodrigues, então presidente do clube de criação do rio de janeiro e diretor de criação da agência3.

*in tempo, qualquer referência do título ao www.napasta.zip.net não é pura coincidência

3 comentários:

Anônimo disse...

Criar filmes e anúncios brilhantes para um público que talvez nem entenda o que você quer dizer. Mas publicidade não é escola, o povo pecisa ser educado.(pode dizer um criativo sedento por prêmio e reconhecimento).
Criar outra peça incrível, favorita em qualquer premiação, mas ilegível para o target e inadequada para o cliente. Mas publicidade não é marketing, o cliente que cuide de se organizar. (pode dizer o atendimento-dono-de-agência)

Vive-se um dilema hoje em dia. É o choque de realidade entre os anuários e os balcões de crediário (30/60/90/120/150). Perdido no meio dessa guerra, estão muitos jovens estudantes e profissionais que se formam aplicando fórmulas para algo que talvez seja o veneno que vai lhes tirar a oportunidade de ter uma carreira. Fazer anúncio realmente é muito pouco. Mas vá convencer de que mais vale garantir uma venda do que um prêmio na estante.

Alex Camilo disse...

Há publiciotários que, com rostos lustrosos de óleo de Peroba, declaram aos desafetos(leia-se cleintes) com ar idealista: "a sua propapaganda precisa agradar ao seu cliente e não a você". Mas quando esse mesmo publicitário está sozinho na sua eterna punheta-suruba-pseudo-intelectual, cospe na mão e faz anuncios que não agradam nem ao cliente nem ao cliente do cliente, mas tão somente ao seu próprio pau ou ao pau dos seus companheiros de onanismo.

Um dia meu caro amigo LC me disse (nem sei se a frase é mesmo dele): "para muitos publicitários propaganda é nada mais do que a arte de gozar com o pau dos outros". Porém para pubicitários como eu, você e meu muito caro amigo LC(especimes em vias de estinção): propaganda não é coisa pra punheteriro e sim pra alcoviteiro, seduzir o cliente do cliente, ajeitar a trepada do cliente com o cliente do cliente e ainda por cima ensinar onde fica o PONTO G.

celso muniz disse...

memo 56:

contratar urgentemente aqueles caras que vivem de ajeitar as pirocas do boi, que são como "canudinhos" a distarem da enorme taça de "milkshake" das vacas, o que fazem com as próprias mãos e as dezenas ao dia.

olha que as vacas ficam ali com cara de vacas e os bois, que são a maioria dos criativos que conheço, só faltam colocar o canudinho na bôca. agora colocar lá onde deve só com ajuda. e as vezes nem assim conseguem.

aliás esta turma vive com febre aftosa, apesar das vacinas nas ancas.