quarta-feira, junho 15, 2005

quarta à portuguesa: se não pode ser legal que seja legítimo.

“dado impressionante é o de que mesmo os brasileiros que estão em situação ilegal nos EUA, sem documentos, sentem que têm seus direitos de cidadão mais respeitados lá do que aqui. talvez por isso cada vez mais brasileiros estejam dispostos a tentar tudo para conseguir concretizar o sonho americano.”


a notícia vem de uma revista semanal brasileira, na semana que quase todas abordam o assunto na cola da novela américa, mais uma que breve vai estrear em portugal, confundindo ainda mais a cabeça dos portugueses sobre brasil e brasileiros, não fossse já pra lá de confusa a percepção parte a parte entre os povos.

já o sonho português naufragou pelas mentiras de parte à parte. não se pode confiar no governo brasileiro, se é que isso aqui tem governo. tampouco no português, que devem saber lá eles do seu desgoverno. os tratados de legalização entre pais irmãos são uma prova irrefutável da manipulação política de sentimentos históricos aos níveis mais calhordas já verificados. confirma-se a hipocrisia sanguínea que na base no nem sim nem não, vão incitando os brasileiros a comportamentos cada vez mais comprometedores para entrar em portugal, sem falar no sem-número de constrangimentos sofridos por cidadãos que simplementente se vestiram de turistas. melhor sorte tem os portugueses ao virem ao brasil. pois cá não existe o “tratamento portela” e tampouco serviço de estrangeiros tão polido e solícito como só quem precisou sabe como é.

é fato que cada país tem o sotaque da sua soberania engasgado nisto ou naquilo. mas é lamentável que a xenofobia econômica, determinada por uma inserção sem opção na comunidade européia, revista portugueses de um certo verniz piorado, o mesmo empregado em relação aos “ retornados”, que descamba para situações, assim ditas, justificadas pela imigração de prostitutas, sabe-se lá, talvez, profundas causadoras de abanos a economia e moral lusas.

certo é que cabrões existem em toda parte. e nem todos brasileiros que imigram para portugal, são recém formandos da júlio penteado, eca ou faap, em busca de não mais que dois anos no país para engordar portfólio e retornar ao brasil que para eles resume-se a são paulo e não mais que dez agências. a falta de perspectivas que também atribula a vida dos jovens formandos portugueses, que sentem o país invadido pela horda brasileira da publicidade, configura um terreno duplamente desfavorável mas ainda assim tentador, afinal portugal, apesar de alguns portugueses acharem e não fazerem por onde, é europa, com a quase a mesma língua no cotidiano e uma língua a aprender na publicidade, o que nem todos fazem, imprimindo “ brasileirismos” à sintaxe, que vai passando por conta deles perceberem mais de “brasileiro”, língua que não existe para nós, do que nós de português publicitário, língua que não existe para nós, sendo eufemista.

sobra então para os cidadãos menos abastados, e nem por isso menos honestos, que confundem as contas , já que sonham em ganhar em euros, para cambiá-los em moeda brasileira, sem se dar conta que os gastos também - por “mínimos que sejam “ - são em euros, e que serão admoestados por simplesmente fazer serviços, tais como serem empregados de mesa(garçons) que nem jovens estudantes portugueses querem fazer mais, tratados abaixo de cão como ladrões do emprego alheio, quando é justamente o contrário, uma vez que é negado aos africanos fazer este trabalho, pois não ?

mas como se diz, somos paises irmãos e só mesmo em família se vê tanta baixaria, sacanagem, discórdia, mentiras, calúnias , traições e indecências mil, acobertadas pelo incumprimento de um tratado de igualdade de direitos que nega tudo o que diz garantir.

fenômeno recente na vida brasileira – a imigração – ditada muito mais por uma violência sem tamanho, que já vai ficando do tamanho do brasil, do que por crise econômica, isto sempre tivemos, começamos já a algum tempo ser incômodo, menos pela qualidade e mais pela quantidade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sábado tem passeata de skinheads na baixa de Lisboa. Alvo do protesto: a violência praticada por gangs (sic). Os culpados apontados: imigrantes. Juro que não participei do arrastão em Carcavelos. Pelo sim, pelo não, acho que não vou sair de casa no sábado à tarde.

Anônimo disse...

Pesquisa recente revelou que 75% da população gaúcha, entre os 20 e os 35 anos, pensa em sair do Brasil. Observações recentes - e pessoais - me dão a impressão de que 75% de Minas Gerais está em Portugal. Nós, por cá, parecemos mulher de PM. Adoramos levar porrada.

celso muniz disse...

passeata de imigrantes é arrastão ?

celso muniz disse...

a última passeata de skins que houve, nem era passeata assim. estavam os gajos a tomar uma cerveja? no bairro alto e o churrasquinho foi um imigrante africano que já nem era imigrante, que sofreu um arrastão a socos e pontapés, vindo a falecer. o processo foi moroso e cheio de preconceitos para com a vítima(a torcida pela absolvição foi quase maior que o clamor à indignação).
a verdade é que o racismo existe, continua forte, o que somado ao preconceito, arrasa com a esperança e melhores presságios sobre a vida humana, mostrando a inconsequência de certas campanhas do tipo todos iguais, todos diferentes, para remendar, entre outras coisas, a contratação de mão de obra abaixo de cão, o que só se faz a bom soldo com imigrantes ilegais. a contra partida a grandes obras que orgulham quando se roda lisboa, porto etc, é o surgimento das favelas e guetos, que quanto mais negros piores a nossos olhos de uma certa maneira já racistas também, como se imigrantes do leste, ciganos, e demais quase párias, não vivessem em situação semelhante, e já agora diversos brasileiros e um sem número cada vez maior de portugueses idem, que sequer sonham o que é comunidade européia. infelizmente nem tudo pode ser discutido tomando-se uma cervejinha tico-tico, com todo respeito, inclusive ao direito-equivocado ou não- dos skins fazerem a passeata. pelo sim, pelo não, o sábado, ontem, não me parece um dia feliz para portugal, nem para o mundo, ainda que seja este nosso mundinho.