quarta-feira, agosto 10, 2005

quarta à portuguesa: as putas do sul ainda são melhores do que as putas do norte ?

dez anos atrás você levaria de seis a nove horas para chegar a lisboa ou vice-versa. advertência sem molho em meio aos bocados da patanisca de bacalhau, engolidos a golpes de maxilares e dentadas premidas pelos não mais de que quinze minutos que disponho para o almoço. patanisca das quintas, tasca na rua de santa catarina, de bico com a sede do acm, onde além de mim e meia dúzia mal cabem o bacalhau e o café com perfume do tipo em pé no balcão. não vai dar pra sobremesa hoje.

com a auto-estrada, chega-se, é verdade, em duas horas e meia que ninguém, mais ninguém mesmo respeita os 120 máximos. nem trator. nem vacas.

para a publicidade a auto-estrada do norte só tem um sentido: porto lisboa. não há mão dupla. talentos há mais todos pegam a auto-estrada para lisboa. sentido inverso ? ninguém, salvo o sérgio, que volta ao porto para estabelecer seu negócio – mas que nomezinho complicado heim ?

a invicta permanence um depósito de talentos. talentos que submetidos ao regime de escravidão e mediocriade configurados pelas agências do porto, onde a sino destaca-se pela metodologia castrati, sempre em nome do bom senso e longevidade do negócio o que não deu certo para a mccann, outro mal exemplo, que ou boloram ou invertem a bússola.

reza a lenda que o fato do mercado do porto ter chegado ao novo século contabilizando apenas 3% do volume total de verbas da publicidade, segundo material da meios&publicidade, 2000 ou 2001, salvo engano, é culpa das putas ou melhor dizendo, da sua competência estrategica-geográfica ainda que inconsciente. homens de negócio e seus diretores tinham na ida à lisboa a melhor desculpa para irem as putas sem dar nas vistas e assim muita agência lisboeta ganhava contas em seu portfolio graças ao trabalho de “prospect das meninas de vida fácil”.

verdade ou histórias da trêta é fato que as grandes contas do porto não estão nas agências do porto configurando um achaque de provincianismo que é internalizado por todos. não fica só na falta de investimentos, estrutura ou capital humano as justificativas que levam para longe o que poderia estar bem perto.

o panorama parece não ter mudado. sino, bmz,opal, remanescem do tempo em que a slogan e a canal dois, a bozzel é outro capítulo, configuravam o máximo a que se chegou. e a qualidade postural e laboral do trabalho não causa inveja nas meninas.

dizem que o mercado não é fácil. mas qual é ? que as vicissitudes e idiosincrasias não deixaram uma só multinacional fincar pé, exceção se considerarmos que a canal dois era mesmo multi o que não bate bota com perdigota no seu modus operandi, no sentido publicitário e não reducionista do alcorão do silva gomes.

foram-se os anos 80, 90, e de novidade apenas umas rãs coaxando aqui e alí num verão pra lá de insuportável.

dirão alguns, o gajo esqueceu da caetsu. não. não esqueci. propositadamente deixei-a para o fim.

a sociedade entre salvador caetano e a “ maior agência do mundo”, a dentsu, literalmente parece ter sido urdida com propósitos muito pouco altaneiros. apesar da festa no edifício da bolsa, ficou parecendo que apenas houve uma troca de seis por meia dúzia, já que o trabalho não honra a festa, alias, como a grande maioria e ela permanence com o ranço de house.

se consideramos que muito provavelmente a operacionalização da caetsu já está paga pelas contas que detém em casa caberia a caetsu o papel honroso de profissionalizar – todos detestam esta expressão – o mercado, liderando-o em termos de buscar o desenvolvimento de uma trabalho de comunicação de marcas que fosse além do chapa 3, escorreito ou quando muito correto, quando chega lá.

e não estou falando de assumir a postura de um caminhão de frivolidades, incluindo a busca de fantasmas e participações em festivais para chancelar a qualidade do seu trabalho.

falo daquele trabalho que pode ser desenvolvido com o estágio inicial do trapezista que arrisca vôos solo com rede( as contas operacionais estão ou deveriam estar pagas) possibilitando a ousadia de adotar uma postura em termos de linguagem e de busca de caminhos –e de contas principalmente, assumindo com visão estratégica de negócio, de desenvolvimento de negócio, o papel de liderança em estabelecimento de novas frentes de abordagem abrindo caminhos para todos com as glorias e lucros de quem ousou trilhar tal caminho. porque niguém mais do que a caetsu poderia quebrar a relação de mesmice, que persiste no mercado, repito.

ainda que pudessem existir impecilhos pelo fato da caetsu ter o nome de um salvador assim-assim na fachada? – quando não é ridículo estratégica e politicamente, não é lá muito saudável imiscuir iniciais na placa de entrada, afinal dentsu já é uma marca dentuça pra caraças sem precisar estar a ouvir bocas desnecessárias – a caetsu poderia ter se aparelhado para balançar o mercado e a caixa registradora levando o mercado de arrasto incluindo fornecedores e veículos, provando que as putas do norte não ficam nada a dever as putas do sul.

mas qual nada. a decisão empresarial, pelos vistos é a que resulta, numa propaganda que quase chega a tratar bmws como se fossem “produtos chineses”.

mas isso só enquanto a propaganda chinesa, séria candidata a matar a pau criativamente boa parte dos estereótipos que já nos acostumamos, não mostrar as suas garras o que não vai demorar nada. mas nada mesmo.

se a idéia é um sol nascente, em tokyo ou no porto, não seria nada mal ter gueixas ao porto, deixando a auto-estrada livre para os camionistas.

afinal, já é tempo de se arranjar desculpas ou fornecer argumentos melhores para se ser escolhido como uma agência