terça-feira, agosto 09, 2005

quem não for um marcos valério que atire a primeira pedra ou a turma do contra é toda a favor

tristes tempos hoje vividos. os espertalhões aparentam ser mais sinceros e verdadeiros do que os clamados como justos. se não for aparência, se for mesmo verdade, então, é o fim do mundo.

o fato é que nos diversos sites brasileiros que tratam de publicidade, para além dos blogues, etc, há uma tentativa de criar um movimento de recuperação da imagem do publicitário frente a tamanha exposição de marcos valério, tido como um rasputin, um richelieu da modernindade, um fernandinho beira-mar, capaz de afundar um governo, coisa que jamais se esperou de um publicitário. esperou-se sim, muitas vezes, superestimando, que um publicitário levantasse um governo, dando a falsa impressão de que o acontecido tem a ver única e exclusivamente com "stalinização" do pt, o que decididamente não é verdade.

só imberbes ou ainda mais canalhas podem ensejar tal movimento. explicito logo que não sou a favor da receita do marcos valério, que tão-somente elevou a categoria de hiperbole práticas consagradas no mercado. afinal, desde que entrei na profissão que o negócio publicitário quando descamba para o lado governamental envolve atalhos e caminhos tortuosos de toda sorte. caixas dois, superfaturamento, propinas,subornos, terceirizações de encosto, licitações encomendadas, empresas e fornecedores fantasmas, não esquecer de escritórios fantasmas e por aí vai.

os que clamam pela recuperação da imagem do publicitário nesta hora tem memória curta. esquecem que agências, seus donos e muitas vezes simples empregados, todos, com honrosas exceções, sempre ficam de olho na boquinha de uma campanha, seja eleiçoeira, de vereador, deputado, deputado federal, senador,governador, presidente, em cuja participação está computada para muita gente sede nova, casas de praia e campo, carros importados, up-grades de equipamentos e por aí vai. a maioria das produtoras, por exemplo, ao fim de cada campanha, sempre troca de equipamento.

quem tem o privilégioc(sic!) de atender uma conta governamental gosta da mamata: preção lá em cima, três, cinco, dez vezes mais caro. sabe como é, “governo atrasa”. a mídia não fica atrás. enquanto em alquns países, há descontos significativos para a comunicação de governo, como em portugal por exemplo, no brasil mete-se a tabela cheia. escorcha-se o governo mesmo quando ele faz campanhas de vacinação, preventivas, etc. todo mundo bota a mão na massa de um jeito ou de outro. só que não tem cpi.

é claro que os valores e o esquema de infiltração que se tem notícia não chega ao montado pelo marcos valério? – não se sabe ainda se foi ele que montou ou foi montado –
mais do que desvio de caráter a razão disto tudo, ou boa parte, tem a ver com a velha questão do “ ninguém veio ao mundo para comprar por cem e vender por noventa”. ou seja, depois de aviltar seus modos de remuneração, quando ainda percuciente a lei 4760, salvo engano,a dos 20 e 15 por cento que desceram para baixo “do nada cobramos e até damos para pegar a conta”, diversas agencias, ou melhor o negócio como um todo, degenerou-se de vez, a ponto de ter agência vivendo só de bv. e o que é um bv se não um meter a mão no bolso do cliente na maior cara grande ?

como já dizia o bezerra da silva “se gritar pega ladrão não fica um meu irmão”, inclusive os clientes que se julgam espertos ao quebrar empresas e muita vezes a sí próprios como vencedores na quebra de braço dos preços que decididamente não são, nem jamais serão proporcionais a qualidade do trabalho. já advertia júlio ribeiro que: quem quer custo zero na sua comunicação também terá impacto zero.

quanto a mim tão ou mais grave do que o “ esquema do marcos valério “ é o esquema em que está montado o negócio. negócio de extrema responsabilidade social e política. política num sentido mais amplo do que o que está correndo solto por aí e onde os termos responsabilidade e social, que me desculpe a nádia rebouças, não ficam restritos a comunicação do terceiro setor, e sim, mais do que nunca no todo do negócio e da sociedade.

num país de marcos valérios a três por quatro em cada cidade – pernambuco tem o seu bastante conhecidos e os destronados migraram para a paraíba por exemplo – e onde quem acredita numa prática profissional bem remunerada – a ética começa daí – é visto como quixotesco. ficamos entre os que calam e consentem, ainda que não pratiquem e os que querem recuperar a imagem do publicitário. mas qual? daqueles que metem a mão na encolha e não avançam cifras rumo a hipérbole?

quem é menos ou mais marcos valério ? aquele que engorda o bv para além do bv ? a produtora que apresenta um orçamento para a agência(mais caro) e para o cliente muito mais barato? e nega que fez isto ? a agência que vai para as reuniões da abap e do cemp, mostrando-se ferrenha defensora da remuneração mais que reduz a sua até 4 por cento ou a nada ou oferecendo plus para pegar a conta ?

marcos valério não faz escola. ele é fruto de uma escola que começou hiperbolizar-se no tempo da ditadura.

e neste sentido estamos cheios de filhotes da didatura em nosso negócio. negócio onde não é mais possível ter lucro atuando de maneira honesta, ética, e criativa? e onde sinais de grandeza são invariavemelmente resultado do tráfico de influências do qual se orgulham um sem número de traficantes do espaço que riem-se dos profissionais que acreditam na profissão despida, tanto das safardanagens, como dos preconceitos,como dos pavões?

quem não for marcos valério que o faça. caso contrário guente-se com a fatura que também assina embaixo.

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