Na última segunda-feira, 30 de maio, o jornal Estado de S. Paulo publicou no caderno Link, um artigo assinado por Stuart Elliott, do The New York Times, um artigo sob o título Um novo jeito de fazer propaganda”. Se você tem alguma relação com este negócio e não usa viseira (pelo amor de Deus, não estou chamando-o de burro, a expressão vai apenas no sentido figurado), procure lê-lo. Vale a pena.
A título de aperitivo, aí vai um trecho:
“... um tipo de publicidade além daquela produzida para TVs, rádios e jornais.
Em um mundo conectado, onde iPods, celulares cheios de recursos e Internet fazem cada vez mais parte do dia-a-dia das pessoas, é preciso usar a criatividade para alcançar esse novo público.
E isso está virando o mundo da publicidade de cabeça para baixo. São os anunciantes – e não as agências – que avançam na tecnologia.
(...) algumas agências de publicidade parecem estar demorando para agir. “Há uma incrível capacidade para se agarrar ao que você vem fazendo porque é conveniente”, disse Ian B. Rowden, vice-presidente executivo e diretor de marketing da marca Wendy, da Wendy’s International, de Dublin. “Há muita conversa e pouca ação. O velho modelo comanda muitas coisas”.
“ Os clientes estão observando os resultados que estão obtendo e não estão satisfeitos”, disse Miles S. Nadal, presidente e diretor vice-presidente da MDC Partners de Toronto. “Antes eram as agências que incitavam os Clientes. Hoje, os Clientes incitam as agências”.
4. Não, o problema não é só nosso. Essa cambalhota que a tecnologia da comunicação está dando com uma velocidade espantosa, nos tira o fôlego. Mas, cá pra nós: será só por isso?
No dia 17 de setembro de 1997 a Advertising Age publicou artigo de John Emmerling, líder da Emmerling Comunications, de Nova York, em que ele apontava, com tristeza, o desaparecimento do que chamou de gigantes da publicidade. Como Albert Lasker, Ray Rubicam, Brufe Barton, Leo Burnett, Bill Bernbach e David Ogilby, por exemplo. Gente que era capaz de dar um murro na mesa e de mostrar aos clientes os rumos que a publicidade deles – e, afinal, o da publicidade em geral – deviam seguir.
Líderes de verdade, dotados de uma antena especial, capaz de captar os sinais da mudança e de antecipar soluções.
O fenômeno é o mesmo por aqui. Infelizmente, os gigantes da publicidade brasileira também desapareceram. Só que, ao lado da maravilhosa herança que deixaram, deixaram também o triste exemplo de não permitir que as pessoas que faziam a publicidade no Brasil se reunissem para discutir os problemas do setor. Puseram viseira no mercado e este aceitou passivamente.
Um exemplo que os que se fizeram líderes, hoje, teimam em seguir. Pena que não consigam ser, nem ter a antena dos gigantes de outrora. E que o mercado, por hábito ou comodismo, não consiga tirar a viseira. Sem perceber que o tremse aproxima velozmente e vai atropelar todos nós.
eloy simões, a seu , e do nosso, modo, sempre bem vindo
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