segunda-feira, agosto 08, 2005

mar de mattos ou hamilton e sua vista

tem publicitário que faz de tudo para aparecer- com anúncios ou o resultado deles, obviamente - na primeira página do jornal. primeira daqueles que comercializam o espaço sem maiores elocubrações com a noção exata de que vender a primeira página para a publicidade só lhes dá mais independência editorial ao contrário dos que “vendem” da primeira ao editorial, passando pelo colunismo social.

tirando o marcos valério, que não deve estar gostando nem um pouquinho de estar em todas, apesar de ter feito de tudo um pouco para lá estar, o único publicitário que está na primeira página de um jornal é o hamilton mattos, nesta edição de domingo, com a suprema ironia de que como “publicitário” não fez nada para estar lá.
primeira página do diário de pernambuco, sim senhor, apesar da foto embaçada, não se sabe fruto da má impressão do veículo ou da falta de brilho do degas alí plantado.

o referido citado vem como destaque de uma matéria sobre o plano diretor do recife. diz o pastel que “ ter um escritório com vista para o mar foi o que motivou o publicitário a montar sua empresa em um dos edifícios empresariais de boa viagem, há cinco anos o sonho durou pouco. tantos prédios foram construídos que hoje a paisagem se resume às varandas dos vizinhos”. é como se eu estivesse em são paulo(sic!) hoje já está difícil estacionar aqui na rua, lamenta.

facts of life, dir-se-ia, não fosse mattos, gabola na mistificação de suas habilidades de lince no planejamento ora pois,pois. qualquer amador menos extasiado, aliás, até cego sabe, ainda mais no brasil, em qualquer cidade litorânea que seja, que vista eterna para o mar, não se consegue nem na rua detrás – na da frente, garanta-se com no mínimo o quarto andar – quando mais a dez,doze,quinze quadras da beira-mar.

se é esta a capacidade de focar estrategicamente e de forma planejada um escritório com vista para o mar, sem considerar o meio ambiente que salta aos olhos de tamanha obviedade revelando que fatalmente a perderia – a vista - num piscar de olhos, fico a pensar nos clientes que são contemplados por joías de planejamento estratégico pensado por um cérebro assim que propala tanto seus golpes de vista. compraria ele também lotes na lua ?

é por estas e outras que a publicidade distorceu-se a ponto tal que deixou de ser a menina dos olhos dos clientes e merecedora de primeiras páginas por qualidades outras. de um lado marcos valérios, do qual a maioria da classe, principalmente donos, todos tem um pouco – valério é hipérbole, mas sobre isso falaremos ao longo da semana - e de outro, figurantes de discurso vago, disperso,incoerente e acima de tudo inconsistentes com a altura que se pretendem. é por isso mesmo que a classe cada vez mais afunda num mar de lama e medriocridade puxada para baixo por tiradas iguais a estas— é de se imaginar o discurso com os clientes .

mar de prédios, tubarões à solta, rêmoras de primeira página. é, para os verdadeiros publicitários o mar não está mesmo para peixe ou melhor, para dar na vista. esta é a visão do meu escritório que para não ficar cercado por um mar de incompetência, seja aqui ou em são paulo, está funcionando no porão da minha cabeça.

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