quarta-feira, abril 12, 2006

bolsa de empregos, furada III ( o fim da picada)

podem dizer tudo. com ou sem razão de mim. mais nunca, que não tratei todos aqueles que me procuraram para mostrar a pasta como se fosses sêniores. é uma obrigação que temos com a profissão e, altruista ou não para com todo ser humano.

todas as terças, das 17 horas em diante, horário reservado para receber 1,2,3, 5 quantos fossem. conversa de nunca menos que meia hora - eu não sou médico que ganha por consulta - e ao final, adentrava o profissional, assim era apresentado, não me interessava se ainda estudante ou não, a agência, para que tivesse uma visão geral ao tempo que trocava cumprimentos com equipe. tomava um tempo danado(como toma fazer um bom anúncio ou um bom briefing) maioria das vezes inútil e até desgastante, mas na maioria das vezes, creio, fazia um bem enorme a quem era rechaçado de todo lado. e não fazia isso para parecer bonzinho não(minha fama sempre me antecedia). ao fim dava uma boa imagem para a agência e gás para que o entrevistado, caso, raro, mas acontecia, não fosse aproveitado, enfrentar as dezenas de portas que seriam batidas na sua cara, isso se fosse sequer atendido pela secretária.

o mundo da propaganda é inversamente profissional para quem está dentro e para quem está fora. que não seja meia hora, três minutos, parecem uma eternidade para essa gente empregada sempre tão ocupada(imagine seis meses tentando ser recebido, e o tempo em que isso se transforma quando consegue?) é claro que boa parte de quem está dentro passa pelo menos metade do tempo a coçar o saco(desmistifiquemos essa lorota que vivemos eternamente a nos matar de trabalho. se assim fosse, por menos o talento, não saia coisa tão ruim) e justamente por isso não tem tempo para atender ninguém, sequer responder mails, uma falta de educação, das pessoas, e das organizações, que editam regras e costumes que elas mesmo propagandeiam empregar. tá duvidando? então tá bom: maila um nome qualquer de supervisor de criação, diretor de criação, dono de agência que seja, e espere resposta,sentado, por melhor que sejam as peças enviadas. em casos excepcionalíssimos funciona.

para além do vexame das bolsas de trabalho - será que já foi uma boa idéia algum dia? o que só prova que realmente de boa intenção o inferno tá cheio— experimente colocar seu nome numa bolsa dessas, e mesmo fazendo vudu, sonha que algum diretor de criação ou empresário vai se dar o trabalho de verificar se afinal tem algum perfil que pode lhe satisfazer : www.acontecendoaqui.com.br ou www.janela.com.br são dois endereços já citados como exemplo.

teria a ver com excesso de oferta para pouca demanda? talvez, mais provável, com o critério do status cu adotado. para preencher vagas, procura-se quem está empregado e não quem não está. em alguns casos, porque parece bem contratar nome a ou b, badalado, etc. e tal, noutros, porque ninguém quer ter mais trabalho em propaganda, inclusive de formação de mão de obra, uma funçao importantíssima de que há muito as agências perderam. e logo agora que precisa mais ainda com os tais cursos de publicidade, como diria certo anúncio, onde você aprende apenas tudo aquilo que não vai usar ou que deve esquecer assim que por os pés numa agência.

a bolsa ou a vida ? furada. sai dessa, se teu nome estiver lá, e por acaso for visto, só vai te depreciar. seja seletivo. aporrinhe, telefone, é muito melhor que mail. monte acampamento em frente a agência. passe o dia subindo e descendo o elevador para ver se encontra os "fujões" e marca qualquer coisa. não dá para subir no prédio? arranje outro estratagema, fique de caso até com a faixineira(ou com o faixineiro) e faça sexo oral de maneira que ela deixe aquele bilhetinho que pode lhe valer uma entrevista. nunca mande pasta pela concorrência. sim, teu amigo é concorrente. e mesmo que anúncio não se explique - mania que publicitário tem de ao mostrar pasta querer explicar anúncio para o outro publicitário que está vendo - a sua presença pode contar a favor - eu sou otimista.

finalmente, um certo clima de revolta nas listas do ccpe e cc-nat(clube de criação de pernambuco e natal) pelo fato de terem ido parar nestas listas oferta-procura de profissionais e até de diretores de criação, equivocada do meu ponto de vista, já que muita gente entendeu como contratação sem uma conversa, que provavelmente haverá, não só para exame do trabalho, como para um entendimento pessoal do perfil do candidato. não entendi porque tanta carrada de mails demarcando o sinal dos tempos. se a procura é por criativos, nada mais adequado. entendendo-se a lista como difusora da informação, primeiro pré-requisito para candidatos apresentem-se. ou isto seria uma reação corporativista ? do tipo escolhe-se os mesmos, pelos critérios de sempre - ledo engano pensar que é só experiência e talento, nada substitui o talento ? pois sim! - contestado inclusive por alguns postistas.

ao fim e ao cabo, a procura por emprego em propaganda, como de resto em tantas outras profissões, está hoje, mais do que nunca, excetuando-se as contratações políticas(aí ainda temos salário que sobra) resumindo-se a obter a melhor mão de obra pelo menor preço possível. o problema é que o critério do melhor, mudou muito, para pior. e o menor preço possível, chegou a um patamar, que tem gente pagando não só para estagiar como para trabalhar, o que me parece, em boa parte responsável pela mediocridade em todos os níveis que se abateu nas agências. aliás, bons tempos, em que estagiários ganhavam algum para pagar o almoço da criação, pelo menos uma vez por mês, como forma de retribuir as eternas e boas sacanagens construtivas que se faziam - quem disse que aprendizado tem que ser sisudo, e quem foi que matou o riso e o bom humor nas agências ?

finalmente, não sei se isto é possível para você, mas aumenta em muito as suas chances, infelizmente; nunca tenha menos de 22 anos e nunca mais de 30, vá lá 35, fisicamente, quero dizer. mesmo que você tenha dezoito ou cinquenta. caso contrário você vai ter de ser bom pra caralho para não ir parar na bolsta ou na lista do desempregados. mas peraí? se você é bom pra caralho(em piadinhas) não precisa estar se preocupando com isso, não é mesmo?

ledo engano. ser bom pra caralho ultimamente também anda prejudicando. as(boas?) oportunidades de emprego continuam na media.

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